Ouvi reclamações a respeito de minhas crônicas, dizendo que só escrevo sobre pobreza (referem-se ao meu personagem favorito: João dos Sonhos Azuis... “miseravinho”). Atendendo a pedidos, aqui vai um texto de rico (ou quase!...)
Tavares é um renomado e bem sucedido empresário, desses que sobem na vida pisando nos sonhos azuis do João... Ele e sua esposa carregam o orgulho de não deixar faltar nada e sempre dar uma “boa” educação de colégio particular (e caro...) a seu filho único: o Thobias (rico só tem um filho, quando muito dois, para evitar disputa na herança)...
Seu filho adolescente e ele raramente se encontram. Não há tempo para “balelas”... É preciso lutar pelo futuro da empresa, preocupar-se com a alta e baixa do dólar, o movimento da bolsa de valores, exportação e importação, compra de matéria-prima, marketing... Por isso resolveu terceirizar a educação de seu rebento, que tem tudo no próprio quarto: TV a cabo, aparelho de som, telefone celular com câmera digital, computador conectado à Internet, e até uma cama para descansar desta rotina... Vai e volta da escola com motorista particular, que junto com a faxineira e a cozinheira, são seus confidentes, além do cãozinho São Bernardo nos fundos da casa, próximo à piscina.
À noite, Tavares se prepara para dormir tranqüilo com sua esposa na suíte e Thobias navega na Internet, que não julga, nem questiona e dá a ele a devida atenção que qualquer adolescente necessita e merece.
- Nosso filho anda muito rebelde! - Comenta a mãe apagando o abajur, acomodando-se debaixo do cobertor térmico e da colcha de cetim.
- Seu filho precisa de ajuda especializada. Já ligou para o psicólogo dele?
- Não! Achei melhor, desta vez, vocês terem uma conversa franca, primeiro...
No dia seguinte, Tavares libera dez minutos de seu precioso tempo para o Thobias... Entra no quarto dele e o encontra estático, imóvel e “crescido” diante do computador, senta-se na cama, que só está arrumada graças à camareira, dizendo admirado:
- Thobi, meu filho!... Como você cresceu!
- Aí!... Ó o kara! Keria que eu fikc sempri do mesmu tamanhu?...
- Preciso ter uma conversa franca com você, de pai pra filho...
- Q q tá pegando?
- Quero conhecê-lo melhor, saber de sua vida, seus sonhos, seus objetivos... Como vai a escola?... Quem são seus amigos?... Quais os seus gostos?...
- Pô véio! È só issu? Entra no meu orkut!...
Márcio Roberto Goes
www.marciogoes.com.br
Me add... blz?
Tavares é um renomado e bem sucedido empresário, desses que sobem na vida pisando nos sonhos azuis do João... Ele e sua esposa carregam o orgulho de não deixar faltar nada e sempre dar uma “boa” educação de colégio particular (e caro...) a seu filho único: o Thobias (rico só tem um filho, quando muito dois, para evitar disputa na herança)...
Seu filho adolescente e ele raramente se encontram. Não há tempo para “balelas”... É preciso lutar pelo futuro da empresa, preocupar-se com a alta e baixa do dólar, o movimento da bolsa de valores, exportação e importação, compra de matéria-prima, marketing... Por isso resolveu terceirizar a educação de seu rebento, que tem tudo no próprio quarto: TV a cabo, aparelho de som, telefone celular com câmera digital, computador conectado à Internet, e até uma cama para descansar desta rotina... Vai e volta da escola com motorista particular, que junto com a faxineira e a cozinheira, são seus confidentes, além do cãozinho São Bernardo nos fundos da casa, próximo à piscina.
À noite, Tavares se prepara para dormir tranqüilo com sua esposa na suíte e Thobias navega na Internet, que não julga, nem questiona e dá a ele a devida atenção que qualquer adolescente necessita e merece.
- Nosso filho anda muito rebelde! - Comenta a mãe apagando o abajur, acomodando-se debaixo do cobertor térmico e da colcha de cetim.
- Seu filho precisa de ajuda especializada. Já ligou para o psicólogo dele?
- Não! Achei melhor, desta vez, vocês terem uma conversa franca, primeiro...
No dia seguinte, Tavares libera dez minutos de seu precioso tempo para o Thobias... Entra no quarto dele e o encontra estático, imóvel e “crescido” diante do computador, senta-se na cama, que só está arrumada graças à camareira, dizendo admirado:
- Thobi, meu filho!... Como você cresceu!
- Aí!... Ó o kara! Keria que eu fikc sempri do mesmu tamanhu?...
- Preciso ter uma conversa franca com você, de pai pra filho...
- Q q tá pegando?
- Quero conhecê-lo melhor, saber de sua vida, seus sonhos, seus objetivos... Como vai a escola?... Quem são seus amigos?... Quais os seus gostos?...
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Márcio Roberto Goes
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