Gabriel Perissé
Algumas idéias, tantas vezes repetidas, reiteradas, reforçadas, acabam por se integrar às nossas crenças. Uma crença que se impõe cada vez mais — a educação como elemento fundamental para a construção de um projeto nacional, para o crescimento econômico do Brasil, para a redenção do país.
Não faltam frases definitivas, colhidas na mídia, de norte a sul.
“Os povos que querem crescer defendem a ‘Escola’ como único meio social capaz de abarcar ricos e pobres na escalada do desenvolvimento sustentável”, disse o professor João Carlos Costa na Rádio Universidade de Santa Maria (RS).
A educação “está fortemente associada ao dinamismo e ao sucesso no processo de geração e distribuição de riquezas”, leio no site do Ministério do Planjenamento.
Aloizio Mercadante, em 2002, num Seminário Internacional cujo tema era “Brasil: como crescer? Para onde crescer?”, declarou ao Jornal da USP: “O investimento na educação, na ciência e na tecnologia é fundamental. A educação é hoje o problema estrutural mais grave do país, o ensino está tomado por uma grande mediocridade”.
Educação como acesso para o desenvolvimento. Educação como prioridade, como a menina dos olhos de todos os governantes. Quem dirá o contrário?
Tarso Genro, em entrevista à Folha Online (24/06/2005): “Eu acho que a visão da educação como prioridade em um novo modelo de desenvolvimento, cujos elementos de transição estão sendo construídos, na minha opinião, pelo governo atual é que pode realmente alavancar o país para um patamar superior”.
As declarações com a mesma preocupação se acumulam. Educação já. Educação que redime. Educação como prioridade. Quem dirá o contrário?
José Medeiros, ex-secretário de Educação, escreveu na Gazeta de Alagoas, em setembro de 2006: “A educação é alavanca propulsora da melhoria social. Isso é dito nas campanhas eleitorais. Passada a eleição, tudo volta à rotina e nem sempre substanciais melhorias são colocadas em prática”.
Educação é alavanca, é instrumento de redenção social, é prioridade das prioridades, é salvação da lavoura, é o melhor investimento. Quem dirá o contrário?
Louvores à educação abstrata, esperança nessa educação idéia, abordagem da educação tema, elogios à educação sonho, educação que paira sobre nossas cabeças, espírito benfazejo distribuindo bênçãos para quem erguer as mãos.
Ninguém dirá o contrário. Acreditamos na educação. Acreditamos na escola. Acreditamos nos professores. Contudo, essa crença esbarra numa “coisa” complexa, que parece diluir todas as nossas palavras: a realidade.
Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor.
Web Site: www.perisse.com.br
Web Site: http://www.perisse.com.br/
Algumas idéias, tantas vezes repetidas, reiteradas, reforçadas, acabam por se integrar às nossas crenças. Uma crença que se impõe cada vez mais — a educação como elemento fundamental para a construção de um projeto nacional, para o crescimento econômico do Brasil, para a redenção do país.
Não faltam frases definitivas, colhidas na mídia, de norte a sul.
“Os povos que querem crescer defendem a ‘Escola’ como único meio social capaz de abarcar ricos e pobres na escalada do desenvolvimento sustentável”, disse o professor João Carlos Costa na Rádio Universidade de Santa Maria (RS).
A educação “está fortemente associada ao dinamismo e ao sucesso no processo de geração e distribuição de riquezas”, leio no site do Ministério do Planjenamento.
Aloizio Mercadante, em 2002, num Seminário Internacional cujo tema era “Brasil: como crescer? Para onde crescer?”, declarou ao Jornal da USP: “O investimento na educação, na ciência e na tecnologia é fundamental. A educação é hoje o problema estrutural mais grave do país, o ensino está tomado por uma grande mediocridade”.
Educação como acesso para o desenvolvimento. Educação como prioridade, como a menina dos olhos de todos os governantes. Quem dirá o contrário?
Tarso Genro, em entrevista à Folha Online (24/06/2005): “Eu acho que a visão da educação como prioridade em um novo modelo de desenvolvimento, cujos elementos de transição estão sendo construídos, na minha opinião, pelo governo atual é que pode realmente alavancar o país para um patamar superior”.
As declarações com a mesma preocupação se acumulam. Educação já. Educação que redime. Educação como prioridade. Quem dirá o contrário?
José Medeiros, ex-secretário de Educação, escreveu na Gazeta de Alagoas, em setembro de 2006: “A educação é alavanca propulsora da melhoria social. Isso é dito nas campanhas eleitorais. Passada a eleição, tudo volta à rotina e nem sempre substanciais melhorias são colocadas em prática”.
Educação é alavanca, é instrumento de redenção social, é prioridade das prioridades, é salvação da lavoura, é o melhor investimento. Quem dirá o contrário?
Louvores à educação abstrata, esperança nessa educação idéia, abordagem da educação tema, elogios à educação sonho, educação que paira sobre nossas cabeças, espírito benfazejo distribuindo bênçãos para quem erguer as mãos.
Ninguém dirá o contrário. Acreditamos na educação. Acreditamos na escola. Acreditamos nos professores. Contudo, essa crença esbarra numa “coisa” complexa, que parece diluir todas as nossas palavras: a realidade.
Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor.
Web Site: www.perisse.com.br
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