Plinio Arruda Sampaio 10/10/2007
O mundo que emergiu da Segunda Guerra Mundial favoreceu a classe operária. Se antes, o comunismo e o socialismo haviam se expandido bastante entre o operariado, após a guerra, a adesão tornou-se avassaladora.
A esse enorme crescimento dos partidos comunistas europeus, somou-se a presença mundial da União Soviética, que saiu da guerra como potência militar e econômica de primeira grandeza.
Um setor mais lúcido da burguesia compreendeu então que, se batesse de frente com o operariado, o mundo iria pelos ares. Objetivamente, não havia mais condições para manter políticas econômicas baseadas numa doutrina econômica responsável por duas carnificinas mundiais e pela maior crise econômica da história do capitalismo.
Para evitar o pior, a burguesia aceitou - sempre a contragosto e sempre resistindo ao máximo - a intervenção do Estado na economia, com a finalidade de promover o desenvolvimento e de reduzir as desigualdades entre as regiões e as classes sociais.
Surgiu então o Estado de Bem-Estar Social que incorporou várias reivindicações da classe trabalhadora: jornada de oito horas, repouso semanal, salário mínimo, férias, estabilidade - tudo o que constava das pautas do movimento operário antes da guerra.
Esse período durou 25 anos e, enquanto durou, as condições de vida dos operários melhoraram substancialmente. Contudo, o mais importante não foi conseguido: apesar da enorme força dos sindicatos e dos partidos operários, não se conseguiu derrotar politicamente a burguesia e substituir o modo de produção capitalista pelo modo socialista.
Em meados dos anos 70, o Estado de Bem-Estar Social entrou em crise. Saiu dela, dez anos depois, com a contra-revolução liberal - agora sob a roupagem de neoliberalismo.
Essa contra-revolução, que é mundial, atingiu o Brasil com toda força, a partir de 1990, quando FHC declarou que iria virar a página da Era Vargas.
De lá para cá, os trabalhadores não conseguiram sequer uma vitória importante. Só perderam direitos e benefícios sociais.
A derrota causou perplexidade e divisão entre a classe trabalhadora.
Alguns partidos e movimentos procuram reviver o Estado de Bem-Estar Social, propondo reformas na estrutura do capitalismo brasileiro.
Outros consideram que não se pode voltar atrás o relógio da história e que não existem condições internacionais e internas para que a burguesia brasileira (brasileira?) seja reformada. A hora seria, portanto, de formular uma estratégia de ruptura socialista, no contexto de um processo internacional.
Mais dia, menos dia, os trabalhadores terão de optar entre essas duas estratégias.
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Plinio Arruda Sampaio é advogado, ex-deputado constituinte, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e diretor do jornal Correio da Cidadania
O mundo que emergiu da Segunda Guerra Mundial favoreceu a classe operária. Se antes, o comunismo e o socialismo haviam se expandido bastante entre o operariado, após a guerra, a adesão tornou-se avassaladora.
A esse enorme crescimento dos partidos comunistas europeus, somou-se a presença mundial da União Soviética, que saiu da guerra como potência militar e econômica de primeira grandeza.
Um setor mais lúcido da burguesia compreendeu então que, se batesse de frente com o operariado, o mundo iria pelos ares. Objetivamente, não havia mais condições para manter políticas econômicas baseadas numa doutrina econômica responsável por duas carnificinas mundiais e pela maior crise econômica da história do capitalismo.
Para evitar o pior, a burguesia aceitou - sempre a contragosto e sempre resistindo ao máximo - a intervenção do Estado na economia, com a finalidade de promover o desenvolvimento e de reduzir as desigualdades entre as regiões e as classes sociais.
Surgiu então o Estado de Bem-Estar Social que incorporou várias reivindicações da classe trabalhadora: jornada de oito horas, repouso semanal, salário mínimo, férias, estabilidade - tudo o que constava das pautas do movimento operário antes da guerra.
Esse período durou 25 anos e, enquanto durou, as condições de vida dos operários melhoraram substancialmente. Contudo, o mais importante não foi conseguido: apesar da enorme força dos sindicatos e dos partidos operários, não se conseguiu derrotar politicamente a burguesia e substituir o modo de produção capitalista pelo modo socialista.
Em meados dos anos 70, o Estado de Bem-Estar Social entrou em crise. Saiu dela, dez anos depois, com a contra-revolução liberal - agora sob a roupagem de neoliberalismo.
Essa contra-revolução, que é mundial, atingiu o Brasil com toda força, a partir de 1990, quando FHC declarou que iria virar a página da Era Vargas.
De lá para cá, os trabalhadores não conseguiram sequer uma vitória importante. Só perderam direitos e benefícios sociais.
A derrota causou perplexidade e divisão entre a classe trabalhadora.
Alguns partidos e movimentos procuram reviver o Estado de Bem-Estar Social, propondo reformas na estrutura do capitalismo brasileiro.
Outros consideram que não se pode voltar atrás o relógio da história e que não existem condições internacionais e internas para que a burguesia brasileira (brasileira?) seja reformada. A hora seria, portanto, de formular uma estratégia de ruptura socialista, no contexto de um processo internacional.
Mais dia, menos dia, os trabalhadores terão de optar entre essas duas estratégias.
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Plinio Arruda Sampaio é advogado, ex-deputado constituinte, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e diretor do jornal Correio da Cidadania
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