domingo, 25 de maio de 2008

As falsas promessas de Barack Obama

O candidato negro do Partido Democrata atrai a simpatia de grande parte da população pobre e jovem dos Estados Unidos. Mas, Obama não tem condições de representar os interesses da maioria explorada de seu país.

É bem provável que Barack Obama vença Hilary Clinton e seja o candidato do Partido Democrata às eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro. Jovem, negro, filho de um imigrante, Obama é visto por muita gente como uma alternativa aos políticos tradicionais dos partidos Democrata e Republicano. Inclusive, por militantes dos movimentos sociais, estudantes e sindicalistas.

Ele usa suas origens mestiças para aparecer como símbolo de uma “América” nova e diferente. Reivindica a herança de Martin Luther King e a maioria de seus apoiadores é formada por jovens pobres, descendentes de africanos, latino-americanos, árabes, etc. São setores que acreditam que ele tem uma plataforma progressista, contra a guerra e a favor dos pobres. A mídia no Brasil repete esse discurso, dizendo que Obama traria mudanças profundas para a política norte-americana.

A candidatura de Obama alimenta as esperanças de milhões de americanos de colocar um fim à desastrosa guerra do Iraque e às políticas do governo Bush contra os pobres. Claro que ninguém que é contra o racismo e a opressão pode ignorar a importância dessas expectativas. Mas, o que podemos esperar, realmente, se Obama vencer as eleições?

É muito importante separar o estilo otimista e atraente de Obama daquilo que ele apresenta como propostas. Como a disse a famosa escritora e militante afro-americana Angela Davis: “Obama representa mudança, mas realmente não oferece mudança alguma”.

Obama se coloca como um candidato pela paz, por exemplo. Foi contra a invasão do Iraque, em 2003. Mas Obama não é contra a guerra porque ela é imperialista, racista e ilegal. Mas porque os Estados Unidos estão perdendo a guerra. Depois de ser eleito ao Senado em 2004 ele apoiou as medidas de Bush para financiamento incondicional da guerra em 2005 e 2006. Votou a favor da manutenção de Condoleeza Rice como Secretária do Estado apesar da evidência clara de que ela mentiu ao Congresso sobre armas de destruição em massa. Sem falar no fato de que ela faz parte do governo imperialista de Bush. Além disso, diversas leis propostas pela Casa Branca a favor da continuação da guerra foram apoiadas por Obama nos últimos anos.

O candidato democrata também apóia a continuação de tropas americanas de ocupação na região, mesmo depois da retirada do Iraque. Defende que os soldados americanos saídos do Iraque reforcem as tropas dos Estados Unidos que invadiram o Afeganistão.

Obama defendeu a “guerra contra terrorismo” e suas políticas em relação à Palestina, Israel, OTAN e Rússia são iguais às de Bush. No recente conflito diplomático entre Colômbia, Venezuela e Equador, Obama e Hilary Clinton apoiaram abertamente o presidente direitista da Colômbia, Álvaro Uribe. E ambos atacaram ferozmente as FARC e Chávez. Não há dúvida de que Obama continuaria as políticas imperialistas do governo Bush.

Além disso, o candidato negro segue uma política bem convencional. Grande parte das finanças da campanha vem de empresas e seus assessores são velhos burocratas do Partido Democrata. Por isso, Obama tornou suas propostas mais moderadas durante a campanha. Dificilmente, fala abertamente de racismo, cotas e a extrema desigualdade de renda e poder.

Grande parte da população americana quer saúde e previdência públicas e com atendimento dignos para todos. Obama promete uma série de políticas voltadas às necessidades dos pobres e recuperação dos serviços públicos. Lançou um plano para saúde pública universal, por exemplo, mas que depende da boa vontade das grandes empresas de saúde para ser implementado. E diz que não pretende reiniciar o programa de previdência para os pobres que Bill Clinton aboliu na década de 1990.

Ao mesmo tempo, ele não toca nos privilégios e poderes das grandes corporações que controlam a economia norte-americana. De fato, como senador, votou a favor de legislação que limitaria possibilidade de responsabilizar empresas em processos lançados por seus trabalhadores. Durante a campanha, ele fala muito sobre pobres. Mas, também tem falado bastante sobre os direitos das empresas funcionarem sem impedimentos. Afinal, são elas que estão bancando a sua campanha.

Devido à ausência de um grande partido de esquerda nos Estados Unidos, muitos progressistas nos movimentos sociais, sindicais e estudantis têm apoiado Obama mesmo ele sendo do Partido Democrata, um partido da classe dominante que não tem nada a ver com os interesses da classe trabalhadora. Não podemos ignorar a atração que tem a mensagem otimista de Obama. Ela reflete a busca de uma grande parte da população norte-americana por mudanças reais. Mas é preciso convencer os militantes dos movimentos sociais e trabalhadores em geral que o Partido Democrata nunca irá representar seus interesses. A única opção é fortalecer os movimentos de base para conquistar vitórias contra governos, sejam democratas ou republicanos.
Sean Purdy

FONTE: REVOLUTAS
SITE: http://www.revolutas.net
COMENTÁRIO DO FÁBIO:
"Fábio disse...
Mudança nos EUA? Ora isso é bem difícil, diferente de nós eles sabem muito bem onde querem chegar, tem um projeto para o país que tem que ser seguido seja A ou B o presidente. Eles tem que manter a postura de polícia do mundo seu consumismo desenfreado, e sua indústria militar. Disque se no mundo todas as pessoas fossem americanas, hoje precisariamos de mais 3 planetas Terra para saciar a sede de consumo."

Um comentário:

Anônimo disse...

Mudança nos EUA? Ora isso é bem difícil, diferente de nós eles sabem muito bem onde querem chegar, tem um projeto para o país que tem que ser seguido seja A ou B o presidente. Eles tem que manter a postura de polícia do mundo seu consumismo desenfreado, e sua indústria militar. Disque se no mundo todas as pessoas fossem americanas, hoje precisariamos de mais 3 planetas Terra para saciar a sede de consumo.