segunda-feira, 5 de maio de 2008

Heróis fabricados

Por: Isabel C. S. Vargas


Recebi, recentemente, uma mensagem pela internet que criticava a postura do jornalista Pedro Bial, por referir-se aos participantes do BBB, como heróis.

Não questiono a competência do apresentador.

A mensagem, com imagens tocantes cita quem, na verdade, poderia ser considerado herói nos dias atuais, tão cheios de situações e/ou atitudes contraditórias e distantes do que poderíamos classificar como éticas, corretas.

Nas imagens aparecem pessoas de locais distantes, África, Líbano, Paquistão, Indonésia, Etiópia, e também do Brasil, que se dedicam à atividade em instituições ou ONGS que tentam amenizar o sofrimento, as mazelas de crianças, adultos e idosos atingidos pela enfermidade, guerras, violência urbana, abandono, fome, miséria, desemprego. Isto nos leva a refletir a respeito do serviço e às vezes, desserviço, prestado pelos meios de comunicação, transmitindo valores distorcidos e utilizando um importante veículo com a fantástica possibilidade de penetração nos lares para passar situações ou mensagens que pouco ou nada contribuem para a formação moral ou crescimento intelectual do público, em especial crianças e adolescentes.

Há que ser considerado, ainda, o valor que é gasto e o lucro das empresas de telefonia, com as ligações e mensagens que são realizados tanto via telefonia fixa, quanto celular, por ocasião da participação do público no referido programa televisivo, valores estes que se doados às entidades assistenciais idôneas, minimizariam muitos problemas sociais existentes no país.

Creio que o questionamento vale para todos nós, para fazermos uma reflexão e ver quem são nossos heróis, aqueles merecedores de nosso respeito, nosso reconhecimento, nossa reverência, por suas atitudes, seus feitos no passado e /ou no presente, seus ideais, suas lutas.

Estarão eles e também nós mesmos, comprometidos com valores humanos, solidários, fraternos, verdadeiros, essenciais e, sobretudo, éticos?

Somos, ainda, capazes de nos sensibilizar com as dores alheias e sentir compaixão, de nos envolvermos e tentarmos ajudar com o intuito de proporcionar uma vida mais digna para as pessoas ou já fomos por demais envolvidos pela mídia e pela profusão de notícias que nos trazem de maneira crua, além da pornografia, violência, escândalos, corrupção, a ponto de nos habituarmos com isto e não nos indignarmos diante do que é errado?

O papel dos meios de comunicação é de suma importância para a sociedade e pode auxiliar na formação do cidadão consciente, comprometido com valores humanos, além de informar, mostrar ou apontar as várias opções existentes numa sociedade democrática.

Por isto é importante que além de influir nos aspecto econômico, político, cultural, religioso, de uma comunidade, ou da sociedade em geral, também influam de forma positiva na educação e transmissão de valores.

Cada vez mais é imperioso selecionar de forma criteriosa o veículo, o programa, o comunicador que visem através de seus objetivos, seu desempenho, promover o engrandecimento das pessoas, que incentivem a união, a não violência, seu enriquecimento espiritual e cultural, que contribuam para formar e manter uma sociedade alicerçada em princípios de equidade, caridade, justiça e paz.

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