A morte de Manuel Marulanda Vélez (Pedro Antonio Marín), não é o fim da insurgência na Colômbia. O líder histórico das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) estava em armas desde a derrota do levante popular do Bogotazo, em 9 de abril de 1948. Neste dia o caudilho liberal Jorge Eliécer Gaitán, advogado, político e líder de uma “cruzada ética nacional”, foi assassinado. O apelo à violência política entre oligarcas deixou a certeza de que as regras de competição política são incapazes de incluir as maiorias empobrecidas.
O episódio desatou a violência social no campo colombiano, num período de conhecido bandoleirismo, cujo saldo foram 300.000 mortos entre 1948 e 1953. Marulanda nasce para a política nessa escola, sendo um mito fundador da rebelião dos pobres. Reforça esta idéia o fato de que todos os acordos entre guerrilhas e governo de turno, desde a campanha eleitoral de 1964, quando o padre dominicano Camilo Torres desiste do protesto pacífico, resultaram em massacre de militantes em plena “trégua democrática”. A experiência das FARC participando da União Patriótica (UP), partido legal que disputaria eleições gerais e legislativas foi terrível. Entre 1987 e 1992, 4.500 militantes foram assassinados, dentre eles, dois candidatos a presidente. O resultado foi o abandono da via eleitoral e o retorno permanente às armas.
Em contrapartida, vejo que a opção pela insurgência não justifica a lógica de funcionamento das FARC. Esta organização jamais poderia tolerar o refino de cocaína e a palma africana nos territórios que controla. Não há esforço de guerra que justifique o latifúndio e talvez este seja um dos motivos porque jamais seja reconhecida como força beligerante. Mas, reitero, o impasse democrático está além das guerrilhas.
Se a democracia formal não garante a participação política é porque na Colômbia é mais seguro ser guerrilheiro do que militante de base. Sem liberdade de reunião, opinião e manifestação, não há jogo democrático que resista.
Bruno Lima Rocha é cientista político.
(blimarocha@via-rs.net / www.estrategiaeanalise.com.br)
O episódio desatou a violência social no campo colombiano, num período de conhecido bandoleirismo, cujo saldo foram 300.000 mortos entre 1948 e 1953. Marulanda nasce para a política nessa escola, sendo um mito fundador da rebelião dos pobres. Reforça esta idéia o fato de que todos os acordos entre guerrilhas e governo de turno, desde a campanha eleitoral de 1964, quando o padre dominicano Camilo Torres desiste do protesto pacífico, resultaram em massacre de militantes em plena “trégua democrática”. A experiência das FARC participando da União Patriótica (UP), partido legal que disputaria eleições gerais e legislativas foi terrível. Entre 1987 e 1992, 4.500 militantes foram assassinados, dentre eles, dois candidatos a presidente. O resultado foi o abandono da via eleitoral e o retorno permanente às armas.
Em contrapartida, vejo que a opção pela insurgência não justifica a lógica de funcionamento das FARC. Esta organização jamais poderia tolerar o refino de cocaína e a palma africana nos territórios que controla. Não há esforço de guerra que justifique o latifúndio e talvez este seja um dos motivos porque jamais seja reconhecida como força beligerante. Mas, reitero, o impasse democrático está além das guerrilhas.
Se a democracia formal não garante a participação política é porque na Colômbia é mais seguro ser guerrilheiro do que militante de base. Sem liberdade de reunião, opinião e manifestação, não há jogo democrático que resista.
Bruno Lima Rocha é cientista político.
(blimarocha@via-rs.net / www.estrategiaeanalise.com.br)
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