quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pedido precoce a Noel

Quando chega o mês de outubro - que já está aí – é chegado o momento daquela incrível sensação. A de que a areia da ampulheta já se esvaiu para a âmbula inferior do cilindro e que, sim, o ano já está terminando!

Vem tudo outra vez por aí, leitor: Natal, Réveillon, Carnaval… Parece que os minutos e as horas deste terceiro milênio fluem com rapidez meteórica, muito além da velocidade do som e da luz. Assim, a curtíssimo prazo, estaremos todos tão velhos quanto Papai Noel e sua proverbial barba branca.

A esta altura do ano, antevéspera de mais um Natal, repousam sobre a escrivaninha do morador da Lapônia todos os pedidos do Mundo, especialmente o das crianças, que ainda acreditam na lenda do Bom Velhinho¿ crença que me esforço por manter no meu viveiro de sonhos.

O planeta já anda infestado de tantos bandidos e terroristas, tanta gente de ¿ficha suja¿, que não custa nada acreditarmos um pouco na existência do Bem.

Admito que tem sido difícil acreditar naquela antiga efígie do Noel, com a rotunda pança e o imenso cinto afivelado no umbigo de notável circunferência. Os Noéis de hoje já se rendem à ditadura do Mercado: panças são antiestéticas e os ¿velhinhos¿ que aparecem na mídia tanto podem vestir a ¿personna¿ do ator Rodrigo Santoro, com sua cintura de toureiro andaluz, quanto o tórax sarado de um lutador de MMA, a Mixed Martial Arts.

Sou conservador, meu bom velhinho. Não aceito Papai Noel magro, embora não reclame se ele aparecer vestido de azul ¿ e por um motivo muito simples: a permanência do Avaí na Série A do Brasileirão.

O que é que custaria ao bom pançudo, rotundo e corado, tomar esta prosaica providência futebolística, que em nada afetará a ordem natural das coisas? O azurra do sul da Ilha não está usurpando o lugar de ninguém. A ¿A¿ é o seu lugar por direito e por conquista. Cair é contingência de um mau ¿ para falar a verdade, um péssimo momento em sua vida de glórias. Um momento efêmero, Papai Noel. O que é que custa dar uma forcinha para que o Leão continue onde sempre mereceu estar?

Noelzinho: molho o grafite nos lábios, como se fazia antigamente com os lápis da ¿Joahann Faber¿, e capricho na letra, desenhando-a em bom tamanho, para prevenir o caso de estares com a ¿vista fraca¿, embora acredite que essa tua formidável pança reflita um estado de saúde próximo da perfeição.

Muito me apaziguaria o espírito, meu bom Noel, se os Governos do Estado e do Município dedicassem um mínimo de carinho à Santa Catarina e à sua capital, providenciando-lhes alguns presentes pra lá de ¿necessários¿: o novo aeroporto internacional, a quarta ponte Ilha-Continente e…, sim, não é engano ou papel carbono, a conclusão da duplicação da BR-101!

Sei que é pedir demais, mas não daria para patrocinares uma boa [vassourada] nas duas casas do Congresso e ali na Esplanada dos Ministérios?

Talvez sejam pedidos de delirante pretensão – e de improvável viabilidade. Mas não conheço outro sujeito, meu caro Papai Noel, que tenha por missão nesta vida circular por aí com o próprio saco cheio – distribuindo regalos e esperanças.

Passo uma cola labial no envelope e subscrevo o endereço da Lapônia, onde mora esse tão requisitado companheirão da Barba Branca:

- Não dá pra atender este rapaz pequeno que humildemente vos escreve?


Sérgio da Costa Ramos

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