Banqueiros e usineiros fazem qualquer coisa por dinheiro. Inclusive enganar o consumidor. Quem comprou um carro flex, por exemplo, confiou na inteireza de caráter dos produtores de álcool e até mesmo na infalibilidade da lei da oferta e da procura.
Só não contavam com a ambiguidade de um mercado em que o mesmo produto pode ter dois destinos. Não é só o seu automóvel, leitor, que é flex. O mercado também é.
Assim, o álcool que seria endereçado à bomba do posto da esquina pode muito bem ter emigrado para o açucareiro da mesa vitoriana, de tampo Tudor, onde um dia tomaram chá o presidente Lula e a Rainha Elizabeth II.
O capital sempre perseguiu o lucro sem qualquer escrúpulo e, assim, a cotação do açúcar já está azedando a vida dos proprietários de carros a álcool. Ou alguém imaginava que a esganada classe dos usineiros haveria de honrar o abastecimento da frota brasileira, desprezando os preços convidativos do açúcar?
A cruel combinação que junta a fabricação de mais veículos bi-combustíveis a uma maior demanda por açúcar nos mercados externos, pode resultar numa perigosa ressaca eleitoral: o custo dessa aventura acaba de chegar ao balcão da marvada, a pinguinha tão apreciada pela turma das classes C e D, de preponderante papel nas próximas eleições.
Pesquisadores da Fipe descobriram que nos últimos 12 meses a caninha subiu 14% nos supermercados, taxa bem acima da inflação média de 4,5%. Só no mês passado o preço da pinga subiu 1%, contra uma deflação de 0,03% registrada em nada menos que 520 produtos pesquisados pela Fundação Econômica.
Ah se o presidente Lula fica sabendo disso! Que a caninha vai acabar mais cara do que os finos uísques admirados na adega do Duque de Edimburgo. E que o mau humor produzido pelo aumento poderá alterar o ânimo do bebedor de rabo de galo ali do Bar do Goiano…
O presidente já vetou a taxação da poupança — instrumento do Banco Central para desestimular a migração dos fundos de renda fixa. Agora, o companheiro está de olho vivo no preço do açúcar, do álcool e da caninha.
Querem desestabilizar a decolagem de dona Dilma no aerolula eleitoral. Não será tudo um solerte plano do PFL para dar um caldo no prestígio do companheiro, depois do seu carisma haver conquistado a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016?
Se todas as bebidas seguissem o aumento da pinga, por conta da ambivalência do álcool, todos os botequins do planeta acabariam pedindo falência...
E botequim é patrimônio nada desprezível na economia pátria, como já admitia em 1796 o navegador russo Lisianky, comandante do Neva, um “especialista” em vodkas e outros xaropes etílicos. O lobo do mar registrou que a Vila do Desterro possuía 666 casas. Destas, 18 eram lojas de variado comércio. Mas nada menos que 44 eram botequins!
Movidos a pinga, é claro. Eram tascas. Direi até, com o perdão do cacófato, “toscas tascas”. Onde se fiavam todas as conversas e, quase sempre, a conta.
Agora, dois séculos e treze anos depois, esta ameaça. A pinguinha aumentando 14%, só porque os usineiros querem transformar combustível em açúcar.
Não seria o caso do companheiro Lula representar ao TSE, denunciando esse terrorismo eleitoral?
Só não contavam com a ambiguidade de um mercado em que o mesmo produto pode ter dois destinos. Não é só o seu automóvel, leitor, que é flex. O mercado também é.
Assim, o álcool que seria endereçado à bomba do posto da esquina pode muito bem ter emigrado para o açucareiro da mesa vitoriana, de tampo Tudor, onde um dia tomaram chá o presidente Lula e a Rainha Elizabeth II.
O capital sempre perseguiu o lucro sem qualquer escrúpulo e, assim, a cotação do açúcar já está azedando a vida dos proprietários de carros a álcool. Ou alguém imaginava que a esganada classe dos usineiros haveria de honrar o abastecimento da frota brasileira, desprezando os preços convidativos do açúcar?
A cruel combinação que junta a fabricação de mais veículos bi-combustíveis a uma maior demanda por açúcar nos mercados externos, pode resultar numa perigosa ressaca eleitoral: o custo dessa aventura acaba de chegar ao balcão da marvada, a pinguinha tão apreciada pela turma das classes C e D, de preponderante papel nas próximas eleições.
Pesquisadores da Fipe descobriram que nos últimos 12 meses a caninha subiu 14% nos supermercados, taxa bem acima da inflação média de 4,5%. Só no mês passado o preço da pinga subiu 1%, contra uma deflação de 0,03% registrada em nada menos que 520 produtos pesquisados pela Fundação Econômica.
Ah se o presidente Lula fica sabendo disso! Que a caninha vai acabar mais cara do que os finos uísques admirados na adega do Duque de Edimburgo. E que o mau humor produzido pelo aumento poderá alterar o ânimo do bebedor de rabo de galo ali do Bar do Goiano…
O presidente já vetou a taxação da poupança — instrumento do Banco Central para desestimular a migração dos fundos de renda fixa. Agora, o companheiro está de olho vivo no preço do açúcar, do álcool e da caninha.
Querem desestabilizar a decolagem de dona Dilma no aerolula eleitoral. Não será tudo um solerte plano do PFL para dar um caldo no prestígio do companheiro, depois do seu carisma haver conquistado a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016?
Se todas as bebidas seguissem o aumento da pinga, por conta da ambivalência do álcool, todos os botequins do planeta acabariam pedindo falência...
E botequim é patrimônio nada desprezível na economia pátria, como já admitia em 1796 o navegador russo Lisianky, comandante do Neva, um “especialista” em vodkas e outros xaropes etílicos. O lobo do mar registrou que a Vila do Desterro possuía 666 casas. Destas, 18 eram lojas de variado comércio. Mas nada menos que 44 eram botequins!
Movidos a pinga, é claro. Eram tascas. Direi até, com o perdão do cacófato, “toscas tascas”. Onde se fiavam todas as conversas e, quase sempre, a conta.
Agora, dois séculos e treze anos depois, esta ameaça. A pinguinha aumentando 14%, só porque os usineiros querem transformar combustível em açúcar.
Não seria o caso do companheiro Lula representar ao TSE, denunciando esse terrorismo eleitoral?
Sérgio da Costa Ramos
Nenhum comentário:
Postar um comentário