terça-feira, 30 de junho de 2009
"Isso sempre aconteceu, isso vem de muito tempo"
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Gangsterização da política
Antes era o Fernando Henrique, agora é o Lula. O que o vulgo chama de "operação abafa", é triste constatar, tem sido procedimento recorrente entre os que nos governam. Basta estourar qualquer escândalo de corrupção e, pronto, lá está o governo empenhado em barrar a investigação. É moralismo denuncista, vai afetar o funcionamento das instituições e paralisar o livre curso dos negócios, alegam os titulares do poder executivo que, como santos de bordel, flutuam incólumes sobre o mar de lama.
Lá atrás, quando tocava aos tucanos administrar o receituário dominante, o senador Pedro Simon tratou do tema. Ele, que era amigo pessoal do presidente e participava de sua base de apoio na época, falando com seu gestual peculiar, formulou a seguinte máxima: "…eu não sei se o presidente Fernando Henrique rouba, nem se ele deixa roubar, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza: ele não deixa investigar de jeito nenhum".
Ainda da mesma era, os mais antigos hão de se lembrar da famosa briga ACM versus Jader Barbalho. Os dois, que eram líderes dos maiores partidos aliados do governo, se chamaram de "ladrão" e "mais ladrão" em plena tribuna do Senado Federal. Ato falho que, segundo as más línguas, serviu para mostrar que ambos estavam com a razão. O falecido oligarca baiano chegou a convocar a imprensa estrangeira para declarar com todas as letras: "o presidente FHC, para manter a aliança que o sustenta, é tolerante com a corrupção".
O caso atual, que com o desdobrar dos acontecimentos adquire feições cada vez mais escabrosas, recoloca a natureza comum da linhagem anterior. E, a julgar pelas declarações repetidas pelo atual presidente, o estigma de Simon ("não deixa investigar de jeito nenhum") cai como uma carapuça certeira na cabeça de Lula. O morto-vivo que ainda preside o Senado despenca ladeira abaixo feito bola de neve, mas tem história e não pode ser investigado. Os presidentes são figuras incomuns, logo inimputáveis. Não estão aí para tomar conhecimento das falcatruas que lhes sustentam o pedestal.
Vivemos uma época espantosa, marcada pela crença na impessoalidade da corrupção sistêmica. A corrupção não tem pernas, nem é uma seqüência de fatos isolados que se repetem. Ela é uma cultura que azeita o funcionamento da máquina de poder, articula os pontos fortes da economia com o intestino grosso da pequena política. Por sua gigantesca malha fluem os "valores" que articulam o capitalismo financeiro que nos domina ao sistema político que lhe fornece base de sustentação.
Sendo assim, a luta pela ética na política (que também tem experimentado surtos recorrentes no período em pauta) não pode ser tratada como moralismo abstrato, rearmamento moral, ou coisas do gênero. Pelo contrário, trata-se de uma dimensão importante da luta contra o modelo dominante. Quando os organismos do aparelho de Estado, ao invés de defenderem o interesse público, prestam reverência ao deus mercado, não dá outra. Os escalões intermediários fazem negócios e, para fechar o círculo vicioso, a cumplicidade dos altos escalões abafa qualquer tentativa de investigação. O pacto de silencio garante a partilha do butim. A riqueza privada se afirma sobre a falência do poder público e o resultado inevitável é o que aí está: a "gangsterização" da política.
Léo Lince é sociólogo.
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
Crise ressuscita tese de Constituinte
A crise institucional por que passam Câmara e Senado agrava a estimativa de que a reforma política, mais uma vez, não será feita. Com isso, volta a circular uma antiga e polêmica tese, que conta com a simpatia do PT e do presidente Lula: a de convocar uma Assembléia Nacional Constituinte exclusivamente para fazê-la.
A tese não surgiu agora. Ainda no primeiro mandato de Lula, em julho de 2006, uma comissão de dez juristas, entre os quais quatro ex-presidentes da OAB, esteve com o presidente no Palácio do Planalto. O encontro tinha um objetivo: apresentar a Lula, que o havia encomendado, um estudo sobre CPIs, de modo a regulamentá-las e impedir seus excessos.
No meio do encontro, no entanto, o presidente arriscou uma pergunta sobre a possibilidade de uma Constituinte parcial, para fazer as reformas política e tributária. Sua idéia, segundo disse, era de uma mini-Assembléia Nacional Constituinte exclusiva, não restrita em sua composição aos partidos políticos. Funcionaria paralelamente ao Congresso, que seria eleito em outubro daquele ano.
A tese dividiu politicamente o grupo, que, no entanto, convergiu num ponto: juridicamente não haveria maiores óbices para convocá-la. O grupo tratou o tema informalmente com o presidente, sem desconfiar que a iniciativa de abordá-lo lhe seria a seguir debitada, o que geraria polêmicas e um esclarecimento posterior da OAB, que já se opusera anteriormente à idéia e voltou a dela dissociar-se por meio de nota oficial.
Assim que o grupo deixou o Palácio, o porta-voz da Presidência informou à imprensa que os juristas haviam admitido a hipótese de uma mini-Constituinte para a reforma política. Não havia consenso quanto a seu formato: uns a sugeriam exclusiva e não partidária; outros, congressual; e outros mais abrangente, envolvendo mais capítulos da Constituição. Mas, enfim, o tema estava posto.
A reação no meio político e jurídico foi negativa e a discussão não prosperou. Mas voltaria sazonalmente à tona, sem gerar entusiasmo. Agora, com a crise de Câmara e Senado e a evidência de que está associada à depreciação contínua da qualidade da representação política, decorrente, por sua vez, de um sistema eleitoral ruim, que favorece a corrupção, o tema da reforma política ganha força, mas não viabilidade operacional.
Como empreendê-la com o atual Congresso? Além de não demonstrar vontade política de fazê-la, não apresenta condições morais satisfatórias. Assim sendo, as próximas eleições serão regidas basicamente pelas mesmas regras das anteriores, o que deve ensejar resultados e procedimentos semelhantes.
A sociedade, porém, dá sinais claros de que quer mudanças. E é aí que os adeptos da tese da Constituinte querem investir. Lula não se opõe a que o tema seja explorado, desde que seu nome não seja, pelo menos nesta etapa, a ele associado.
O que se sabe sobre o formato a ser proposto é quase nada. Pode ser parcial, envolvendo apenas os capítulos da organização política e do sistema tributário, como de interesse do Planalto. Ou mais abrangente. Os únicos capítulos que os aliados esquerdistas do governo consideram intocáveis são os referentes aos direitos e garantias individuais e o trabalhista. Os demais, segundo eles, são detonáveis. O tema é polêmico e pouco palatável. Divide o meio jurídico e político, não se sabe em que proporção.
A OAB já se manifestou no passado contrária, nos seguintes termos: “Constituinte, plena ou parcial, exclusiva ou derivada - só se justifica quando há ruptura institucional. Não é o caso. Em que pesem as múltiplas denúncias envolvendo agentes públicos que abalaram o país nos últimos meses, as instituições funcionam e estão em condições de fornecer os remédios necessários à preservação da governabilidade, na plenitude do Estado democrático de Direito".
Tudo indica, apesar disso, que a discussão será reaberta.
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A tradição dos escândalos
Ruy Fabiano
A sucessão de escândalos que pipocam na Câmara e no Senado – sobretudo neste – não configuram exceção na cultura do serviço público brasileiro. Antes, são regra. Remontam à formação colonial do país, período em que, entre cidadania e Corte, havia, mais que um oceano físico, um mar de interesses conflitivos.
Não é casual que o herói máximo da história do Brasil, Tiradentes, tenha protagonizado um conflito tributário.
Daí a dicotomia entre sociedade e Estado, ainda hoje presente, que resulta numa relação anômala, em que aquela não se vê representada naquele. Ao contrário, o cidadão brasileiro vê o Estado como oponente, e sente-se legitimado em espoliá-lo (pois assim se vê em relação a ele, não importa o governo).
Quando um médico (ou dentista, ou advogado) cobra seus honorários e pergunta se o cliente quer o preço com ou sem recibo; ou quando, num restaurante, o garçom apresenta a conta, mas não a nota fiscal (a menos que solicitada), tem-se a mesma relação de trapaça e sonegação, embora a percepção da maioria não seja essa.
No fundo, o Estado (a “viúva”) é um adversário, do qual se deve extrair o máximo possível. Candidatos a deputado e senador fazem campanha prometendo empregos. Eleitores prometem votar mediante tal moeda, numa cumplicidade explícita.
A mudança de monarquia para República não alterou esse quadro, retratado com fidelidade nos romances de Machado de Assis e Lima Barreto: o primeiro, o romancista do Segundo Reinado; o outro, o da República Velha.
Nomeações por compadrio político, nepotismo, funcionários-fantasmas, no centro das denúncias de hoje, vêm de longe. Quem conhece a famosa marchinha de carnaval “Maria Candelária”, sucesso dos anos 50, na voz de Blecaute? A letra dizia, no trecho inicial: “Maria Candelária/é alta funcionária/saltou de paraquedas/Caiu na letra Ó/começa ao meio-dia/coitada da Maria/ trabalha, trabalha/trabalha de fazer dó”.
E a seguir descrevia sua rotina funcional: “À uma vai ao dentista/às duas vai ao café/às três vai à modista/às quatro assina o ponto e dá no pé./ Que grande vigarista que ela é”. Qualquer semelhança com as denúncias que estão há semanas nos jornais não é mera coincidência. É cultura política, com raízes fincadas no passado profundo do país.
Atribui-se a Getúlio Vargas a máxima de que “aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”. Manuel Bandeira sonhava com uma Pasárgada imaginária, em que, como amigo do rei, teria “a mulher que quero/na cama que escolherei”. A lógica é invariável: estar no poder ou ao lado de quem lá esteja, para se dar bem. O general Golbery resumiu-a na frase que se tornou uma espécie lema entre os políticos brasileiros: “Fora do poder, não há salvação”.
A grande novidade de uns tempos para cá, efeito talvez da urbanização acelerada do país, é que, se a sociedade era cúmplice dos agentes públicos na espoliação do Estado, está deixando de ser. A partir da redemocratização, algo começou a mudar. A liberdade de imprensa – e, mais que isso, a multiplicação dos veículos de comunicação de massa, que hoje inclui a internet – começou a mostrar como funciona por dentro o poder, sua intimidade, seu custo, sua moral (ou falta de).
O cidadão tornou-se mais informado e mais consciente de que é desvantajoso o jogo fisiológico, senão por princípios éticos, ao menos pela constatação de que não pode atender a todos. O PT, enquanto oposição, exerceu papel fundamental nesse processo, denunciando obsessivamente todos os governantes e o jogo sujo dos bastidores, ainda que cometendo leviandades e injustiças pela generalização.
Se era apenas estratégia para chegar ao poder, não importa: pôs a cidadania em alerta – e o processo mostra-se irreversível. O problema é que a classe política, incluindo os setores ditos progressistas, não acompanhou – nem sequer percebeu – essa mudança. Ao chegar ao poder, o PT nivelou-se à prática histórica, aparelhando a administração pública com sindicalistas e amigos e selando alianças com lideranças que, no passado, classificava de corruptas. Deu, assim, concretude à blague do Barão de Itararé, segundo quem “negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados”, variação, por sua vez, de outra, dele mesmo: “Ou todos nos locupletamos ou restaure-se a moralidade”.
Mas a sociedade brasileira já não é a mesma. Não sendo possível socializar os frutos da trapaça, insiste em restaurar (ou melhor, em enfim adotar) a moralidade como princípio. E isso está na raiz do desgaste galopante a que está sendo exposto o Legislativo. A classe política ficou como a Carolina de Chico Buarque: não viu o tempo passar na janela. Não percebeu que algo estava (e está) mudando no país. Age na presunção de que o país ainda vive os tempos da Maria Candelária. Mas não vive. Mudou.
Não se pense que o que ocorre no Legislativo federal é uma anomalia localizada. Nada disso. Se a investigação se estender aos legislativos estaduais e municipais e aos outros poderes, Judiciário e Executivo, o quadro não será diferente. O diagnóstico é de metástase generalizada. O que explica que o Palácio do Planalto tenha quase o dobro de funcionários da Casa Branca? No governo FHC, havia 2.123 servidores lá lotados. Hoje, há 3.346, 57% a mais.
Em ambos os casos, um claro exagero: a Casa Branca, que centraliza bem mais poderes e lida com questões geopolíticas que alcançam todo o planeta, dispõe de 1.800 funcionários.
Nesse ambiente, é natural que o escândalo constitua hoje a matéria-prima do jornalismo político brasileiro, em que a Polícia Federal e o Ministério Público exercem o protagonismo, substituindo deputados, senadores, governadores e prefeitos.
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Para Lula, jornais tem de colorir lama de cor-de-rosa
Josias de Souza
Na semana passada, o presidente viera à boca do palco para dizer que Sarney não pode ser tratado como uma “pessoa normal”.
Nesta terça (23), Lula foi aos holofotes para desancar, de novo, a imprensa. Acha que a mídia troveja demais.
"Não consigo entender porque a predileção pela desgraça. Há tanta coisa boa no cotidiano do povo brasileiro, mas o que está estampado é a desgraça".
Acha que o brasileiro está farto de malfeitos: "O povo já viu muitos escândalos ao longo da história, é o que mais vemos”. Depois, diz ele, "não acontece nada".
Prescreve dois remédios: a reforma política e o voto. Não lhe ocorre cobrar investigações e punições. Joga tudo no colo do eleitor: “Temos eleições a cada quatro anos e a chance de mudar as coisas”.
No passado, Lula chamava Sarney de “ladrão”. Hoje, diz confiar na capacidade do ex-larápio de soerguer o Senado.
"O problema só tem uma solução, que é consertar tudo. E essa é a disposição do Sarney, na conversa que tive com ele".
No campo ético, Lula virou uma biografia em suspenso. Tornou-se, ele próprio, um Sarney. Com uma diferença: não lê Eça de Queiroz no original.
Sustentado por uma coligação partidária com fins lucrativos, o presidente deseja que os jornais pintem a lama de cor-de-rosa.
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A crise não comove a sociedade
No PT, há quem comemore muito o desgaste de Sarney. O partido se sentiu traído pelo PMDB. Achava-se no direito de comandar o Senado, uma vez que apoiou a candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara. De certa forma, tem toda razão. Até mesmo o presidente Lula teria ouvido de Sarney que não seria candidato. Depois, docemente constrangido, mudou de idéia. Ganhou e mergulhou o Senado em uma das mais graves crises de sua história, pois, a exemplo de situações limites da nossa história, os vencidos não respeitaram o resultado do jogo e deflagaram uma guerra de foice no escuro, como dizia Tancredo Neves.
A rigor, Sarney deveria renunciar bem como os demais membros da atual mesa. Um nova eleição deveria ser feita, além de uma ampla auditoria externa e independente nas contas do Senado. Porém, nada disso vai acontecer. Pelas seguintes razões: a oposição está desarvorada e acoelhada diante do assunto. Teme ser atingida por acusações graves. Par a sociedade, a crise do Senado é mais uma que acontece das inúmeras que já aconteceram. No governo, a crise – se não é boa – também não é tão ruim desde que a imagem do presidente seja preservada. Assim, o que deve prevalecer é o imobilismo e o desinteresse geral. Ou seja, daqui a algumas semanas a imprensa baixa o tom e vai atrás de outro tema. Aos poucos, Sarney recuperará a mobilidade política e tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes. Essa é a tendência predominante.
No entanto, sempre existe um “porém”. Nesse caso, a crise do PMDB no Senado tem vários pontos de interrogação. Um deles se refere a relação do partido com o PT na sucessão. O governo sabe que o PMDB será vital na disputa em 2010. Principalmente, por causa do tempo de televisão. Por outro lado, parte do PMDB se sente tentado em se juntar a Serra. Alguns acham que, independente de quem ganhar, o partido será parte do governo. Assim, o ideal é lançar um candidato próprio e alavancar alianças regionais. Não são opções fáceis. Faltando pouco mais de dezoito meses para o fim da “Era Lula”, o quadro político tende a ser cada vez pior. E, neste momento, o governo está paralisado e sem iniciativa. Esperando a fogueira do Senado baixar. Não é o ideal. É o que resta fazer. Até mesmo pelo fato que de a sucessão de 2010, seja qual for a chapa governista, será decidida pelo ambiente econômico que dificilmente será impactado negativamente pelas trapalhadas de nosso sistema político.
Murillo de Aragão é mestre em Ciência Política, doutor em Sociologia pela UnB e presidente da Arko Advice – Análise Política.
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Deuses
Uma revolta a ser imitada, para a boa saúde do planeta, onde quer que Deus, nas suas diferentes versões, seja invocado para justificar o obscurantismo e a violência. Principalmente no Oriente Médio, onde os monoteísmos se engalfinham há anos e cada versão de Deus tem suas razões para a intransigência. Israel é um estado laico, mas o fundamentalismo religioso aliado à extrema direita, hoje no poder, o leva a comportar-se, muitas vezes, como uma teocracia impiedosa. O Hamas se sobrepôs à secular Autoridade Palestina porque prometia uma violência mais efetiva contra Israel, mas também pelo seu apelo religioso, pela promessa de que tinha um deus forte.
A nação que, de um jeito ou de outro, domina a região, com a benção dos americanos, a Arábia Saudita, além de ser uma das teocracias mais retrógradas é uma das últimas monarquias absolutas do mundo. O Irã tem pelo menos a desculpa de que o deus dos aiatolás reina sobre uma republica.
Mas isto é um pobre consolo para quem vive num país em muitos sentidos moderno e com uma cultura notável, e deve se resignar a ser tutelado em tudo - da escolha de candidatos à escolha da roupa apropriada - por meia dúzia de cléricos com linha direta para Deus.
MILÍMETROS
Não sei se você se deu conta: o mundo esteve à beira de uma catástrofe nestes últimos dias. Por uma questão de milímetros a final da Copa das Federações não foi entre África do Sul e Estados Unidos. O que obrigaria todos os cronistas esportivos do mundo a mudar de profissão, ou dedicar-se exclusivamente ao ping-pong. Foi por pouco.
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domingo, 28 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
O coveiro da CPI da Petrobras escapou da cassação, livrou-se da Justiça e voltou a mandar no Senado
O homem do cafezinho e a mulher da limpeza, o jovem garçom do restaurante e a taquígrafa já aposentada, o segurança novato e o decano dos gráficos, o motorista do ponto de táxi e o motorista do carro oficial, o repórter aprendiz e o colunista oficial ─ todos os minimamente familiarizados com o Senado sabiam, no fim do inverno de 2007, que o presidente Renan Calheiros tinha culpa no cartório. Também sabiam que escaparia do merecidíssimo castigo sem maiores explicações.
Renan continua com culpa no cartório e continua devendo explicações, confirmou a enquete realizada pela coluna para identificar a lista de prioridades dos leitores. Para 264 (34% do total de 768), o atropelador compulsivo da lei e da ética deve começar pelo mistério das notas fiscais fraudadas e das empresas fantasmas. Outros 200 (26%) preferem o milagre da multiplicação dos rebanhos de gado inexistentes. Para 160 (21%), é mais urgente o caso da mesada paga pelo lobista de uma empreiteira a Mônica Veloso, mãe da criança nascida fora do casamento. E 144 (19%) acham que na frente da fila está o preço em dinheiro vivo das vitórias eleitorais em Alagoas.
Em 12 de setembro de 2007, fizeram de conta que não havia pecados a pagar nem explicações a oferecer os 40 pais da pátria que rejeitaram a cassação de Renan (aprovada por 35) e os seis senadores que se abstiveram. ”Achei melhor esperar o fim das investigações”, recitou Aloizio Mercadante, líder da coluna do meio. Na oposição, o senador do PT paulista nunca precisou de provas, nem sequer indícios, para decidir que um adversário inocente era culpado. Nomeado estafeta de Lula, foi à luta para absolver o neocompanheiro Renan por ordem do chefe. Certos atos de covardia exigem mais coragem que demonstrações de bravura em guerras de verdade.
A caminhada para fora do gabinete da presidência durou 139 dias. Começou em 30 de maio, quando a reportagem de capa de VEJA divulgou o teatrão fora-da-lei em que Renan contracena com a jornalista Mônica Veloso e um lobista da Construtora Mendes Júnior. Ao usar o amigo para o pagamento de despesas pessoais, quebrara o decoro parlamentar. Como tal infração justifica a cassação do mandato, a sensatez recomendava que deixasse a presidência para esperar com a discrição possível que a poeira baixasse.
Preferiu ficar onde estava, confiante na cumplicidade corporativista, e transformou o que deveria ser um discurso de explicações numa declaração de guerra aos fatos, à verdade, à sensatez e aos códigos legais. O beija-mão liderado pelo comparsa Romero Jucá no fim do falatório sugeriu-lhe que a impunidade havia chegado. Ainda não, soube nos 100 dias seguintes.
Na edição de 8 de agosto, depois de outra drenagem no pântano, VEJA fez revelações que ampliaram notavelmente o prontuário do réu. Acuado, Renan empreendeu mais uma contra-ofensiva desastrosa. Apresentou ao Conselho de Ética do Senado notas fiscais com marcas evidentes de fraude e entregou documentos sobre uma única transação que apresentavam entre si uma diferença na venda declarada de 511 cabeças de gado — equivalentes a R$ 600 mil, quase um terço do que Renan dizia ter juntado com atividades agropecuárias desde 2003.
Convocados para o exame do papelório, três peritos da Polícia Federal informaram, num parecer de 20 páginas, que as notas fiscais continham uma série de “inconsistências formais”. A principal era a ausência ou a duplicidade do Selo Fiscal de Autenticidade, instrumento destinado ao controle da emissão dos documentos fiscais. Em duas notas, não havia o número do selo. Em outra, o número se referia a uma segunda nota. Algumas estavam sem data, outras exibiam campos rasurados ou haviam sido emitidas fora da ordem cronológica.
Aberrações semelhantes comprometeram também 100 Guias de Trânsito Animal reunidas pelo senador para provar que ganhara R$ 1,9 milhão com o comércio de gado nos quatro anos anteriores. “Várias informações preenchidas nas guias são divergentes daquelas presentes nas notas fiscais, apesar de as datas dos dois documentos serem as mesmas”, constataram os policiais. “E grande parte dos destinatários do gado vendido, cujos nomes constam das GTAs, não coincide com aqueles informados nas notas fiscais de venda apresentadas”.
Segundo os códigos em vigor, Renan Calheiros cometeu crimes contra a ordem tributária suficientes para que fosse punido com dois a cinco anos de prisão e uma multa de bom tamanho. Não houve castigo nenhum. No começo deste ano, virou líder da bancada do PMDB. Com a eleição que devolveu José Sarney ao centro da mesa diretora, Renan tornou-se presidente de fato e voltou a mandar no Senado. No momento, também exerce as funções de coveiro da CPI da Petrobras.
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O presidente e a mãe de preso
Tão recorrente quanto tiroteio em faroeste é o diálogo entre o repórter da TV e a mulher que chora na calçada do presídio conflagrado por uma rebelião.
─ A senhora tem parente lá dentro?
─ Meu filho ─ informa a voz aflita. ─ Fez umas besteiras porque andou em má companhia, mas é um menino muito bom.
Vai-se conferir a folha corrida e as besteiras não foram pouca coisa. Homicídio, latrocínio, assalto a mão armada, estupro, tentativa de assassinato, por aí. A mãe não sabe de nada, ou finge que de nada sabe. O filho é um menino muito bom.
Tão recorrente quanto essa conversa em dia de rebelião é a arbitrária absolvição pelo presidente Lula de todos os delinquentes de estimação. Peculato, furto, roubo, lavagem de dinheiro, estelionato, formação de quadrilha, estupro do sigilo bancário, um e outro assassinato de prefeito ─ seja qual for o crime cometido, os autores continuam inocentes. São bons companheiros. São meninos bons. Culpada é a imprensa, que sofre de denuncismo epidêmico e enxerga pecado onde só existe virtude.
José Dirceu, Antonio Palocci, Matilde Ribeiro, Benedita da Silva, Severino Cavalcanti, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor, Romero Jucá, todos os mensaleiros, todos os sanguessugas, todos os aloprados, agora José Sarney ─ a lista é tão extensa quanto o prontuário da turma. Lula faz de conta que não sabe de nada.
A diferença entre o presidente e a mulher do presídio é que ela tenta socorrer um criminoso que está no xadrez porque é uma pessoa comum, ele só socorre criminosos que continuam em liberdade porque são pessoas incomuns. O destino transformou-a numa genuína mãe de bandido preso. A esperteza fez Lula virar mãe de bandido solto.
Augusto Nunes
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Copa do Mundo 1998 - Brasil 1x1 Holanda (4x2)
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sexta-feira, 26 de junho de 2009
André Regis fala sobre Relações Internacionais III.
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André Regis fala sobre Relações Internacionais III.
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André Regis fala sobre Relações Internacionais IV.
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André Regis fala sobre Relações Internacionais I.
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
História sonegada
Não é só a nossa história em comum que está sendo sonegada. A história individual dos mortos pela repressão também. Aos parentes são negados não apenas seus restos como a formal cortesia de uma biografia completa. Uma reivindicação que nada tem a ver com revanchismo, que só pede uma deferência à simples necessidade das famílias reaverem seus corpos e saberem seu fim. Impedir que isso aconteça para não melindrar noções corporativas de honra ou imunidade é uma forma de prepotência que, 25 anos depois, não tem mais desculpa.
Revelações como as que o "Estadão" está publicando sobre a guerrilha no Araguaia servem como um começo para o resgate da nossa memória tutelada. Não precisa mexer na lei da anistia. É mais importante para a Nação saber a verdade do que punir os culpados. E já que se liberou a História e se busca a verdade com novo animo, por que não aproveitar e investigar alguns pontos cegos daqueles tempos, como a participação de setores do empresariado em coisas como o Comando de Caça aos Comunistas e a Operação Bandeirantes, agindo como corpos auxiliares da repressão urbana, não raro com entusiasmo maior do que o dos militares ou da polícia política - como costuma acontecer quando diletantes fazem o trabalho de profissionais. Algum correspondente civil ao major Curió deve ter em seus arquivos o relato da guerra naquela outra selva.
Mas sei não, há uma tradição brasileira de poupar o patriciado quando este se desencaminha. Quando descobriram que todos os negócios com o novo governo Collor teriam que passar pela empresa do P.C.Farias, não foram poucos e não foram pequenos os empresários nacionais que aderiram ao esquema sem fazer perguntas. Nas investigações sobre a corrupção que acabou derrubando Collor, seus nomes desapareceram. E, neste caso, não foram os militares que esconderam a verdade.
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O último cheque
A filha faz 21 anos e o pai está todo feliz por emitir o último cheque da pensão que é paga à ex-mulher, há 20 anos e 11 meses.
Pede para a filha levar o cheque e retornar rapidinho, para contar-lhe como ficou a cara da BABACA da mãe dela, ao dizer-lhe que este é o último cheque que ela verá da parte dele.
A filha entrega o cheque à mãe, ouve o que ela diz e volta para a casa do pai, para dar-lhe a tão esperada resposta.
- Diga-me, filha, qual foi a reação da BABACA da sua mãe!
- Ela mandou lhe dizer que você não é o meu pai...
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Jogo do Poder com Pedro Simon (3 de 5)
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Jogo do Poder com Pedro Simon (2 de 5)
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Jogo do Poder com Pedro Simon (1 de 5)
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Jogo do Poder com Tarso Genro (4 de 6)
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Jogo do Poder com Tarso Genro (4 de 6)
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Debates en Libertad: Populismo 6/11/07
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quarta-feira, 24 de junho de 2009
Não diga isso...
— Sim, tu podes ter razão, algumas pessoas parece mesmo que nascem com uma vocação mas quanto a mim,ah, eu não gosto de nada, não tenho vocação para nada, acho que nasci para casar...
Quando ela me disse isso, que não gosta de nada, um equivalente a dizer que não dá para nada na vida, fez-me lembrar de Thomas Alva Edison, o gênio da lâmpada.
Edison disse que a genialidade, ou o sucesso na vida, é muita mais uma questão de suor que de inteligência ou inspiração. O baixinho tinha razão.
Inteligência todos temos, temos uma potencial e magnífica inteligência. Essa inteligência, todavia, está, na maioria das pessoas, adormecida, numa potencialidade que não nos alcança imaginar. Potencialidade, sabemos, é capacidade de vir a ser.
Fico irritado quando ouço pessoas fazer uso dessas frases desculpistas, mas muito do uso dos frouxos, dos tíbios da vida. Uma dessas frases é "Ah, não tenho sorte, nunca tive, jamais ganhei uma rifa de colégio que fosse..."
Será que ganhar uma rifa de colégio ou um rodada de bingo é ter sorte? Será isso ter sorte na vida?
Será mesmo que uma pessoa fala sério quando diz que não dá para nada na vida, que não tem talento para nada? Será que uma moça fala sério quando diz que nasceu para casar, querendo dizer com isso que para outra coisa ela não se presta na vida?
Essa história de "nasci para casar" vem de um tempo que deve ser esquecido pelas garotas de hoje, quando casar era sentença condenatória das mulheres. Ou casavam ou se internavam num convento. Quando isso não acontecia, a família inventada que a jovem, a filha, era doente e precisava de cuidados especiais. Era inaceitável uma mulher ficar solteira, não ter casado. Bah, graças a Deus essa época vai longe. Vai? Será que vai mesmo? Bolas, claro que não.
"Empregar-se" de esposa, de dona de casa, hoje em dia não garante mais nada, só encrencas. Os casamentos estão durando muito pouco e os que estão casando hoje, exatamente hoje, neste santo dia, garantidamente não vão ficar casados por uma década que seja... É praga? Não, é estatística.
Se for o seu caso, leitor jovem, leitora jovem, nunca diga essa bobagem de que você não tem talento para nada, nunca diga isso. Ache o seu talento, você o tem, ele está aí, dentro de você, esperando que você o ache. Achado, case com ele. Case por amor. Esse casamento vai durar a vida toda. Esse vai...
Luiz Carlos Prates
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Lula defende Ahmadinejad
- Veja, o presidente (iraniano Mahmoud Ahmadinejad) teve uma votaçao de 61, 62%. É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude.
- Eu não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos.
Primeiro, alguém deveria explicar para o Lula que, em ditaduras, o comum é ganhar com ampla margem, justamente para dar a aparência de “respaldo popular ao regime”. Sobre a segunda afirmação do presidente brasileiro, alguém já contou para o Lula que, apesar de o Irã ter mais de 40 milhões de eleitores e a apuração ser manual, a vitória de Ahmadinejad foi decretada apenas duas horas depois do fim do pleito, com 80% dos votos “já contados”?
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Ministros do Ambiente da UE discutem seca e escassez de água
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MUDANÇAS CLIMATICAS (Fantástico 17/06/2007)
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MUDANÇAS CLIMATICAS (Fantástico 17/06/2007)
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O nordeste brasileiro pode virar deserto
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terça-feira, 23 de junho de 2009
Ah, o PT histórico
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Simon pede que Sarney se licencie do cargo
Do Blog do Noblat:
"Simon pede que Sarney se licencie do cargo
Em discurso da tribuna do Senado, Pedro Simon (PMDB-RS) acaba de pedir que José Sarney (PMDB-AP) se licencie do cargo de presidente. Ontem, foi Cristovam Buarque (PDT-DF) que pediu a mesma coisa.
Há pouco, Cristovam disse que o momento não é mais de licença, mas de renúncia ao cargo.
- Sarney disse que foi eleito para presidir politicamente o Senado, não para limpar as lixeiras do Senado. Mas se há lixo nas lixeiras, a primeira coisa que ele tem de fazer é limpá-las, sim - disse Simon."
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Charge
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Ladislau Dowbor - O que trava a economia? - Set. 2003
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Pressão
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Tutty Vasques
por Tutty Vasques
Corre no Congresso uma campanha difamatória do mordomo de Roseana Sarney:
“Esse tal de ‘Secreta’ é casado, tem filhos?”
A idéia de culpar o mordomo está meio gasta, mas é a melhor que encontraram até agora para a crise no legislativo.
Barbada
por Tutty Vasques
“Você gostaria que SP tivesse uma primeira-dama como a Patrícia Pillar?”
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domingo, 21 de junho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
Lembram do tempo em que o presidente denunciava
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Porque o cidadão ainda não foi afastado da presidência do senado?
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Simon teria coragem ?
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O presidente está certo!
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sexta-feira, 19 de junho de 2009
Os caras
Na minha antiga máquina de escrever já era a mesma coisa, algumas teclas estavam desbotadas, gastas. Agora, no computador, ocorre o mesmo, nas mesmas teclas. O que será? Bolas, eu as uso mais que as outras.
Mas esse usar das mesmas teclas, ou de usar algumas mais que outras, traz, não raro, alegrias, grandes alegrias.
Dia destes, antes de iniciar uma palestra numa das nossas cidades, um jovem sentou-se ao meu lado e muito educadamente pediu licença. Contou-me que eu o “salvei”. Fez-me sabedor de sua história, que ele andava por aí... e hoje sabe o que quer, considera-se um vencedor, mudou de rumos, sente-se feliz. Deu-me detalhes. Fiquei feliz.
Mas o que foi que eu fiz para ajudá-lo tanto assim? Com certeza ter batido nas mesmas teclas. Faz um bem danado ver alguém tirar velhos textos aqui publicados e tirá-los da bolsa como prova... Bah, subi ao palco que era um leão depois disso.
Quantas vezes, por exemplo, já disse que é muito bom ser campeão, ser o primeiro, ser apontado como referência, ser tido por competente, por capaz, por disciplinado etc etc, quantas vezes já disse isso aqui?
Quantas vezes fiquei furioso ao lembrar que os bons alunos na escola um dia foram chamados de CDFs? Chamados por quem? Pelos vagabundos, pelos nadas, pelos invejosos...
Dia destes contei aqui sobre os CDFs (sigla de uma expressão de calão, e todo calão é baixo, não é preciso redundá-lo) contei aqui que os primeiros CDFs foram chamados de “nerds”. Quem eram os nerds? Eram jovens que se envolviam com ciência e tecnologia nos inícios da década de 1950, foram os primeiros a estudar seriamente computadores. E sabe o leitor como os nerds eram definidos pelo American Heritage Dictionary? Eram definidos como “pessoas comicamente desagradáveis”. Isso mesmo. E os detratores dos nerds não desconfiavam que eles colocariam os americanos mais tarde na Lua... Sim, foram os nerds que fizeram isso, e mais tarde ainda criaram os centros de tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia.
Coitados dos detratores dos bons alunos, coitados.
Pois não é que li esta semana no Estadão que os “nerds” estão sendo “caçados” pelas gurias nos pátios das universidades. Elas descobriram que eles são “os caras”. São alinhados, têm boa conversa, são gentis, gente fina, enfim. E ainda tiram 10 nas provas. Que tal, guri, que tal, guria, que tal ser um nerd? Não custa nada, não dói e pode colocá-los no pedestal da vida e dos corações alheios. Ah, estas velhas e desgastadas teclas: ser é melhor que ter. E ser é ter.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Entrevista de Roberto Jefferson - Parte III
Roberto Jefferson - Como também não foram citados Ciro Gomes e seu grupo, o próprio ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Cezar Santos - O sr. teve contatos com o ex-tesoureiro Delúbio Soares? Era na mesma base pragmática?
Roberto Jefferson - Sim. O PT tratava a gente como prostituta.
Euler Belém - E não tinha razão? FHC fazia diferente?
Roberto Jefferson - Claro que sim. FHC conversava com todo mundo. Eu era líder do PTB e o PTB não estava no governo, apoiávamos a governabilidade sem cargos no governo. Se eu ligasse para o Fernando Henrique agora, às 18 horas (olha no relógio de pulso), em meia hora ele me atenderia. Lula levou dois anos para receber os parlamentares da base. Ele não conversava, tudo parava em Zé Dirceu. E o Fernando Henrique falava de ideais, de projetos, era algo diferente. Me recordo quando ele foi homenageado pelo Bill Clinton, na Casa Branca. Fernando Henrique chegou de manhã, eu liguei achando que não seria atendido. Pois às 4 horas da tarde eu estava lá no Alvorada, falando com ele, ouvindo-o contar como foi, a importância daquilo para o Brasil, para ele pessoalmente. Eu me senti importante.
Cezar Santos - Fernando Henrique sabia afagar os aliados?
Roberto Jefferson - Sim. Quando foi à posse do Bush, FHC me contou a conversa que teve com o presidente americano, ficou uma hora e meia falando comigo. Então eu me senti grande. Política não é só acertar carguinhos de poder e financiamento de campanha.
Euler de França Belém - Por que FHC não é popular e Lula é popular?
Roberto Jefferson - Porque Fernando Henrique enfrentou crises econômicas e Lula, não. Foram cinco tempestades difíceis nessa área.
Cezar Santos - O projeto da reeleição não foi tremendo equívoco?
Roberto Jefferson - Foi um pecado grave, sim. Ofendeu o sistema democrático. Foi ruim e não deu certo. As marcas do Fernando Henrique foram as crises e ter criado a reeleição para benefício próprio. E aí fez um segundo mandato pior em relação ao primeiro, por causa das crises. Mas é um homem de bem. Lula fica cuspindo no prato que recebeu, a herança maldita, mas é uma herança bendita, porque todos os fundamentos que permitiram o sucesso do governo Lula hoje foram plantados por Fernando Henrique. Lula está fazendo uma ingratidão com FHC.
Cezar Santos - Falando em equívoco, o sr. vê condições de passar o terceiro mandato para Lula?
Roberto Jefferson - Seria o erro Fernando Henrique 2. Essa tentação seria a herança maldita. Pensando bem, é até bom que ele tente, porque o único inimigo que Lula tem hoje no Brasil é ele mesmo, sua vaidade, sua ambição. Lula tem 53% de aprovação, não é tanto como dizem, se ele tentar pode perder. Se perder, ele sepulta 2014, não consegue fazer o sucessor. Por que ficaria uma condenação prévia, uma lambada dura, vira o Hugo Chávez brasileiro.
Euler de França Belém - E essa relação de Lula com Chávez? O pessoal do governo não classifica as Farc como narco-terrorista e evidências disso aparecem cada vez mais, como mostra uma série de reportagens do jornal El País.
Roberto Jefferson - PT e Farc sempre tiveram relação no passado. Aquela Carta de São Paulo, há suspeita até de que as Farc financiaram o PT no passado. É uma cumplicidade ideológica. Pelo menos Lula não tem se misturado com Chávez, não faz o jogo dele. A política externa do Brasil é diferente.
Euler de França Belém - Vi em jornais latino-americanos declaração de Lula dizendo que Chávez é o maior presidente da história da Venezuela nos últimos 50 anos.
Roberto Jefferson - Lula tem elogiado um monte de gente no Brasil também (risos).
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Jornal Nacional - 25 de abril de 1984 - Diretas Já - Parte 2
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Jornal Nacional - 25 de abril de 1984 - Diretas Já - Parte 1
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A planificação socialista pode funcionar?
Com a crise econômica atingindo o mundo inteiro, muitas pessoas se questionam sobre a possibilidade de organizar a sociedade de uma outra forma. Kate Connelly e Esme Choonara explicam como poderia funcionar uma planificação socialista da economia. Leia mais...
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Deputados querendo ganhar popularidade
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quarta-feira, 17 de junho de 2009
A “Loura” não é má
"Loura" é como a prefeita de Fortaleza é chamada, carinhosamente, pelos mais próximos dela. Ultimamente, temos ouvido alguns xingamentos e o argumento de que ela já não é a mesma Luiziane do tempo em que era funcionária da Emlurb, líder estudantil, vereadora, deputada estadual.
Há muito, o PT endireitou. Mas a "loura" pertencia a uma facção petista que se opunha a esse endireitamento. Tratava-se de uma militante aguerrida, de uma parlamentar combativa.
Quando havia manifestações populares bradando por direitos, lá estava a "loura" com seu discurso veemente em defesa do povo explorado pelo capitalismo, mas que ela imaginava ser pelo governo de plantão, erro comum do seu partido e assemelhados.
Também nas greves de trabalhadores em defesa dos seus direitos, ela lá estava apoiando-os na luta considerada por demais justa.
Tudo isso, porém, mudou e mudou muito, quando a nossa heroína passou para o outro lado do balcão e deixou de ser uma parlamentar livre das amarras, tornando-se gestora da desigualdade, isto é, quando assumiu um posto cuja tarefa é executar políticas do interesse da burguesia, próprias da função de governo, nesse sistema. Não só foi a "loura" que mudou de lado. Junto, ela arrastou um contingente de militantes para auxiliá-la nesse perverso papel de gestora da desigualdade, convertendo muitos desses militantes em meros office-boys e office-girls do capitalismo.
Isso, porém, não implica em dizer que a "loura" e seu séquito tornaram-se gente má. É verdade que alguns estão deslumbrados e até se locupletam com as benesses da posição que ocupam. Contudo, essa não é a regra, pois, o que os move é a vaidade do convívio e os afagos que o sistema matreiramente lhes dispensa - e esses são os tropeços da história.
Ontem, combatentes aguerridos; hoje, cooptados pelo jogo do capitalismo.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
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Olavo de Carvalho
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ENTREVISTA: Ernesto Cardenal
"Ortega é falsamente de esquerda. Tem traído a esquerda, tem traído os princípios da Revolução, tem traído o sandinismo, tem traído o Sandino e o povo da Nicarágua", desabafa o poeta nicaraguense, um dos pioneiros da Teologia da Libertação.
Por Latinautas*
Ernesto Cardenal, que completa 82 anos no próximo dia 20, intitula-se cristão, marxista, poeta e militante. Desde moço, combateu as ditaduras da família Somoza. Após o fracasso da insurreição de 1954, deixou a Nicarágua para dedicar-se à vida monástica. Tornou-se sacerdote em Manágua, no ano de 1965 e, na década de 70, adotou a linha da Teologia da Libertação. Julgou, em 1976, em Roma, os crimes contra os Direitos Humanos na América Latina. Fundou a Comunidade de Solentiname, na qual se fomentou a criação de cooperativas e diversos espaços culturais. Com o triunfo da revolução de 1979, foi nomeado Ministro da Cultura.
Signatário de vultoso currículo acadêmico nas áreas de filosofia, letras e teologia, que inclui passagens por universidades no México, Nova Iorque, Columbia, Madri e Roma, Cardenal é, além de notório poeta, prosador e escultor.
Carta Maior – Por que o senhor envolveu-se na luta armada contra Somoza?
CM – Como nasceu a sua ligação com a Teologia da Libertação?
CM – Por que a Igreja Católica fez aquela crítica que acusava de perigosa a Teologia da Libertação e por que suspenderam o senhor em 1985?
CM – O senhor foi, em 1976, enviado pela FSLN a Roma para julgar as violações aos direitos humanos na América Latina. Quais foram as violações e qual resultado deste julgamento?
CM – O processo democrático na América Latina é recente. Por quê? O senhor acredita que os países no continente são realmente democráticos?
CM – O que é Utopia para o senhor?
CM – Qual foi a importância do início de um novo processo social na Nicarágua com a criação da Comuna de Solentiname?
CM – Ernesto Cardenal acredita que Daniel Ortega é de esquerda?
CM – O que necessita a esquerda Nicaraguense hoje?
(*) Latinautas é o apelido dado pela Carta Maior à equipe da expedição "Da América para as Américas", formada por Milena Costa de Souza, Pedro José Sorroche Vieira, Thiago Costa de Souza e Ligia Cavagnari. Eles atravessam as américas, passando por 17 países, percorrendo mais de 25 mil km em busca de uma identidade de resistência à hegemonia política, econômica e cultural exercida pelos EUA.
Fonte: Agência Carta Maior - 12 de janeiro de 2007, São Paulo
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Sua Excelência não convenceu
Muito nervoso, maltratando a língua portuguesa, o presidente do Senado, senador José Sarney, foi à tribuna para se defender das críticas, segundo ele, muito injustas, que não respeitam sua biografia.
Não convenceu. Listou vários fatos de sua biografia. Falou dos 50 anos de vida pública, misturou fatos ocorridos durante a ditadura com ações suas na presidência da República.
Eximiu-se de toda e qualquer responsabilidade pela desmoralização completa por que passa o Senado da República. Repetiu inúmeras vezes que a crise não é dele, é do Senado.
Lamento, mas o senador José Sarney é o maior responsável pela crise.
Não se trata de desmentir ou de apagar a biografia do nobre parlamentar. Longe disso. Quem reescrevia o passado eram os historiadores soviéticos. A história de José Sarney é bem conhecida.
O que há de mais curioso a ressaltar no discurso de quase meia hora é a total falta de compromisso de José Sarney com os últimos dez ou 15 anos da história do Senado. Sarney discursou como se tivesse chegado ontem à presidência da Casa.
Como se não estivesse presidindo o Senado pela terceira vez. Como se não fosse pessoalmente responsável pela criação de cerca de 50 das 181 diretorias recém-descobertas na Casa.
Como se não fosse pessoalmente responsável pela nomeação de Agaciel Maia como diretor-geral do Senado. Como se não tivesse legitimado uma série de atos de Agaciel Maia e do diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi.
Não é trivial privatizar o Senado da forma como o Senador José Sarney o fez. Tinha até outro dia um neto e duas sobrinhas empregados. Recebia auxílio-moradia tendo residência particular em Brasília e tendo à sua disposição, desde fevereiro, a residência oficial do Senado.
Sua estrategista de campanha era também diretora do Senado. Exonerada para fazer campanha, teve a exoneação cancelada (tudo através de documentos sigilosos).
Sua casa em São Luis era protegida por seguranças do Senado... embora ele seja senador pelo Amapá.
Semana passada, sua Excelência foi padrinho de casamento da filha de Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado. Que agora, depois de prestar relevantes serviços ao senador Sarney, está sendo jogado às feras. Pelo senador Sarney.
O senador José Sarney não tem direito de afirmar que a crise não é dele.
Quando tenta diluir a crise do Senado brasileiro na crise de representação mais geral, que acontece em muitos parlamentos do mundo, o senador tenta uma manobra esperta.
É verdade que há crise em outros países, mas lá os parlamentares renunciam, pedem desculpas públicas, devolvem o dinheiro desviado. Alguns até se matam.
Não se espera nenhuma atitude radical por parte do senador Sarney. Nem mesmo a renúncia à presidência do Senado virá por livre e espontânea vontade.
Mas o clima de rebelião entre os funcionários do Senado é evidente. A forte reação da opinião pública também.
Uma vez o senador José Sarney contratou a Fundação Getúlio Vargas para fazer um diagnóstico da situação do Senado e propor medidas. Deu certo. Nada aconteceu.
Desta vez, repetiu a manobra. Mas suspeito muito de que não vai funcionar.
Os tempos são outros, Excelência.
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terça-feira, 16 de junho de 2009
Protestos virtuais
Os novos movimentos de protesto popular se tornaram inoperantes nestes tempos de tantas falcatruas. As alegações dos governos de que não houve aumento da corrupção, e sim, incremento das investigações pode levar a população a se sentir segura quanto à veracidade das informações procedentes do poder instituído.
Sem a presença da UNE (União Nacional dos Estudantes – para quem já esqueceu), nos debates e nas ruas, parece que a situação do país é tranqüila, seguindo o rumo certo da democracia plena. A vitória dos ex-militantes de esquerda amorteceu os sentimentos profundos que explodiam nas manifestações que chegavam a colocar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, milhares de brasileiros unidos em busca da utopia.
Foram muitas as ocasiões, desde a redemocratização, nas quais o povo foi para as ruas exigindo o fim da corrupção, do desemprego, dos impostos extorsivos, da insegurança pública e da falta de assistência à saúde.
Nesses novos tempos, o que vemos são os estudantes em busca de meia-entrada em tudo e recebendo as benesses do poder. Até mesmo as esperanças com a nova liderança estudantil se esvaem no silêncio de suas estrelas quando devem se pronunciar sobre as mazelas do país. É triste a constatação da leveza das palavras e das ações, que são tão distantes dos tempos dos Josés que lideravam os movimentos estudantis à época da ditadura: José Dirceu e José Serra; e agora, Josés?
A acomodação popular é conseqüência da falta de líderes. Os que existem foram cooptados pelo poder e silenciam, ou são extremamente moderados em seus pronunciamentos. O movimento sindical está satisfeito com tudo que acontece, e até os sem-terra ficam sossegados, despertando somente quando os recursos oficiais que os mantêm minguam. O último movimento popular de que se tem notícia foi o “Cansei”, que, parece, se cansou mesmo.
Mas existe um trabalho de bastidores que os políticos têm considerado muito bom para a governabilidade. É o protesto virtual que abarrota de mensagens as caixas-postais dos computadores oficiais. No mais recente episódio – o que examinava a cassação do presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros –, as informações publicadas na imprensa diziam que milhares de internautas pediam sessão e votação abertas e a cassação do senador.
As máquinas não suportaram tantas mensagens de protesto. É sabido que este método de protesto é infrutífero. Os senadores não precisam ter acesso direto aos e-mails, que são lidos por assessores. E, a prática é simples: aperta-se a tecla “selecionar tudo” e, em seguida, a tecla “delete”. Pronto. Sem polícia, sem violência e sem transtornos. As vias públicas ficam liberadas, os políticos tranqüilos e o povo sem respostas.
A solução do protesto virtual vem se juntar ao namoro no chat e à traição conjugal sem conseqüências para a família. Hoje é possível acompanhar os movimentos dentro de casa através de câmeras ligadas ao computador. É assim que muitos crimes são desvendados, muitos desaparecidos são localizados, e, também, muitas contas bancárias são violadas. É o mundo moderno, e ninguém, em sã consciência, se colocará contrariamente à evolução.
O que nos deixa perplexos é a desunião na defesa do interesse público. A população brasileira está inerte e voltada para seus problemas pessoais. Os que possuem condições financeiras se confinam em suas fortalezas, e os pobres se amedrontam com a violência urbana e, também, se curvam à força dos marginais que dominam as comunidades e as periferias das cidades.
Mesmo quando a criminalidade e a violência quase destroem a vida dos cidadãos de bem, eles se sentem impotentes para exigir das autoridades a proteção policial e programas sociais que minimizam as agruras. Se as autoridades instalarem computadores nas comunidades e na periferia, nenhum cidadão terá motivação para protestar pessoalmente contra os descalabros dos governos e governantes que se homiziam nos palácios cercados de segurança e se movimentam em viaturas, aviões e vagões blindados e com vidros escuros. Os protestos virtuais chegarão e serão deletados.
*Paulo Castelo Branco é advogado, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e autor dos livros Brasília 2030 – a reconstrução, A morte de JK e A poeira dos dias.
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
Mudança climática dará impulso a onda migratória, diz estudo
Mudança climática dará impulso a onda migratória, diz estudo
São Paulo
Nas próximas décadas as mudanças climáticas vão forçar milhões de pessoas a abandonar suas casas para fugir da seca e da elevação do nível dos mares, o que vai requerer um novo plano para migração de massa, diz um relatório divulgado nesta quarta-feira.
Serão necessários recursos para ajudar migrantes a escapar de desastres naturais que vão se agravar, ameaçando a estabilidade política, afirma o relatório divulgado pela U.N. University, Care International e Columbia University.
"Migração induzida pelo meio ambiente e deslocamentos de população têm o potencial de se tornar um fenômeno sem precedentes, tanto em alcance como gradação", diz o estudo, intitulado "Em busca de abrigo: Mapeando os efeitos das mudanças climáticas sobre a migração e os deslocamentos humanos".
"Nas próximas décadas, as mudanças climáticas vão motivar ou forçar milhões de pessoas a abandonar suas casas em busca de meios de vida viáveis e de segurança."
O relatório afirma que a ciência das mudanças climáticas ainda é muito nova para fazer projeções de números exatos de migrantes, mas cita uma estimativa da Organização Internacional de Migração de que por volta de 2050 haverá 200 milhões de migrantes induzidos por problemas ambientais.
O estudo destaca especialmente regiões vulneráveis do mundo incluindo: Estados-ilhas como Tuvalu e as Maldivas, áreas secas como o Sahel (África) e no México e regiões em deltas de rios, como em Bangladesh, Vietnam, e Egito.
"Nos deltas densamente povoados dos rios Ganges, Mekong e Nilo, um aumento no nível do mar de 1 metro poderia afetar 23,5 milhões de pessoas e reduzir em pelo menos 1,5 milhão de hectares a terra atualmente explorada por agricultura intensiva", diz o estudo.
Cientistas especializados em clima dizem que o nível do mar poderá subir pelo menos um metro neste século.
O mundo precisa investir para tornar as comunidades e países pobres mais resistentes às mudanças climáticas, afirma o relatório.
"Estes recursos têm de ser novos e acrescidos a compromissos já existentes, tais como os do Official Development Assistance", diz o estudo.
Por exemplo: investimento em irrigação tornariam os fazendeiros menos dependentes das chuvas. A educação também ajudaria — por exemplo, com orientações sobre medidas para proteger o solo.
Migrantes de regiões de desastres climáticos poderão precisar ter novos direitos, diz o estudo. "Os deslocados pelos impactos crônicos das mudanças climáticas precisarão ser reassentados. No momento, as pessoas que se mudam por causa da piora das condições de vida são classificadas como migrantes econômicos voluntários e não têm reconhecidas suas necessidades especiais de proteção."
As conversações conduzidas pela ONU para estender o Protocolo de Kyoto depois de 2012 estão sendo realizadas em Bonn, na Alemanha, e enfrentam as divisões entre países pobres e ricos sobre como repartir o custo de prevenção e contenção das mudanças climáticas.
Reuters
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Espaços
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Sai, Sarney!
O mais recente foi Toshikatsu Matsuoka, ministro da Agricultura, em maio de 2007. Ele aceitou suborno de um empresário e pediu reembolso de despesas que sempre foram cobertas por seu gabinete.
A ser processado e talvez preso, preferiu se enforcar.
O próximo domingo será um dia tristemente histórico para a Inglaterra. Pela segunda vez, um presidente da Câmara dos Comuns, o equivalente à nossa Câmara dos Deputados, renunciará ao cargo, acusado de má conduta. O primeiro a renunciar foi Sir John Trevor em 1695. Seu crime? Ter embolsado grana de um comerciante em troca do apoio à aprovação de uma lei.
Michael Martin, 63 anos, presidente da Câmara dos Comuns há quase dez, não se vendeu a ninguém nem tirou vantagens ilícitas do cargo. Mas foi conivente com os colegas que tiraram.
Deputados com direito a verba para bancar moradia em Londres conseguiram reembolso por gastos para consertar quadras de tênis, limpar fossas, comprar cadeiras de massagem e aparelhos de televisão de tela plana. Os mais ousados cobraram até pelo aluguel de filmes pornográficos.
O cordato Martin avalizou os desmandos. Uma vez que eles foram descobertos pela imprensa, tentou encobri-los. Como a tarefa se revelou impossível, pediu ajuda à polícia para identificar as fontes de informações dos jornalistas. A polícia nem se mexeu.
Por fim, Martin se rendeu. Seguirá o exemplo dado por Trevor há 314 anos.
Aqui já assistimos a renúncia de presidentes da Câmara e do Senado enrolados em denúncias de quebra de decoro. Foi o caso de Severino Cavalcanti, presidente da Câmara. E de Jader Barbalho, Antonio Carlos Magalhães e Renan Calheiros, presidentes do Senado.
Diferentemente de Trevor no passado, e agora de Martin, eles não abandonaram os cargos premidos pelo sentimento de vergonha. Renunciaram para não ser cassados. Foi um ato sem vergonha. Assim puderam preservar os direitos políticos e voltar ao Congresso reeleitos.
José Sarney está no olho do furacão que varre o Senado desde que ele foi eleito em fevereiro último para presidi-lo pela terceira vez. A primeira foi em 1995.
O que existe de podre no Senado não é obra exclusiva dele. Um presidente do Senado não pode tudo, muito menos sozinho.
Mas é um escárnio Sarney continuar fingindo que nada tem a ver com a crise mais grave da história do Senado. Não apenas tem a ver: Sarney é o principal responsável por ela. A semente da crise foi plantada no primeiro mandato dele como presidente do Senado.
“Eu só tenho a agradecer ao Dr. Agaciel Maia pelos relevantes serviços que ele prestou”, disse Sarney ao se despedir do ex-diretor-geral do Senado, defenestrado da função devido à crise.
Agaciel foi nomeado por Sarney. Ao longo de 14 anos, acumulou poderes e cometeu toda a sorte de abusos com a concordância explícita ou velada de Sarney e dos que o sucederam no comando do Senado.
Na semana passada, ao som da música do filme “O Poderoso Chefão”, Agaciel casou a filha Mayanna sob as bênçãos de Sarney, Renan Calheiros e de dois outros ex-presidentes do Senado – Garibaldi Alves e Edison Lobão.
Para lá do inchaço do quadro de funcionários do Senado, do pagamento de horas extras não trabalhadas, da criação de diretorias fantasmas, da homologação de licitações suspeitas e da assinatura de decretos secretos, há fatos que dizem respeito diretamente a Sarney e que o deixam mal na foto.
Dono de imóvel em Brasília e inquilino da mansão destinada ao presidente do Senado, Sarney recebeu durante mais de um ano auxílio-moradia de R$ 3.800,00 mensais reservada a senadores sem teto.
Flagrado, primeiro negou que recebesse. Depois se apropriou do mote de Lula e disse que não sabia.
Um neto de 22 anos de Sarney assessorou durante mais de um ano o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Foi a maneira que Cafeteira encontrou, segundo admitiu, de agradecer ao pai do rapaz por tê-lo reaproximado de Sarney.
Há uma sobrinha de Sarney lotada no ex-gabinete da filha dele no Senado, Roseana Sarney, atual governadora do Maranhão. E há outra empregada no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MTS) em Campo Grande. Essa ganha sem trabalhar.
É possível acreditar que o pai da crise esteja de fato empenhado em resolvê-la? Ou que reúna condições para tal? E quem disse que seus pares estão interessados em refundar o Senado?
A essa altura, uma só coisa depende de fato de Sarney: a renúncia à presidência do Senado para atenuar as nódoas recentes de sua biografia.
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domingo, 14 de junho de 2009
Tendência suicidária
Leio os principais comentaristas econômicos dos grandes jornais do Rio e de São Paulo. Aprendo muito deles porque venho de outro campo do saber. Mas na minha opinião, continuam seguindo a cartilha neoliberal que os dispensa de um pensamento mais crítico. Ainda manejam a interpretação clássica dos ciclos do capitalismo depois da abundância sem se dar conta da mudança substancial do estado da Terra, ocorrida nos últimos tempos. Por isso noto neles certa cegueira paradigmática. Comentam a crise irrompida no centro do sistema e assinalam o desmoronamento de suas teses mestras mas continuam com a crença ilusória de que o modelo que trouxe a desgraça pode ainda nos tirar dela. Esta miopia de visão lhes impede de considerar os limites da Terra que impõem limites ao projeto do capital. Tais limites foram ultrapassados em 30%. A Terra dá sinais claros de que não aguenta mais. Quer dizer, a sustentabilidade entrou num processo de crise global. Mais e mais cresce a convicção de que não basta fazer correções. Somos obrigados a trocar de rumo caso quisermos evitar o pior que é ir ao encontro de um colapso sistêmico.
O sistema em crise, digamos-lhe o nome - em termos de modo de produção é o capitalismo e de sua expressão politica é o neoliberalismo - responde fundamentalmente a estas questões: como ganhar mais com um mínimo de investimento, no menor tempo possível e aumentar ainda o poder? Ele supõe o domínio da natureza e a desconsideração das necessidades das gerações futuras. O desenvolvimento pretendido se mostrou insustentável porque lá onde se instalou, criou desigualdades sociais graves, devastou a natureza e consumiu seus recursos para além de sua capacidade de reposição. Na verdade, trata-se apenas de um crescimento material que se mede por benefícios econômicos e não de um desenvolvimento integral.
O grave é que a lógica deste sistema se contrapõe diretamente à lógica da vida. A primeira é linear, se rege pela competição, tende à uniformização tecnológica, à monocultura e à acumulação privada. A outra, a da vida, é complexa, incentiva a diversidade, as interdependências, as complementariedades e reforça a cooperação na busca do bem de todos. Este modelo também produz mas para servir à vida e não em exclusivo ao lucro, visando o equilíbrio com a natureza, a harmonia com a comunidade de vida e a inclusão de todos os seres humanos. Opta viver melhor com menos.
Paul Krugman, editorialista do New York Times, denunciou corajosamente (JB 20/12/08) que não há diferença básica entre os procedimentos de B. Madoff que lesou em 50 bilhões de dólares a muitas pessoas e instituições e aqueles dos especuladores de Wall Street que também enganaram a milhares de aplicadores e pulverizaram grandes fortunas. Conclui: “o que estamos vendo agora são consequências de um mundo que ficou louco”. Esta loucura é conjuntural ou sistémica? Penso que é sistêmica porque pertence à dinâmica mesma do capitalismo: para acumular mantém grande parte da humanidade em situação de escravos “pro tempore” e pôe em risco a base que o sustenta: a natureza com seus recursos e serviços.
Cabe à pergunta: não há uma pulsão suicidária inerente ao capitalismo, como projeto civilizatório, de explorar de forma ilimitada um planeta sabidamente limitado? É como se toda a humanidade fosse empurrada para dentro de uma correnteza violentíssima e não pudesse mais sair dela. Seguramente o destino seria a morte. Será que não é este o desígnio inscrito em nosso atual DNA civilizatório que se esboçou já há mais de dois milhões de anos quando surgiu o homo habilis, aquela espécie de humanos que, por primeiro, começou a usar o instrumento no afã de dominar a natureza, se potenciou com a revolução agrária no neolítico e culminou no atual estágio de vontade de completa dominação da natureza e da vida? A seguir este curso para onde iremos?
Como somos seres de inteligência e com imenso arsenal de meios de saber e de fazer, não é impossível que reorientemos nosso curso civilizatório e demos centralidade mais à vida que ao lucro, mais ao bem comum que à vantagem individual. Então nos salvaríamos in extremis e teríamos ainda um futuro discernível pela frente.
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Excessivamente paulista
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sábado, 13 de junho de 2009
Olavo de Carvalho - O COMUNISMO NO BRASIL É INEVITÁVEL!
Postado por Atílio às 9:02 PM 0 Comente Aqui!
Conveniente lembrar
Passados seis anos da gestão Lula é conveniente lembrar como foi feita a distribuição dos cargos federais no inicio do governo em 2003. Todo o processo foi centralizado na figura de José Dirceu. Por essa razão pesaram sobre ele as maiores acusações em relação aos comissionados que se envolveram em falcatruas. O fato é que José Dirceu fez questão de centralizar tudo, e ao fazer isso, chamou para si toda responsabilidade para o que viesse no futuro. Pois bem o que veio todos acabamos sabendo.
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