Nas atuais Olimpíadas, bem como nas anteriores, imagens e sons vêm invadindo o cotidiano, vindas de longe, de um país que têm línguas, hábitos, histórias e culturas quase impenetráveis à maioria dos mortais que não são de lá. O que se tem visto, são, sobretudo, imagens pouco conclusivas e mesmo paradoxais.
Luís Carlos Lopes
No mundo do espetáculo e da ilusão midiática, fica cada vez mais difícil separar o real da ficção. Esta última invadiu poderosamente as consciências, por meio das mídias tecnológicas contemporâneas, que também transmitem fatos e processos reais. Ao tratar a ambos do mesmo modo, a confusão está formada, ficando quase impossível a distinção entre uma coisa e outra. Nas atuais Olimpíadas, bem como nas anteriores, imagens e sons vêm invadindo o cotidiano, vindas de longe, de um país que têm línguas, hábitos, histórias e culturas quase impenetráveis à maioria dos mortais que não são de lá. O que se tem visto, são, sobretudo, imagens pouco conclusivas e mesmo paradoxais.
Quando as câmeras vão para as ruas de Beijing, se vê uma cidade limpíssima e um povo por demais organizado, quase invisível. No ninho do pássaro, há gente de todo mundo. Os chineses se confundem com os turistas que lá estão. Quem serão os presentes nativos? Pode-se supor que lá estão os membros da nova classe rica, mesmo milionária, que nasceu nos escombros do socialismo real do país. Será? Pouco se sabe, e as mídias tradicionais pouco informam. Quem terá tido o privilégio de participar diretamente neste evento monumental?
Afinal de contas, o que é a China? O país candidato a ser o mais rico do mundo, crescendo sem parar, comprando e vendendo de e para toda parte. O segundo maior responsável mundial pela poluição, em todas suas variações e dimensões, afetando o seu próprio povo e ameaçando o planeta Terra. Um dos campeões mundiais de desrespeito aos direitos humanos, é bem verdade que seu maior acusador é forte concorrente ao mesmo pódio. Quem efetivamente manda na China? O velho Partido Comunista, a nova classe milionária ou os pesados investimentos ocidentais? Talvez, cada grupo tenha o seu quinhão.
Que mundo nascerá da hegemonia chinesa, que se avizinha a passos largos? Riqueza para alguns, salários baixíssimos para a maioria, controle imperial das potências sobre os países e nações mais pobres e indefesas? Será este o modelo de desenvolvimento, sem rosto humano, que deverá ser copiado ou aceito pelas nações emergentes?
Muitas dúvidas e poucas respostas. Pode-se falar de uma certa apreensão sobre a troca de bastões que se avizinha. Novos desafios são possíveis de se antever, para as próximas décadas.
O episódio da cerimônia de abertura onde uma linda criança chinesa dublou outra, com a voz dos anjos, põe a cavaleiro o problema da distância entre a realidade e a ficção. Se os chineses foram capazes, à busca da perfeição, mesmo que fake, de trocar imagens de pessoas reais, de que mais serão capazes? A verdadeira cantora é bela como toda a criança oriental. É difícil dizer, vendo a imagem de ambas, que a primeira era melhor do que a segunda. Nunca é demais lembrar que a beleza não está circunscrita a atributos físicos exteriores. O que vem de dentro, tal como o canto, pode superar qualquer efeito que os olhos possam enganar e ver, sem enxergar.
Luís Carlos Lopes é professor.
Luís Carlos Lopes
No mundo do espetáculo e da ilusão midiática, fica cada vez mais difícil separar o real da ficção. Esta última invadiu poderosamente as consciências, por meio das mídias tecnológicas contemporâneas, que também transmitem fatos e processos reais. Ao tratar a ambos do mesmo modo, a confusão está formada, ficando quase impossível a distinção entre uma coisa e outra. Nas atuais Olimpíadas, bem como nas anteriores, imagens e sons vêm invadindo o cotidiano, vindas de longe, de um país que têm línguas, hábitos, histórias e culturas quase impenetráveis à maioria dos mortais que não são de lá. O que se tem visto, são, sobretudo, imagens pouco conclusivas e mesmo paradoxais.
Quando as câmeras vão para as ruas de Beijing, se vê uma cidade limpíssima e um povo por demais organizado, quase invisível. No ninho do pássaro, há gente de todo mundo. Os chineses se confundem com os turistas que lá estão. Quem serão os presentes nativos? Pode-se supor que lá estão os membros da nova classe rica, mesmo milionária, que nasceu nos escombros do socialismo real do país. Será? Pouco se sabe, e as mídias tradicionais pouco informam. Quem terá tido o privilégio de participar diretamente neste evento monumental?
Afinal de contas, o que é a China? O país candidato a ser o mais rico do mundo, crescendo sem parar, comprando e vendendo de e para toda parte. O segundo maior responsável mundial pela poluição, em todas suas variações e dimensões, afetando o seu próprio povo e ameaçando o planeta Terra. Um dos campeões mundiais de desrespeito aos direitos humanos, é bem verdade que seu maior acusador é forte concorrente ao mesmo pódio. Quem efetivamente manda na China? O velho Partido Comunista, a nova classe milionária ou os pesados investimentos ocidentais? Talvez, cada grupo tenha o seu quinhão.
Que mundo nascerá da hegemonia chinesa, que se avizinha a passos largos? Riqueza para alguns, salários baixíssimos para a maioria, controle imperial das potências sobre os países e nações mais pobres e indefesas? Será este o modelo de desenvolvimento, sem rosto humano, que deverá ser copiado ou aceito pelas nações emergentes?
Muitas dúvidas e poucas respostas. Pode-se falar de uma certa apreensão sobre a troca de bastões que se avizinha. Novos desafios são possíveis de se antever, para as próximas décadas.
O episódio da cerimônia de abertura onde uma linda criança chinesa dublou outra, com a voz dos anjos, põe a cavaleiro o problema da distância entre a realidade e a ficção. Se os chineses foram capazes, à busca da perfeição, mesmo que fake, de trocar imagens de pessoas reais, de que mais serão capazes? A verdadeira cantora é bela como toda a criança oriental. É difícil dizer, vendo a imagem de ambas, que a primeira era melhor do que a segunda. Nunca é demais lembrar que a beleza não está circunscrita a atributos físicos exteriores. O que vem de dentro, tal como o canto, pode superar qualquer efeito que os olhos possam enganar e ver, sem enxergar.
Luís Carlos Lopes é professor.
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