Na edição (n.°573) da revista IstoÉ Dinheiro, que foi às bancas do país no dia 24 de setembro, uma notinha com o título “Clã Sarney”, publicada na coluna “Moeda Forte”, do jornalista Leonardo Attuch, chamou a atenção do Maranhão. O texto da nota foi este: “o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, conseguiu dias atrás um salvo-conduto do Supremo Tribunal Federal. Com este habeas-corpus preventivo, ele não poderá ser preso pela Polícia Federal. No ano passado, suas empresas foram investigadas por suspeita de caixa dois e doações não declaradas de campanha”.
No dia 18 de agosto passado os delegados da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo e Thiago Monjardim Santos encaminharam o ofício n.° 942/2008 – DFIN/DCOR com representação para o juiz federal substituto da 1.ª Vara Federal de São Luís, Nejam Milhomem Cruz, que pedia a prisão preventiva do empresário Fernando José Macieira Sarney e para o agente da Polícia Federal Aluísio Guimarães Mendes Filho.
Os delegados também pediram a prisão temporária de mais quatorze pessoas, entre elas Tereza Cistina Murad Sarney (esposa de Fernando), Ana Clara Murad Sarney (filha de Fernando), Dulce Brito (sócia da Marafolia e do Clubão de Reggae da Jamaica Brasileira, na Cohab), Flávio Lima (ex-sócio e empresário amigo de Fernando) Gianfranco Perasso (engenheiro amigo de Fernando) e Thucidides Frota (sócio da Marafolia). Também foram solicitadas as prisões temporárias do ex-ministra de Minas e Energia, Silas Rondeau (indicado pelo senador José Sarney), de Ulisses Assad (ex-presidente da Caema no governo de Roseana) e do ex-secretário de Infra-estrutura do governo Lobão, Astrogildo Quental.
Fernando, Quental, Lima e Perasso se conheceram e ficaram amigos na década de 70 quando estudaram juntos na Escola Politécnica de Engenharia da USP e se tornaram sócios de uma empresa de projetos de engenharia.
A PF acusou Fernando de dirigir uma OCRIM (organização criminosa) “onde desponta a prática de diversos crimes danosos aos cofres públicos como a advocacia administrativa, tráfico de influência, fraude a licitação, falsidade ideológica, falsidade documental, bem como dos crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e possivelmente, a depender do devido procedimento administrativo fiscal, de crimes contra a ordem tributária”.
O trabalho de investigação da PF foi completo e levantou telefonemas dados entre Fernando e seus amigos e um organograma geral mapeando todas as empresas que participariam do esquema liderado por Fernando Sarney. Os dois pedidos de prisão preventiva e quatorze de prisão temporária foram negados pelo juiz Cruz, que logo depois se afastou e entrou de férias.
Os delegados Anselmo e Santos investigam as atividades de Fernando Sarney desde 2006 e em 16 de fevereiro de 2007 instauraram o inquérito policial n.° 001/2007 depois que foi comunicada uma movimentação financeira atípica de R$ 2.000.000,00 nas contas correntes de Fernando Sarney e de sua esposa Tereza Cristina Murad Sarney nos dias 25 e 26 de outubro de 2006, dias antes da realização do 2.° das eleições para governador do Maranhão. Entre o final de setembro e o final de outubro do mesmo ano foram sacados R$ 1.000.000,00 das contas do Sistema Mirante de Comunicação. No dia 24 de outubro de 2006 o empresário Eduardo Lago depositou R$ 2.000.000,00 na conta bancária da Gráfica Escolar e no mesmo dia a gráfica depositou R$ 2 milhões na conta de Lago novamente. No dia seguinte, Lago depositou R$ 2 milhões na conta pessoal de Fernando Sarney que sacou R$ 1 milhão no dia 25 e R$ 1 milhão no dia 26 de outubro, três dias antes das eleições do 2.° turno daquele ano.
Além destes depósitos e saques de quantias altíssimas de dinheiro nas vésperas da eleição de 2006, a PF investigou a movimentação financeira atípica da São Luís Factoring Mercantil Ltda., cuja sócia principal (80%) é a esposa de Fernando, Tereza Murad Sarney, irmã de Jorge Murad (marido de Roseana), do deputado estadual Ricardo Murad e de Rosa Murad, esposa do empresário Eduardo Lago.
Em 2002 a São Luís Factoring teve uma receita bruta declarada (RBD) de R$ 319.953,26 e uma movimentação financeira (MF) de R$ 6.597.019,57; em 2003 a RBD foi de R$250.649,77 e a MF foi de R$ 4.483.569,45; em 2004 a RBD foi de R$ 471.043,04 e a MF de R$ 8.335.496,34; em 2005 a RBD aumentou para R$ 607.677,65 e a MF foi para R$ 10.553.498,57; e em 2006 a RBD foi de R$ 622.773,13 e a MF subiu para R$ 11.653.05.
Segundo a representação da PF, Maria Raimunda Campos Barbosa, moradora da Vila Operária em São Luís e irmã da responsável de fato pela factoring, Luzia de Jesus Campos de Souza, recebeu da São Luís Factoring de 05/01/2005 a 13/10/2006 a quantia de R$ 351.621,01 em 23 cheques, em sua maioria endossados no verso, significando que foram pagos na boca do caixa para evitar rastros.
A PF investigou também as despesas financeiras atípicas da Gráfica Escolar (R$ 1,94 milhão em 2002; R$ 1,78 milhão em 2003; R$ 1,7 milhão em 2004; R$ 1,75 milhão em 2005; e R$ 1,6 milhão em 2006) e da TV Mirante (R$ 3 milhões em 2002; R$ 3,6 milhões em 2003; R$ 3,2 milhões em 2004; R4 2,8 milhões em 2005; e R$ 3,1 milhões em 2006). Entendem-se como despesas financeiras os pagamentos a título de comissão/deságio pela utilização do serviço de factoring.
O interessante é que o endereço oficial da São Luís Factoring é a Avenida Ana Jansen n.° 200, sala 20, o mesmo endereço da Gráfica Escolar e da TV Mirante Ltda. A São Luís Factoring não tem uma pessoa sequer registrada como funcionária da empresa.
No período de 17 de agosto de 2007 a 19 de dezembro de 2007 a PF apurou que a filha de Fernando, Ana Clara Murad Sarney emitiu cheques e TED’s (transferência eletrônica de dados) no valor de R$ 750 mil para TV Mirante Ltda e de R$1,1 milhão para a São Luís Factoring. A conta de Ana Clara no Banco HSBC foi aberta em conjunto com sua mãe Tereza Cristina Murad Sarney. O relatório da PF aponta que de agosto a outubro de 2007 a São Luís Factoring recebeu depósitos no valor de R$ 1.633.230,00 e de R$ 423.994,00 de janeiro a março de 2008 de suas sócias Tereza Cristina Murad Sarney e Ana Clara Murad Sarney.
O trabalho da PF investigou também possível tráfico de influência de Fernando Sarney nas relações entre a empresa Abyara de São Paulo e diretores da Caixa Econômica Federal, além da movimentação financeira atípica do Clubão Jamaica Brasileira, na Cohab (mais de R$ 4 milhões em 2005 e 2006), que tem como uma dos sócios a apresentadora de TV, Dulce Brito.
Os sócios da Marafolia, Dulce Brito, Roberto Wagner, Thucydides Frota e Walfredo Dantas, também tiveram uma movimentação financeira de 2003 a 2006 muitas vezes maior do que a renda bruta declarada naqueles anos.
A representação da PF tem cem páginas e investigou também a enorme influência que Fernando Sarney tem no setor elétrico no Brasil e na indicação de empresas de amigos para construírem trechos da ferrovia Norte-Sul em Tocantins, Goiás e no ramal maranhense de Balsas a Estreito. Nesse último setor de atividade de Fernando Sarney foram investigados também o ex-ministro de Minas e Energia de Lula, Silas Rondeau, o ex-presidente da Caema, Ulisses Assad, hoje na Valec, empresa que constrói a ferrovia Norte Sul, e Astrogildo Quental, ex-secretário de Infra-estrura do governo Lobão, que hoje atua na Eletrobrás.
O Imparcial
No dia 18 de agosto passado os delegados da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo e Thiago Monjardim Santos encaminharam o ofício n.° 942/2008 – DFIN/DCOR com representação para o juiz federal substituto da 1.ª Vara Federal de São Luís, Nejam Milhomem Cruz, que pedia a prisão preventiva do empresário Fernando José Macieira Sarney e para o agente da Polícia Federal Aluísio Guimarães Mendes Filho.
Os delegados também pediram a prisão temporária de mais quatorze pessoas, entre elas Tereza Cistina Murad Sarney (esposa de Fernando), Ana Clara Murad Sarney (filha de Fernando), Dulce Brito (sócia da Marafolia e do Clubão de Reggae da Jamaica Brasileira, na Cohab), Flávio Lima (ex-sócio e empresário amigo de Fernando) Gianfranco Perasso (engenheiro amigo de Fernando) e Thucidides Frota (sócio da Marafolia). Também foram solicitadas as prisões temporárias do ex-ministra de Minas e Energia, Silas Rondeau (indicado pelo senador José Sarney), de Ulisses Assad (ex-presidente da Caema no governo de Roseana) e do ex-secretário de Infra-estrutura do governo Lobão, Astrogildo Quental.
Fernando, Quental, Lima e Perasso se conheceram e ficaram amigos na década de 70 quando estudaram juntos na Escola Politécnica de Engenharia da USP e se tornaram sócios de uma empresa de projetos de engenharia.
A PF acusou Fernando de dirigir uma OCRIM (organização criminosa) “onde desponta a prática de diversos crimes danosos aos cofres públicos como a advocacia administrativa, tráfico de influência, fraude a licitação, falsidade ideológica, falsidade documental, bem como dos crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e possivelmente, a depender do devido procedimento administrativo fiscal, de crimes contra a ordem tributária”.
O trabalho de investigação da PF foi completo e levantou telefonemas dados entre Fernando e seus amigos e um organograma geral mapeando todas as empresas que participariam do esquema liderado por Fernando Sarney. Os dois pedidos de prisão preventiva e quatorze de prisão temporária foram negados pelo juiz Cruz, que logo depois se afastou e entrou de férias.
Os delegados Anselmo e Santos investigam as atividades de Fernando Sarney desde 2006 e em 16 de fevereiro de 2007 instauraram o inquérito policial n.° 001/2007 depois que foi comunicada uma movimentação financeira atípica de R$ 2.000.000,00 nas contas correntes de Fernando Sarney e de sua esposa Tereza Cristina Murad Sarney nos dias 25 e 26 de outubro de 2006, dias antes da realização do 2.° das eleições para governador do Maranhão. Entre o final de setembro e o final de outubro do mesmo ano foram sacados R$ 1.000.000,00 das contas do Sistema Mirante de Comunicação. No dia 24 de outubro de 2006 o empresário Eduardo Lago depositou R$ 2.000.000,00 na conta bancária da Gráfica Escolar e no mesmo dia a gráfica depositou R$ 2 milhões na conta de Lago novamente. No dia seguinte, Lago depositou R$ 2 milhões na conta pessoal de Fernando Sarney que sacou R$ 1 milhão no dia 25 e R$ 1 milhão no dia 26 de outubro, três dias antes das eleições do 2.° turno daquele ano.
Além destes depósitos e saques de quantias altíssimas de dinheiro nas vésperas da eleição de 2006, a PF investigou a movimentação financeira atípica da São Luís Factoring Mercantil Ltda., cuja sócia principal (80%) é a esposa de Fernando, Tereza Murad Sarney, irmã de Jorge Murad (marido de Roseana), do deputado estadual Ricardo Murad e de Rosa Murad, esposa do empresário Eduardo Lago.
Em 2002 a São Luís Factoring teve uma receita bruta declarada (RBD) de R$ 319.953,26 e uma movimentação financeira (MF) de R$ 6.597.019,57; em 2003 a RBD foi de R$250.649,77 e a MF foi de R$ 4.483.569,45; em 2004 a RBD foi de R$ 471.043,04 e a MF de R$ 8.335.496,34; em 2005 a RBD aumentou para R$ 607.677,65 e a MF foi para R$ 10.553.498,57; e em 2006 a RBD foi de R$ 622.773,13 e a MF subiu para R$ 11.653.05.
Segundo a representação da PF, Maria Raimunda Campos Barbosa, moradora da Vila Operária em São Luís e irmã da responsável de fato pela factoring, Luzia de Jesus Campos de Souza, recebeu da São Luís Factoring de 05/01/2005 a 13/10/2006 a quantia de R$ 351.621,01 em 23 cheques, em sua maioria endossados no verso, significando que foram pagos na boca do caixa para evitar rastros.
A PF investigou também as despesas financeiras atípicas da Gráfica Escolar (R$ 1,94 milhão em 2002; R$ 1,78 milhão em 2003; R$ 1,7 milhão em 2004; R$ 1,75 milhão em 2005; e R$ 1,6 milhão em 2006) e da TV Mirante (R$ 3 milhões em 2002; R$ 3,6 milhões em 2003; R$ 3,2 milhões em 2004; R4 2,8 milhões em 2005; e R$ 3,1 milhões em 2006). Entendem-se como despesas financeiras os pagamentos a título de comissão/deságio pela utilização do serviço de factoring.
O interessante é que o endereço oficial da São Luís Factoring é a Avenida Ana Jansen n.° 200, sala 20, o mesmo endereço da Gráfica Escolar e da TV Mirante Ltda. A São Luís Factoring não tem uma pessoa sequer registrada como funcionária da empresa.
No período de 17 de agosto de 2007 a 19 de dezembro de 2007 a PF apurou que a filha de Fernando, Ana Clara Murad Sarney emitiu cheques e TED’s (transferência eletrônica de dados) no valor de R$ 750 mil para TV Mirante Ltda e de R$1,1 milhão para a São Luís Factoring. A conta de Ana Clara no Banco HSBC foi aberta em conjunto com sua mãe Tereza Cristina Murad Sarney. O relatório da PF aponta que de agosto a outubro de 2007 a São Luís Factoring recebeu depósitos no valor de R$ 1.633.230,00 e de R$ 423.994,00 de janeiro a março de 2008 de suas sócias Tereza Cristina Murad Sarney e Ana Clara Murad Sarney.
O trabalho da PF investigou também possível tráfico de influência de Fernando Sarney nas relações entre a empresa Abyara de São Paulo e diretores da Caixa Econômica Federal, além da movimentação financeira atípica do Clubão Jamaica Brasileira, na Cohab (mais de R$ 4 milhões em 2005 e 2006), que tem como uma dos sócios a apresentadora de TV, Dulce Brito.
Os sócios da Marafolia, Dulce Brito, Roberto Wagner, Thucydides Frota e Walfredo Dantas, também tiveram uma movimentação financeira de 2003 a 2006 muitas vezes maior do que a renda bruta declarada naqueles anos.
A representação da PF tem cem páginas e investigou também a enorme influência que Fernando Sarney tem no setor elétrico no Brasil e na indicação de empresas de amigos para construírem trechos da ferrovia Norte-Sul em Tocantins, Goiás e no ramal maranhense de Balsas a Estreito. Nesse último setor de atividade de Fernando Sarney foram investigados também o ex-ministro de Minas e Energia de Lula, Silas Rondeau, o ex-presidente da Caema, Ulisses Assad, hoje na Valec, empresa que constrói a ferrovia Norte Sul, e Astrogildo Quental, ex-secretário de Infra-estrura do governo Lobão, que hoje atua na Eletrobrás.
O Imparcial
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