(*) Maria Lucia Victor Barbosa -
O endeusamento de Marina da Silva tem menos a ver com os méritos da candidata do PV e, sim, com certos fatores que esta conseguiu capitalizar a partir de uma postura crítica.
Entre os fatores ressaltem-se, primeiro, os escândalos que estouraram durante a campanha, sendo menos explosivo o da quebra do sigilo fiscal da filha de José Serra e de outros tucanos e mais evidente para parcela da opinião pública aquele ligado à amiga, braço direito e sucessora de Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra, chamada jocosamente de Erê 6% por conta do hábito de sua grande família instalada no poder achacar pessoas em troca de projetos ligados ao governo.
Segundo, a afronta da candidata de Lula da Silva a católicos e evangélicos, por sua declaração favorável a liberalização do aborto, algo que atualmente ela nega com veementes invocações a Deus e à vida, mas que está incluído em seu programa de governo, assim como o casamento gay foi, sem dúvida, o que causou maiores danos à sua candidatura.
Note-se que funcionaram aspectos morais, sobretudo, de cunho religioso para invalidar o que os institutos de pesquisa apontavam de modo bastante errado: a estrondosa vitória no primeiro turno da afilhada política do presidente da República. E, sem dúvida, a ida de sua sucessora para o segundo turno constituiu uma desagradável surpresa para Lula da Silva e seu círculo de poder ou atual classe dominante. Afinal, a sociedade tinha se mantido indiferente a “mensalões”, “sanguessugas”, dólares na cueca, dossiês e toda a avassaladora corrupção presente no governo do partido que dizia ser o único ético, aquele que viria para mudar a roubalheira governamental oriunda dos tempos coloniais. Ao mesmo tempo, existe uma separação conveniente e artificial entre o PT e Lula da Silva, entre governo e o presidente da República que fica blindado. Assim protegido ele se coloca acima da lei, faz e fala o que bem entende e é aceito e aplaudido. Entretanto, por mais que agora ele apareça gargalhando e fazendo piadas como é de seu hábito, no fundo deve ter sentido pela primeira vez a estocada da sociedade que não consagrou sua ungida no primeiro turno. Lula da Silva deve estar desconfiado que não é mais o cara.
Quanto ao assunto da quebra de sigilos, nepotismo e extorsões da grande família da ex-ministra da Casa Civil, Ereneci Guerra, Lula da Silva, que esteve metamorfoseado em cabo eleitoral de sua criação política, preferiu abusar do gestual em palanques. Parecendo transtornado, tomado de ira incontrolável, entre estertores e esgares urrou para quem quisesse ouvir e ver via TV, que os feitos e responsabilidades de violadores petistas de sigilos ou de sua importante ex-ministra não eram coisa real, mas mentira da imprensa propensa a prejudica-lo e à sua candidata. Fazendo coro com José Dirceu e Franklin Martins, o presidente de olhos injetados, rosto de cor violácea, fala raivosa lembrou seu querido companheiro Hugo Chávez, que também não suporta a mídia e tem agido de modo truculento e ditatorial contra o que denomina de excesso de liberdade de pensamento.
O presidente da República diz que voltará neste segundo turno a representar o Lulinha paz e amor. Antes, furioso, apresentou ao Brasil sua porção de Mussolini dos trópicos, no que foi secundado por seu partido e pelos aguerridos militantes petistas que, numa inversão cínica acusaram os que defendem a liberdade de expressão, de fascistas.
Não se pode negar que o crescimento de Marina ajudou Serra a passar para o segundo turno. Os que não simpatizavam com o artificialismo da candidata petista ou a pasmaceira do tucano optaram pela onda verde. Não propriamente como defensores da ecologia, mas por causa da firmeza de Marina ao criticar a esbórnia reinante que, se fosse promovida pelo candidato do PSDB acarretaria a imediata impugnação de sua candidatura.
E Serra, o que fez no primeiro turno? Muitos erros ligados à morosidade e à indecisão. Pior. Enquanto o PT que costuma se estraçalhar entre suas facções, se une durante as campanhas como se fosse um só corpo, exalta seu já exaltado Lula da Silva, revida com furor qualquer ataque. Já os tucanos são extremamente individualistas, acomodados, indecisos, lentos e nutrem por Lula da Silva um inequívoco encantamento que os faz a ele submissos, sem reação diante das pancadas petistas que levaram durante oito anos, sem se defender. Desse modo, passam a imagem de medrosos para não dizer coisa pior. Escondem Fernando Henrique e seu governo que foi macaqueado pelo PT. Receiam apontar as falcatruas e a falsa propaganda governistas.
Mas agora é chegada a hora de Serra recolher os punhos de renda e trocá-los pela crítica que pode ser serena e ao mesmo tempo contundente. Não adianta repetir o que diz Rousseff sobre Saúde, Educação, erradicação da miséria. Estes temas são tão velhos, batidos e não solucionados quanto nossa história e devem fazer parte de todo programa de governo sem maiores alardes Que José Serra esqueça os conselhos de seu marqueteiro e fale sobre a corrosão de nossos valores, a imoralidade reinante nos Poderes constituídos, a violência advinda do narcotráfico, a violência no campo gerada pelo MST, a corrupção galopante do PT no poder. Que ele não tenha medo de mostrar a empulhação presidencial. Que chame para seu lado FHC para que este tenha a chance de mostrar o que fez pelo Brasil, sua obra chamada de herança maldita, mas copiada pelos mandarins petistas. E que ao lado de Serra se posicionem seus aliados e os governadores eleitos pelo PSDB que, durante a campanha ocultaram Serra, com exceção do governador eleito por São Paulo, Geraldo Alckmin.
Se assim não for, correm o risco os tucanos de parecerem covardes. E o Brasil não precisa de covardes, de boquirrotos palanqueiros, de ditadores enrustidos, de gente despreparada para o poder, mas de estadistas. A hora é agora, chega de punhos de renda. E que José Serra não se omita, pois sua omissão será paga em gerações.
O endeusamento de Marina da Silva tem menos a ver com os méritos da candidata do PV e, sim, com certos fatores que esta conseguiu capitalizar a partir de uma postura crítica.
Entre os fatores ressaltem-se, primeiro, os escândalos que estouraram durante a campanha, sendo menos explosivo o da quebra do sigilo fiscal da filha de José Serra e de outros tucanos e mais evidente para parcela da opinião pública aquele ligado à amiga, braço direito e sucessora de Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra, chamada jocosamente de Erê 6% por conta do hábito de sua grande família instalada no poder achacar pessoas em troca de projetos ligados ao governo.
Segundo, a afronta da candidata de Lula da Silva a católicos e evangélicos, por sua declaração favorável a liberalização do aborto, algo que atualmente ela nega com veementes invocações a Deus e à vida, mas que está incluído em seu programa de governo, assim como o casamento gay foi, sem dúvida, o que causou maiores danos à sua candidatura.
Note-se que funcionaram aspectos morais, sobretudo, de cunho religioso para invalidar o que os institutos de pesquisa apontavam de modo bastante errado: a estrondosa vitória no primeiro turno da afilhada política do presidente da República. E, sem dúvida, a ida de sua sucessora para o segundo turno constituiu uma desagradável surpresa para Lula da Silva e seu círculo de poder ou atual classe dominante. Afinal, a sociedade tinha se mantido indiferente a “mensalões”, “sanguessugas”, dólares na cueca, dossiês e toda a avassaladora corrupção presente no governo do partido que dizia ser o único ético, aquele que viria para mudar a roubalheira governamental oriunda dos tempos coloniais. Ao mesmo tempo, existe uma separação conveniente e artificial entre o PT e Lula da Silva, entre governo e o presidente da República que fica blindado. Assim protegido ele se coloca acima da lei, faz e fala o que bem entende e é aceito e aplaudido. Entretanto, por mais que agora ele apareça gargalhando e fazendo piadas como é de seu hábito, no fundo deve ter sentido pela primeira vez a estocada da sociedade que não consagrou sua ungida no primeiro turno. Lula da Silva deve estar desconfiado que não é mais o cara.
Quanto ao assunto da quebra de sigilos, nepotismo e extorsões da grande família da ex-ministra da Casa Civil, Ereneci Guerra, Lula da Silva, que esteve metamorfoseado em cabo eleitoral de sua criação política, preferiu abusar do gestual em palanques. Parecendo transtornado, tomado de ira incontrolável, entre estertores e esgares urrou para quem quisesse ouvir e ver via TV, que os feitos e responsabilidades de violadores petistas de sigilos ou de sua importante ex-ministra não eram coisa real, mas mentira da imprensa propensa a prejudica-lo e à sua candidata. Fazendo coro com José Dirceu e Franklin Martins, o presidente de olhos injetados, rosto de cor violácea, fala raivosa lembrou seu querido companheiro Hugo Chávez, que também não suporta a mídia e tem agido de modo truculento e ditatorial contra o que denomina de excesso de liberdade de pensamento.
O presidente da República diz que voltará neste segundo turno a representar o Lulinha paz e amor. Antes, furioso, apresentou ao Brasil sua porção de Mussolini dos trópicos, no que foi secundado por seu partido e pelos aguerridos militantes petistas que, numa inversão cínica acusaram os que defendem a liberdade de expressão, de fascistas.
Não se pode negar que o crescimento de Marina ajudou Serra a passar para o segundo turno. Os que não simpatizavam com o artificialismo da candidata petista ou a pasmaceira do tucano optaram pela onda verde. Não propriamente como defensores da ecologia, mas por causa da firmeza de Marina ao criticar a esbórnia reinante que, se fosse promovida pelo candidato do PSDB acarretaria a imediata impugnação de sua candidatura.
E Serra, o que fez no primeiro turno? Muitos erros ligados à morosidade e à indecisão. Pior. Enquanto o PT que costuma se estraçalhar entre suas facções, se une durante as campanhas como se fosse um só corpo, exalta seu já exaltado Lula da Silva, revida com furor qualquer ataque. Já os tucanos são extremamente individualistas, acomodados, indecisos, lentos e nutrem por Lula da Silva um inequívoco encantamento que os faz a ele submissos, sem reação diante das pancadas petistas que levaram durante oito anos, sem se defender. Desse modo, passam a imagem de medrosos para não dizer coisa pior. Escondem Fernando Henrique e seu governo que foi macaqueado pelo PT. Receiam apontar as falcatruas e a falsa propaganda governistas.
Mas agora é chegada a hora de Serra recolher os punhos de renda e trocá-los pela crítica que pode ser serena e ao mesmo tempo contundente. Não adianta repetir o que diz Rousseff sobre Saúde, Educação, erradicação da miséria. Estes temas são tão velhos, batidos e não solucionados quanto nossa história e devem fazer parte de todo programa de governo sem maiores alardes Que José Serra esqueça os conselhos de seu marqueteiro e fale sobre a corrosão de nossos valores, a imoralidade reinante nos Poderes constituídos, a violência advinda do narcotráfico, a violência no campo gerada pelo MST, a corrupção galopante do PT no poder. Que ele não tenha medo de mostrar a empulhação presidencial. Que chame para seu lado FHC para que este tenha a chance de mostrar o que fez pelo Brasil, sua obra chamada de herança maldita, mas copiada pelos mandarins petistas. E que ao lado de Serra se posicionem seus aliados e os governadores eleitos pelo PSDB que, durante a campanha ocultaram Serra, com exceção do governador eleito por São Paulo, Geraldo Alckmin.
Se assim não for, correm o risco os tucanos de parecerem covardes. E o Brasil não precisa de covardes, de boquirrotos palanqueiros, de ditadores enrustidos, de gente despreparada para o poder, mas de estadistas. A hora é agora, chega de punhos de renda. E que José Serra não se omita, pois sua omissão será paga em gerações.
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