Por Daniel Brito
Os primeiros meses do mandato de Fernando Henrique Cardoso na presidência surpreenderam aqueles que esperava ver um professor de sociologia colocando em prática tudo que pregara em teses, dissertações, aulas, livros e discursos lá pelos idos das décadas de 1960 e 1970.
De um sociólogo, da 'social democracia brasileira', esperava-se um mandato voltado ao social. Mas não foi bem isso o que rolou.
FHC tem seus méritos, mas extingüir a presença do estado em determinados setores, entregá-los (esses setores) ao capital privado, massacrar a classe média e baixa com mais e mais tributos, fizeram os jornalistas questionarem FHC sobre seu passado teórico.
Eis que o ex-presidente respondeu:
"Esqueçam o que eu escrevi".
Não estou aqui para atacar PSDB, nem defender a política assistencial-esmoléu do atual governo, apenas fazendo uma apresentação ao tema principal deste post.
Vamos trazer a história para um contexto muito mais próximo da nossa realidade. Quando FHC disse o que disse, ele colocou na boca dos chefes (no nosso caso, na redação) tudo o que eles precisavam para esquecer que um dia foram repórteres.
É, tudo bem, nem todo editor foi repórter um dia, mas a carreira dele teve um início e nessa época ele tinha um chefe, no mínimo.
Só pode ser esse o motivo pelo qual os chefes perdem o senso de realidade do cotidiano de um repórter para pedir as coisas mais esdrúxulas do mundo.
Para não comprometer muito, vamos transformar nossa história em uma metáfora futebolística.
Seria algo como se um treinador de um time de futebol falasse:
"Quero que você seja o artilheiro do time. Vai aparecer na hora que a gente mais precisar, tá bom? Quando tiver um escanteio, você mete a bola na área e corre para cabecear. Confio em você, garotinho"
O treinador se esquece que para bater BEM o escanteio na área, é preciso treinar por horas, dias; é preciso repetir o movimento centenas de vezes em dia de jogo, inclusive. O pior é que o comandante se esquece, também, que o jogador só pode bater o escanteio ou só pode cabecear. Mesmo que o time todo seja de baixinhos, o cobrador não pode fazer nada a não ser meter a bola na área e torcer para que um anão, companheiro de equipe, suba mais alto que a zaga adversária e complete para as redes.
E se o cobrador inventar de dizer que é humanamente impossível bater e correr para área, ele passará por um belo de um constragimento perante os companheiros porque o treinador, nos tempos em que era jogador, costumava fazer isso muito bem.
Com um detalhe: "naquela não existia o Google, hein?".
E o pobre do jogador tem que ouvir aquilo e consentir, mesmo sabendo que não passa de uma grande e mal feita lorota.
Cinco anos após me formar em jornalismo, 13 anos após desempenhar a função jornalística pela primeira vez, fico pensando se algum dia eu me tornasse treinador eu cometeria esse descalabro de pedir para esquecer tudo que escrevi e daria tais orientações aos meus comandados?
Bueno, não há sinal algum de que serei editor um dia...ops, perdão, "treinador". Nem tenho essa pretensão, by the way.
Mas encerro esse texto com algumas certezas:
- É muito mais fácil ser chefe só para cobrar.
- Não se tem registro de um jogador (a não ser Didi, num de seus filmes duas décadas atrás) que tenha consiguido marcar um gol batendo o corner e chegando na área para cabecear.
- A chefia jamais vai deixar de pedir por esta jogada. Jamais.
- Fui contaminado (em parte) pelo colaborador Jorge Wilstermann.
Os primeiros meses do mandato de Fernando Henrique Cardoso na presidência surpreenderam aqueles que esperava ver um professor de sociologia colocando em prática tudo que pregara em teses, dissertações, aulas, livros e discursos lá pelos idos das décadas de 1960 e 1970.
De um sociólogo, da 'social democracia brasileira', esperava-se um mandato voltado ao social. Mas não foi bem isso o que rolou.
FHC tem seus méritos, mas extingüir a presença do estado em determinados setores, entregá-los (esses setores) ao capital privado, massacrar a classe média e baixa com mais e mais tributos, fizeram os jornalistas questionarem FHC sobre seu passado teórico.
Eis que o ex-presidente respondeu:
"Esqueçam o que eu escrevi".
Não estou aqui para atacar PSDB, nem defender a política assistencial-esmoléu do atual governo, apenas fazendo uma apresentação ao tema principal deste post.
Vamos trazer a história para um contexto muito mais próximo da nossa realidade. Quando FHC disse o que disse, ele colocou na boca dos chefes (no nosso caso, na redação) tudo o que eles precisavam para esquecer que um dia foram repórteres.
É, tudo bem, nem todo editor foi repórter um dia, mas a carreira dele teve um início e nessa época ele tinha um chefe, no mínimo.
Só pode ser esse o motivo pelo qual os chefes perdem o senso de realidade do cotidiano de um repórter para pedir as coisas mais esdrúxulas do mundo.
Para não comprometer muito, vamos transformar nossa história em uma metáfora futebolística.
Seria algo como se um treinador de um time de futebol falasse:
"Quero que você seja o artilheiro do time. Vai aparecer na hora que a gente mais precisar, tá bom? Quando tiver um escanteio, você mete a bola na área e corre para cabecear. Confio em você, garotinho"
O treinador se esquece que para bater BEM o escanteio na área, é preciso treinar por horas, dias; é preciso repetir o movimento centenas de vezes em dia de jogo, inclusive. O pior é que o comandante se esquece, também, que o jogador só pode bater o escanteio ou só pode cabecear. Mesmo que o time todo seja de baixinhos, o cobrador não pode fazer nada a não ser meter a bola na área e torcer para que um anão, companheiro de equipe, suba mais alto que a zaga adversária e complete para as redes.
E se o cobrador inventar de dizer que é humanamente impossível bater e correr para área, ele passará por um belo de um constragimento perante os companheiros porque o treinador, nos tempos em que era jogador, costumava fazer isso muito bem.
Com um detalhe: "naquela não existia o Google, hein?".
E o pobre do jogador tem que ouvir aquilo e consentir, mesmo sabendo que não passa de uma grande e mal feita lorota.
Cinco anos após me formar em jornalismo, 13 anos após desempenhar a função jornalística pela primeira vez, fico pensando se algum dia eu me tornasse treinador eu cometeria esse descalabro de pedir para esquecer tudo que escrevi e daria tais orientações aos meus comandados?
Bueno, não há sinal algum de que serei editor um dia...ops, perdão, "treinador". Nem tenho essa pretensão, by the way.
Mas encerro esse texto com algumas certezas:
- É muito mais fácil ser chefe só para cobrar.
- Não se tem registro de um jogador (a não ser Didi, num de seus filmes duas décadas atrás) que tenha consiguido marcar um gol batendo o corner e chegando na área para cabecear.
- A chefia jamais vai deixar de pedir por esta jogada. Jamais.
- Fui contaminado (em parte) pelo colaborador Jorge Wilstermann.
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