O “oba-oba” com Obama faz sentido. Mas, toda sua simpatia está a serviço da ditadura perfeita que domina os Estados Unidos.
Barack Obama é o candidato dos sonhos de qualquer marqueteiro. Negro, jovem, bonito, inteligente, fala bem, e tem até antepassados muçulmanos. Não à toa, boa parte da grande mídia mundial o elegeu como seu queridinho. Os efeitos já se fazem sentir.
Em junho, foi feita uma pesquisa sobre o grau de preferência entre Obama e John McCain em 24 países, incluindo o Brasil. Os consultados disseram confiar mais em Obama. Na França, o democrata tem 84% de opinião favorável; 76%, na Alemanha; 72%, na Espanha e 58%, no Brasil.
Na Itália, a editora da Vogue disse que a idéia de lançar em julho a primeira "Edição Negra" da revista veio em parte por causa do avanço da candidatura de Obama. Em Berlim, ele atraiu uma multidão de 200 mil. No Brasil, boa parte da grande mídia já não consegue esconder seu entusiasmo.
Tudo isso não acontece sem motivo. Obama tem um perfil tão radical para o eleitorado americano que a maioria não enxerga o conteúdo conservador de suas posições. Isso lhe permite fazer declarações para acalmar os conservadores, sem perder a simpatia de boa parte da esquerda. Lembra o atual presidente brasileiro, que usa sua origem operária para tomar as atitudes mais contraditórias. Como ele, Obama é um verdadeiro achado político. E mercadológico.
Muitos o consideram um novo John Kennedy. Não é bem um elogio. Afinal, Kennedy iniciou a Guerra do Vietnã, tentou invadir Cuba e criou a “Aliança para o Progresso” para infiltrar agentes estadunidenses nos países latino-americanos. Isso é só uma parte de uma ficha nada limpa.
Diga-se em seu favor que Obama não está escondendo o jogo. Ele já declarou, por exemplo, que a cidade de Jerusalém deve ser capital indivisível de Israel. Uma proposta que vai contra uma resolução da ONU que prevê domínio palestino para a parte leste da cidade.
Outra declaração de Obama que não deixa dúvidas: “Um Irã nuclear seria uma grave ameaça, e o mundo precisa impedir o Irã de obter a arma nuclear”. Mais uma: “Penso que tinham provas suficientes”, ao ser perguntado se concordava com um ataque aéreo israelense a um reator nuclear da Síria, em setembro de 2007.
Mas, ninguém dá bola para as palavras de Obama. O que vale é sua estampa e palavras-de-ordem. Diante disso, seu adversário republicano fica com dificuldades de se diferenciar. E perde de longe para o carisma de seu concorrente. Se Obama for eleito, seu maior feito será a confirmação do funcionamento perfeito da ditadura de classe que vigora nos Estados Unidos desde sua fundação.
O que pouca gente sabe fora dos Estados Unidos é que as eleições norte-americanas são indiretas. Os eleitores indicam representantes. Esses representantes, chamados delegados, compõem um colégio eleitoral. Cada estado tem direito a um número de vagas no colégio, de acordo com o tamanho de sua população. Ou seja, os Estados maiores possuem mais lugares.
Para participar da indicação é preciso ser filiado a algum partido. Os partidos democrata e republicano são economicamente poderosos. As campanhas são caras. Não há horário eleitoral gratuito e as leis sufocam os pequenos partidos. Com isso, somente os candidatos democratas e republicanos conseguem número suficiente para eleger presidentes no Colégio Eleitoral. Na verdade, há um único partido com duas alas. Ambas representando interesses dos grandes empresários. Uma democracia de cartas marcadas. A mais perfeita ditadura do Capital.
Essa democracia restrita é usada como certificado para autorizar o governo americano a julgar quem é democrático ou não pelo mundo afora. Aqueles que ela julgar que não são, podem merecer uma visita de seu exército. Ao aprovar ataques ao Irã, por exemplo, Obama só reforça essa posição.
E a indústria da propaganda é importante elemento dessa farsa. Hoje, no Brasil, a grande maioria dos candidatos transformou suas campanhas em publicidade pura. Mas, isso é velho nos Estados Unidos. Joaquim Nabuco esteve lá no século 19 e ficou assustado com o caráter de espetáculo das eleições.
Obama simboliza perfeitamente o consumo que compra a embalagem e esquece o conteúdo. O domínio do valor-de-troca sobre o valor-de-uso num lugar onde isso parecia difícil acontecer. O da política institucional.
Contra isso só a política das ruas. Das lutas que organizem os trabalhadores e a população pobre dos Estados Unidos. Movimentos pela base contra governos democratas ou republicanos. E apoiar a candidatura alternativa de Ralph Nader.
Sérgio Domingues – Julho de 2008
FONTE: REVOLUTAS
SITE: http://www.revolutas.net
Barack Obama é o candidato dos sonhos de qualquer marqueteiro. Negro, jovem, bonito, inteligente, fala bem, e tem até antepassados muçulmanos. Não à toa, boa parte da grande mídia mundial o elegeu como seu queridinho. Os efeitos já se fazem sentir.
Em junho, foi feita uma pesquisa sobre o grau de preferência entre Obama e John McCain em 24 países, incluindo o Brasil. Os consultados disseram confiar mais em Obama. Na França, o democrata tem 84% de opinião favorável; 76%, na Alemanha; 72%, na Espanha e 58%, no Brasil.
Na Itália, a editora da Vogue disse que a idéia de lançar em julho a primeira "Edição Negra" da revista veio em parte por causa do avanço da candidatura de Obama. Em Berlim, ele atraiu uma multidão de 200 mil. No Brasil, boa parte da grande mídia já não consegue esconder seu entusiasmo.
Tudo isso não acontece sem motivo. Obama tem um perfil tão radical para o eleitorado americano que a maioria não enxerga o conteúdo conservador de suas posições. Isso lhe permite fazer declarações para acalmar os conservadores, sem perder a simpatia de boa parte da esquerda. Lembra o atual presidente brasileiro, que usa sua origem operária para tomar as atitudes mais contraditórias. Como ele, Obama é um verdadeiro achado político. E mercadológico.
Muitos o consideram um novo John Kennedy. Não é bem um elogio. Afinal, Kennedy iniciou a Guerra do Vietnã, tentou invadir Cuba e criou a “Aliança para o Progresso” para infiltrar agentes estadunidenses nos países latino-americanos. Isso é só uma parte de uma ficha nada limpa.
Diga-se em seu favor que Obama não está escondendo o jogo. Ele já declarou, por exemplo, que a cidade de Jerusalém deve ser capital indivisível de Israel. Uma proposta que vai contra uma resolução da ONU que prevê domínio palestino para a parte leste da cidade.
Outra declaração de Obama que não deixa dúvidas: “Um Irã nuclear seria uma grave ameaça, e o mundo precisa impedir o Irã de obter a arma nuclear”. Mais uma: “Penso que tinham provas suficientes”, ao ser perguntado se concordava com um ataque aéreo israelense a um reator nuclear da Síria, em setembro de 2007.
Mas, ninguém dá bola para as palavras de Obama. O que vale é sua estampa e palavras-de-ordem. Diante disso, seu adversário republicano fica com dificuldades de se diferenciar. E perde de longe para o carisma de seu concorrente. Se Obama for eleito, seu maior feito será a confirmação do funcionamento perfeito da ditadura de classe que vigora nos Estados Unidos desde sua fundação.
O que pouca gente sabe fora dos Estados Unidos é que as eleições norte-americanas são indiretas. Os eleitores indicam representantes. Esses representantes, chamados delegados, compõem um colégio eleitoral. Cada estado tem direito a um número de vagas no colégio, de acordo com o tamanho de sua população. Ou seja, os Estados maiores possuem mais lugares.
Para participar da indicação é preciso ser filiado a algum partido. Os partidos democrata e republicano são economicamente poderosos. As campanhas são caras. Não há horário eleitoral gratuito e as leis sufocam os pequenos partidos. Com isso, somente os candidatos democratas e republicanos conseguem número suficiente para eleger presidentes no Colégio Eleitoral. Na verdade, há um único partido com duas alas. Ambas representando interesses dos grandes empresários. Uma democracia de cartas marcadas. A mais perfeita ditadura do Capital.
Essa democracia restrita é usada como certificado para autorizar o governo americano a julgar quem é democrático ou não pelo mundo afora. Aqueles que ela julgar que não são, podem merecer uma visita de seu exército. Ao aprovar ataques ao Irã, por exemplo, Obama só reforça essa posição.
E a indústria da propaganda é importante elemento dessa farsa. Hoje, no Brasil, a grande maioria dos candidatos transformou suas campanhas em publicidade pura. Mas, isso é velho nos Estados Unidos. Joaquim Nabuco esteve lá no século 19 e ficou assustado com o caráter de espetáculo das eleições.
Obama simboliza perfeitamente o consumo que compra a embalagem e esquece o conteúdo. O domínio do valor-de-troca sobre o valor-de-uso num lugar onde isso parecia difícil acontecer. O da política institucional.
Contra isso só a política das ruas. Das lutas que organizem os trabalhadores e a população pobre dos Estados Unidos. Movimentos pela base contra governos democratas ou republicanos. E apoiar a candidatura alternativa de Ralph Nader.
Sérgio Domingues – Julho de 2008
FONTE: REVOLUTAS
SITE: http://www.revolutas.net
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