Especial para Terra Magazine
O PMDB se arrasta dividido. Parte de seus membros se apoiam no governo Lula, outra flerta com o PSDB do governador paulista José Serra. E ainda sobram críticas sobre a ausência de independência do partido que pode ser decisivo nas eleições de 2010.
Duas semanas depois de ter ganhado as disputas para as presidências do Senado e da Câmara, o PMDB é protagonista de uma intensa troca de acusações. O prenúncio de como será difícil articular uma unidade entre os peemedebistas.
Em entrevista a Terra Magazine, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) materializa suas críticas ao fisiologismo do partido, que adere ao governo em troca de cargos. Simon concorda com as críticas feitas por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à revista Veja.
Na edição da revista, Jarbas criticou: "O PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte". Na sua avaliação, o partido se resume a "uma confederação de líderes regionais (...), sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos".
Simon engrossa o coro e fala que o PMDB é um partido onde os membros "se preocupam com cargos, favores, vantagens". O senador recrimina a ausência de programa político do seu partido. "Um grupo está com Lula, outro com Serra. Quem é que está com o PMDB?".
- Não podemos ficar nessa posição de noiva que dá para quem oferece mais.
"Os homens do FHC são os homens do Lula", diz Simon. Prossegue: "Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula". O senador afirma não existir diferenças entre ex e atual presidente.
- Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula no governo.
Simon se diz concordar com as declarações de Jarbas e arrisca que "em cima da entrevista é possível que queiram expulsar o Jarbas", o que, na sua avaliação, "é ridículo".
Em nota à imprensa divulgada nesta segunda-feira, 16, a executiva do partido se manifestou dizendo que "trata-se de um desabafo ao qual a Executiva Nacional do Partido não dará maior relevo".
Sobre as eleições e a divisão do PMDB entre PT e PSDB, Simon reforça as palavras de Jarbas:
- Essa gente só quer saber de permanecer no governo e, se o Lula transferir sua popularidade para Dilma, vão de Dilma. Caso não consiga, vão de Serra. Ou seja, não existe um programa político próprio do PMDB.
Leia na íntegra a entrevista com o senador Pedro Simon:
Terra Magazine - O senhor concorda com as críticas do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)?
Pedro Simon - Concordo, ele disse muitas verdades. Talvez a forma não tenha sido a mais ideal. O PMDB é um partido que não se identifica com as bases. O partido teve grandes vitórias, eleições para presidência do Senado, Câmara, prefeitos e vereadores. Porém, na hora de assumir é um partido secundário, onde os membros se preocupam com cargos, favores, vantagens. Por oito anos, durante o governo FHC, o MDB estava lá, fazendo parte do Ministério. Agora, com o Lula, nada mudou. Não há interesse por formular um programa, apresentar uma candidatura própria.
Acredita que o País precisa de uma reforma ética e política?
Sim e não. Não podemos fugir dela, ela é necessária. Porém não acredito que os comandantes queiram a reforma. Nem Lula quer, nem a oposição. Eles fingem uma reforma. Não tratam com seriedade a fidelidade partidária, eleições corruptas vinculadas à verba pública. Frente a isto, todos falam em reformas, mas ninguém a quer de verdade. Nem governo, nem oposição.
Como o senhor avalia as críticas feitas ao PMDB? Carguista, só visa o prestígio político...
Isto não é só o PMDB. São todos os partidos. O próprio Jarbas diz que não sai do PMDB porque não tem para onde ir. Durante oito anos o PSDB fez tudo o que quis fazer. Vendeu a Vale em troca de banana. Medida mais antipatriótica que já vi em 30 anos de carreira política. A segunda medida foi a votação da ementa que permitia a reeleição do FHC. Foi comprada. Escandalosamente. Então, no tempo FHC foi assim. No tempo do Lula, nada mudou. Na oposição o PT era uma maravilha, na situação... Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula no governo.
Concorda no apoio a Serra?
Concordo plenamente com as críticas que meu amigo Jarbas teceu em relação ao atual governo. Mas faltou falar do governo anterior. Quando ele afirma que vai apoiar o Serra, está fazendo um desserviço. Um grupo está com Lula, outro com Serra. Quem é que está com o PMDB? Quem se preocupa com que tenhamos um programa, uma idéia, um candidato à presidência da república? Temos que nos valorizar enquanto partido. Não podemos ficar nessa posição de noiva que dá para quem oferece mais.
Ele fez críticas severas, mas não aponta nomes e quais os esquemas, acredita que ele deveria tê-lo feito? Por quê?
Ele deu inclusive percentuais. Disse que 90% dos líderes regionais praticam "o clientelismo, de olho principalmente nos cargos". Acredito que não cabia a ele falar mais do que isto. Em cima da entrevista é possível que queiram expulsar o Jarbas, o que é ridículo. É necessário chamá-lo para debater, analisar a situação e aprofundar a discussão.
Nesse momento, uma discussão desta fortalece ou enfraquece o partido para eleições presidenciais de 2010?
Acredito que uma entrevista como a dele não terá graves conseqüências. Porém, se o partido se reunir, debater, analisar, quem sabe transformaremos o limão numa limonada.
Acha que assim ele enfraquece os peemedebistas governistas?
No momento em que ele fala em apoiar o Serra, é ele quem fica enfraquecido. Parte do partido fecha com Lula e parte com Serra. O certo seria esperar para ver o que o PMDB quer. Quando ele declara seu voto, ele praticamente encerra a discussão.
Então ao apoiar Serra sem prévias ou convenções, Jarbas também não estaria reforçando essa visão de um PMDB que pleiteia cargos?
O que ele está dizendo hoje é o que acontecia no governo do Fernando Henrique também. Os homens do FHC são os homens do Lula. Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula. Para Jarbas, essa gente só quer saber de permanecer no governo e se o Lula transferir sua popularidade para Dilma vão de Dilma. Caso não consiga, vão de Serra. Ou seja, não existe um programa político próprio do PMDB.
Terra Magazine
O PMDB se arrasta dividido. Parte de seus membros se apoiam no governo Lula, outra flerta com o PSDB do governador paulista José Serra. E ainda sobram críticas sobre a ausência de independência do partido que pode ser decisivo nas eleições de 2010.
Duas semanas depois de ter ganhado as disputas para as presidências do Senado e da Câmara, o PMDB é protagonista de uma intensa troca de acusações. O prenúncio de como será difícil articular uma unidade entre os peemedebistas.
Em entrevista a Terra Magazine, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) materializa suas críticas ao fisiologismo do partido, que adere ao governo em troca de cargos. Simon concorda com as críticas feitas por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à revista Veja.
Na edição da revista, Jarbas criticou: "O PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte". Na sua avaliação, o partido se resume a "uma confederação de líderes regionais (...), sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos".
Simon engrossa o coro e fala que o PMDB é um partido onde os membros "se preocupam com cargos, favores, vantagens". O senador recrimina a ausência de programa político do seu partido. "Um grupo está com Lula, outro com Serra. Quem é que está com o PMDB?".
- Não podemos ficar nessa posição de noiva que dá para quem oferece mais.
"Os homens do FHC são os homens do Lula", diz Simon. Prossegue: "Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula". O senador afirma não existir diferenças entre ex e atual presidente.
- Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula no governo.
Simon se diz concordar com as declarações de Jarbas e arrisca que "em cima da entrevista é possível que queiram expulsar o Jarbas", o que, na sua avaliação, "é ridículo".
Em nota à imprensa divulgada nesta segunda-feira, 16, a executiva do partido se manifestou dizendo que "trata-se de um desabafo ao qual a Executiva Nacional do Partido não dará maior relevo".
Sobre as eleições e a divisão do PMDB entre PT e PSDB, Simon reforça as palavras de Jarbas:
- Essa gente só quer saber de permanecer no governo e, se o Lula transferir sua popularidade para Dilma, vão de Dilma. Caso não consiga, vão de Serra. Ou seja, não existe um programa político próprio do PMDB.
Leia na íntegra a entrevista com o senador Pedro Simon:
Terra Magazine - O senhor concorda com as críticas do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)?
Pedro Simon - Concordo, ele disse muitas verdades. Talvez a forma não tenha sido a mais ideal. O PMDB é um partido que não se identifica com as bases. O partido teve grandes vitórias, eleições para presidência do Senado, Câmara, prefeitos e vereadores. Porém, na hora de assumir é um partido secundário, onde os membros se preocupam com cargos, favores, vantagens. Por oito anos, durante o governo FHC, o MDB estava lá, fazendo parte do Ministério. Agora, com o Lula, nada mudou. Não há interesse por formular um programa, apresentar uma candidatura própria.
Acredita que o País precisa de uma reforma ética e política?
Sim e não. Não podemos fugir dela, ela é necessária. Porém não acredito que os comandantes queiram a reforma. Nem Lula quer, nem a oposição. Eles fingem uma reforma. Não tratam com seriedade a fidelidade partidária, eleições corruptas vinculadas à verba pública. Frente a isto, todos falam em reformas, mas ninguém a quer de verdade. Nem governo, nem oposição.
Como o senhor avalia as críticas feitas ao PMDB? Carguista, só visa o prestígio político...
Isto não é só o PMDB. São todos os partidos. O próprio Jarbas diz que não sai do PMDB porque não tem para onde ir. Durante oito anos o PSDB fez tudo o que quis fazer. Vendeu a Vale em troca de banana. Medida mais antipatriótica que já vi em 30 anos de carreira política. A segunda medida foi a votação da ementa que permitia a reeleição do FHC. Foi comprada. Escandalosamente. Então, no tempo FHC foi assim. No tempo do Lula, nada mudou. Na oposição o PT era uma maravilha, na situação... Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula no governo.
Concorda no apoio a Serra?
Concordo plenamente com as críticas que meu amigo Jarbas teceu em relação ao atual governo. Mas faltou falar do governo anterior. Quando ele afirma que vai apoiar o Serra, está fazendo um desserviço. Um grupo está com Lula, outro com Serra. Quem é que está com o PMDB? Quem se preocupa com que tenhamos um programa, uma idéia, um candidato à presidência da república? Temos que nos valorizar enquanto partido. Não podemos ficar nessa posição de noiva que dá para quem oferece mais.
Ele fez críticas severas, mas não aponta nomes e quais os esquemas, acredita que ele deveria tê-lo feito? Por quê?
Ele deu inclusive percentuais. Disse que 90% dos líderes regionais praticam "o clientelismo, de olho principalmente nos cargos". Acredito que não cabia a ele falar mais do que isto. Em cima da entrevista é possível que queiram expulsar o Jarbas, o que é ridículo. É necessário chamá-lo para debater, analisar a situação e aprofundar a discussão.
Nesse momento, uma discussão desta fortalece ou enfraquece o partido para eleições presidenciais de 2010?
Acredito que uma entrevista como a dele não terá graves conseqüências. Porém, se o partido se reunir, debater, analisar, quem sabe transformaremos o limão numa limonada.
Acha que assim ele enfraquece os peemedebistas governistas?
No momento em que ele fala em apoiar o Serra, é ele quem fica enfraquecido. Parte do partido fecha com Lula e parte com Serra. O certo seria esperar para ver o que o PMDB quer. Quando ele declara seu voto, ele praticamente encerra a discussão.
Então ao apoiar Serra sem prévias ou convenções, Jarbas também não estaria reforçando essa visão de um PMDB que pleiteia cargos?
O que ele está dizendo hoje é o que acontecia no governo do Fernando Henrique também. Os homens do FHC são os homens do Lula. Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula. Para Jarbas, essa gente só quer saber de permanecer no governo e se o Lula transferir sua popularidade para Dilma vão de Dilma. Caso não consiga, vão de Serra. Ou seja, não existe um programa político próprio do PMDB.
Terra Magazine
2 comentários:
Caro Atilio
Sou leitor assíduo de seu blog.
Gostaria de contar com seu apoio e divulgação de meus trabalhos.
Sou um artista plástico que trabalha desde a década de 70....Gostaria de receber orgulhosamente sua visita em meu blog e contar com sua divulgação de meus trabalhos através de seu blog.
VISITE-ME END: http://odoricokos.blogspot.com/
Se achar que meus trabalhos merecem...divulgue-os. CONTO COM VOCÊ.
GRANDE ABRAÇO
Odorico Kós
Gostei muito do teu blog.
Fiquei feliz em te saber formado pela UFSM,RS,onde ministrei aulas por mais de 40 anos.
Obrigado pela generosidade de ler meu blog.
Bom fim-de-semana e bom Carnaval.
Abraço fraterno
JP
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