Murillo Aragão - Cientista Político
Do Blog do Noblat
Uma grande incógnita no que se refere à sucessão de 2010 é caminho, dos três possíveis, que o PMDB seguirá: candidatura própria, coligação com o PT e aliança com o PSDB. Dois fatos políticos importantes ocorridos na semana passada levam o barco do PMDB na direção da primeira opção. O primeiro é o anúncio da decisão do ex-presidente José Sarney (PMDB-AM) de concorrer à presidência do Senado, o que causou incômodo no PT.
A líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse aos jornalistas que “não há possibilidade” de o PMDB presidir Senado e Câmara simultaneamente. Em represália, parte da bancada petista sinaliza com um boicote à eleição de Michel Temer para a presidência da Câmara. A idéia partiu do ex-ministro José Dirceu, interessado em tirar do caminho um aliado político que fortaleceria a candidata do presidente Lula à Presidência, Dilma Rousseff, nome que enfrenta resistência no PT.
Ou seja, é possível que o relacionamento entre as duas legendas fique tumultuado, dependendo do resultado da eleição para o comando das duas Casas.
O outro fato determinante para a sucessão de Lula foi a decisão de José Serra de nomear Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento do Estado, causando desconforto em Aécio Neves, seu adversário direto pela indicação do PSDB em 2010, que apoiou o novo secretário nas suas duas últimas campanhas (Presidência e Prefeitura de São Paulo). Com o gesto, Serra mantém o controle do partido no Estado e se cacifa ainda mais na legenda.
Aécio também se incomodou com as declarações do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de que o destino da legenda em 2010 seria conduzido por Serra.
Isso sem falar que Serra foi considerado o grande vitorioso nas eleições municipais, das quais Aécio saiu desgastado, depois que não conseguiu eleger Márcio Lacerda prefeito de Belo Horizonte no primeiro turno e foi um dos maiores defensores da candidatura de Alckmin à prefeitura de São Paulo.
O namoro entre PMDB e o governador mineiro é conhecido. O partido sonha em ter um nome forte para disputar o Planalto. O abalo no relacionamento entre PT e PMDB e o fortalecimento de Serra dentro do PMDB podem aproximar ainda mais o PMDB de Aécio.
Para essas três candidaturas já postas (Dilma, Serra e Aécio), no entanto, a confirmação de que Sarney disputará a presidência do Senado significa o pré-lançamento da quarta força eleitoral com potencial para sonhar com o Planalto.
O PMDB é a única grande legenda sem um grande nome – o PT tem uma candidata que o partido não perfilha; e PSDB têm dois nomes com poder equivalente, um excesso para a atual safra política. A presidência do Senado dará a Sarney, despejado do comando político do Maranhão, a condição de eleitor privilegiado em 2010, a razão mais forte pela qual ele concorre, apesar de haver negado ao presidente Lula seu interesse no cargo. A outra é uma forte pressão de Renan Calheiros, também em busca de recuperação de prestígio.
Segundo as contas do senador, ele teria 58 votos, número suficiente para eleger-se. A chance de vitória de Sarney é elevadíssima. Além do próprio PMDB (22 senadores), ele já tem o apoio do DEM (13). Nesta semana, o PSDB decidirá quem apoiará, definindo a eleição. Qualquer que seja o resultado no Senado, o governo não pode se descuidar da Câmara.
Os deputados do PMDB não engolirão uma derrota de Michel Temer. Para o governo, essa hipótese trágica exigiria extraordinária habilidade do presidente Lula, a um custo político elevadíssimo, para recompor o diálogo com a legenda. O partido do atual momento político, no Congresso e na mídia, é o PMDB.
Do Blog do Noblat
Uma grande incógnita no que se refere à sucessão de 2010 é caminho, dos três possíveis, que o PMDB seguirá: candidatura própria, coligação com o PT e aliança com o PSDB. Dois fatos políticos importantes ocorridos na semana passada levam o barco do PMDB na direção da primeira opção. O primeiro é o anúncio da decisão do ex-presidente José Sarney (PMDB-AM) de concorrer à presidência do Senado, o que causou incômodo no PT.
A líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse aos jornalistas que “não há possibilidade” de o PMDB presidir Senado e Câmara simultaneamente. Em represália, parte da bancada petista sinaliza com um boicote à eleição de Michel Temer para a presidência da Câmara. A idéia partiu do ex-ministro José Dirceu, interessado em tirar do caminho um aliado político que fortaleceria a candidata do presidente Lula à Presidência, Dilma Rousseff, nome que enfrenta resistência no PT.
Ou seja, é possível que o relacionamento entre as duas legendas fique tumultuado, dependendo do resultado da eleição para o comando das duas Casas.
O outro fato determinante para a sucessão de Lula foi a decisão de José Serra de nomear Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento do Estado, causando desconforto em Aécio Neves, seu adversário direto pela indicação do PSDB em 2010, que apoiou o novo secretário nas suas duas últimas campanhas (Presidência e Prefeitura de São Paulo). Com o gesto, Serra mantém o controle do partido no Estado e se cacifa ainda mais na legenda.
Aécio também se incomodou com as declarações do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de que o destino da legenda em 2010 seria conduzido por Serra.
Isso sem falar que Serra foi considerado o grande vitorioso nas eleições municipais, das quais Aécio saiu desgastado, depois que não conseguiu eleger Márcio Lacerda prefeito de Belo Horizonte no primeiro turno e foi um dos maiores defensores da candidatura de Alckmin à prefeitura de São Paulo.
O namoro entre PMDB e o governador mineiro é conhecido. O partido sonha em ter um nome forte para disputar o Planalto. O abalo no relacionamento entre PT e PMDB e o fortalecimento de Serra dentro do PMDB podem aproximar ainda mais o PMDB de Aécio.
Para essas três candidaturas já postas (Dilma, Serra e Aécio), no entanto, a confirmação de que Sarney disputará a presidência do Senado significa o pré-lançamento da quarta força eleitoral com potencial para sonhar com o Planalto.
O PMDB é a única grande legenda sem um grande nome – o PT tem uma candidata que o partido não perfilha; e PSDB têm dois nomes com poder equivalente, um excesso para a atual safra política. A presidência do Senado dará a Sarney, despejado do comando político do Maranhão, a condição de eleitor privilegiado em 2010, a razão mais forte pela qual ele concorre, apesar de haver negado ao presidente Lula seu interesse no cargo. A outra é uma forte pressão de Renan Calheiros, também em busca de recuperação de prestígio.
Segundo as contas do senador, ele teria 58 votos, número suficiente para eleger-se. A chance de vitória de Sarney é elevadíssima. Além do próprio PMDB (22 senadores), ele já tem o apoio do DEM (13). Nesta semana, o PSDB decidirá quem apoiará, definindo a eleição. Qualquer que seja o resultado no Senado, o governo não pode se descuidar da Câmara.
Os deputados do PMDB não engolirão uma derrota de Michel Temer. Para o governo, essa hipótese trágica exigiria extraordinária habilidade do presidente Lula, a um custo político elevadíssimo, para recompor o diálogo com a legenda. O partido do atual momento político, no Congresso e na mídia, é o PMDB.
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