segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tião presidente?

O PT começa a usar seus canais para botar no circuito mais uma pré-candidatura presidencial. Com a ministra Dilma Roussef tendo fortes resistências dentro do partido, por ser uma egressa do PDT e não participar da vida partidária em nenhuma corrente, a tendência majoritária Construindo um Novo Brasil (antigo Campo Majoritário), comandada pelo ex-ministro José Dirceu, começa a trabalhar com novas possibilidades. Além da resistência interna, Dilma não tem empolgado nem um pouco o tradicional eleitorado petista.

Zé preferia neste momento ser o próprio candidato. Mas a articulação PSDB/PFL, contando com o setor mais conservador da base do governo, tiraram-no do jogo. Todo mundo relativamente bem informado sabe que o mensalão foi gestado pelo próprio Lula. Dirceu era contra. Preferia uma aliança orgânica com o PMDB, que já estava inclusive acertada. Para não ceder espaços no ministério, Lula preferiu comprar apoios no varejo, com a ajuda do "nosso Delúbio". Deu no que deu. E Dirceu pagou por um crime que não cometeu. As oposições aproveitaram o momento pra tirar de campo a figura mais representativa da esquerda e deixar este campo sem opções para uma sucessão presidencial.

Agora, Dirceu faz a leitura correta e percebe que mais uma vez Lula está errando na política. Tem uma candidata que não empolga e aceitou ser refém do PMDB por uma candidatura desde já fadada ao fracasso. Está golpeando de morte o próprio partido e Dirceu tenta salvar sua cria.

O discurso moralista que Tião Viana vem adotando nesta reta final da candidatura a Presidência do Senado certamente não é destinado a vencer a eleição. Seus pares não querem qualquer moralização e Tião pode inclusive estar perdendo votos com sua pregação. Mas é uma pregação que pega muito bem fora da casa, em setores formadores de opinião. Sarney pode ganhar a interna. Mas o PT, com sua corrente majoritária, parece estar tentando construir uma vitória política junto a sociedade.

Se der certo, Tião saíria como vítima de um corporativismo de políticos que não querem moralizar os costumes. E se tornaria arauto de uma nova cruzada moralista, podendo tornar-se opção a candidatura Dilma Roussef.

É esperar pra ver.
Eduardo Bisotto

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