Victor José Faccioni
O Brasil precisa repensar a educação no país. Os tribunais de Contas, por meio do Promoex (Programa de Modernização do Controle Externo), estão realizando processo piloto de auditoria operacional na área da educação, para verificar os resultados, no que diz especificamente sobre formação e profissionalização dos educadores e professores da rede pública, com vista a atender aos critérios estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Mas não devemos esquecer o que já sabemos, por exemplo sobre o analfabetismo, cujos índices, no último ano, caíram apenas 0,4%, isto é, de 10,4% para 10%, de acordo com a recente Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. Temos ainda 14,1 milhões de brasileiros nessa situação, considerado muito grave pela Unesco. Dos 23 países da América Latina, o Brasil ocupa o desconfortável 15º lugar, atrás, vejam bem, de Costa Rica (4,1%), Paraguai (6,3%), Colômbia (6,4%) e até da Bolívia (9,7%). Por incrível que pareça, Cuba tem apenas 0,2% de analfabetos, o que leva o professor mineiro Cláudio de Moura Castro, especialista em Educação, a dizer com certa ponta de ironia: 'O analfabetismo no Brasil cai porque não estão sendo gerados novos analfabetos. E os antigos estão morrendo'.
As questões preocupantes não se situam, entretanto, no acesso à educação básica, mas no baixo número de crianças que terminam a 8ª série, comprometendo o ingresso no 2º grau. Para se ter idéia dessa brutal defasagem, das 76,6% de crianças que se matriculam no 1º grau, apenas 9,7% vão para o 2º grau. Isso é grave, pois neste nível de ensino seria possível oferecer treinamento profissional a jovens que não têm interesse em um curso superior. E a preparação para o trabalho no 2º grau ou no nível médio contribuiria enormemente para melhorar a qualificação da mão-de-obra, fator determinante para o desenvolvimento.
Apesar do muito conseguido, as deficiências do sistema educacional brasileiro entravam a modernização da sociedade, já que a qualidade do ensino, público e privado, em todos os níveis, depara-se ainda com enormes deficiências. Em que pese a quase universalização do acesso à escola que se atingiu, é relativamente pequena a percentagem dos alunos que completam os oito anos de ensino básico, e o 2º grau, como referi, não consegue preparar adequadamente para a universidade ou, ao menos, para o ingresso no mercado do trabalho. Por tudo isso, é preciso repensar a educação no Brasil, valorizando as conquistas até agora, mas preparando o futuro, se desejamos realmente um país rico e próspero, alicerçado sobre a capacitação de seu potencial humano.
Conselheiro do TCE-RS
O Brasil precisa repensar a educação no país. Os tribunais de Contas, por meio do Promoex (Programa de Modernização do Controle Externo), estão realizando processo piloto de auditoria operacional na área da educação, para verificar os resultados, no que diz especificamente sobre formação e profissionalização dos educadores e professores da rede pública, com vista a atender aos critérios estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Mas não devemos esquecer o que já sabemos, por exemplo sobre o analfabetismo, cujos índices, no último ano, caíram apenas 0,4%, isto é, de 10,4% para 10%, de acordo com a recente Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. Temos ainda 14,1 milhões de brasileiros nessa situação, considerado muito grave pela Unesco. Dos 23 países da América Latina, o Brasil ocupa o desconfortável 15º lugar, atrás, vejam bem, de Costa Rica (4,1%), Paraguai (6,3%), Colômbia (6,4%) e até da Bolívia (9,7%). Por incrível que pareça, Cuba tem apenas 0,2% de analfabetos, o que leva o professor mineiro Cláudio de Moura Castro, especialista em Educação, a dizer com certa ponta de ironia: 'O analfabetismo no Brasil cai porque não estão sendo gerados novos analfabetos. E os antigos estão morrendo'.
As questões preocupantes não se situam, entretanto, no acesso à educação básica, mas no baixo número de crianças que terminam a 8ª série, comprometendo o ingresso no 2º grau. Para se ter idéia dessa brutal defasagem, das 76,6% de crianças que se matriculam no 1º grau, apenas 9,7% vão para o 2º grau. Isso é grave, pois neste nível de ensino seria possível oferecer treinamento profissional a jovens que não têm interesse em um curso superior. E a preparação para o trabalho no 2º grau ou no nível médio contribuiria enormemente para melhorar a qualificação da mão-de-obra, fator determinante para o desenvolvimento.
Apesar do muito conseguido, as deficiências do sistema educacional brasileiro entravam a modernização da sociedade, já que a qualidade do ensino, público e privado, em todos os níveis, depara-se ainda com enormes deficiências. Em que pese a quase universalização do acesso à escola que se atingiu, é relativamente pequena a percentagem dos alunos que completam os oito anos de ensino básico, e o 2º grau, como referi, não consegue preparar adequadamente para a universidade ou, ao menos, para o ingresso no mercado do trabalho. Por tudo isso, é preciso repensar a educação no Brasil, valorizando as conquistas até agora, mas preparando o futuro, se desejamos realmente um país rico e próspero, alicerçado sobre a capacitação de seu potencial humano.
Conselheiro do TCE-RS
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