Jurandir Soares
Barack Obama assume, nesta terça-feira, a Presidência dos EUA sob a expectativa do mundo inteiro. Herda de imediato dois problemas com que não contava quando estava em campanha eleitoral: a crise financeira e a guerra em Gaza. Obama fizera um longo planejamento para atacar o que era o maior problema dos EUA, a guerra no Iraque. Não chegou a se habilitar para colocar em prática sua estratégia e já surgiram outras prioridades.
Nessa semana já deu para perceber o que será a política externa de Obama. Para ser aprovada como chefe da diplomacia americana, Hilary Clinton precisava passar pelo crivo do Senado. Fez isso, na terça-feira, expondo o que pretende desenvolver como secretária de Estado. E dentre as muitas colocações que fez, duas chamaram mais a atenção. Uma delas é que, com o novo governo, os EUA serão mais diplomacia e menos força. E a outra, até na extensão da primeira, foi uma colocação quase impensável no momento atual. Disse que os EUA buscarão uma nova estratégia para o Irã, que poderá incluir uma presença diplomática no país.
Agir com diplomacia em detrimento da força é tudo o que se espera da maior potência do mundo. Especialmente, depois das besteiras que fez o governo Bush. E, justamente, para tentar reparar os estragos que Bush fez, Hilary disse que as ações militares se deslocarão do Iraque para o Afeganistão e o Paquistão, com a finalidade de acabar com a Al-Qaeda. Que é mais do que certo. Mas surgiu Gaza. E ao ser questionada sobre o conflito em Gaza, Hilary disse que os Estados Unidos farão 'de tudo' para conseguir uma paz 'justa e duradoura' entre israelenses e palestinos. Ressaltou que a estratégia do país no Oriente Médio deve responder às necessidades de segurança de Israel e às 'legítimas aspirações econômicas e políticas dos palestinos'. Embora ela não tenha falado, já transpirou que a estratégia dos EUA para o conflito israelo-palestino será traçada num âmbito mais amplo, envolvendo uma área que vai de Israel até a Índia, passando por Líbano, Síria, Iraque, Irã, Afeganistão e Paquistão. Ou seja, envolve todos os países onde há fundamentalistas islâmicos e, em consequência, o terror.
O que é mais significativo é a questão do Irã, país com o qual Bush só bateu de frente, alimentando o radicalismo. Hilary deixou claro que pode haver até a presença diplomática americana em Teerã. Ou o uso da força, caso o país siga com o seu propósito de alimentar o radicalismo e buscar a bomba atômica. Tudo depende dos aiatolás. E não se pode esquecer que envolver diplomaticamente o Irã significa cortar o abastecimento bélico do Hamas. Em sua suma, a largada de Hilary foi extremamente animadora.
Correio do Povo, página 3 de 18 de janeiro de 2009.
Barack Obama assume, nesta terça-feira, a Presidência dos EUA sob a expectativa do mundo inteiro. Herda de imediato dois problemas com que não contava quando estava em campanha eleitoral: a crise financeira e a guerra em Gaza. Obama fizera um longo planejamento para atacar o que era o maior problema dos EUA, a guerra no Iraque. Não chegou a se habilitar para colocar em prática sua estratégia e já surgiram outras prioridades.
Nessa semana já deu para perceber o que será a política externa de Obama. Para ser aprovada como chefe da diplomacia americana, Hilary Clinton precisava passar pelo crivo do Senado. Fez isso, na terça-feira, expondo o que pretende desenvolver como secretária de Estado. E dentre as muitas colocações que fez, duas chamaram mais a atenção. Uma delas é que, com o novo governo, os EUA serão mais diplomacia e menos força. E a outra, até na extensão da primeira, foi uma colocação quase impensável no momento atual. Disse que os EUA buscarão uma nova estratégia para o Irã, que poderá incluir uma presença diplomática no país.
Agir com diplomacia em detrimento da força é tudo o que se espera da maior potência do mundo. Especialmente, depois das besteiras que fez o governo Bush. E, justamente, para tentar reparar os estragos que Bush fez, Hilary disse que as ações militares se deslocarão do Iraque para o Afeganistão e o Paquistão, com a finalidade de acabar com a Al-Qaeda. Que é mais do que certo. Mas surgiu Gaza. E ao ser questionada sobre o conflito em Gaza, Hilary disse que os Estados Unidos farão 'de tudo' para conseguir uma paz 'justa e duradoura' entre israelenses e palestinos. Ressaltou que a estratégia do país no Oriente Médio deve responder às necessidades de segurança de Israel e às 'legítimas aspirações econômicas e políticas dos palestinos'. Embora ela não tenha falado, já transpirou que a estratégia dos EUA para o conflito israelo-palestino será traçada num âmbito mais amplo, envolvendo uma área que vai de Israel até a Índia, passando por Líbano, Síria, Iraque, Irã, Afeganistão e Paquistão. Ou seja, envolve todos os países onde há fundamentalistas islâmicos e, em consequência, o terror.
O que é mais significativo é a questão do Irã, país com o qual Bush só bateu de frente, alimentando o radicalismo. Hilary deixou claro que pode haver até a presença diplomática americana em Teerã. Ou o uso da força, caso o país siga com o seu propósito de alimentar o radicalismo e buscar a bomba atômica. Tudo depende dos aiatolás. E não se pode esquecer que envolver diplomaticamente o Irã significa cortar o abastecimento bélico do Hamas. Em sua suma, a largada de Hilary foi extremamente animadora.
Correio do Povo, página 3 de 18 de janeiro de 2009.
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