A oposição está dividida na estratégia de reeditar no segundo semestre o ambiente do Mensalão, com as três CPIs que irão ocupar a cena política: a da Petrobrás, a do Dnit e a das ONGs (já em funcionamento, mas em vias de assumir tom mais radical).
Tal como no PT, há na oposição duas facções principais em divergência: a dos carnívoros e a dos vegetarianos. A primeira, que tem no líder tucano no Senado Arthur Virgílio seu expoente, quer ir às últimas conseqüências. A vegetariana, simbolizada no governador de São Paulo, José Serra, não aprova a estratégia.
Quer um confronto civilizado, não cruento. Está em pleno vigor um pacto de não-agressão entre ele e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, pré-candidata do governo à sucessão presidencial. O pacto foi selado quando da compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, ano passado, que irrigou os cofres do tesouro estadual e garantiu recursos para os dois anos finais da gestão Serra.
Desde então, satisfeito com o colchão de R$ 45 bilhões em seu orçamento, Serra jamais investiu duramente contra o governo federal. Sempre que se encontram em público, ele, Dilma e Lula trocam amabilidades. Sabem que há uma guerra eleitoral aguardando-os, em trincheiras opostas, mas a exercitam, enquanto podem, em punhos de renda. Em meio aos dilemas da oposição, o governo age e reage.
Empenha-se em blindar as CPIs, sobretudo a da Petrobrás, que expõe Dilma Roussef. Afinal, ela esteve no comando daquela estatal no primeiro mandato de Lula, quando foi titular do Ministério das Minas e Energia e presidiu o Conselho de Administração da empresa.
Lula, por enquanto, não está pessoalmente em pauta. Não é o objeto de nenhuma das CPIs. Mas conhece o poder predador de cada uma delas e as balas perdidas (e sobretudo as achadas) que inevitavelmente disparam. Já manejou o estilingue por muitos anos e, agora que é vidraça, trata de investir na redução de danos.
As CPIs funcionam muito mais de fora para dentro. Facções contrariadas das empresas ou instituições sob investigação alimentam a mídia, fortalecida agora pela internet, com dossiês, documentos e denúncias, criando fatos que a CPI não pode ignorar. Fica a reboque deles, sendo impossível não agir. Daí seu teor imponderável, que apavora os governos, qualquer governo.
Acresce a tudo isso, no caso presente, que pelo menos duas delas, a da Petrobrás e a do Dnit, que ainda não estrearam, podem chegar ao ano que vem. O governo manobra para adiar a instalação da CPI da Petrobrás, mas o tiro pode lhe sair pela culatra.
A CPI tem 180 dias de vigência, prorrogáveis por mais 180 dias, descontados os do recesso. Há, portanto, a hipótese de que venham a desembocar no início oficial (porque informalmente já começou) da campanha eleitoral.
A oposição carnívora lembra a lição que lhe deixou o Mensalão. Naquela oportunidade, decidiu poupar Lula, na expectativa de que os fatos o fizessem “sangrar” (expressão usada na época) espontaneamente em público, tirando-o do processo sucessório. Evitou investir no impeachment, receosa dos transtornos que pudesse ocasionar, mobilizando contra si os movimentos sociais.
O falecido senador Antonio Carlos Magalhães, na ocasião na linha de frente da oposição, acreditava que Lula, escaldado pelo Mensalão, perderia eleição “até para um poste”. Não perdeu. Perdeu dois de seus principais ministros – Antonio Palocci e José Dirceu -, viu seu partido perder a aura de vestal, mas conseguiu se preservar, dar a volta por cima e se reeleger.
A idéia agora é não repetir o equívoco e ir às últimas conseqüências, o que não significa derrubar Lula (até porque ninguém levaria isso a sério), mas chamuscar a candidatura de Dilma Roussef e o governo como um todo. Assunto não faltará, até porque as caixas pretas de Petrobrás, Dnit e ONGs têm a reputação de abrigar segredos que, conforme dizia Nélson Rodrigues, não se confessam nem a um médium depois de morto.
Tal como no PT, há na oposição duas facções principais em divergência: a dos carnívoros e a dos vegetarianos. A primeira, que tem no líder tucano no Senado Arthur Virgílio seu expoente, quer ir às últimas conseqüências. A vegetariana, simbolizada no governador de São Paulo, José Serra, não aprova a estratégia.
Quer um confronto civilizado, não cruento. Está em pleno vigor um pacto de não-agressão entre ele e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, pré-candidata do governo à sucessão presidencial. O pacto foi selado quando da compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, ano passado, que irrigou os cofres do tesouro estadual e garantiu recursos para os dois anos finais da gestão Serra.
Desde então, satisfeito com o colchão de R$ 45 bilhões em seu orçamento, Serra jamais investiu duramente contra o governo federal. Sempre que se encontram em público, ele, Dilma e Lula trocam amabilidades. Sabem que há uma guerra eleitoral aguardando-os, em trincheiras opostas, mas a exercitam, enquanto podem, em punhos de renda. Em meio aos dilemas da oposição, o governo age e reage.
Empenha-se em blindar as CPIs, sobretudo a da Petrobrás, que expõe Dilma Roussef. Afinal, ela esteve no comando daquela estatal no primeiro mandato de Lula, quando foi titular do Ministério das Minas e Energia e presidiu o Conselho de Administração da empresa.
Lula, por enquanto, não está pessoalmente em pauta. Não é o objeto de nenhuma das CPIs. Mas conhece o poder predador de cada uma delas e as balas perdidas (e sobretudo as achadas) que inevitavelmente disparam. Já manejou o estilingue por muitos anos e, agora que é vidraça, trata de investir na redução de danos.
As CPIs funcionam muito mais de fora para dentro. Facções contrariadas das empresas ou instituições sob investigação alimentam a mídia, fortalecida agora pela internet, com dossiês, documentos e denúncias, criando fatos que a CPI não pode ignorar. Fica a reboque deles, sendo impossível não agir. Daí seu teor imponderável, que apavora os governos, qualquer governo.
Acresce a tudo isso, no caso presente, que pelo menos duas delas, a da Petrobrás e a do Dnit, que ainda não estrearam, podem chegar ao ano que vem. O governo manobra para adiar a instalação da CPI da Petrobrás, mas o tiro pode lhe sair pela culatra.
A CPI tem 180 dias de vigência, prorrogáveis por mais 180 dias, descontados os do recesso. Há, portanto, a hipótese de que venham a desembocar no início oficial (porque informalmente já começou) da campanha eleitoral.
A oposição carnívora lembra a lição que lhe deixou o Mensalão. Naquela oportunidade, decidiu poupar Lula, na expectativa de que os fatos o fizessem “sangrar” (expressão usada na época) espontaneamente em público, tirando-o do processo sucessório. Evitou investir no impeachment, receosa dos transtornos que pudesse ocasionar, mobilizando contra si os movimentos sociais.
O falecido senador Antonio Carlos Magalhães, na ocasião na linha de frente da oposição, acreditava que Lula, escaldado pelo Mensalão, perderia eleição “até para um poste”. Não perdeu. Perdeu dois de seus principais ministros – Antonio Palocci e José Dirceu -, viu seu partido perder a aura de vestal, mas conseguiu se preservar, dar a volta por cima e se reeleger.
A idéia agora é não repetir o equívoco e ir às últimas conseqüências, o que não significa derrubar Lula (até porque ninguém levaria isso a sério), mas chamuscar a candidatura de Dilma Roussef e o governo como um todo. Assunto não faltará, até porque as caixas pretas de Petrobrás, Dnit e ONGs têm a reputação de abrigar segredos que, conforme dizia Nélson Rodrigues, não se confessam nem a um médium depois de morto.
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