domingo, 3 de agosto de 2008

Urge prever o futuro

Os estrategistas políticos norte-americanos admitem abertamente a possibilidade de uma guerra com a China nos próximos vinte e cinco anos. No Pentágono, os estrategistas militares estão examinando todas as hipóteses e meios de neutralizar a grande vantagem chinesa em qualquer conflito armado em que o país venha a se engajar: sua imensa população.

Obviamente, os chineses sabem disso e já mobilizaram seus estrategistas militares para encontrar formas de utilizar essa vantagem contra os norte-americanos.

Há alguns anos atrás, a França reestruturou suas forças armadas a fim de estar preparada para enfrentar conflitos armados distintos dos que havia enfrentado em tempos passados. Alemanha, Japão, Rússia e uma dezena de países desenvolvidos estão fazendo o mesmo.

O mundo mudou completamente e não havia como tamanha mudança deixar de influir na técnica da guerra.

Até o governo brasileiro já se preocupou com o assunto. O recém criado Ministério do Planejamento Estratégico tem a missão de fazer previsões a respeito de cenários geopolíticos futuros. A burguesia brasileira quer saber como se posicionar para colocar-se bem nas futuras conjunturas.

E os partidos de esquerda?

Que esforço estão fazendo para prever o que os cenários futuros poderão significar em termos de perspectivas de desenvolvimento da luta socialista contra o regime capitalista brasileiro? Que passos estão dando para montar estruturas que possibilitem a realização de tais previsões?

Se o horizonte de atuação desses partidos durante o ano não ultrapassar o prazo da eleição seguinte à que acabou de disputar, com toda certeza, eles se verão na mesma situação em que se encontrou a esquerda brasileira nas ocasiões em que surgiram crises de governabilidade facilmente transformáveis em situações pré-revolucionárias. Nessas esquinas da história, se os partidos da esquerda estivessem devidamente inseridos na massa popular e devidamente capacitados para interpretar rapidamente as situações de enfraquecimento do poder burguês, e prontos para agir com celeridade e decisão, o processo da revolução brasileira estaria muito adiantado.

Situações deste tipo ocorreram em 1954 e em 1964. Terminaram ambas em reforço da direita, por falta, em ambas as ocasiões, de partidos aptos a entender o que estava acontecendo diante dos seus olhos e a oferecer um norte para a massa popular sublevada.

Forças políticas e sociais incapazes de protagonizar a história serão sempre condenadas a sofrê-la.
Editorial do Correio da Cidadania

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