Raio X da guerreira
A senadora do PSOL, Heloísa Helena, participou da seção "De visual novo" de CLAUDIA e concedeu uma entrevista à editora Patrícia Zaidan. Na conversa descontraída, ela reviveu episódios da vida e revelou o que pensa sobre casamento, vaidade, mulheres na política e outros temas. Leia as opiniões da senadora e relembre frases marcantes que ela disse nos principais momentos da carreira.
A senadora do PSOL, Heloísa Helena, participou da seção "De visual novo" de CLAUDIA e concedeu uma entrevista à editora Patrícia Zaidan. Na conversa descontraída, ela reviveu episódios da vida e revelou o que pensa sobre casamento, vaidade, mulheres na política e outros temas. Leia as opiniões da senadora e relembre frases marcantes que ela disse nos principais momentos da carreira.
Frases da senadora (que têm a cara dela)
"A frase não é minha, cito porque é ótima e verdadeira:
"O poder não corrompe, mas revela o caráter das pessoas."(Janeiro 2006)
"Foi estranhíssimo para mim ser expulsa. Trata-se do primeiro caso de expulsão por fidelidade partidária." (Dezembro de 2003)
"Aquilo tomou um porre de uísque com o Delúbio na festa em que eles fizeram para comemorar a minha expulsão do PT e depois vem querer dar uma de amiga. Odeio gente falsa, cínica."(Sobre a senadora petista, Ideli Salvatti, em julho de 2005)
"Só tenho paciência para agüentar briga de criança com menos de 35 anos."(Sobre o embate entre os senadores Antônio Carlos Magalhães, o ACM, e Jader Barbalho. Outubro de 2000)
"Luiz Estevão não faz o meu tipo. Homem riquinho e ordinário eu vomito em cima."(Em resposta a ACM que espalhou que ela havia votado contra a cassação do senador Luiz Estevão por ter um caso com ele. Maio de 2001)
"É conversa de vadios em mesa de bar."(Referindo-se aos inimigos que disseram que ela protegera Luiz Estevão para honrar um acordo político com o senador Renan Calheiros. Maio de 2001)
"ACM sofre da síndrome de capitão-do-mato. Acha que pode arrastar as pessoas pela orelha como se fossem escravos. Comigo isso não funciona."(Junho de 2001)
"Prefiro ganhar inimigos pela franqueza do que conquistar amigos pela hipocrisia e pelos subterfúgios."(Junho de 2001)
"Tratei os boatos sobre mim como comportamento de homenzinhos desqualificados, sem coragem de fazer o debate franco na presença dos envolvidos."(Junho 2001)
"Sou agressiva e intolerante em alguns momentos, mas foi assim que cheguei aonde cheguei."(Julho de 2001)
"Os homens são muito bobos. Nós, mulheres, enxergamos uma celulite a quilômetros de distância. Eles são ludibriados com uma boa meia fina."(Dezembro de 2001)
"Isto aqui serve para cortar o pescoço de homem fofoqueiro, que não trabalha e vive falando da vida dos outros."(Empunhando um abridor de cartas em forma de espada ao então candidato à Presidência, José Serra, depois de saber que o tucano falara mal dela para FHC. Abril de 2002)
"Soube que o Serra disse que os homens do Congresso ficam intimidados quando eu falo, porque todos querem me namorar. Fiquei muito brava, com vontade de cortar a língua dele."(Explicando a fúria contra Serra. Abril de 2002)
"Em Alagoas, o PL é representado por colloridos, moleques de usineiros e indiciados na CPI do Narcotráfico."(Recusando-se a apoiar a aliança do PT com o PL, partido do então candidato a vice-presidente na chapa de Lula. Julho de 2002)
"A democracia sem justiça social não é democracia. É uma porcaria, uma farsa."(Agosto de 2002)
"Botar a bruxa na fogueira atenua as tensões internas do partido."(Dizendo-se bode expiatório na crise do governo com os radicais do PT, fevereiro de 2003)
"O camarada Jesus Cristo dizia: ou quente ou frio, o morno se vomita."(Prometendo um embate entre radicais e moderados do PT, em abril de 2003)
"Estou cansada de saber: o que ocorre é um vergonhoso balcão de negócios sujos, em que eles encham a pança de cargos, riqueza e poder."(Sobre os arranjos que o governo Lula teria feito para garantir a aprovação do relatório da reforma da Previdência Social. Agosto de 2003)
"Não somos a senzala do Planalto."(Reagindo à ameaça de expulsão do PT, em maio de 2003)
"Não posso aceitar que alguns delinqüentes da política nacional sejam aceitos no partido para garantir a base parlamentar, enquanto somos expulsos."(Prometendo lutar na comissão de ética do partido contra a sua expulsão. Maio de 2003)
"A reforma da Previdência só é aplaudida pelos gigolôs do FMI."(Junho de 2003)
"Me sinto supersenadora do PT. Não quero ser expulsa. Agora, o silêncio não dá bons frutos."(Julho de 2003)
"Olhe, eu só sou de briga lá. Aqui sou ternura."(Para um garçom que disse ser fã da fúria que ela encarna no Congresso)
"Grito mesmo, só assim para ser respeitada." (Agosto de 2005)
"Não compartilho da concepção preconceituosa e nojentinha que diz que o Lula é despreparado. Não tem nada a ver. Ele é competente. Só que mudou de lado, traiu."(Agosto de 2005)
"Eu não seria capaz, não. Eu sou capaz! Se tocar em um filho meu, pode ser senador, presidente da República, eu viro uma onça."(Novembro de 2005)
O que ela fala sobre...
Infância: "Nasci como nascem milhares de meninas brasileiras... marcadas para cumprir o destino do quartinho de empregada ou da venda do corpo por um prato de comida. Fui uma criança muito doente, diziam que eu morreria antes dos 7 anos, tinha asma, problemas renais, complicações para todos os gostos. Meu pai, Luiz, era funcionário público, morreu de câncer quando eu completei dois meses. Cosme, meu irmão mais velho, foi assassinado ainda menino. Ficamos eu, meu irmão, Hélio, e minha mãe. Filha de trabalhadores rurais, ela aprendeu a ler junto comigo. Minhas brincadeiras eram correr com cabras no sertão. Muitas vezes, pulava dos trens na cidade, brigava na rua e... apanhava em casa. Engolia meus medos e protegia os mais fracos. Era uma magrelinha sobrevivente! Canhota, tomava uns tapas na mão para aprender a usar a direita - minha mãe achava que eu morreria de fome se não fosse costureira e, como a indústria não fabrica tesouras para costureiras canhotas, eu estaria sem profissão."
Lições: "Em casa, dividíamos o pouco que tínhamos com os outros. Minha mãe tinha criado os irmãos no cabo da enxada, sabia o que era dificuldade. Era durona, não dava moleza, não: ensinou que honestidade estava em primeiro lugar. Ela bordava os vestidos das madames eu ficava encantada, queria usar parte daquelas continhas para fazer uma roupa para a minha boneca Suzi, velhinha e linda, que encontrei no lixo. Minha mãe não permitia, colocava as pedrinhas no saquinho para devolver."
Religião: "Católica. Numa fase da juventude, por influência dos amigos que eram ateus, andei dizendo que também era. Mas passou logo. Tive uma boa base nas leituras que fazia - por sugestão de padres e de freiras holandesas -- sobre as lutas do povo de Deus."
Casamento: "Casei duas vezes com pessoas que foram e são muito importantes na minha vida. Nunca aceitei casamento de mentira, de fachada. Aprendi que não adianta sofrer para preservar convenções medíocres. E logo cedo entendi que quando perdemos o coração de alguém, temos que deixá-lo seguir. No momento, não estou namorando, só tenho tempo para o trabalho, para os filhos e para PSOL."
Filhos: "Tenho dois meninos maravilhosos, meus amores. O Sacha está com 22, o Ian, com 19 anos. Não foi fácil carregá-los de um lado para outro, estudando, trabalhando... assumindo a lida da casa sozinha. Com meus pivetes vivi momentos de alegria inimagináveis, ao acompanhar desde a primeira palavra que pronunciaram ao primeiro amor. Com eles exercito a tolerância. Tento dar o exemplo de que devem abominar a mentira, o ódio, a corrupção. Quero que defendam os pobres, mas espero que busquem ajudar a humanidade de outra forma, bem longe da política. Como mãe, não quero que eles passem por tudo que passei."
Vaidade: "Se as pessoas se sentem bonitas com roupas maravilhosas, tudo bem. Não tenho nenhum moralismo farisaico contra nada. Estamos neste mundo para sermos felizes."
Casa: "Minha casa (um apartamento funcional em Brasília) está sempre cheia de amigos, de afilhados e de crianças. Adoro brincar com elas. Tenho muitos vasos de plantas, de orquídeas e faço coleção de imagens de São Francisco de Assis, o São Chiquinho."
Mulher na Política: "No mundo machista da política, a gente sente raiva e chora. Mas ali, as lágrimas nunca ajudam. É preciso decidir enfrentar ou não as regras dos homens. Eu prefiro enfrentá-las sem esconder o que sou. Argumento sem ter medo das línguas maldosas que condenam, movidas pela perversidade e pela inveja da liberdade da mulher. Muitos dos farsantes abraçam depois tentam ferir a minha honra pelas costas. Já padeci perseguições infames no Congresso. Hoje, tento diminuir o sofrimento, mesmo assim somatizo, adoeço. Mas estou bem, me trato com homeopatia."
PSOL: "Vamos nos afirmar como o partido capaz de realizar o que inspirou a vitória traída de 2002: a ruptura com o modelito neoliberal iniciado por Collor, consolidado por FHC e aprofundado por Lula. Estaremos do lado dos corações generosos que renascem todos os dias com o sol, em coragem e solidariedade e lutam para fazer deste país maravilhoso uma Pátria soberana, ética, igualitária e fraterna. Portanto, fé em Deus e fé na luta do povo." Lazer: "Gosto de costurar com minha madrinha Glorinha. Faço as blusas que visto. Quando estou descansando em Alagoas, cuido dos meus bichos (dez cães da raça rottweiler) que ficam na casa do meu irmão, Hélio. Ouço casos e histórias contados pelos mais velhos da família, leio, ando de madrugada pela caatinga para ver a floração dos cactos. Também vejo o pôr-do-sol nas nossas praias e lagoas, ou o espelho da lua cheia no rio São Francisco. Coisas de sertaneja."
Ficha técnica
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho Nascimento: 6 de junho de 1962.Local: Pão de Açúcar, Alagoas.Profissão: Enfermeira. Professora de Epidemiologia da Universidade Federal de Alagoas
Vida política: 1985 - Filia-se ao PT 1992 - É eleita vice-prefeita de Maceió1994 - Eleita deputada estadual1996 - Perde a eleição para a Prefeitura de Maceió1998 - Com 56% dos votos, torna-se senadora2002 - Renuncia à candidatura ao governo de Alagoas por discordar da aliança do seu partido com o PL2003 - É expulsa do PT2004 - Funda o PSOL com os deputados Luciana Genro e Babá, também expulsos do PT 2006 - Candidata do PSOL à Presidência da República
Um comentário:
Essa mulher vai dar muito o que falar. É esperar para ver.
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