Ninguém pode ser responsabilizado pela tragédia que está fazendo Santa Catarina submergir sob a água, os escombros, a dor e uma centena de mortes. Não se trata de questão política, nem de administração. Mas há uma série de lições a se retirar.
A sensação para nós, os leigos, é que Sua Excelência, a Mãe Natureza, está enviando sinais de insatisfação. Já chacoalhou a Índia, a China, os Estados Unidos, o Caribe, entre outros, e está chegando ao Brasil, autoproclamado santuário com sol o ano inteiro e sem furacões e terremotos.
O sinal mais claro que a Natureza nos envia é que não se pode mais brincar com o aquecimento global e com as mudanças climáticas. Isso não é brincadeira. Não é tese de sonhador. Não é discussão para quem não tem o que fazer. Não é coisa para os inimigos das indústrias e do desenvolvimento. É, sim, questão de vida ou morte. Ameaça não apenas as futuras gerações e já começa a ameaçar a nossa, aqui, agora. Mundo, acorda enquanto é tempo!
No mais imediato, é possível concluir também que a Natureza gera a tragédia, e os homens completam. Como? Por exemplo, construindo cidades e povoados perigosamente perto dos rios, como é o caso em Santa Catarina, toda muito desenhada às margens do rio Itajaí. Basta somar chuvas torrenciais com maré alta, e lá se vão a segurança, as casas, as vidas.
Há, ainda, o perigo já sobejamente conhecido das encostas. Não precisa ser arquiteto, urbanista nem coisa nenhuma. Basta olhar para ver que uma inclinação acima de 20% torna qualquer habitação um perigo, no mínimo uma incógnita.
Se nós formos analisar detalhadamente, grande parte das mortes em tragédias assim vem por causa dos desabamentos, das casas que escorrem junto com a chuva, a lama e os seus donos.
As imagens de Santa Catarina são, literalmente, de chorar. Um Estado tão bonito, tão cheio de atrativos e tão cheio de gente linda que o Brasil exporta inclusive mundo afora. E assim, justamente na sua hora mais grandiosa, que é a chegada do Natal, do Ano Novo, do verão de praias maravilhosas e lotadas.
Uma grande ironia, aliás, é a nova revista de bordo da Gol: sua reportagem principal é justamente falando das maravilhas de Santa Catarina. Maravilhas que, hoje, estão debaixo d'água e entristecem todo o Brasil.
Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.
A sensação para nós, os leigos, é que Sua Excelência, a Mãe Natureza, está enviando sinais de insatisfação. Já chacoalhou a Índia, a China, os Estados Unidos, o Caribe, entre outros, e está chegando ao Brasil, autoproclamado santuário com sol o ano inteiro e sem furacões e terremotos.
O sinal mais claro que a Natureza nos envia é que não se pode mais brincar com o aquecimento global e com as mudanças climáticas. Isso não é brincadeira. Não é tese de sonhador. Não é discussão para quem não tem o que fazer. Não é coisa para os inimigos das indústrias e do desenvolvimento. É, sim, questão de vida ou morte. Ameaça não apenas as futuras gerações e já começa a ameaçar a nossa, aqui, agora. Mundo, acorda enquanto é tempo!
No mais imediato, é possível concluir também que a Natureza gera a tragédia, e os homens completam. Como? Por exemplo, construindo cidades e povoados perigosamente perto dos rios, como é o caso em Santa Catarina, toda muito desenhada às margens do rio Itajaí. Basta somar chuvas torrenciais com maré alta, e lá se vão a segurança, as casas, as vidas.
Há, ainda, o perigo já sobejamente conhecido das encostas. Não precisa ser arquiteto, urbanista nem coisa nenhuma. Basta olhar para ver que uma inclinação acima de 20% torna qualquer habitação um perigo, no mínimo uma incógnita.
Se nós formos analisar detalhadamente, grande parte das mortes em tragédias assim vem por causa dos desabamentos, das casas que escorrem junto com a chuva, a lama e os seus donos.
As imagens de Santa Catarina são, literalmente, de chorar. Um Estado tão bonito, tão cheio de atrativos e tão cheio de gente linda que o Brasil exporta inclusive mundo afora. E assim, justamente na sua hora mais grandiosa, que é a chegada do Natal, do Ano Novo, do verão de praias maravilhosas e lotadas.
Uma grande ironia, aliás, é a nova revista de bordo da Gol: sua reportagem principal é justamente falando das maravilhas de Santa Catarina. Maravilhas que, hoje, estão debaixo d'água e entristecem todo o Brasil.
Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.
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