POR QUE (NÃO) FALAR DO RENAN
Renan Calheiros ainda é o assunto do momento em todo o Brasil, porém, muitas pessoas me questionam, já que tenho uma coluna semanal, porque até agora não escrevi nada sobre este assunto tão destacado pela mídia...
Então, a pedidos, vou escrever sobre o tal presidente do senado que agora, atendendo ao clamor popular (ou não), licenciou-se do cargo por quarenta e cinco dias... Ou melhor: vou escrever sobre o porquê de não escrever sobre ele:
Em primeiro lugar, acho que este assunto já está saturado pelos meios de comunicação, o que me impede de fazer qualquer comentário que ainda não tenha sido feito, por qualquer outro cronista “antenado” ao mundo ao seu redor. Além do mais, prefiro falar de fatos e pessoas mais próximas do cotidiano simples de um povo guerreiro que reside em Caçador e região...
Prefiro falar de nossas escolas públicas, em estado catastrófico, sobretudo aquelas enormes, inauguradas há dois ou quatro anos que já estão, literalmente caindo, algumas até com salas interditadas... Sem falar que ainda encontram-se “ocas” de equipamentos. Nos laboratórios de primeiro mundo, nada mais que poeira cósmica e vácuo físico e moral, além das constantes rachaduras e portas que devem ser constantemente chumbadas novamente em virtude do material de péssima qualidade utilizado pelas empreiteiras: deste modo, não tem direção nem corpo docente que consiga “dar conta do recado”...
Prefiro escrever sobre aqueles que abusam da confiança e da inteligência do povo mais humilde, vencendo o pleito eleitoral com a promessa de asfalto grátis, terminal rodoviário e outras maravilhas utópicas que até hoje não foram cumpridas e nem poderiam ser, pois o povo só é prioridade no palanque que disputa votos, depois é preciso favorecer àqueles que “trabalharam” na campanha, mesmo que para isso seja necessário fechar os olhos e os ouvidos para aqueles que trabalham diuturnamente e elegeram os “bunitão”, na esperança de serem lembrados...
Prefiro comentar sobre a (in)fidelidade partidária que paira sobre nossa cidade, inclusive de pessoas que foram a vida inteira de extrema direita, defendendo interesses altamente capitalistas ou viviam pulando de galho em galho e agora recebem uma “luz divina” e encontram, na estrela socialista uma nova esperança (abstenho-me do comentário sobre ideologia, que parece estar em quinto plano). Fato que deixa muito claro os interesses pessoais e eleitoreiros acima do desejo de contribuir com o bem-estar do povo que porventura depositará neles (ou não) seu voto de confiança no próximo ano... Afinal, agora é “a hora da estrela” (Clarice Lispector que me perdoe o plágio)...
Prefiro indignar-me com alguns empresários que dizem estar em crise por causa da baixa do dólar, fato que usam de “bengala” para demitir o pobre do trabalhador, que nunca tem direito à recompensa digna daquilo que suas mãos calejadas produzem. Não consigo aceitar o fato de que o rico, que desde a invasão dos portugueses, em 1500, sempre ficou com a maior fatia do bolo, hoje chora porque precisa disponibilizar um pedaço um pouquinho maior para o proletariado... E diga-se de passagem que este pedaço do trabalhador está longe de ser justo. A ele cabe dar o melhor de si para aumentar a produção e engordar o bolso do patrão que não se cansa de desenvolver estratégias, às vezes ilícitas, para lucrar mais e pagar menos...
E ainda querem que eu fale do Renan?... Bah!... A meu ver, ele não é nada pior que os exemplos mencionados aqui.
Márcio Roberto Goes
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