Por vezes na história, ficção e realidade embaraçam-se, tornando-se um novelo difícil de desatar. Tal situação aplica-se , em parte, na ascensão do presidente John Fitzgerald Kennedy e da sua bela mulher Jacqueline Bouvier Kennedy, talvez o casal mais famoso, charmoso e bem quisto da história americana do século XX. Uma dupla que parecia em tudo ter saído de uma das novelas de Scott Fitzgerald, o maior romancista dos anos da Era do Jazz, para que tudo se encerrasse com três tiros disparados contra eles em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963.
Na mansão de Gatsby
Nem em Long Island, ou mesmo em Nova York, ninguém sabia ao certo de onde saíra Jay Gatsby. O que diziam dele é que era fabulosamente rico. Dono de uma mansão gótica que imperava sobre o distrito de West Egg, tinha gosto em promover festas fantásticas. Não havia sábado em que o casarão, feérico, não estivesse lotado de gente alegre, alucinada, vinda de todas as partes para gozar das delícias oferecidas pelo anfitrião novo-rico. Além de uma boa banda de jazz, autorizada a tocar até o seu derradeiro convidado partir, garçons prestativos não deixavam de circular entre os festeiros levando-lhes taças e mais taças da melhor champanha. E isso em plena vigência da Lei Seca, quando beber álcool nos Estados Unidos era crime.
O Grande Gatsby, como o romancista Scott Fitzgerald o chamou, parecia-se ao Grande Houdini, o maior ilusionista daqueles tempos, um homem capaz de sair de qualquer embrulho que o metessem, de escapar, ainda que todo amarrado, de um saco do fundo do mar. Toda aquele festança, confessou Gatsby a um amigo, nada mais era do que uma rede que ele lançara na esperança de algum dia arrastar para as beiras da sua mansão a bela Daisy Buchanam. Tratava-se de uma socialite, uma ex-namorada sua que alguns anos antes casara com um ricaço e que vivia do outro lado da enseada onde erguia-se a sua mansão.
O poderoso Joseph Patrick
Scott Fitzgerald, o autor do O Grande Gatsby, a mais famosa novela do modernismo norte-americano, aparecida em 1925, segundo uma versão, teria se inspirado num tipo real, num milionário verdadeiro. Em alguém que enriquecera – idêntico ao personagem da ficção -, contrabandeando bebidas a partir de 1920. Este homem era ninguém menos do que Joseph Patrick Kennedy, o pai do presidente John Kennedy. Herdeiro de um importador de vinhos de Boston, estado de Massachusetts, segundo as historias que dele contavam, enquanto seus filhos (teve nove, Joseph, John, Robert e Edward eram os rapazes) freqüentavam as escolas católicas e a boa sociedade local, Joseph providenciava o desembarque clandestino de caixas e mais caixas de licores , espumantes e uísque, que deram-lhe lucros de um nababo.
A “Daisy” de Joseph chamava-se Rose Fitzgerald (o mesmo sobrenome de Scott),a filha do prefeito de Boston, o que ajudou a pavimentar-lhe a carreira política e preparou os filhos , todos talentosos, para uma impressionante ascensão no cenário nacional. Se essa versão algum dia confirmar-se, John Fitzgerald Kennedy seria pois, hipoteticamente, o filho de Gatsby, mas de um Gatsby muito bem sucedido e não o personagem da ficção que teve um fim medíocre, morto a tiros por engano, vitima de um marido traído pobretão.
John&Jacquie
Pode-se também ter-se outra leitura de tudo aquilo. Se Gatsby não conseguiu ficar com Daisy, para ele símbolo da sofisticação e do charme dos bem-nascidos, John Kennedy o conseguiu, pois casou com Jacqueline Bouvier. Nada havia naquelas paragens de Boston e no círculo fechado em que os ricaços locais se moviam, que se equiparasse a Jacqueline (que, como a Daisy da novela, também se fazia ativa em Long Island) Além da descendência francesa, chiquérrima, educara-se na elitizada Vassar, onde reforçara o seu bom gosto irrepreensível.
A chegada dos dois à Casa Branca em 1961 foi um acontecimento. Para os americanos, cujos últimos presidentes foram Franklin Roosevelt (um paralítico precocemente envelhecido), Harry Trumann (um caipira que parecia jamais ter saído detrás do balcão da sua loja ), e o general Dwight Eisenhower (o veteraníssimo ex-comandante da IIªGM), a ascensão de John Kennedy, jovem, bonitão, e ex-herói de guerra, e da sua esposa encantadora, era um anúncio dos céus.
Jacqueline de fato era um assombro. Logo a Casa Branca tornou-se uma referência nacional em elegância e fascínio. De certo modo John&Jacquie, o Casal Vinte, formaram o primeiro par monárquico da republica americana. A imprensa da época endoideceu. Cada recepção que a dupla oferecia, como Gatsby em Long Island, era um show de classe e apurado requinte.
Os costureiros da época disputavam a honra de poder vestir a primeira-dama, pois a bela. sra. Kennedy – promovida a ser o sol das americanas - fazia um contraste gritante com as suas três antecessoras. Eleanor Roosevelt (dedicada militante dos direitos humanos), Betty Trumann e “Mammy” Eisenhower, que Deus as tenha, eram medonhas. Porém, tudo aquilo foi-se no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Texas. Como o Gatsby da ficção, John Kennedy foi vilmente baleado pelas costas por um joão-ninguém fazendo com que a América perdesse, talvez para sempre, sua era de sonhos.
Na mansão de Gatsby
Nem em Long Island, ou mesmo em Nova York, ninguém sabia ao certo de onde saíra Jay Gatsby. O que diziam dele é que era fabulosamente rico. Dono de uma mansão gótica que imperava sobre o distrito de West Egg, tinha gosto em promover festas fantásticas. Não havia sábado em que o casarão, feérico, não estivesse lotado de gente alegre, alucinada, vinda de todas as partes para gozar das delícias oferecidas pelo anfitrião novo-rico. Além de uma boa banda de jazz, autorizada a tocar até o seu derradeiro convidado partir, garçons prestativos não deixavam de circular entre os festeiros levando-lhes taças e mais taças da melhor champanha. E isso em plena vigência da Lei Seca, quando beber álcool nos Estados Unidos era crime.
O Grande Gatsby, como o romancista Scott Fitzgerald o chamou, parecia-se ao Grande Houdini, o maior ilusionista daqueles tempos, um homem capaz de sair de qualquer embrulho que o metessem, de escapar, ainda que todo amarrado, de um saco do fundo do mar. Toda aquele festança, confessou Gatsby a um amigo, nada mais era do que uma rede que ele lançara na esperança de algum dia arrastar para as beiras da sua mansão a bela Daisy Buchanam. Tratava-se de uma socialite, uma ex-namorada sua que alguns anos antes casara com um ricaço e que vivia do outro lado da enseada onde erguia-se a sua mansão.
O poderoso Joseph Patrick
Scott Fitzgerald, o autor do O Grande Gatsby, a mais famosa novela do modernismo norte-americano, aparecida em 1925, segundo uma versão, teria se inspirado num tipo real, num milionário verdadeiro. Em alguém que enriquecera – idêntico ao personagem da ficção -, contrabandeando bebidas a partir de 1920. Este homem era ninguém menos do que Joseph Patrick Kennedy, o pai do presidente John Kennedy. Herdeiro de um importador de vinhos de Boston, estado de Massachusetts, segundo as historias que dele contavam, enquanto seus filhos (teve nove, Joseph, John, Robert e Edward eram os rapazes) freqüentavam as escolas católicas e a boa sociedade local, Joseph providenciava o desembarque clandestino de caixas e mais caixas de licores , espumantes e uísque, que deram-lhe lucros de um nababo.
A “Daisy” de Joseph chamava-se Rose Fitzgerald (o mesmo sobrenome de Scott),a filha do prefeito de Boston, o que ajudou a pavimentar-lhe a carreira política e preparou os filhos , todos talentosos, para uma impressionante ascensão no cenário nacional. Se essa versão algum dia confirmar-se, John Fitzgerald Kennedy seria pois, hipoteticamente, o filho de Gatsby, mas de um Gatsby muito bem sucedido e não o personagem da ficção que teve um fim medíocre, morto a tiros por engano, vitima de um marido traído pobretão.
John&Jacquie
Pode-se também ter-se outra leitura de tudo aquilo. Se Gatsby não conseguiu ficar com Daisy, para ele símbolo da sofisticação e do charme dos bem-nascidos, John Kennedy o conseguiu, pois casou com Jacqueline Bouvier. Nada havia naquelas paragens de Boston e no círculo fechado em que os ricaços locais se moviam, que se equiparasse a Jacqueline (que, como a Daisy da novela, também se fazia ativa em Long Island) Além da descendência francesa, chiquérrima, educara-se na elitizada Vassar, onde reforçara o seu bom gosto irrepreensível.
A chegada dos dois à Casa Branca em 1961 foi um acontecimento. Para os americanos, cujos últimos presidentes foram Franklin Roosevelt (um paralítico precocemente envelhecido), Harry Trumann (um caipira que parecia jamais ter saído detrás do balcão da sua loja ), e o general Dwight Eisenhower (o veteraníssimo ex-comandante da IIªGM), a ascensão de John Kennedy, jovem, bonitão, e ex-herói de guerra, e da sua esposa encantadora, era um anúncio dos céus.
Jacqueline de fato era um assombro. Logo a Casa Branca tornou-se uma referência nacional em elegância e fascínio. De certo modo John&Jacquie, o Casal Vinte, formaram o primeiro par monárquico da republica americana. A imprensa da época endoideceu. Cada recepção que a dupla oferecia, como Gatsby em Long Island, era um show de classe e apurado requinte.
Os costureiros da época disputavam a honra de poder vestir a primeira-dama, pois a bela. sra. Kennedy – promovida a ser o sol das americanas - fazia um contraste gritante com as suas três antecessoras. Eleanor Roosevelt (dedicada militante dos direitos humanos), Betty Trumann e “Mammy” Eisenhower, que Deus as tenha, eram medonhas. Porém, tudo aquilo foi-se no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Texas. Como o Gatsby da ficção, John Kennedy foi vilmente baleado pelas costas por um joão-ninguém fazendo com que a América perdesse, talvez para sempre, sua era de sonhos.
Voltaire Shilling
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