quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

CEGUINHO

Lula deve melhorar visão para ver mensalão, destaca CNBB
Salvador - Ao classificar 2005 como mais um ano "perdido no aspecto social" no Brasil, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal-arcebispo, dom Geraldo Majella Agnelo, desejou que 2006 seja o ano de "redenção" do governo federal em relação a programas que beneficiem diretamente o povo.
Ele criticou a corrupção revelada no escândalo do "mensalão" e foi irônico quando comentou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segundo as quais as CPIs não teriam provado, até o momento, nenhuma falcatrua: "Acho que ele (Lula) precisa ver melhor".
D. Geraldo foi duro nas críticas da condução da área econômica. Disse que há um "passivo" social no País que se acumula na gestão do presidente Lula e sobre a antecipação do pagamento da dívida do Brasil com o Fundo Monetário Nacional, lembrou que "a dívida interna permanece e quem sabe ainda é maior".
Ele considerou irrelevante a pesquisa divulgada recentemente dando conta que a taxa de miséria teria reduzido um pouco nos últimos anos. "São números que oscilam para cima e para baixo: é tão grande o universo da miséria que não basta uma melhoria mínima, não vai fazer diferença".
Ano eleitoral
Ao comentar a expectativa do próximo ano eleitoral, o presidente da CNBB dirigiu outro petardo, de forma indireta, ao presidente Lula. Disse que não importa qual o candidato que se eleja em 2006, o mais relevante é que ele faça promessas que possa cumprir e de grande alcance social.
Em relação aos acusados no escândalo do mensalão, enfatizou não ser preciso apenas punir os responsáveis (até com cadeia caso seja necessário), mas recuperar o dinheiro supostamente desviado.
Quanto à tese de Lula que não se provou ainda corrupção, o cardeal não conteve o sarcasmo, ponderando que o presidente precisa melhorar a visão. "Se esses mensalões e companhia não é alguma coisa terrível...", disse. "Que ele procure, agora, imediatamente investigar e exigir o esclarecimento dos fatos".
Biaggio Talento
Estadão

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

A cultura política do petismo

A cultura política do petismo

Alberto Aggio - Dezembro 2004

Se a existência do Partido dos Trabalhadores (PT) é um fato irrefutável, o mesmo não ocorre com seu neologismo correspondente: o petismo. Este, de forma distinta do primeiro, necessitaria de maiores precisões. Antes de tudo, haveria que demonstrar sua existência, suas características principais, seus fundamentos, seus valores, seu ideário, etc. Além disso, seria preciso definir também se o petismo se configura efetivamente como uma cultura política relevante tal como o partido que lhe dá referência ou sustentação.

Esse artigo propõe-se a discutir o petismo como uma cultura política. A importância do tema não demanda maiores explicações. Especialmente depois da vitória eleitoral de 2002, questões que envolvem o PT e o petismo não dizem respeito apenas a esse partido ou ao mundo das esquerdas, tendo correspondência direta com expectativas e projeções de futuro presentes na sociedade brasileira.

Admitindo-se a existência do petismo, inevitável considerar que PT e petismo vieram ao mundo num mesmo momento. E mais, que o petismo teria sido, antes, uma criação do PT, como uma forma de lhe atribuir tanto legitimidade quanto identidade. A questão não é formal e sim substantiva.

Talvez se possa dizer que somente após a conquista do governo federal, PT e o petismo possam ser afetivamente compreendidos. A conquista do poder político maior da República sepultou definitivamente a imagem - ou o desejo - que alguns criaram em torno do PT como um “partido contra a ordem”. Concluída a trajetória desde as origens até a conquista do poder, o PT é, em definitivo, “um partido dentro da ordem”, sem mais! Tornando-se, a partir de 2003, o principal ator governante do país, configurou-se, assim, uma situação privilegiada para que se possa analisar, enfim, de que matéria é constituído o petismo. A realidade e não o desejo se impõe como referência para a análise: depois de janeiro de 2003, não há mais álibi na política brasileira, não há mais como não apresentar as coisas pelo nome que elas têm.

Nos tempos da fundação do partido, no final da década de 1970, o PT apresentou uma solução própria para a questão da sua identidade. Em 1979, Lula estabeleceu o critério de que poderiam aderir ao PT todos os que são explorados, todos os que se sentem trabalhadores, os que não exploram os outros” (BRANDÃO, 2003: 41; grifos nossos). O sentimento de ser trabalhador, de se sentir explorado e não explorador, formulado como se fora, por assim dizer, um dado de natureza (da natureza do sistema capitalista), tinha como propósito facultar a adesão massiva ao partido.

Em seus termos iniciais, a cultura política do petismo estruturava-se mais a partir da dimensão psicossocial do que de qualquer outra noção mais elaborada cultural e/ou politicamente. Esse critério subjetivo atuava como referente difuso no posicionamento e na retórica vocalizada por seus militantes em relação ao sistema capitalista, reconhecido como a causa maior da exploração do trabalhador: sentir-se trabalhador era, em certa medida, sentir-se anticapitalista, de esquerda, contestador, rebelde.

De lá para cá o tempo não passou em vão. A trajetória trilhada desde o final da década de 1970 havia acumulado e sedimentado tanto elementos de contradição quanto elementos de identidade entre a linha política do partido, que propugnava estratégias de formulação mais sistemática, e a sua cultura política, sendo difícil admitir, pela manifesta expressão dos fatos, que nela tenha se estabelecido antagonismos internos irreconciliáveis. Muito ao contrário, PT e petismo marcharam juntos até a vitória maior. A partir daí, definidos os lugares e as linguagens políticas de cada dimensão do poder, a fórmula baseada no “sentimento” foi definitivamente deslocada, permanecendo apenas como um recurso midiático insistentemente utilizado por Lula com o intuito de ainda resguardar e sobrepor a sua imagem de trabalhador à de Presidente da República. De toda forma, é inegável que o petismo acompanhou e alimentou o avanço do partido. Contudo, atingido o cume, as diferenças e mesmo rupturas internas emergiram com força, a ponto de desconcertarem militantes e lideranças expressivas. A partir daí foi se impondo uma sensação estranha de ambigüidade entre a imagem difusamente anticapitalista dos primeiros tempos e uma outra de corte mais pragmático em conformidade com as fatias de poder conquistadas.

Reconhecidamente, PT e petismo surgem num momento de crítica a todos os “ismos”. Ambos emergem num contexto pós-moderno da cultura e da política ocidentais. Isto significa dizer que na sua origem o PT não irá buscar sua autocompreensão no campo das ideologias políticas da esquerda. Daí ser pouco precisa sua caracterização como “partido socialista” e pouco convincente a afirmação de que o PT teria esposado, desde suas origens, uma linha clara de “socialismo democrático”. Em toda a trajetória do PT é ilustrativo o constante deslocamento discursivo operado em relação ao que os próprios petistas entendiam como distintivo no PT: do “partido de trabalhadores sem patrões” passou-se a se enfatizar o “jeito petista de governar”; do “trabalhador vota em trabalhador” ou do “vote no três que o resto é burguês” passou-se ao “PT, o partido da cidadania”; e, na mesma direção, expressando sua definitiva integração ao sistema político, a linha política do partido se deslocou da “revolução socialista” para a estratégia da “revolução democrática” (SINGER, 2001). Muito dessa retórica, com o predomínio de cada uma delas em um momento, teve a ver com a construção de acordos entre as correntes do partido, resultando na afirmação de uma determinada orientação.

Apesar das declarações oficiais e das consignas levantadas pelo partido desde sua fundação, as dúvidas quanto à adesão do PT ao tema da democracia não foram poucas e menos ainda em relação ao tipo de socialismo. Quanto à questão da democracia, as ambigüidades (ou até hostilidades) do PT em relação à temática da transição e aos atores políticos que lutaram contra o regime autoritário foram permanentes e esse é um dos fatores que explicam a dificuldade do PT em realizar alianças políticas e eleitorais em toda sua trajetória; quando decidiu por fazê-las foi simultaneamente errático e hegemonista, terminando por concertar-se com atores inexpressivos ou estranhos à luta democrática contra a ditadura, como por exemplo, o Partido Liberal. Ademais, o PT foi tardio também em conectar as temáticas da cidadania com a perspectiva de conquista e consolidação democracia política enquanto regime político e sistema de governo. Daí a sua obtusa atitude ao votar contra a aprovação da Carta de 1988, a Constituição mais democrática da história do país.

Em relação à temática do socialismo, não há como não reconhecer que essa nunca foi a questão central do partido. Contudo, ainda que tardiamente, alguns dos seus intelectuais não mediram esforços para dar um novo significado ao socialismo. Da noção de socialismo como “socialização dos meios de produção”, passou-se à formulação de que o socialismo “deve ser considerado uma ‘idéia reguladora’ não só das políticas públicas (de total desigualdade para mais igualdade), mas também da ação dos partidos socialistas comprometidos com a democracia” (GENRO, 2004). Em relação à classe trabalhadora - a sua classe referente desde o início -, abandona-se a sua representação social exclusiva ou estrita, agora considerada como uma concepção de partidos “ultrapassados”; na nova acepção, o PT “parte do princípio de que é preciso trabalhar com todas as classes sociais” (GENRO, 2004); hodiernamente, segundo alguns de seus formuladores, o PT não deve buscar o acirramento da luta de classes, “porque essa exacerbação fragiliza o governo ante o domínio do capital financeiro globalizado” (GENRO, 2004). Como se vê, foi preciso chegar ao governo para que a relação do PT com o socialismo deixasse para trás as influências revolucionaristas predominante na retórica originária.

Outras abordagens a respeito da história do PT e do petismo não resistem à constatação de que os fatos foram em outra direção. Elas alimentam uma historiografia “metafísica” do partido. Apenas dois exemplos: (1) o PT expressaria a autonomia dos movimentos sociais e afirmaria uma prática crítica à “tradicional delegação de soberania que constitui a proposta liberal-burguesa” (GADOTTI & PEREIRA: 1989: 26); (2) o PT estaria dividido entre o leninismo e a social-democracia (AZEVEDO: 1995), uma insólita discussão que manteve a atenção e às vezes alguma beligerância entre correntes internas.

No argumento até aqui desenvolvido há uma sugestão implícita de que se deveria trabalhar com mais objetividade a respeito das origens e da trajetória do PT para que se possa tecer um diagnóstico mais apropriado. Recentemente, o Senador Cristovam Buarque investiu nessa direção, que, de resto, já se havia captado à época (VIANNA, 1989). Para o senador, “o PT nasceu no setor mais moderno do sindicalismo - a indústria automobilística e os servidores públicos (...). Dedicou-se a canalizar as reivindicações desses trabalhadores, aliando-se a grupos da esquerda tradicional e a setores populares. Mas não trouxe uma nova utopia para o Brasil. Daí a expressão ‘petismo’ nunca ter se afirmado” (BUARQUE, 2004).

Recusando os referenciais clássicos da esquerda – postura que lhe parecia dar a chave para abrir todas as portas do futuro – e inclinado a adotar condutas cada vez mais pragmáticas à medida que mais poder conquistava, o PT se afirmou no sistema político enquanto o petismo não conseguiu se configurar como um conjunto de valores novos ou como um ideário norteador de uma proposta essencialmente transformadora para o país. Num país com o conhecido déficit republicano que o Brasil manifesta, de fato, PT e petismo não pareciam ser mais do que ética e corporativismo.

Haveria que olhar a história desse período com mais profundidade para se compreender melhor esse diagnóstico. Hoje, podemos dizer que se trata de um consenso o entendimento de que a sociedade na qual o PT nasceu era uma sociedade inteiramente revolucionada pelo processo de modernização acelerada impetrado pelo regime militar de 1964. A morfologia da sociedade brasileira havia se alterado drasticamente depois de 20 anos. A sociedade que emerge desse processo é inteiramente outra. Não houve dimensão da sociedade brasileira que não tenha sido afetada por essa imensa transformação. Mas a mudança fundamental, como afirmou Luiz Werneck Vianna (1994), resultou da “liberação dos instintos egoísticos” da sociedade civil.

No contexto histórico da abertura e da transição à democracia, a novidade do PT também corresponderia ao sentido estabelecido por essa mudança. Nascido da movimentação derivada dos novos seres sociais do mundo do trabalho oriundos da modernização conservadora imposta pelo regime militar, o novo partido, para ser, de fato, novo, deveria, segundo seus dirigentes, recusar todas as orientações anteriores instituídas no campo da esquerda. Na vida política brasileira, aquele era um tempo no qual se imaginava que um novo partido somente se afirmaria a partir de um caminho jamais trilhado. Desde o início, o PT viu a si mesmo como uma novidade que desconhecia qualquer pré-determinação. Clara e explicitamente, a idéia era a de que o PT assumiria a sua construção como uma prática e não como o resultado de uma elaboração teórica. Nos conselhos do velho Mário Pedrosa, “partido de massa não tem vanguarda, não tem teorias, não tem livro sagrado. Ele é o que é, guia-se por sua prática, acerta por seu instinto” (SINGER, 2001: 88). Registre-se apenas que a distância com a “esquerda racional”, historicamente reconhecida por Eric Hobsbawm, é imensa.

Ação política que nasce do sentimento, fundada no instinto, o movimento de criação do PT não respondia, assim, direta e especificamente a qualquer cultura política anterior. Não seria um ato político de renovação cultural, moral e intelectual; não se apresentaria, de forma nenhuma, em continuidade e/ou renovação com as tradições e as famílias políticas historicamente constituídas no país, e tampouco anunciaria uma doutrina ou invocaria para si a definição de determinados paradigmas teóricos ou políticos essenciais. O apelo à intuição, ao improviso, à paixão que caracterizou o seu momento inicial foi certamente coerente com o critério instituído de que a única condição de ser do petista era sentir-se trabalhador. Este seria o primeiro gesto autocompreensivo e de auto-identificação para um petista. Não haveria, a despeito da retórica das suas várias correntes ideológicas, nenhum outro referencial sólido e conseqüente que pudesse supor a adesão do militante. Excetuando-se aqueles que já possuíam uma militância anterior (ou paralela), não houve quem se tornasse petista por agir no sentido da preparação, organizativa e estratégica, das condições para a efetiva instauração de um processo de revolução socialista. E, se houve, não permaneceu por muito tempo no partido. O PT não nasceu nem se tornou um partido revolucionário; tampouco emergiu ou se tornou um partido reformista, porque sempre imaginou que isso mereceria ser antagonizado e até estigmatizado me sua prática.

Se o PT teve sua origem no contexto de oposição ao regime ditatorial de 1964, ocupando nele um lugar determinado como desaguadouro do movimento social, afastado e quase em integral dissenso com as forças de oposição política ao regime autoritário, seria interessante examinarmos a hipótese de, no contexto da “Nova República”, a partir de 1984, o petismo apresentar traços próprios a uma cultura política de rechaço em relação tanto ao sistema quanto aos atores políticos que se constituíam ou que se reinventavam no contexto da transição. A suposição aqui é que haveria uma determinada continuidade entre o petismo e a cultura política oposicionista cristalizada durante a vigência do MDB como o estuário das oposições ao regime ditatorial.

Desenvolvendo o argumento: o movimento de resistência e de oposição política ao regime militar produziu o que poderíamos chamar de uma cultura política oposicionista, que fazia da dinâmica eleitoral um movimento plebiscitário contra a ditadura; a partir da conquista crescente de espaços parciais no âmbito parlamentar e executivo, entre 1974 e 1984, os partidos políticos de oposição, especialmente o MDB (depois PMDB), se tornaram governo. A partir daí essa cultura política oposicionista desencarna dos seus atores políticos originais e vivencia uma situação de desorientação e deriva no campo da sociedade civil que rapidamente seria solucionada pelo PT. É nesse momento que o PT construirá uma interpretação específica a respeito de como se poderia estabelecer uma sólida vinculação entre as motivações do seu nascimento e a idéia de oposição política que até então havia se tornado vitoriosa na política brasileira. Em outras palavras, o PT procurou capturar para si o lugar e a imagem do oposicionismo que havia sido estabelecida na disjuntiva “situação versus oposição” presente durante a década de declínio do regime ditatorial. O objetivo foi o de capturar o legado oposicionista deixado principalmente pelos peemedebistas, que passaram às funções de governo, e conectá-lo ao perfil de representação social que havia marcado e estava presente nas origens e na expansão do partido. Dentre outras coisas, isso explicaria tanto o protagonismo do PT no movimento “Diretas Já” quanto o seu oposicionismo integral, retórico e prático, nas conjunturas posteriores.

Esse movimento não seria desprovido de conseqüências políticas para o país: de uma oposição negociadora e que marcava fundamentalmente seu território de ação no âmbito da sociedade política se passaria para uma oposição que se afirmaria pelo rechaço, pela negação absoluta a qualquer postura concertacionista ou de negociação política. É efetivamente nesse plano que o PT encontra os elementos essenciais que vão compor a sua cultura política: rechaço e negação ao processo da transição, rechaço e negação a uma estratégia política de concertação que se somaria aos elementos difusos do anticapitalismo como a única dimensão organizada do discurso petista no plano ideológico. É ai que reside a idéia do PT como pólo do sistema político, em relação ao qual tudo deveria gravitar. A cultura política do oposicionismo forjada contra a ditadura seria assim reinventada no petismo e serviria de elemento de unificação dos diferentes extratos do partido. Em torno dela se poderia soldar a valorização dos interesses e expectativas dos setores populares presentes naquela renovada sociedade civil do período pós-ditatorial e o rechaço permanente às determinações que emanavam do Estado, em qualquer nível. Essa cultura política foi o sustentáculo e definiu a sorte do PT até a conquista do governo federal.

Contudo, a suposição de que, com a chegada do PT ao governo federal, o petismo, como cultura política, passaria a definhar parece-nos enganosa. O argumento se fundamenta no entendimento de que a trajetória do PT e do petismo acusa mudanças que se alimentam mutuamente. Com o crescimento e o avanço do partido, a cultura política do petismo vive também uma metamorfose. Era esperado que o partido viveria dificuldades ao procurar manter a adesão à cultura do rechaço, uma vez que, com a conquista de prefeituras e Estados, realizaria obrigatoriamente o trânsito de um discurso ex parte popolo para um discurso ex parte principis. Assim, era imperativo consolidar a situação de pólo ocupada pelo partido no interior do espectro político brasileiro, valorizando essa posição por si mesma, nos termos de que o PT continuava sendo “o único partido capaz de transformar o Brasil”.

Mesmo conquistando alguns governos e até o governo federal, o PT deveria continuar permanecer com o seu viés “oposicionista”. As reformas propugnadas como necessárias para o país haveriam de ganhar tintas diferentes quando vocalizadas pelo PT. Seria necessário, portanto, reproduzir a qualquer preço a lógica do rechaço por meio de um cálculo que estabelecesse as justas conexões, de tempo e de programa, com vistas à conquista final do poder; daí a constatação posterior de que o PT tinha, antes e sobretudo, um “projeto de poder”. A valorização da situação de pólo deveria resultar, portanto, numa estratégia que considerasse os riscos que o partido deveria correr com vistas à conquista do poder central; esta seria o “momento leninista” do PT – oportunidade mais decisão. A postura de rechaço deveria ser reinventada nesse novo contexto, afirmando-se por meio de uma prática de ator polarizador que, por sua vez, daria solidez e garantiria poder de convencimento a um partido que assumia abertamente trilhar um caminho que se afastava do campo das definições ideológicas e buscava o das posturas baseadas na lógica econômica do custo/benefício. O risco teria um preço: a conquista da Presidência da República.

Novamente demonstrando uma extraordinária capacidade inventiva diante das mudanças vivenciadas pela sociedade brasileira, o PT compreendeu que a lógica do custo-benefício já não se configurava como estranha e que fazia parte das transformações pelas quais haviam passado tanto a sociedade como a cultura política brasileira. Junto com a transição no plano político-institucional, a consagração da lógica custo-beneficio acabou se tornando um dos fatores cruciais no desenvolvimento de um ambiente favorável às manifestações sociais baseadas na escolha racional do qual o PT foi um dos maiores beneficiários, visto que conseguiu ser a corrente política que mais conseguiu se adaptar a essa mudança e retirar dividendos dela.

No curso da transição, a sincronia entre a cultura política de rechaço e a cultura política de escolha racional deu vida ao petismo pela firme e resoluta ação dos seus dirigentes: negar todo o sistema e se constituir enquanto um pólo alternativo por meio do cálculo eleitoral foi assumido, inclusive pelas massas mobilizadas pelo PT, como o sentido lógico e conclusivo de uma trajetória de representação. O petismo como uma criação do PT deu sustentação a uma operação cultural que ligava os temas da política da transição, a partir de uma determinada leitura daquele processo, com questões da vida cotidiana, traduzidas e interpretadas a partir de comportamentos próprios e vinculados ao “mundo do interesse” (Vianna, 1989). O liberalismo como concepção de mundo não seria estranho aqui.

Nas sucessivas conjunturas da transição à democracia no Brasil, marcadas pela influência de um contexto cultural pós-moderno e por um cenário mundial de globalização e neoliberalismo, a cultura política do PT foi se alterando de acordo com a trajetória do partido até a conquista do governo federal. Essa mudança guarda um sentido que, a nosso ver, tende a se estabelecer para o futuro: a cultura política do petismo passou do rechaço e da obsessão oposicionista dos últimos anos da ditadura e, especialmente, dos primeiros governos democráticos, para uma cultura política fundada na escolha racional, que, por sua vez, não se configura como uma ruptura integral em relação à cultura política anterior; esta, ao contrário, é que se apresenta como problemática frente ao PT como partido de governo.

Nos dias que correm a cultura política de escolha racional expressa uma motivação nucleada numa estratégia que se sustentaria tanto no mercado quanto na ação interessada dos indivíduos e das organizações da sociedade civil. É, outra vez, uma lógica arriscada. O governo Lula parece pedir ao PT e ao petismo que continuem a se metamorfosear, na sua dupla tarefa de “reinventar” o Brasil e a si mesmo.

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Alberto Aggio é professor livre-docente da Unesp/Franca, autor e organizador de Gramsci: a vitalidade de um pensamento. São Paulo: Unesp, 1998, e Pensar o século XX: problemas políticos e história nacional na América Latina. São Paulo: Unesp, 2003 (com Milton Lahuerta).

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Referências Bibliográficas

AZEVEDO, C. B. A estrela partida ao meio. São Paulo: Entrelinhas, 1995.

BRANDÃO, M. A. O socialismo democrático do partido dos trabalhadores – a história de uma utopia (1979-1994). São Paulo: Annablume, 2003.

BUARQUE, C. “A revolução estancada”. Folha de S. Paulo, 15.06.2004, A3.

GADOTTI, M. &; PEREIRA, O. Pra que PT. São Paulo: Cortez, 1989.

GENRO, T. Esquerda em processo. São Paulo: Vozes, 2004.

SINGER, A. O PT. São Paulo: PubliFolha, 2001.

VIANNA, L. W. A transição. Rio de Janeiro: Revan, 1989.

VIANNA, L.W. “Entre um transformismo e outro: problemas da refundação republicana”. In: Agenda de Políticas Públicas. Rio de Janeiro: Iuperj, n. 5, fev. 1994, p. 7-13.




Fonte: Política Democrática, n. 10, dez. 2004.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Parabéns II

Parabéns, Daniele Freitas, pela sua aprovação no Colégio Técnico Industria de Santa Maria. Agora é só estudar. Felicidades.
Atilio de Oliveira

Parabéns!

Parabéns para Bianca Winch, minha sobrinha, pela sua aprovaçaão no PEIES DA UFSM, estamos todos (familiares) torcendo pelo seu sucesso no vestibular.

Natal

Um feliz natal a todos os amigos, alunos, familiares, que no próximo novas energias nos conduzam para frente.
Atilio de Oliveira

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

VAMOS ESTUDAR

20/12/2005

Quem foi reprovado?

Por Dante Donatelli

Terminamos mais um ano letivo e alguns alunos, poucos, perderam o ano letivo, sintoma de muitas situações que se vivem na escola. Isto é exceção na vida escolar e não regra, já que a escola foi feita antes de tudo para ensinar e para promover o desenvolvimento intelectual dos alunos, e não simplesmente punir com uma reprovação.
Apesar de lamentável, a reprovação é parte da vida da escola, mesmo que haja um movimento nas escolas e nas famílias, não todas, é claro, para acabar com ela, e eu explico como. A nova Lei de Diretrizes e Bases do Ensino permite, entre outras coisas, duas possibilidades efetivas de se fugir desta situação: uma muito operante na escola privada e outra na escola pública.
Na escola privada, geralmente aquelas pequenas e que servem com caça níqueis ou algumas grandes e famosas, mas sem nenhum projeto pedagógico sério, se faz uso da reclassificação. No final do ano, lá por meados de novembro, famílias de classe média e alta, para não perder o seu “investimento” nos filhos, correm para estas escolas e pedem uma reclassificação de seus filhos, que nada mais é um punhado de provas de todas as disciplinas, geralmente de múltipla escolha com conteúdos defasados da série em questão. A média destas escolas caça níqueis são sempre 5,0. Via de regra o aluno passa, já que o serviço é cobrado bem, em São Paulo não sai por menos de R$2.500,00 para alunos do ensino médio e R$1.500,00 para o fundamental.
Assim os pais de classe média e alta ensinam aos seus filhos que tudo na vida tem um jeito, ou um preço, é só ter dinheiro, nada mais. É uma aula de esperteza, que joga a idéia de responsabilidade formativa e ética pela janela, de preferência uma janela bem alta para que ela nunca mais volte a incomodar pais e filhos.
Na escola pública outra estratégia, também contemplada na lei, a chamada progressão continuada que trocando em miúdos é o aluno não poder ser reprovado nas séries intermediárias. As avaliações servem como objeto de referência para o desenvolvimento e aproveitamento dos alunos. A idéia seria boa se não fosse permitido que uma boa quantidade de alunos ficassem a deriva do processo de aprendizagem, em especial nas séries iniciais. Geralmente eles chegam a 4°série do fundamental lendo e escrevendo precariamente e com noções rudimentares de matemática. Não fosse a falta de infra-estrutura na rede pública, se houvessem salas pequenas, mais professores e melhor remunerados, aliados a uma permanência das crianças na escola, elas poderiam ser efetivamente atendidas e a idéia da progressão seria um ganho. Entretanto, esta se torna uma forma de exclusão não mais pela reprovação mas pela exaustão, onde uma criança é colocada em uma série que ela não acompanha.
Existe uma terceira via muito usada por pais de escolas privadas e endossada na maioria das instâncias fiscalizadoras públicas, ou as antigas delegacias de ensino, por supervisores que tem por função cuidar e zelar pela boa educação. Ao ser reprovado alguns pais recorrem a esses órgãos públicos e na maioria das vezes conseguem fazer com seus filhos sejam promovidos. Poderia dar dezenas de exemplos que vivi como diretor de escola privada. Um deles é de um aluno do terceiro ano do ensino médio, que sequer fez as últimas provas, reprovado em quatro disciplinas, mas que havia feito um vestibular nestas faculdades que passando na porta já está matriculado. O aluno foi aprovado pela delegacia de ensino, o argumento do órgão oficial era que o aluno tinha todas as qualidades para ser aprovado, como provava a sua aprovação no vestibular. Neste momento todo trabalho dos professores e da escola foi jogado no lixo.
A bem da verdade, e quem vive e faz escola todos dias sabe, que um aluno não é reprovado em dezembro, mas sim por todo ano letivo. Nas escolas públicas e privadas, o corpo técnico das escolas não é só chamam e orientam pais e alunos em risco de reprovação, também dedicam a maior parte do seu tempo com estes alunos, e mesmo assim, quem é sério em detrimento de uma lógica inclusiva que no mínimo é questionável pedagogicamente, se penaliza.
Enquanto continuarmos a fazer proselitismo barato com o modelo educacional brasileiro, vamos permanecer na rabeira do mundo, formando hordas de semi-analfabetos, incapazes de ler e compreender um texto ou escrever uma simples redação ou construir raciocínios lógicos elementares, que a despeito de qualquer coisa e das ladainhas inclusivas são instrumentos básicos para o exercício pleno da cidadania
.

BICADA

"Se Lula quisesse transformar o sonho petista em realidade, poderia ter se cercado de gente que o ajudaria nisso. Pessoas como Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Fábio Konder Comparato, Maria Victoria Benevides, Paulo Nogueira Batista Junior trabalharam no programa e foram depois pura e simplesmente deixadas de lado. Foi uma escolha. Que continua. Em vez de buscar as pessoas autênticas, que comungam do ideal que acho que ainda é dele também, Lula se reúne com o Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela). Para quê?"

HÉLIO BICUDO, JURISTA.

NÃO FOI DESSA VEZ

UM CANDIDATO FORTE

Já estava na Hora II

Reunião do secretário regional, Valdir Cobalchini, com pais e professores da Escola Estadual Paulo Schieffler em Caçador, resultou na decisão em demolir o atual prédio da instituição e construir uma nova escola no mesmo local Caçador Data Publicação: 20/12/2005 15:47:38

Já estava na Hora

Escola Paulo Schieffler, de Caçador, será reconstruída

Em reunião nesta terça-feira (20) entre o secretário do Desenvolvimento Regional de Caçador, Valdir Cobalchini, pais e professores da EEB Paulo Schieffler, de Caçador, ficou definido que a instituição será, dentro de pouco tempo, referência no Estado. A reunião definiu a demolição da atual estrutura e reconstrução de uma nova escola Paulo Schieffler, no mesmo local. O secretário acredita que a obra possa ser entregue até o início do ano letivo 2007.Para Cobalchini, era necessário sair da reunião com uma decisão que representasse a importância da Escola Paulo Schieffler dentro da história de Caçador. Então chegou-se a definição de reconstruir a instituição dentro do modelo da escola moderna. Nós próximos dias, será definido o novo local onde alunos estudarão, provisoriamente, durante o ano de 2006.Cobalchini enfatizou que o novo projeto irá incluir estacionamento, laboratórios de informática, física e química, e sala de jogos. "Tudo que uma instituição de ensino moderna precisa", salientou o secretário.
Publicado por: Alessandro Schneider Almeida no site da SDR.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Avanço de três dedos

"No Brasil, o ponto alto da calça de cintura baixa ficará para sempre ligado ao declínio da utopia petista, época tão engraçada que até os humoristas deixaram de ser levados a sério. Entramos na era da calça e da política de cintura baixa. Se Lulla não cumpriu a meta de criar 10 milhões de empregos, nem dobrou o salário mínimo, ao menos poderá, nas eleições do ano que vem, gabar-se de que no seu governo se deu o triunfo da calça de cintura baixa. Trata-se de um avanço de pelo menos três dedos em relação a FHC. Como tudo na política brasileira, foi um impressionante crescimento. Para baixo. O FMI não impôs medida contrária".
Juremir Machado

Juremir Machado da Silva

JOGO DE CINTURA
As ciências humanas, em 2005, ficaram nos devendo um ensaio sobre as três mais transcendentais 'mutações metafísicas' das últimas décadas: a clonagem humana, a transfiguração do PT no seu contrário e a calça de cintura baixa. Na verdade, este último tema teria de ser abordado, por razões de grife e de parentesco, pelo quase centenário Lévi-Strauss, seguindo a linha dos seus clássicos antropológicos 'O cru e o cozido' e até mesmo 'Tristes trópicos'. Mas Lévi-Strauss anda meio fora de moda ou simplesmente perdeu todo interesse por jeans e baixarias.
O sucesso da calça de cintura baixa autoriza a costura de uma teoria de ponto fino: quanto maior o grau de civilização de uma cultura, menor será o tamanho das roupas. No apogeu da civilização, chega-se à nudez total. Os povos ditos civilizados ainda não alcançaram o altíssimo desenvolvimento civilizacional dos índios da América, que andavam pelados e não se preocupavam com a taxa de juros Selic nem em descolar um convite para a São Paulo Fashion Week. Essa tese ganha um design mais arrojado com as idéias do filósofo Michel Foucault: só um elevado grau de autocontrole individual, de disciplina socialmente imposta, de introjeção de valores morais e de controle dos instintos é capaz de dar espaço à calça de cintura baixa sem distúrbios nem comoção social. Anos atrás, seria caso de polícia tanto quanto as manifestações sindicais.
A calça de cintura baixa é um atestado de que estamos em alta. Sem barraco nem recalques. A vantagem dos índios sobre nós é que eles não precisavam de psicanalistas para segurar a onda. Mas tinham lá as suas ervinhas. Salvo pelas atitudes exorbitantes de alguns serial killers norte-americanos, estamos tirando dez no teste da atitude civilizada diante da cintura baixa, da calcinha de fora e da tatuagem no cóccix. A ONU até poderia incluir esse fator no cálculo do índice mundial de desenvolvimento social. Com certeza o Brasil apareceria algumas casas acima de muitos países europeus econômica e materialmente ortodoxos.
Só o Texas, terra de G. W. Bush, aprovou até agora uma lei contra a calça de cintura baixa. É a prova de que os Estados Unidos não estão muito longe do Afeganistão em matéria de roupas para mulheres e de fundamentalismo. A evolução dá muitas voltas. Jean Baudrillard já mostrou que, graças à ciência, com a clonagem, conseguiremos finalmente nos reproduzir como as amebas, por cissiparidade. Da mesma forma, graças ao progresso dos costumes e das terapias alternativas, vamos, enfim, andar nus como os 'selvagens'. A única diferença é que a nossa nudez, conforme as classes sociais, será assinada por grandes costureiros e comprada na Daslu. Nem todo mundo andará igualmente pelado. A cintura baixa no ambiente de trabalho significa a vitória da cultura sobre o primitivismo do assédio sexual.
Há quem diga que a calça de cintura baixa representa o mais alto grau de auto-repressão da história da humanidade. Em termos machistas, quanto mais elas provocariam, mais eles se controlariam. Afinal, como elas dizem, 'não é para provocar ninguém, é só porque eu me sinto bem assim'. Essa hipótese deve ser considerada folclore. Assim como o mensalão. O genial Rousseau fez um alerta: 'O grande defeito dos europeus é estarem sempre a filosofar sobre as origens das coisas segundo o que se passa à sua volta'.
Estamos mais adiantados: a nossa medida é o que se passa na volta das cintura das mulheres. Tudo se vê por meio desse fator objetivo: saúde pública, padrão estético, grau de emancipação feminina, nível de alimentação e de práticas esportivas... As mulheres islâmicas, por exemplo, estão proibidas de mostrar a cintura, o que já é sintomático.
No Brasil, o ponto alto da calça de cintura baixa ficará para sempre ligado ao declínio da utopia petista, época tão engraçada que até os humoristas deixaram de ser levados a sério. Entramos na era da calça e da política de cintura baixa. Se Lulla não cumpriu a meta de criar 10 milhões de empregos, nem dobrou o salário mínimo, ao menos poderá, nas eleições do ano que vem, gabar-se de que no seu governo se deu o triunfo da calça de cintura baixa. Trata-se de um avanço de pelo menos três dedos em relação a FHC. Como tudo na política brasileira, foi um impressionante crescimento. Para baixo. O FMI não impôs medida contrária.
E-mail: juremir@correiodopovo.com.br
Correio do Povo Porto Alegre

sábado, 17 de dezembro de 2005

LINKS ÚTEIS

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PARA PENSARMOS NESTE FINAL DE ANO

PARABÉNS A TODOS OS ALUNOS DO PAULO SCHIEFFLER APROVADOS NO VESTIBULAR

CLEITON MACIEL ADMINISTRAÇÃO - UnC
GIONEI SPAUTZ GRANEMANN AGRONOMIA - UnC
TALITA FERREIRA AGRONOMIA - UnC
ANA PAULA DO NASCIMENTO CIÊNCIAS CONTÁBEIS - UnC
ARIEL BLEICHUVEHL DALLAZEM DIREITO - UnC
ANDERSON CAETANO DE SOUZA DIREITO - UnC
ANA PAULA DALPIAZ ENFERMAGEM - UnC
ANDERSON HENRIQUE SIQUEIRA ROSSI- ENGENHARIA AMBIENTAL -UnC
BEN-HUR BETINELLI - FÁRMACIA - UnC
LUANA MAIRA ROSA DA COSTA - FISIOTERAPIA - UnC
THAINA GRUCZKOSKI FERNANDES - LETRAS - UnC
ISABELLA POLLI - LETRAS - UnC
TAMY DE LIMA - PEDAGOGIA - UnC
MAYARA UEDA - GASTRÔNOMIA

APROVADOS ADMINISTRAÇÃO UNC

VESTIBULAR DE VERÃO
RELAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS
ADMINISTRAÇÃO - UnC - CAÇADOR - NOTURNO - 40 VAGAS
ADELMIR CARLIN DO PRADO JUNIOR
ADILSON JOSE ROSAADMIR
JOSE CASAGRANDEANA
PAULA DIAS PRESTES
ANDIARA SERENA FRANZOI
CARMEN DE MELLO CAVALET
CAROLINE MENDES DE OLIVEIRA
CLEITON MACIEL
DARIO RUMPEL
DENIS GLAICO BUENO
DIANA DAL BOSCO
DIEGO DOTTIDIOGO VALIATI LUVISA
EDSON CRISTOVAO DOS SANTOS
EDUARDO JOSE GUZZI
ELIANE SCAMBARA
ELIDA PANCERI GUZZIELOIS
ALEXANDRE DE PAULA
EVANDRO CLAUDIO MEIRA SANTOS
FABIANA RIBASFABIO WILLRICH
FLAVIO CAMUZZATO
FLAVIO CARVALHO DA SILVAGIAN
CARLOS BURGER
GLAUCIANE DE BAIRROS
JEAN CARLOS DANESE
JOAO THIAGO TORTATO
JOSE FLAVIO FRANZON NETO
KARINA BOGO ZAVIERUCKA
MATHEUS DE OLIVEIRA FENDT
NELSON MENEGOTTO JUNIOR
OCIMAR STEMKE
PATRICIA MACHADO
RAFAEL BITDINGER
SANDRA ELISA MIOSSO
SCHEILA ADRIANE DA SILVA
SIMONE MARIA FOSCARINIVIVIAN
KARLA DE OLIVEIRA
VIVIANE MARTINS DE ARAUJO
WANDER LUIZ KLETKE

UNC-AGRONOMIA-2005


VESTIBULAR DE VERÃO
RELAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS
AGRONOMIA - UnC - CAÇADOR - DIURNO/NOTURNO - 45 VAGAS
ANA CRISTINA DA SILVA BALDICERA
BRUNO G P DE SOUZA
CARLA ANDRESSA VIERZBICKI
CARLOS EDUARDO PIGATTO
CAROLINE MENEGOTTO SALAMONI
CRISTIANO ANTONIO GUARNIERIDAIANI GONCALVES
DARLAN MACIEL
DOUGLAS SOMMER
ELAINE FAVERO
ELISIANE APARECIDA FIGUEROA
EZEQUIEL CORATO
FERNANDO HERMENEGILDO CARPENEDO
FLAVIO GALVAO AMERICANO
GILSON TELLES DA ROCHA
GILVANIO REZZADORI
GIONEI SPAUTZ GRANEMANN
GUSTAVO ROBERTO BORDIN
HUGO VARGAS TONON
JAMES ANGELO BRUSCO
JULIANO ANTONIO FRIZZO
LUIZ FELIPE MIOZZO
MAICO JONATHAN MACIEL
MIGUEL THOME EL WARD
PATRICIA APARECIDA LUZZI
PRISCILA INES
WERNER MATOS
RENATO KMIECIK GROSSL
RICARDO KAUE ZANATTA
ROBSON V. DRIESSEN DE SOUZA
ROSEL INE
IVANIR TODESCHINI
SIDNEI CARLESSO ZORNITTA
SILVIA CARINE FERREIRA
TALITA FERREIRA
THANDARA KARLA FRAGOSO PILARSKI
WAGNER SPAUTZ PINZYANA KUTCHER

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Perenização da crise?

Perenização da crise?

As CPIs e a avalanche de denúncias transformadas em espetáculo mediático estão cansando. O ritual é tedioso, os "suas excelências" e "sua senhorias"soam hilárias e o amontoado de mentiras e negações dos convocados transformam as sessões, em grande parte, numa opera bufa. O resultado final é até agora decepcionante porque, se corruptos foram identificados, seus corruptores permanecem em grande parte acobertados.
Nisso tudo há um risco, da perenização da crise. Ela realiza aquilo que Antônio Gramsci denunciava das crises mal digeridas:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer". Traduzindo para o nosso contexto: a oposição não consegue o impeachment do Presidente e o Presidente não tem mais força moral para novas iniciativas. Usando uma expressão de Tocqueville, " o passado [do PT e de Lula] não ilumina mais o futuro e o espírito caminha nas trevas".
Isso é politicamente ruim porque começa a prevalecer a resignação e a desesperança. Ninguém espera mais coisa nenhuma e a conclusão que fica na cabeça do povo, comprovada nas ruas e nos bares, é esta: os políticos, também do PT, são todos iguais; só pensam em si mesmos e o povo que se dane. Ninguém faz como Gandhi ou como Dom Frei Luiz Flávio Cappio que assumiram posições claras e foram até o fim, oferecendo a sacrificação das próprias vidas.
Em momentos assim faz sentido evocar a utopia, de que nem tudo termina com o atual fracasso histórico. A acumulação de forças continua, os protestos e as ânsias de mudanças mantém viva resistência. Mas precisa-se ir além, buscar a libertação, fruto da ação organizada dos oprimidos. Essa perspectiva abre o futuro. Se não, por que tanto sofrimento? Recuso-me a aceitar que o sofrimento de tantos e tantos séculos tenha sido em vão. A memória dos vencidos é sempre perigosa, capaz de provocar grandes mudanças. Elas irão um dia acontecer porque representam o que deve ser.
Como ensinava o filósofo Ernst Bloch, eminente estudioso das utopias e do princípio esperança: as utopias são apenas verdades prematuras ou verdades de amanhã. Se rebaixarmos este horizonte, nos condenamos ao imobilismo e aceitamos a morte antes de morrer.
Por isso, por nossa parte, continuamos teimosamente sustentando que a política é o campo onde mais virtudes e valores se condensam e que por isso também pode concentrar o maior conjunto de vícios e velhacarias que se pode imaginar. Mas ela, em sua natureza genuina, não é outra coisa senão a busca comum do bem comum. É mais que profissão, é missão de serviço à coisa pública (dai sua essencial dimensão republicana), é cuidado para com a vida do povo, é a arte de realizar para o maior número possível de pessoas as condições para uma discreta alegria de conviver e de desfrutar, apesar de todas as limitações, o curto tempo que nos toca passar por este pequeno planeta Terra.
Se tal sonho for abandonado, a política vira negócio e instalamos a república dos vendilhões, dos corruptos, dos narcisistas que buscam sempre o holofote e que desprezam a democracia e a moralidade que a toda hora proclamam.
O povo brasileiro tem um compromisso com a esperança e com o futuro. É sinal claro de que a história pode ganhar outro rumo, melhor do que aquele vivido até o presente. Nada resiste a uma esperança teimosa. Um dia ela vai triunfar.

LEONARDO BOFF

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Um debate mal travado

Os setores progressistas das igrejas cristãs estão divididos em relação a Lula e ao PT.
Uma parte já se desligou de ambos e foi de armas e bagagens para o PSOL. Outra parte, contudo, insiste no apoio ao presidente. Seu grande argumento é o fato de que o "povão" continua apoiando o governo. Não há prova melhor, afirmam, de que a Bolsa Família e outros programas sociais estão beneficiando concretamente a população pobre e esta, "que não vive de princípios, mas de realidades", percebe a enorme "transformação estrutural" que o governo do PT está promovendo, apesar das aparências em contrário.
Não se nega o apoio popular de parcela importante do povo pobre a Lula nem que os programas sociais estejam atingindo um numero significativo de famílias pobres. Esses programas, ainda que sejam totalmente insuficientes para tirá-las da miséria, constituem um alívio real, difícil de ser avaliado por quem se situa nos escalões superiores da pirâmide de distribuição da renda. Mas admitir que estejam promovendo uma profunda mudança no quadro social brasileiro é um erro de avaliação política.
Dos malefícios que o governo Lula está causando ao país, talvez o mais grave seja esta anestesia do protesto popular. Sem discutir a intenção do presidente, sua política, objetivamente, está dividindo os movimentos populares e reforçando o conformismo da massa - traço cultural herdado da secular história de subordinação do povo a classes dominantes absolutamente intolerantes e repressivas.
Enquanto essa cultura conformista não for exorcizada, será impossível atacar o problema central da conjuntura: a reversão neocolonial do país, decretada pelos movimentos do capitalismo mundial e pela subserviência da classe dominante. Ocioso dizer que será impossível solucionar os grandes problemas da nação se esse processo não for detido, e, ingênuo, admitir que ele possa ser detido sem luta popular. Contudo, um povo que espera tudo de um grande pai bondoso - e que aceita como impossível que ele faça mais do que está fazendo - não luta pelos seus direitos.
O aspecto dramático, no caso desses cristãos que apoiam incondicionalmente o governo, é que sua posição contribui para reforçar essa condição infantil de grande parte da massa popular.
Defender essa posição equivocada acusando os que se opõem a Lula de puristas, elitistas e outros "istas", em nada ajuda o debate fraterno e esclarecido que este grupo social deveria travar sobre a questão mais importante que lhe foi posta nesta etapa da historia brasileira: qual das estratégias de luta contra a desigualdade os cristãos deveriam apoiar, a fim de contribuir concretamente para acabar com a sobre-exploração do povo por um capitalismo sem entranhas

domingo, 11 de dezembro de 2005

A VIDA DO LIXO NO OCEANO

- Papel Toalha: 2 a 4 semanas;
- Caixa de Papelão: 2 meses;
- Palito de Fósforo: 6 meses;
- Restos de Frutas: 1 ano;
- Jornal: 6 meses;
- Fralda Descartável: 450 anos;
- Fralda Descartável Biodegradável: 1 ano;
- Lata de Aço: 10 anos;
- Lata de Alumínio: não se corrói;
- Bituca de Cigarro: 2 anos;
- Copo Plástico: 50 anos;
- Garrafa Plástica: 400 anos;
- Camisinha: 300 anos;
- Pedaço de Madeira Pintada: 13 anos;
- Bóia de Isopor: 80 anos;
- Linha de Nylon: 650 anos;
- Vidro: tempo indeterminado;
- Lixo radioativo: 250 anos ou mais.
Extraído da Suplemento Praia & Cia. do Jornal "A Tribuna de Santos"- SP (janeiro/ 02)

13/08/2005
"Lula esconde a sujeira"
O jurista Hélio Bicudo, de 83 anos, tem uma longa militância em favor dos direitos humanos, na qual se destaca o combate à ação do Esquadrão da Morte paulista, no fim dos anos 60. Relutou muito antes de decidir manifestar sua opinião sobre o governo Lula e o PT, ao qual é filiado há 25 anos.

Decidiu falar incentivado pela família e por alguns amigos, inclusive da base petista. "Não posso admitir que dentro da história que venho construindo, muitas vezes penosamente, eu possa ser considerado partícipe do que está acontecendo", disse Bicudo à editora de VEJA Lucila Soares, a quem concedeu a seguinte entrevista.

O SENHOR ACREDITA QUE O PRESIDENTE LULA SABIA DOS FATOS QUE ESTÃO VINDO A PÚBLICO?

Lula é um homem centralizador. Sempre foi presidente de fato do partido. É impossível que ele não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos e quem era o responsável. Não é porque o sujeito é candidato a presidente que não precisa saber de dinheiro. Pelo contrário. É aí que começa a corrupção.

POR QUE O PRESIDENTE NÃO TOMOU NENHUMA ATITUDE PARA IMPEDIR QUE A SITUAÇÃO CHEGASSE AONDE CHEGOU?

Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma. Seu pronunciamento de sexta-feira confirma. Lula manteve a postura de que não faz parte disso e não abre espaço para uma discussão pública.

HÁ OUTROS EXEMPLOS DESSA CARACTERÍSTICA?

Há um muito claro. Em 1997, presidi uma comissão de sindicância do PT para apurar denúncias contra o empresário Roberto Teixeira, que estava usando o nome de Lula para obter contratos de prefeituras em São Paulo. A responsabilidade dele ficou claríssima. Foi pedida a instalação de uma comissão de ética, e isso foi deixado de lado por determinação de Lula, porque o Roberto Teixeira é compadre dele. O único punido foi o Paulo de Tarso Venceslau, autor da denúncia. Ainda que não existisse necessariamente um crime, havia um problema sério, ético, político, que tinha de ter sido discutido e não foi. Essas coisas todas vão se acumulando e, no final, acontece o que se vê hoje.

ESSES MESMOS SINAIS ESTÃO PRESENTES NO ASSASSINATO DO PREFEITO DE SANTO ANDRÉ, CELSO DANIEL?

A história de Santo André ainda não está clara. Houve uma intervenção do próprio partido para caracterizar o crime como crime comum, do que eu discordo. Houve a eliminação do Celso, ou porque ele não concordava com a corrupção ou porque ele quis interromper o processo num determinado ponto.

O SENHOR FOI VICE-PREFEITO DE MARTA SUPLICY. COMO FOI PARTICIPAR DE UM GOVERNO PETISTA?

O que me realizou na prefeitura foi constituir a Comissão de Direitos Humanos do município. Fora isso, tudo passou ao largo do meu gabinete, por opção de Marta. E, em dezembro de 2004, já no fim do governo, quando assumi interinamente a prefeitura e houve uma chuva muito forte, com graves prejuízos à população, pude verificar que os serviços públicos estavam totalmente omissos. Convoquei uma reunião do secretariado e apareceram dois ou três. Para mim foi uma experiência extremamente negativa.

EM QUE MOMENTO O SENHOR COMEÇOU A PERCEBER QUE O PARTIDO ESTAVA NO CAMINHO ERRADO?

Quando a direção passou a tomar a frente das campanhas políticas. No início a militância era a grande força eleitoral. Isso foi mudando na medida em que o partido começou a abandonar os princípios éticos. A partir da campanha eleitoral de 1998, instalou-se definitivamente a política de atingir o poder a qualquer preço.

O PRESIDENTE LULA TAMBÉM QUERIA CHEGAR AO PODER A QUALQUER PREÇO?

Sim. Mas ele quer a representatividade, sem o ônus do poder. Ele dividiu o governo como se estivéssemos num sistema parlamentarista. É o chefe do Estado, mas não do governo. Nisso há, aliás, uma clara violação da Constituição, que é presidencialista. A conseqüência foi o aparelhamento do Estado, um governo sem projeto e essa tática de alcançar resultados pela corrupção do Congresso Nacional.

O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU ERA O PRINCIPAL NOME DESSE GRUPO A QUEM LULA DELEGOU O PODER. QUAL SUA AVALIAÇÃO SOBRE ELE?

Dirceu é um trator. Ele é um homem que luta, sem restrição a meios, pelo poder. Está impregnado desse objetivo. Ele é o melhor representante de um grupo que aspirava ao poder pelo poder, não para fazer as reformas que sempre defendemos. O PT chegou ao governo sem projeto. Se Lula quisesse transformar o sonho petista em realidade, poderia ter se cercado de gente que o ajudaria nisso. Pessoas como Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Fábio Konder Comparato, Maria Victoria Benevides, Paulo Nogueira Batista Junior trabalharam no programa e foram depois pura e simplesmente deixadas de lado. Foi uma escolha. Que continua. Em vez de buscar as pessoas autênticas, que comungam do ideal que acho que ainda é dele também, Lula se reúne com o Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela). Para quê?

O SENHOR TAMBÉM SE CONSIDERA DEIXADO DE LADO?

Eu entrei no PT porque achei que devia entrar, ajudei o Lula em vários momentos porque achei que devia ajudar e nunca pedi nada em troca. Ele é que, espontaneamente, me disse que eu assumiria uma posição. Um dia, o ministro Celso Amorim mandou seu chefe-de-gabinete me oferecer um lugar de conselheiro da Unesco. Eu pedi que me explicasse o que representava exatamente essa posição. A resposta foi: "É formidável. Três viagens por ano a Paris". Ou seja, estavam me oferecendo uma mordomia. Eu não aceitei.

EM ALGUM OUTRO MOMENTO O SENHOR FOI CHAMADO A COLABORAR COM O GOVERNO?

Sim. O então presidente do PT, José Genoíno, me pediu ajuda para convencer meus amigos deputados federais do PT a retirar seu apoio à formação da CPI dos Correios.

EXISTEM ELEMENTOS PARA QUE SE PEÇA O IMPEACHMENT DO PRESIDENTE?

Os fatos podem vir a caracterizar crime de responsabilidade e, portanto, motivar um pedido de impeachment. Mas eu gostaria de lembrar que as primeiras pessoas que pediram o impeachment de Fernando Collor foram o Lula e eu. O pedido foi engavetado. Só quando houve pressão popular é que se concretizou um processo. Se você não tem apoio popular, isso cai numa discussão de juristas que não leva a nada, a não ser ao prejuízo da democracia.

COMO O SENHOR VÊ O FUTURO DO PT?

Depende muito de como esse processo vai prosseguir. Se continuarmos com uma direção chapa-branca, não vamos chegar a lugar algum – a não ser no "desfazimento" de um partido que poderia ter chegado ao poder para realizar as reformas necessárias, mas só conseguiu promover um grande isolamento do Lula

FOMOS RESPONSÁVEIS TAMBÉM


Brasil patrocinou golpe de Pinochet em 1973 no Chile
Emir Sader

Às vésperas dos 30 anos do golpe militar no Chile, que derrubou o presidente Salvador Allende e colocou o general Augusto Pinochet no poder, uma nova investigação mostra porque o embaixador brasileiro era chamado de o quinto membro da Junta Militar chilena.

“Ganhamos”. Com esta palavra o então embaixador da ditadura militar brasileira no Chile, Câmara Canto, comemorou o triunfo do golpe militar de Pinochet, para o qual tanto ele quanto o governo militar do Brasil haviam trabalhado intensamente. Sabia-se dessa participação, mas somente agora, nas vésperas do 30º aniversário do golpe militar, uma investigação feita pelo jornal chileno La Tercera permite reconstituir em detalhes como se deu a estratégica participação brasileira nesse episódio, que reabre o caso e merece investigação e punição para todos os que foram coniventes com essa criminosa ação.
O longo artigo, publicado no dia 3 de agosto, chamado “A ajuda secreta dos militares brasileiros”, afirma que o embaixador Antonio Candido da Câmara Canto era conhecido como “o quinto membro da junta (militar) por suas estreitas relações com o governo militar”. Credenciado no Chile entre 1968 e 1975, Câmara Castro estabeleceu estreitas relações com altos membros do Exército e da Marinha e, depois do golpe, foi o primeiro diplomata a reconhecer a Junta Militar de Pinochet, permitindo que a embaixada brasileira coordenasse a entrega de 70 toneladas de remédios e alimentos entre os dias 11 e 26 de setembro como “ajuda humanitária” do governo militar brasileiro, além de utilizar seus contatos para fazer gestões para a obtenção de um crédito de 100 milhões de dólares para o Chile.
Câmara Canto chegou a receber do assessor da Junta Militar Álvaro Puga o reconhecimento: “Era um homem do nosso lado”. O embaixador norte-americano no momento do golpe militar, Nathanael Davis, no seu livro “Os últimos dias de Salvador Allende”, já havia afirmado que o embaixador brasileiro havia tentado em 1973 aproximar a embaixada dos EUA dos planos golpistas. “Num jantar, o embaixador brasileiro me fez uma série de sugestões (que eu não aceitei), para tratar de me levar a uma coordenação entre embaixadas para um planejamento cooperativo e unir esforços no sentido de provocar a queda de Allende”.
Considerado, segundo La Tercera, um exímio cavaleiro e colecionador de arte, Câmara Canto era “profundamente antimarxista”, tendo estabelecido uma grande amizade com o general Sergio Arellano Stark, um militar chave no golpe militar e na repressão posterior. Em setembro de 1975 Câmara Canto deixou seu cargo em Santiago do Chile por razões de saúde. Ao coquetel de despedida compareceu o general Gustavo Leigh, membro da Junta Militar, enquanto uma comissão integrada pelos generais Sergio Arellano Stark e Herman Brady foi deixá-lo no aeroporto, quando partiu do Chile. No ano seguinte, Câmara Canto voltou àquele país em visita privada, tendo sido recebido pelo almirante Toríbio Merino, membro da Junta Militar. Quando morreu o governo chileno colocou seu nome numa rua do centro de Santiago.
Conta-se nos círculos diplomáticos chilenos que logo depois do golpe, numa conversa informal, Câmara Canto aconselhou um membro da Chancelaria chilena: “Aproveitem agora para fazer o que eu não fiz no meu país: com os esquerdistas, expulsem todos os homossexuais”. Efetivamente, em 1964, diz o jornal chileno, no momento do golpe no Brasil, Câmara Canto havia dirigido uma verdadeira “caça as bruxas”, que investigou 35 funcionários de carreira acusados como subversivos ou homossexuais.
O ex-embaixador dos EUA no Chile Edward Korry declarou em 1977, ao Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano, que ele “tinha motivos para crer que os brasileiros haviam funcionado como conselheiros dos militares chilenos”, acrescentando: “O apoio técnico e psicológico do golpe chileno proveio do governo do Brasil”. Em 1985, outro ex-embaixador dos EUA no Chile, Nathaniel Davis, afirmou no seu livro que “a conexão brasileira foi confirmada por muitas fontes. La Tercera conseguiu confirmar os rumores de que no final de agosto um emissário civil do almirante Toríbio Merino tomou um avião para São Paulo disfarçado como se fosse uma viagem de negócios, mas levando uma missão secreta. De sua gestão dependia em grande parte a decisão de realizar o golpe militar no Chile.
A viagem serviu para superar um dos maiores temores dos golpistas chilenos – o de uma divisão das Forças Armadas. Se esta se desse – o temor, por vários antecedentes, era sobretudo em relação ao Exército –, poderia dar chance de intervenção do governo militar peruano de Velasco Alvarado, que se aproveitaria para recuperar os territórios do norte do Chile, tomados do seu país na guerra do Pacífico de 1879, para o que contava com os aviões militares soviéticos comprados pela Aviação do Peru. Os golpistas chilenos apelaram para os serviços de informação da ditadura brasileira para se certificar desse risco.
Quando chegou a São Paulo, o emissário – um ex-oficial da Marinha, que depois ocuparia um algo cargo no começo do regime militar – recebeu uma ordem precisa: “Viaje a Brasília, aloje-se em tal hotel e espere que seja contatado”. No dia seguinte, recebeu no hotel o endereço a que deveria se dirigir. Ali foi levado a uma sala onde, ofuscado e sem poder ver as pessoas que estavam na sua frente, foi interrogado sobre sua vida pessoal, sua família e seus negócios. Quando terminaram de controlar sua identidade, o visitante explicou a urgência dos golpistas chilenos para saber sobre os planos peruanos.
O emissário recebeu a orientação de voltar ao hotel, de não sair dali e aguardar uma resposta. Algumas horas depois, o emissário Toríbio Merino recebeu um telefonema afirmando que não deveriam se preocupar, pois o Peru não interviria. E exigiram que ele retornasse imediatamente ao Chile. Menos de 48 horas depois, Merino recebeu a informação dos serviços de inteligência da ditadura brasileira, o que foi confirmado pelos acontecimentos posteriores.
Quando na tarde de 11 de setembro faziam seu juramento os membros da Junta Militar, presididos por Pinochet na Escola Militar de Santiago do Chile, receberam ali mesmo a visita do embaixador brasileiro Câmara Canto como primeiro representante de um governo estrangeiro a reconhecer a Junta Militar que usurpava o poder.
Quatro ou cinco dias depois do golpe – sempre segundo La Tercera – o emissário que havia vindo ao Brasil se preparava para assumir um alto posto no governo militar, quando recebeu um telefonema. Do outro lado da linha, falava alguém com um forte sotaque alemão. Quando o chileno disse que não se lembrava desse nome, a pessoa lhe respondeu que haviam conversado há pouco em Brasília e que lhe havia feito um favor, em troco do qual pedia agora ele um favor, com urgência.
A pessoa que havia interrogado o emissário chileno estava em Santiago, era um general brasileiro que dominava vários idiomas e que dava o nome Castro, além de apresentar-se como o numero dois do SNI. Reuniram-se no Hotel Carrera, no centro da cidade, e o visitante lhe explicou que o governo de Allende havia recebido muitos exilados brasileiros de esquerda, mas que dentre eles havia vários infiltrados do SNI, que atuavam como agentes desse serviço. Alguns deles haviam ficado desaparecidos no momento do golpe chileno, pelo que supunha que estavam detidos. “São homens meus, eu preciso tira-los daqui”.
O encontro terminou amavelmente, segundo o relato do jornal chileno, com o militar brasileiro sendo colocado em contato com um oficial chileno para que o ajudasse na busca dos agentes infiltrados. Quando se despediu, o militar brasileiro anunciou: “Me disseram que seu governo pediu um empréstimo urgente ao meu país. Pois eu tenho boas noticias para vocês: foi aprovado um credito de 100 milhões de dólares”.
Segundo relato posterior de Toríbio Merino, aquele foi o primeiro dinheiro fresco que chegou a ditadura pinochetista. “Tínhamos dois problemas graves em setembro: os salários do fim do mês e a falta de farinha no país”, disse ele. “Então o embaixador do Brasil, que tinha um parente que trabalhava no Banco de São Paulo (sic), entrou em contato com ele e obteve a possibilidade de conseguir um empréstimo num total de 100 milhões de dólares”.
Segundo o relato de homens próximos a Merino, a visita daquele militar brasileiro teve também um lado público. Quando a Marinha soube da sua presença no país, pediu-lhe que fizesse uma exposição sobre segurança na Academia de Guerra da Armada.
Um mês depois, em outubro, um despacho de inteligência da CIA enviado de Santiago do Chile para Washington dizia: “Presos brasileiros recentemente libertados do Estádio Nacional relataram que enquanto estavam detidos foram interrogados por indivíduos que falavam com fluidez o português e, por isso, supunham que eram oficiais da inteligência brasileira”, conforme o texto agora divulgado. Corriam também versões segundo as quais a ditadura militar brasileira havia dado assessoria e passado técnicas de tortura aos militares chilenos no começo da ditadura – todos processos conhecidos pelo então embaixador brasileiro, chamado “o quinto membro da Junta” de Pinochet.
Publicado em Carta Maior – 5/8/2003

DESIGUALDADE BRASILEIRA

Vejamos alguns elementos desta desigualdade brutal no Brasil: “renda familiar mensal inferior a R$ 520 – 82.164.000 brasileiros (48% da população). Ensino médio: apenas 35% da população entre 15 e 17 anos; ensino superior: apenas 7,4% da população entre 18 e 24 anos. 40 milhões de domicílios registrados no país: 10 milhões são considerados insalubres (casebres, cortiços, favelas...), destes, 2 milhões não têm luz elétrica. Cobertura da Previdência Social: 61%, ou seja: 27 milhões de trabalhadores não têm seguridade social nem direitos trabalhistas. Os 10% mais ricos controlavam 69% da riqueza no século XVIII; 73% da riqueza no século XIX e 75% da riqueza no século XX[4].” É possível reverter este quadro.
FONTE ARTIGO DE TARSO GENRO

TODOS MERECEMOS

sábado, 10 de dezembro de 2005

O NOVO PRESIDENTE DO LEGISLATIVO DE CAÇADOR

O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES DE CAÇADOR



Creminácio eleito presidente da Câmara

09 de Dezembro de 2005
NOVO presidente: Marcos Creminácio foi eleito na noite de terça-feira
O vereador do PT, Marcos da Silva Creminácio, é o novo presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Caçador. A eleição foi realizada nesta terça-feira, 6, com a presença de todos os edis.
Havia duas chapas em disputa, uma encabeçada por Creminácio, com candidato a vice, o peemedebista, Deoclides Sabedot e outra, com Itacir Fioreze, o Fically (PP), para a presidência, e como vice, Sérgio D’Agostini (PFL). Na disputa, seis votos a favor da chapa encabeçada por Creminácio e quatro a favor de Fically.
De acordo com o novo presidente, as coisas dentro do Legislativo devem continuar seguindo as leis que lhe são impostas. "A construção da obra da nossa nova sede será concluída, já que existem recursos próprios para este feito", afirma, lembrando que o seu principal objetivo é trabalhar com a transparência das contas públicas. "Temos que informar à população como, onde e porquê o Legislativo gastou as verbas que tem disponíveis".
Ele ainda salienta a importância do novo prédio da Câmara. "Será um espaço destinado tanto aos vereadores, quanto à comunidade em geral. Vamos torná-lo o mais popular possível, para que os caçadorenses possam também usufruir daquele espaço", ressalta o novo presidente.
"Além disso", diz Creminácio, "queremos estabelecer uma rede de comunicação mais estreita entre os vereadores e o povo".
Dentre os projetos que o vereador pretende trabalhar este ano, está o dos vereadores mirins. "Temos que dar mais atenção a este assunto, reforçando ainda mais a inter-relação com as escolas e inclusive com a Universidade", enfatiza Creminácio.
"Pretendemos também, a partir de agora, trabalhar com um novo debate político dentro de Caçador, pois essa é também a nossa preocupação", revela.
Creminácio ainda faz questão de lembrar que está sempre aberto ao diálogo, tanto com a comunidade, quanto com as entidades e empresários. "Pretendo sempre conversar com essas pessoas", afirma.
"Em Caçador, na eleição realizada em 2003, o candidato que foi eleito como prefeito é o Saulo Sperotto, e temos que respeitar isso. Por outro lado, mais de 20 mil pessoas não queriam esse projeto e votaram contra. Para que a opinião desses eleitores seja respeitada, é fundamental que a oposição não se esqueça disso", conclui.

O segredo de Hitler

O Segredo de HitlerA vida dupla de um ditadorLothar Machtan352 páginas EsgotadoTradução de Kristina MichahellisEdição de Texto: Sônia Peçanha
Destaque da Feira de Frankfurt 2001, obra revela à humanidade o que Hitler lutou para esconder: sua homossexualidade
Quando o tema são os crimes hediondos contra a humanidade cometidos ao longo do século XX, nenhuma figura é tão emblemática quanto Adolf Hitler. Mais de 120 mil publicações sobre o líder do Partido Nazista Alemão circulam pelo mundo e filmes não cessam de ser produzidos. O que ele fez está amplamente documentado. Quem foi Hitler, o homem, permanece, no entanto, um enigma. Como ele era nas suas relações pessoais, o que o ancorava emocionalmente, como foi sua mocidade?
O SEGREDO DE HITLER, de Lothar Machtan, mergulha nessa lacuna e ajusta o foco no sujeito Adolf, iluminando, sobretudo, o período mais obscuro da vida do futuro führer — a juventude em Viena e o início da carreira político-militar, já na Alemanha.
Da pesquisa, emerge um verdadeiro segredo de Estado: Adolf Hitler era homossexual. O autor demonstra que só é possível começar a compreender a pessoa Hitler e a sua trajetória política, caso se considere este aspecto de sua identidade. Isto porque as evidências indicam que o homoerotismo pontuava as relações da cúpula do partido nazista. Em casos raros, como o do chefe do serviço secreto, Ernst Hölm, a opção sexual era explícita.
Numa sociedade profundamente conservadora, na qual o homossexualismo era crime, Hitler não mediu esforços para preservar o segredo que, se revelado, o arruinaria politicamente: roubou documentos e arquivos, subornou, chacinou. Outros que conheciam a verdade não suportaram a pressão e se suicidaram. Hölm, por exemplo, foi assassinado.
Considerado um dos principais historiadores da Alemanha, Lothar Machtan assinala que não pretendeu abordar o tema da homossexualidade de Hitler de forma preconceituosa ou sensacionalista. Ao contrário: "O que quero é elucidar a relação entre história particular e a política do Terceiro Reich".
A opção sexual reprimida obrigou Hitler e seus companheiros mais próximos a transformar o partido nazista num círculo extremamente fechado e compacto, cujos membros nem sempre eram nomeados pela qualidade política que o cargo exigia, mas por que vivenciaram o homoerotismo e mantinham-se discretos e fiéis ao führer.
Para montar o quebra-cabeças que é a vida pessoal de Hitler, Lothar Machtan reconstitui seus passos desde a juventude e flagra um Adolf que convivia com grupos homossexuais e perambulava pelas ruas de Viena como um dândi desglamourizado: sem dinheiro, morou em albergues populares. Sem o talento que gostaria de ter para as artes, rodava a zona boêmia atrás de quem comprasse algum dos postais que pintava. Sem saída, alistou-se no exército alemão para garantir o pão de cada dia. Encontrou um ambiente ostensivamente homoerótico e as figuras-chave que o catapultaram ao poder.
Lothar Machtan mapeia os parceiros de Adolf Hitler ao longo da vida, o começo, o meio e o fim dessas relações. Da leitura ficam claras, ainda, as bases amórficas das raríssimas relações heterossexuais de Hitler. Com Eva Braum, conta o autor, Hitler se casou oficialmente pouco antes de se suicidar, num último ato para forjar a sua masculinidade perante a História.
Será impossível, daqui para frente, analisar o homem Hitler e as relações pessoais com a sua entourage sem levar em conta os dados apresentados por Lothar Machtan. Como um íntimo perfil de Hitler e um surpreendente retrato da natureza homoerótica do Terceiro Reich, O SEGREDO DE HITLER é a maior e certamente a mais controvertida contribuição ao universo das obras sobre os bastidores do governo que levou a Alemanha à barbárie e mudou a face do mundo.
Sobre o autor: Lothar Machtan nasceu em 1949, na Alemanha. É professor de História Contemporânea e do Tempo Presente na Universidade de Bremen. Em 1998, publicou A morte de Bismark e as lágrimas da Alemanha. Escreveu ainda inúmeros ensaios sobre história social e política dos séculos XIX e XX.

Crônica do Juremir

Juremir Machado da Silva
DE TRÁS PARA FRENTE
Está aberta oficialmente a temporada de retrospectivas. O ano de 2005 foi excelente para o Brasil, salvo por ter sido ruim para a sua população. Mas quem se preocuparia com uma ninharia dessas? Como se ficou sabendo, temos apenas 74% de analfabetos funcionais e uns 40 ou 50 milhões de miseráveis. Velhos doentes passam noites nas filas do INSS. De resto, tudo andou bem. Pagamos rigorosamente juros aos especuladores internacionais. O PT tornou-se, enfim, um partido como todos os outros. Aqui se faz, aqui se recebe. No Banco Rural. A política converteu-se na arte de financiar pizzas grandes com dinheiro de caixa 2. Nossa economia vai cada vez melhor porque cuida bem do dinheiro dos banqueiros e dos especuladores. Nada mais justo. Quem tem dinheiro são eles. Juro.
O Corinthians foi legitimamente campeão brasileiro. Teve os seus pontos aprovados até pelos usos e costumes de Brasília: é com dinheiro mal explicado do exterior que se põe faixa no peito. O resto é questão de negociação interna. Partidos e partidas seguem as oscilações do mercado. Quem tem maior audiência, fica com uma fatia maior do 'mensalão'. Só a lei não vale muito, mas se compra, quando necessário. A prazo. Ao menos, segundo diz a mídia linguaruda, foi o que fizeram FHC e Lulla. Trocando em reais, 2005 não decepcionou: os ganhos foram preservados, as desigualdades alimentadas e as injustiças incentivadas.
José Dirceu foi cassado por necessidade de simetria, pois Roberto Jefferson * alguém ainda lembra dele? * fora cassado por ter falado a verdade pela primeira vez. Nada mais inadequado num homem que passou a vida mentindo sem nunca ter recebido punição. Num país sério, como o Brasil, ninguém fala a verdade impunemente. Jefferson devia ter seguido o exemplo de Delúbio Soares, mas tentou vender no grito o seu silêncio. Tamparam-lhe a boca depois que ficou sem voz. Parece mesmo que todo mundo tem o seu preço. Alguns custam uma Land-Rover. Outros, um ministério. Porém, eis a questão de maior valor, quanto custa o ego ferido de um homem a quem se vendeu os nossos podres?
O final do ano trouxe a resposta para a pergunta que atormentou a mídia, embora nunca tenha inquietado as CPIs: de onde veio o dinheiro do valerioduto? De Cuba? Do Banco do Brasil? Das estatais? Nada disso. Foi Papai Noel quem trouxe. Elementar. Basta olhar as datas. Os maiores saques aconteceram em dezembro de 2003. O restante pode ser considerado adiantamento do décimo terceiro parlamentar. Tudo muito simples. Como a libertação de Paulo Maluf. O Supremo Tribunal Federal não suportou a crueldade e chamou para a si a responsabilidade. Tirou da cadeia o bom velhinho, vítima do ressentimento da mídia pobretona.
Podemos dormir tranqüilos. Paulo Maluf já tem um substituto: Lulla. Quando mostravam as provas das suas contas no exterior, Maluf, muito inocente, declarava: 'É mentira'. Quando mostram para Lulla as provas dos saques no Banco Rural, ele, candidamente, explica que o 'mensalão' é folclore. É isso aí, 2005 nos ensinou que o contrário de um partido de esquerda é um partido de esquerda. No poder. E o contrário de uma campanha de promessas é uma promessa de campanha. Tudo aquilo que os militares mais desejavam esconder da época da ditadura, Lulla mandou carimbar como sigiloso. Explicação genuína e familiar: os documentos secretos podem atentar contra a segurança nacional.
No plano internacional, o Iraque viveu bem sem o poder de Saddam Hussein. O número de iraquianos mortos, depois da libertação, parece ter aumentado ligeiramente. Mas isso é um detalhe. Não é uma estatística duvidosa que vai atrapalhar o avanço da democracia e do bem. As virgens islâmicas, no além, continuam garantidas para os heróis da causa. Agora, financiadas pelo FMI. Já em Guantánamo, os prisioneiros vivem em gaiolas. Os Estados Unidos não dão permissão à ONU de fiscalizar o local. Deveriam, pois, pelos seus conceitos, lá sim tem armas de destruição em massa. Sem mentira. Só que verdade demais ofusca. O ano de 2005 renovou a máxima de Leopardi: o PT mudou tudo para que tudo continuasse igual ao tempo de FHC. Um sucesso.
O ponto negativo de 2005 foi a confirmação de um preconceito elitista: Lulla não sabia (e não sabe) de nada. Só que agora ele admite. Mas não por virtude.
Papai Noel não faz mais diferença entre virtuosos e não-virtuosos. Ainda mais se tratando de políticos. Coloca todos no mesmo saco. Um saco sem fundo nem cor. Afinal, o velhinho não pode fazer escolhas partidárias, pois sua gestão não tem fim. É capaz até de premiar Lulla com um segundo mandato em 2006 como recompensa por ter tratado bem o pessoal do alto. Caso não seja reeleito, Lulla pode tornar-se ele mesmo um Papai Noel. Poderá usar o Kia como financiador dos presentes. Salvo se o preferir como caixa da nova campanha presidencial.
E-mail: juremir@correiodopovo.com.br
Correio do Povo Porto Alegre - RS - Brasil

Para pensar!


CARTA AOS SUICIDAS
SÍSIFO - filho de Éolo e Anarete. Fundou Corinto, onde reinou. Viu Júpiter passar por Corinto conduzindo Egina e contou o fato a Asopo, pai da jovem. Como castigo, Júpiter enviou-lhe a morte. Sísifo entretanto, aprisionou-a, impedindo-a de cumprir sua missão, mas, obrigado por Júpiter, libertou-a e seguiu-a aos infernos. Antes de partir, pediu a sua mulher que não o enterrasse. Chegado ao reino dos mortos, solicitou permissão para voltar à terra e castigar a esposa pelo pretenso ato de impiedade. Plutão consentiu, mas Sísifo não voltou, como havia prometido. Para que não fugisse, foi condenado a uma tarefa: devia rolar uma enorme rocha por uma escarpa. Cada vez que atingia o cume, a rocha caia forçando Sísifo a recomeçar o trabalho. O eterno recomeço presume que houve um fim. Mas o fim não se anunciou, o fim não findou. O fim fingiu, transformou-se, se extraviou entre nós para seguir. Sentimos isto pelo peso das manhãs que se dividem entre o amor e o tédio, entre o álcool e os poemas, entre as promessas de futuro e o passado sempre refeito. Para nós que somos jovens, a verdade é que a águia está em nosso fígado e a pedra em nosso ombro. E é verdade que há desassossego e há um constrangimento amadurecido se entranhando onde o vento voa, sobre o chão que é comum a todos e fervilha. O sol em nós revira e a escuridão não cede. Os panos estão frios e o que estava embaixo deles veio à tona. E a tinta em nosso rosto diz que não houve fim e que os nossos inimigos estão no poder. E vem a lua brilhar nossas unhas de arranhar amuradas, brilhar nossas pernas e nossos pés cor de estrelas. Não estamos, mesmo assim, mais cansados. Saltamos mais uma vez dentro do olho veloz do descentrado ciclone deste fim de século, perseguindo a pegada que deixamos em Petrogrado, Praga e Paris, reinventando nossos caminhos. E vamos fazendo barulho já que nos coube sacudir o pó no imenso tapete da história e varrer o charco frio até onde os olhos alcançam. Damos a mão, em meio à noite, aos pesadelos sem reparos e vamos para junto da pilha dolorosa dos remorsos e dos medos e descemos as escadas que nos levam ao ainda mais escuro, mais sem ar, ao mais instantâneo dos desabrigos: ao crítico desespero que desce da lágrima e se levanta para o assombro. São milhões os que não comem. São milhões os que não podem saber. São milhões os que não sabem, de fato o que está se passando enquanto os políticos tradicionais disseminam o desencanto. E mesmo por isto, é preciso ordenhar esta pedra oca e suas gêmeas tetas que nos são oferecidas antes e depois do túnel, para que algo fisgue nossa consciência crispada e um arrepio irrigue nossa pele quando formos vistos caminhando pela pátria corroída. É nos seus lábios que tocamos, entre a ferrugem da doce e verde saliva brasileira; e são seus olhos que fechamos, hirtos e trêmulos, quando tateamos nas paredes do labirinto oficial. Assim, tudo em nós indica que já basta. A pedra da ordenha, aquela que dá leite talhado e salobro, é a que carregamos às costas como Sísifo. Tudo o que tocamos, derramamos. E o que derramamos não tem remédio e nem remediado está. Pisoteamos não apenas no que resta - nas migalhas dos nosso sonhos e na utopia tênue - mas na possibilidade também dos nossos restos ainda restarem. Da nossa horda, da nossa tribo, surgiu a pele do cordeiro e o corpo do lobo alucinado. Em sua mirada estão os olhos que nos cabem olhar, para entender que o mito da nossa juventude vai transgredir noite à dentro. E vai beber da água proibida. E vai cheirar o céu no espelho. Para encurtar as distâncias enquanto as pedras continuam rolando. É a fome do corpo e do espírito que está nos rondando e a ela se deve uma resposta que todos os calendários rodando não conseguiram dar. Por conta desta fome de sentido, muitos de nós permitiram que seus dias e noites passassem como folhas em branco. Nó na garganta da noite, de braço com o desterro, soluçamos tantas vezes acuados pela dúvida: devemos sentar junto às folhas da relva de Whitmam? Devemos povoar as avenidas? E os cílios cintilantes de nossas amadas, irão dominar nossa fera sem sono? Os que perderam sua juventude, já não se colocam dúvidas. Caíram em uma armadilha aconchegante onde não queriam estar e de onde não podem mais sair. O malogro o suplantou. A mediocridade os nivelou. Olhamos para eles, os burocratas, e vemos que, de perto, eles são normais. Foi por isto que Kurt Cobain cedeu à tentação da pólvora e tudo o que ela impulsiona. Seus acordes de guitarra recortavam o conformismo e não cederam aos padrões da mídia. Kurt Cobain não queria ser transformado em um sonâmbulo e sua estrada recém se anunciava pela poeira de sua voz. A pedra da vida que se ordenha pesou demais sobre seus ombros de Sísifo exaurido. Todos nós levamos às costas, por nós e por todos os que se despedem e se anunciam, o pó, a caliça, o ferimento caloso da experiência, prosseguida e perseguida, sem sabermos por quanto tempo. Desejamos durar enquanto durar a águia e a pedra e isto é só um desejo. Mas o que é maior ou menor que um desejo? Todos nós carregamos os destinos esquecidos, o lamento dos atordoados pássaros abatidos na madrugada, o ranger de dentes nos manicômios, a sinfonia dos ossos nos cárceres, o choro dos homens e das mulheres. Lutar contra esta herança já é o bastante, se somos jovens. Já é um sentido, se temos fome. Quando o poeta russo Sierguéi lessiênin se matou, escreveu com o sangue dos pulsos o poema "Até logo, companheiro". Na última estrofe ele diz: "Adeus amigo, sem mãos nem palavras. /Não faças um sobrolho pensativo/ Se morrer, nesta vida, não é novo/ Tampouco há novidade em estar vivo/." Maiakovsky lhe respondeu dizendo: "É preciso arrancar alegria ao futuro /Nesta vida, morrer não é difícil./ O difícil é a vida e seu oficio." Talvez, para que seja possível prosseguir vivendo, devamos unir os Sísifos de todas as galeras. Estar no PT, lutar por um mundo melhor, compartilhar com tantos outros pulsos o desejo de rolar esta pedra até o cume, para recomeçar tantas vezes quantas forem necessárias, é só uma forma de inventar a vida, de atribuir a ela um sentido radicalmente humano. A todos nós, cabe arrancar a alegriados dias que virão, tornando-a presente e concreta, como a névoa de um bar, como o orvalho sobre a relva, como a primavera em nosso olhos.
Marcos Rolim - 1998

John Lennon

Ele compôs músicas dizendo coisas como: “estou enojado de ouvir gente hipócrita, míope e estreita, só o que eu quero é a verdade; dê-me apenas alguma verdade. Estou farto de ler coisas de políticos neuróticos, psicóticos, teimosos. Nenhum covarde filho de Richard Nixon com cabelinho curto vai me fazer engolir histórias da carochinha” (Gimme Some Truth). Mandou bala em canções como Born in a Prison, dizendo: “a madeira torna-se uma flauta quando é amada, chega a ti e aos teus esgotados companheiros; um espelho torna-se uma navalha quando partido; olha no espelho e vê teu destino despedaçado” ou, como em Working Class Hero: “Te ofendem em casa e te batem na escola, te odeiam se és inteligente e te desprezam se és um tolo”. Era um inglês, talvez o único entre os ingleses, capaz de escrever: “se tivesses a sorte dos irlandeses, irias sentir muito e desejarias estar morto; devias ter a sorte dos irlandeses e, no lugar deles, desejarias ser inglês. Porque diabos estão lá os ingleses? E como matam com Deus ao seu lado! Culpam os garotos e os caras do IRA; e os bastardos cometem genocídio” (The Luck of The Irish), ou: “vocês, porcos ingleses e escoceses, mandados colonizar o norte; vocês têm sua sangrenta bandeira do Reino Unido, e sabem a que preço. Como se atreveram a manter como refém um povo orgulhoso e livre? Deixem a Irlanda para os irlandeses, atirem os ingleses ao mar!” (Sunday, Bloody Sunday). E, ao lado dos versos cáusticos, outros de um lirismo comovente como: “Antes de atravessares a rua, me dá tua mão. A vida é o que te acontece enquanto estás ocupado fazendo outros planos” (Beautiful Boy) ou “somos todos águas de rios diferentes e é por isso que é tão fácil que a gente se encontre, somos todos água neste vasto, vasto oceano. Um dia, iremos evaporar juntos (We’re All Water).Ele se chamava John Lennon. Foi assassinado por um maluco com uma pistola, dentro de um país maluco onde se imagina que ter uma arma de fogo é um direito. Foi um gênio e, possivelmente, a liderança mais carismática do mundo pop. Lutou pelos Direitos Humanos, defendeu as mulheres, os negros, os índios, as minorias. Denunciou massacres em prisões norte-americanas, zombou dos políticos e do Papa, fez campanhas pela paz, organizou protestos contra a guerra do Vietnam e compôs músicas lindas que seguirão sendo escutadas por muito tempo. Foi sincero, ingênuo, irônico, agressivo, frágil, contraditório, apaixonado, ciumento, encantador, radicalmente humano. Milhões de pessoas em todo o mundo se lembraram de Lennon esta semana, aos 25 anos de sua morte. Muitas delas carregam sua memória como uma tatuagem na alma e transformaram suas canções em hinos. Talvez porque John Lennon seja a trilha sonora dos sonhos mais generosos que produzimos: a paz e o respeito pelas pessoas. Quando choramos sua morte, é a distância destes sonhos o que choramos.

Pérolas do ensino


Correções do vestibular 2005 da PUC-Rio de Janeiro
1. O bem star dos abtantes endependente de roça, religião, sexo e vegetarianos,está preocupan-do-nos;
:2. Entres os índios de América, destacam-se os aztecas, os incas, os maios, os pirineus, os phenícios, egipcios, facistas...
:3. A História se divide em 4: Antiga, Média, Moderna e Momentânea, esta, a dos nossos dias.
:4. Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que aumenta;
:5. Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola;
:6. Sobrevivência de um aborto vivo (título de uma redação);
:7. É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas pessoas, de nível municipal, estadual e federal;
:8. Também preoculpa o avanço regressivo da violência;
:9. Resposta a uma pergunta: "Esta não cei".
:10. O Hino Nacional Francês se chama La Mayonèse...
:11. Tiradentes, depois de morto, foi decapitulado.
:12. O Brasil é um País abastardo com um futuro promissório parece que confusório e preocupatório também;
:13. O maior matrimônio do País é a educação;
:14.Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.
: 15. Resposta à pergunta: "Que entende por helenização? "Não entendo nada"
: 16. No começo os índios eram muito atrazados mas com otempo foram se sifilizando.
:17. Entre os povos orientais os casamentos eram feitos "no escuro" e os noivos só se conheciam na hora h.
: 18. Então o governo precisou contratar oficiais para fortalecer o exército da marinha.
: 19. No tempo colonial o Brasil só dependia do café e de outros produtos extremamente vegetarianos.
:
20. A capital de Portugal é Luiz Boa.
: 21. A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.
:22. O Brasil é um país muito aguado pela chuva, senão veja a Amazônia...
:23. Na América do Norte tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro cimentadas.
:24 Oceano é onde nasce o Sol; onde ele nasce é o nascente, e onde desce, é o decente.
: 24. Na América Central há países como a República do Minicana.
:25. A Terra é um dos planetas mais conhecidos no mundo e suas constelações servem para esclarecer a noite.
: 26. As principais cidades da América do Norte são Argentina e Estados Unidos.
:27. Expansivas são as pessoas tangarelas.
:28.O clima de São Paulo é assim: quando faz frio é inverno; Quando faz calor é verão; quando tem flores é primavera; quando tem frutas é outono e quando chove é inundação."
:
Tomado de empréstimo do
Blog da Santa

domingo, 4 de dezembro de 2005

CUIDADO!

01/12/2005
Paixão dura apenas um ano

-->Mais uma má notícia para os corações apaixonados. Esse estado de paixão absoluta, romance e encantamento realmente dura pouco, um ano para ser mais exato. Pesquisadores da Universidade de Pavia, na Itália, apresentaram essa semana os resultados da medição de uma proteína da família das neurotrofinas que está ligada às sensações de euforia e dependência típicos do início de relacionamentos amorosos. Segundo o estudo, os níveis dessa proteína dão um salto no começo de um relacionamento, mas sua concentração na corrente sangüínea volta completamente ao normal depois de um ano, com o fim (ou a diminuição) da paixão.A pesquisa foi realizada com três grupos de 58 pessoas separadas por tipo de relacionamento. O primeiro deles foi o dos "recém-apaixonados", que registrou a maior variação nos níveis da proteína. Nos outros grupos, ficaram as pessoas solteiras e com relacionamentos longos, que registraram níveis médios e praticamente invariáveis da proteína durante o ano da pesquisa. Os pesquisadores acreditam que estejam próximos de entender as ferramentas bioquímicas que determinam comportamentos como esse, mas ressaltam que ainda são necessárias novas pesquisas para compreender o real papel dessas proteínas na vida cotidiana.
REVISTA GALILEU