Gabriel Perissé
É opinião que “pega bem” em certos ambientes ser contra o número (considerado excessivo) de feriados brasileiros, em particular quando permitem emendas e feriadões. Recentemente, tivemos os dias 2 e 15 de novembro (o primeiro numa quinta-feira, o outro numa quarta), e, em vários municípios (sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro), o feriado em homenagem ao dia da Consciência Negra: 20 de novembro, segunda-feira. Já li em blogs e em cartas de leitores de diferentes jornais comentários do gênero: como poderá o país crescer com essa quantidade absurda de feriados? E, afinal, para que feriados religiosos que perderam sua significação original? Por acaso o Corpus Christi justifica um dia inteiro sem trabalho, os bancos fechados, a interrupção das aulas em escolas e faculdades, já que a maioria (incluindo muitos católicos) não irá celebrar a data eucarística? E será que nas casas brasileiras, no dia 7 de setembro, todos se levantam ávidos para ouvir o Hino Nacional, comovidos com a lembrança desta data? E na data comemorativa da Proclamação da República, será que o nosso coração bate mais forte? Os temas que motivam os feriados sempre despertam algumas pautas. A questão do racismo foi abordada na mídia por ocasião do último 20 de novembro. Questões em torno de reivindicações salariais costumam surgir por volta do 1º de maio, jornada em que os trabalhadores não trabalham para valorizar o trabalho... Feriados são ruins? Desconfio que até mesmo aqueles que tanto reclamam dos feriados valem-se desses dias sem atividade para esquecer os compromissos, descansar, passear, viajar. Queixam-se “patrioticamente”, mas no fundo querem curtir aquelas 24 horas de folga, fazendo tudo o que fazem os “vagabundos” que todos somos nesses dias. No dia 12 de outubro, por exemplo, afora os que se dedicam à devoção de Nossa Senhora Aparecida, todos nós aproveitamos é para fazer esporte, ir ao churrasco na casa do amigo, dormir umas horas a mais... A defesa dos feriados pode e deve ser feita, se pensarmos na sua essência. Feriado é dia de festejar. Não se trata de um momento de descanso, apenas. Feriado é bom. É ocasião para conviver com a família, para entender que um povo tem “aniversários” a comemorar. É ocasião real para refletir sobre a idéia e os valores que estão “dentro” da data. Todo feriado é dia de tomar consciência. Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor. Web Site: www.perisse.com.br
É opinião que “pega bem” em certos ambientes ser contra o número (considerado excessivo) de feriados brasileiros, em particular quando permitem emendas e feriadões. Recentemente, tivemos os dias 2 e 15 de novembro (o primeiro numa quinta-feira, o outro numa quarta), e, em vários municípios (sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro), o feriado em homenagem ao dia da Consciência Negra: 20 de novembro, segunda-feira. Já li em blogs e em cartas de leitores de diferentes jornais comentários do gênero: como poderá o país crescer com essa quantidade absurda de feriados? E, afinal, para que feriados religiosos que perderam sua significação original? Por acaso o Corpus Christi justifica um dia inteiro sem trabalho, os bancos fechados, a interrupção das aulas em escolas e faculdades, já que a maioria (incluindo muitos católicos) não irá celebrar a data eucarística? E será que nas casas brasileiras, no dia 7 de setembro, todos se levantam ávidos para ouvir o Hino Nacional, comovidos com a lembrança desta data? E na data comemorativa da Proclamação da República, será que o nosso coração bate mais forte? Os temas que motivam os feriados sempre despertam algumas pautas. A questão do racismo foi abordada na mídia por ocasião do último 20 de novembro. Questões em torno de reivindicações salariais costumam surgir por volta do 1º de maio, jornada em que os trabalhadores não trabalham para valorizar o trabalho... Feriados são ruins? Desconfio que até mesmo aqueles que tanto reclamam dos feriados valem-se desses dias sem atividade para esquecer os compromissos, descansar, passear, viajar. Queixam-se “patrioticamente”, mas no fundo querem curtir aquelas 24 horas de folga, fazendo tudo o que fazem os “vagabundos” que todos somos nesses dias. No dia 12 de outubro, por exemplo, afora os que se dedicam à devoção de Nossa Senhora Aparecida, todos nós aproveitamos é para fazer esporte, ir ao churrasco na casa do amigo, dormir umas horas a mais... A defesa dos feriados pode e deve ser feita, se pensarmos na sua essência. Feriado é dia de festejar. Não se trata de um momento de descanso, apenas. Feriado é bom. É ocasião para conviver com a família, para entender que um povo tem “aniversários” a comemorar. É ocasião real para refletir sobre a idéia e os valores que estão “dentro” da data. Todo feriado é dia de tomar consciência. Gabriel Perissé é doutor em educação pela USP e escritor. Web Site: www.perisse.com.br
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