Navegando pela Internet, como me ocorre de vez em quando, uma dúvida assolou meu cérebro irrequieto e curioso. Qual será o grande barato destes sítios de relacionamento? (Parece estranho, mas prefiro assim mesmo, em Português: sítio, em vez de site)... Por que uma pessoa expõe sua vida, deixando claras suas características e sua personalidade através de fotos, descrição de perfis e comunidades virtuais?
O ser humano é originalmente social, precisa viver em comunidade, relacionando-se com seus semelhantes, pena que estas relações, por vezes não são pacíficas... Provavelmente, estas característica foram remetidas para o mundo virtual, portanto, estamos diante da versão cibernética do relacionamento humano, com um detalhe: não existe olho no olho, abraço, carinho... Só palavras, que podem ser digitadas sem compromisso com a ética, ou com a reação imediata do interlocutor...
Apesar de ser a cópia da vida real, os sítios de relacionamento não conseguem melhorar as relações humanas, pois aproximam as distâncias, mas distanciam as proximidades. Quase ninguém mais recebe correspondências de próprio punho em datas especiais, só se vê cartões virtuais padronizados, enviados com um clic... Isso mesmo, pouquíssimas pessoas reservam um tempo para escrever palavras originais num cartão personalizado com um envelope caprichado a fim de presentear uma pessoa especial numa data especial... Ou seja, a maioria dos seres humanos tornou-se virtual, não reserva tempo para pensar e escrever o que realmente sente, ou o que realmente deseja para alguém marcante em sua vida...
Tenho dois perfis no Orkut, um deles já alcançou o limite máximo de mil amigos, o que me obrigou a criar um novo perfil. Quase todo dia recebo mensagens, porém poucas me revelam sinceridade. A maioria delas remete a alguma corrente imbecil que se eu quebrá-la, alguma coisa de mal vai me acontecer... Incrível! Acho que sou uma exceção, pois sempre apago todas as mensagens deste tipo sem encaminhá-las e até hoje não tive os sete anos de azar nem perdi nada que a corrente prometeu, só a chance de ter meu perfil copiado por algum pirata virtual que usá-lo-á para fins, não muito éticos...
Pois bem, fiz aniversário em dezembro e resolvi testar a qualidade da relação com meus amigos virtuais... Daquele perfil com mil amigos, tive cento e quarenta mensagens de felicitações por esta data tão importante, o que pelos meus cálculos, corresponde a catorze por cento dos meus amigos que clicaram em meu perfil na lista dos aniversariantes. Computando somente as mensagens originais, ou seja, aquelas em que meus amigos usaram o coração e o teclado em vez do ratinho ao lado do computador para clicar em uma mensagem pronta e enviar, este número baixa para quarenta e três, 4,3 por cento... Destes, além do recado no orkut, três pessoas me mandaram SMS, duas me ligaram e uma veio pessoalmente me dar um abraço... Quero deixar claro que não estou contando aqui aqueles amigos que encontrei por acaso, os familiares, alunos e os colegas de trabalho que inevitavelmente me encontraram durante o dia... A pessoa em questão se deslocou exclusivamente para me desejar felicidades com um abraço de “parabéns”... Lógico que o deslocamento não prova a verdadeira amizade, mas é uma grande pista dela...
Concluo que, de mil amigos virtuais, tenho só um físico e real que estará a meu lado em qualquer circunstância. Um resultado lastimável que reflete a realidade das relações humanas difundidas pela tal globalização que nos permite interagir com o planeta inteiro em tempo real, porém 0,1 por cento cultiva a verdadeira amizade, tão escassa na vida moderna...
Márcio Roberto Goes
www.marciogoes.com.br
O ser humano é originalmente social, precisa viver em comunidade, relacionando-se com seus semelhantes, pena que estas relações, por vezes não são pacíficas... Provavelmente, estas característica foram remetidas para o mundo virtual, portanto, estamos diante da versão cibernética do relacionamento humano, com um detalhe: não existe olho no olho, abraço, carinho... Só palavras, que podem ser digitadas sem compromisso com a ética, ou com a reação imediata do interlocutor...
Apesar de ser a cópia da vida real, os sítios de relacionamento não conseguem melhorar as relações humanas, pois aproximam as distâncias, mas distanciam as proximidades. Quase ninguém mais recebe correspondências de próprio punho em datas especiais, só se vê cartões virtuais padronizados, enviados com um clic... Isso mesmo, pouquíssimas pessoas reservam um tempo para escrever palavras originais num cartão personalizado com um envelope caprichado a fim de presentear uma pessoa especial numa data especial... Ou seja, a maioria dos seres humanos tornou-se virtual, não reserva tempo para pensar e escrever o que realmente sente, ou o que realmente deseja para alguém marcante em sua vida...
Tenho dois perfis no Orkut, um deles já alcançou o limite máximo de mil amigos, o que me obrigou a criar um novo perfil. Quase todo dia recebo mensagens, porém poucas me revelam sinceridade. A maioria delas remete a alguma corrente imbecil que se eu quebrá-la, alguma coisa de mal vai me acontecer... Incrível! Acho que sou uma exceção, pois sempre apago todas as mensagens deste tipo sem encaminhá-las e até hoje não tive os sete anos de azar nem perdi nada que a corrente prometeu, só a chance de ter meu perfil copiado por algum pirata virtual que usá-lo-á para fins, não muito éticos...
Pois bem, fiz aniversário em dezembro e resolvi testar a qualidade da relação com meus amigos virtuais... Daquele perfil com mil amigos, tive cento e quarenta mensagens de felicitações por esta data tão importante, o que pelos meus cálculos, corresponde a catorze por cento dos meus amigos que clicaram em meu perfil na lista dos aniversariantes. Computando somente as mensagens originais, ou seja, aquelas em que meus amigos usaram o coração e o teclado em vez do ratinho ao lado do computador para clicar em uma mensagem pronta e enviar, este número baixa para quarenta e três, 4,3 por cento... Destes, além do recado no orkut, três pessoas me mandaram SMS, duas me ligaram e uma veio pessoalmente me dar um abraço... Quero deixar claro que não estou contando aqui aqueles amigos que encontrei por acaso, os familiares, alunos e os colegas de trabalho que inevitavelmente me encontraram durante o dia... A pessoa em questão se deslocou exclusivamente para me desejar felicidades com um abraço de “parabéns”... Lógico que o deslocamento não prova a verdadeira amizade, mas é uma grande pista dela...
Concluo que, de mil amigos virtuais, tenho só um físico e real que estará a meu lado em qualquer circunstância. Um resultado lastimável que reflete a realidade das relações humanas difundidas pela tal globalização que nos permite interagir com o planeta inteiro em tempo real, porém 0,1 por cento cultiva a verdadeira amizade, tão escassa na vida moderna...
Márcio Roberto Goes
www.marciogoes.com.br
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