A eleição de Barack Hussein Obama pode ser analisada por vários através fatores. Um destes, essencial para compreender o significado desta vitória, é a relação entre etnia e democracia. O fator de novidade é a descendência e o pertencimento étnico de Obama. O 44º presidente dos Estados Unidos da América (EUA) reflete em sua vitória uma carga de simbolismo maior do que a realidade dos caminhos por ele percorridos. É o primeiro negro (afro-americano) no cargo mais poderoso do mundo. Mas, como líder estadunidense, percorreu os ritos de passagem para o posto, cumprindo ao menos cinco papéis tradicionais.
O ex-editor da Harvard Law Review é mais um presidente que passou pelo filtro de duas das oito universidades de elite que compõem a Ivy League (Columbia, Brown, Princeton, Harvard, Yale, Cornell, Dartmouth e Univ. of Pennsylvania). Constituiu família afro-americana e não multirracial, casando-se com uma mulher que têm diplomas tão fortes quanto os dele. Sua carreira política, embora venha do trabalho de base, passara por eleições distritais através do sistema bipartidário oficial. Como homem de fé, professa uma religião monoteísta de base cristã. Sua trajetória é de “vencedor” e não de “herdeiro” ou “fracassado”. Trata-se de um homem que alcançou a mobilidade social através de capacidade intelectual e dedicação ao coletivo.
Sua juventude personifica o melting pot de cidadão do mundo com fortes raízes liberais. Mas, como ativista político, é um típico integracionista afro-americano. Ao organizar comunidades pobres de maioria negra, o atual presidente dos EUA se filia a uma tradição de luta por direitos civis, por dentro do Partido Democrata. O pragmatismo das escolhas e o trânsito entre distintas camadas sociais é uma tomada de posição. Sua eleição representa a dupla derrota, tanto da “América profunda e racista” como das opções radicais das minorias sobrevivendo nos EUA. A eleição de Obama conclui a vitória de Martin Luther King sobre Malcolm X.
Para as relações raciais nas Américas, o que há de transformador nesta vitória é a carga simbólica dúbia. Para o grande público, um presidente negro nos EUA significa o fim do racismo estrutural. Não é. No país com mais de 2,3 milhões de presidiários, 11% dos homens negros entre 20 e 34 anos passou pela cadeia. Os afro-americanos equivalem a 13% dos estadunidenses e são 37,5% da população carcerária. Não estamos falando de um artista, atleta ou “celebridade”. Trata-se de um advogado e político de sucesso representando a parcela democrata da mesma fração de classe a qual pertencem operadores como Condoleezza Rice, Colin Powell e Roger Ferguson. Ele personifica tanto um poderoso mercado de consumo assim como a capacidade dos Estados Unidos de incorporar outras elites dirigentes. Obama é um “típico” personagem estadunidense.
Bruno Lima Rocha é cientista político (http://www.estrategiaeanalise.com.br/ / blimarocha@via-rs.net)
O ex-editor da Harvard Law Review é mais um presidente que passou pelo filtro de duas das oito universidades de elite que compõem a Ivy League (Columbia, Brown, Princeton, Harvard, Yale, Cornell, Dartmouth e Univ. of Pennsylvania). Constituiu família afro-americana e não multirracial, casando-se com uma mulher que têm diplomas tão fortes quanto os dele. Sua carreira política, embora venha do trabalho de base, passara por eleições distritais através do sistema bipartidário oficial. Como homem de fé, professa uma religião monoteísta de base cristã. Sua trajetória é de “vencedor” e não de “herdeiro” ou “fracassado”. Trata-se de um homem que alcançou a mobilidade social através de capacidade intelectual e dedicação ao coletivo.
Sua juventude personifica o melting pot de cidadão do mundo com fortes raízes liberais. Mas, como ativista político, é um típico integracionista afro-americano. Ao organizar comunidades pobres de maioria negra, o atual presidente dos EUA se filia a uma tradição de luta por direitos civis, por dentro do Partido Democrata. O pragmatismo das escolhas e o trânsito entre distintas camadas sociais é uma tomada de posição. Sua eleição representa a dupla derrota, tanto da “América profunda e racista” como das opções radicais das minorias sobrevivendo nos EUA. A eleição de Obama conclui a vitória de Martin Luther King sobre Malcolm X.
Para as relações raciais nas Américas, o que há de transformador nesta vitória é a carga simbólica dúbia. Para o grande público, um presidente negro nos EUA significa o fim do racismo estrutural. Não é. No país com mais de 2,3 milhões de presidiários, 11% dos homens negros entre 20 e 34 anos passou pela cadeia. Os afro-americanos equivalem a 13% dos estadunidenses e são 37,5% da população carcerária. Não estamos falando de um artista, atleta ou “celebridade”. Trata-se de um advogado e político de sucesso representando a parcela democrata da mesma fração de classe a qual pertencem operadores como Condoleezza Rice, Colin Powell e Roger Ferguson. Ele personifica tanto um poderoso mercado de consumo assim como a capacidade dos Estados Unidos de incorporar outras elites dirigentes. Obama é um “típico” personagem estadunidense.
Bruno Lima Rocha é cientista político (http://www.estrategiaeanalise.com.br/ / blimarocha@via-rs.net)
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