Desde os anos 70, o Brasil vem sendo sacudido por crises internacionais – choques do petróleo na década de 70, episódios da dívida externa nos anos 80, as crises da Argentina, México, Ásia, câmbio (1998), desvalorização do Real (1999), apagão de energia e, mais recentemente, a crise do mercado financeiro norte-americano. Paralelamente a isso, o Brasil fechado e protecionista dos anos 70 e 80 se transformou em uma economia mais aberta e vibrante, que tem despertado o interesse crescente dos investidores estrangeiros. Não se deve esquecer, contudo, que ao mesmo tempo o Brasil conseguiu promover um assalto ao contribuinte, elevando a carga tributária para mais de 35% do PIB , fornecendo em troca um serviço de quinta. Nosso cenário já seria complexo se tais vetores fossem os únicos de nossa realidade.
Temos, ainda, uma política falida e desafios prementes que estão sendo tratados de forma lenta e incompetente: a violência urbana, o tráfico de drogas, a favelização das cidades, a má qualidade do ensino público, a má qualidade de nossas universidades, a opacidade do governo, a lentidão da Justiça, o corporativismo excessivo dos interesses organizados e a corrupção, entre outras mazelas. É uma coleção imensa de desafios que não foram resolvidos nos últimos 15 anos, apesar dos avanços no campo do combate à inflação e à má distribuição de renda. A situação se torna ainda mais dramática quando olhamos os pequenos e grandes desafios que nos rodeiam.
Por exemplo: a ABIN investiga a ocorrência de operações de espionagem perto da Base de Alcântara, de onde se lançam foguetes. A suspeita é que boias sejam utilizados para interferir na telemetria dos foguetes. Outro exemplo: a região de Foz de Iguaçu é foco de atenção mundial. Tanto pelo contrabando imenso de produtos para o Brasil quanto pelo tráfico de drogas e de armas. O Paraguai é, nos dias de hoje, um dos maiores produtores de maconha do mundo. Alem disso, suspeita-se que recursos saídos do Brasil e do Paraguai sejam usados no financiamento do terrorismo internacional. Além da maconha, os maiores produtores mundiais de cocaína são nossos vizinhos e usam nossas fronteiras para escoar parte da produção. Temos a presença das máfias de orientais (japoneses, chineses e coreanos) operando em nosso território. Daqui a pouco, virão os mafiosos da Europa Oriental. O que fazemos de concreto e eficaz para lidar com os nossos problemas? Pouco, bem pouco.
O mundo está ficando cada vez mais complicado e o Brasil, antes um gigante esquecido nos confins da América do Sul, começa a ser afetado dramaticamente pela conjuntura internacional. Estamos preparados para o agravamento dos desafios? Nossa política tem condições de responder claramente a tais desafios? Claro que não. O Poder Executivo, hipertrofiado e burocratizado, responde lentamente. O Judiciário, atrapalhado com o cartorialismo, corporativismo e burocracia, também decide mal e lentamente. O Legislativo é pouco operante e paralisado pelas medidas provisórias, além de funcionar processualmente de forma arcaica e desconectada da conjuntura.
Assim, temos o pior dos mundos se formando à nossa frente: a conjuntura internacional ficando complexa, a conjuntura nacional melhorando de forma lenta e os poderes públicos respondendo de forma inadequada os nossos desafios. Alguém poderia perguntar: somos todos passageiros do Titanic? Como diria o português da piada, “uns dizem que sim, outros dizem que não”.
Murillo de Aragão é cientista político
Temos, ainda, uma política falida e desafios prementes que estão sendo tratados de forma lenta e incompetente: a violência urbana, o tráfico de drogas, a favelização das cidades, a má qualidade do ensino público, a má qualidade de nossas universidades, a opacidade do governo, a lentidão da Justiça, o corporativismo excessivo dos interesses organizados e a corrupção, entre outras mazelas. É uma coleção imensa de desafios que não foram resolvidos nos últimos 15 anos, apesar dos avanços no campo do combate à inflação e à má distribuição de renda. A situação se torna ainda mais dramática quando olhamos os pequenos e grandes desafios que nos rodeiam.
Por exemplo: a ABIN investiga a ocorrência de operações de espionagem perto da Base de Alcântara, de onde se lançam foguetes. A suspeita é que boias sejam utilizados para interferir na telemetria dos foguetes. Outro exemplo: a região de Foz de Iguaçu é foco de atenção mundial. Tanto pelo contrabando imenso de produtos para o Brasil quanto pelo tráfico de drogas e de armas. O Paraguai é, nos dias de hoje, um dos maiores produtores de maconha do mundo. Alem disso, suspeita-se que recursos saídos do Brasil e do Paraguai sejam usados no financiamento do terrorismo internacional. Além da maconha, os maiores produtores mundiais de cocaína são nossos vizinhos e usam nossas fronteiras para escoar parte da produção. Temos a presença das máfias de orientais (japoneses, chineses e coreanos) operando em nosso território. Daqui a pouco, virão os mafiosos da Europa Oriental. O que fazemos de concreto e eficaz para lidar com os nossos problemas? Pouco, bem pouco.
O mundo está ficando cada vez mais complicado e o Brasil, antes um gigante esquecido nos confins da América do Sul, começa a ser afetado dramaticamente pela conjuntura internacional. Estamos preparados para o agravamento dos desafios? Nossa política tem condições de responder claramente a tais desafios? Claro que não. O Poder Executivo, hipertrofiado e burocratizado, responde lentamente. O Judiciário, atrapalhado com o cartorialismo, corporativismo e burocracia, também decide mal e lentamente. O Legislativo é pouco operante e paralisado pelas medidas provisórias, além de funcionar processualmente de forma arcaica e desconectada da conjuntura.
Assim, temos o pior dos mundos se formando à nossa frente: a conjuntura internacional ficando complexa, a conjuntura nacional melhorando de forma lenta e os poderes públicos respondendo de forma inadequada os nossos desafios. Alguém poderia perguntar: somos todos passageiros do Titanic? Como diria o português da piada, “uns dizem que sim, outros dizem que não”.
Murillo de Aragão é cientista político
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