"A atual administração de Caçador tem sorte e pouca competência"
02/07/2006 12:45 - Caçador Online
A partir de hoje, todos os domingos o Portal Caçador Online traz ao público uma entrevista com alguma personalidade do município. Para começar, entramos no campo da política e entrevistamos o presidente da Câmara dos Vereadores, Marcos da Silva Creminácio.
Natural de Caçador, Creminácio completa 30 anos no dia 1º de agosto deste ano. Ele nasceu e mora até hoje no bairro Berger, é casado há quatro anos e ingressou ainda muito jovem na política, disputando sua primeira eleição com 22 anos. Dedica seu tempo a duas profissões, pela parte da manhã dá aulas de Geografia, à tarde e à noite coordena os trabalhos do Legislativo Municipal.
Marcos da Silva Creminácio
Filiado ao PT desde 1998, ele se diz um grande admirador do presidente Lula, prevê uma eleição bastante disputada, mas com vitória em segundo turno do petista. Na Câmara, ele não tem vergonha de assumir que faz oposição ao plano de governo da administração municipal.
"Governo de sorte e pouca competência" é como ele define a atual administração do prefeito Saulo Sperotto (PSDB). Defensor do concurso público fiscalizado pela população, ele afirma que Caçador precisa antes de tudo moralizar o serviço público para mudar o rumo. E ainda: suas pretensões profissionais para o futuro.
Confira a entrevista na íntegra
Caçador Online: Quando você ingressou na política, como surgiu seu interesse por essa área?
Marcos da Silva Creminácio: Eu sempre tive interesse nessa área, sempre acompanhei os acontecimentos políticos. Em 1995 eu entrei na Universidade de Geografia, na UDESC de Florianópolis, e tive contato com o movimento estudantil. Em 1997 eu me filiei ao PT Estadual e em 1998 eu ingressei na campanha do candidato do partido a prefeito de Caçador, Eduardo Góes, nas eleições de 2000. Foi aí que eu me candidatei a vereador pela primeira vez com 22 anos de idade. Fiz 344 votos e fiquei como primeiro suplente do PT, mas não cheguei a fazer nenhuma atuação na ocasião. Em 2001 eu me tornei coordenador presidente do Sindicato dos Professores da região. Em 2004 então eu fui eleito com 991 votos.
Como você chegou a Presidência do Legislativo Municipal?
A princípio a administração municipal tinha decidido por nomear um vereador de um partido da base aliada ao prefeito para ser presidente da Câmara. Porém, nós da oposição (PT, PPS e PMDB) nos reunimos e propusemos um acordo político exclusivamente para a eleição da mesa diretora, uma vez que nós entendíamos que se o povo escolheu o Saulo para prefeito nada mais justo que nós da oposição termos a presidência do Legislativo para fiscalizar. Então num primeiro momento foi eleito o vereador Deoclides Sabedot (PMDB), que ficou até dezembro de 2005, e em seguida eu que fico até dezembro de 2006 quando deve assumir o vereador Gilberto Gonçalves (sem partido) de acordo com combinado.
Qual é o seu papel como presidente da Câmara?
O presidente do Legislativo tem que conduzir os trabalhos da Câmara, colocar os projetos em votação, coordenar o debate entre os vereadores. Quando você sai da bancada que é um momento no qual você pode criticar com mais veemência, quando você assume a presidência você tem que agir com outra postura. No meu caso específico ainda eu peguei um caso ímpar na história da Câmara Municipal de Caçador. Junto com os demais vereadores nós estamos procedendo a compra do equipamento da nova sede, da mobília. Então nós vamos movimentar um valor que nunca foi movimentado aqui. É um trabalho que exige muita cautela para fazer tudo com a maior transparência.
Você é a favor do aumento do número de vereadores em Caçador?
Eu creio que houve uma injustiça com o número de vereadores. O município de Macieira, por exemplo, tem nove vereadores enquanto Caçador tem 10. Há uma desproporção muito grande. Se você pega municípios como Lages, Chapecó e Concórdia, de médio a grande porte, que tem entre 14, 15 ou 16 vereadores fica evidente a desproporcionalidade. Então eu sou a favor que se rediscuta, mas não para este mandato. Para Caçador 10 eu acho pouco, mas 15 já é demais.
Como você vê a participação do jovem na política?
Alguns políticos tradicionais em Caçador acabam trabalhando com o jovem oferecendo emprego, jantares, promoções, entre outros. Então o jovem vê a política com um pouco de descrença. Ele vota em deputados, prefeito, vereadores e acaba não vendo nada sendo feito a seu favor. Eu sou um crítico desta postura e procuro trabalhar de outra forma com projetos que venham realmente beneficiar a vida desses jovens como qualificação profissional, professores preparados, transporte público eficiente, incentivo no esporte, cultura. Então a juventude vê a política como a maioria da sociedade, com falta de transparência, de honestidade, de respeito.
Como você vê a cidade de Caçador?
Caçador é uma cidade que eu gosto muito, sou daqui, conheço a cidade e não saio daqui por proposta alguma. Caçador é uma cidade que precisa se preparar para o futuro. Precisa de um político arrojado que pare de olhar cargos, parentes e antigos oligarcas que estão mandando na cidade desde 1934 e que dê um novo rumo. Tem que atender a população mais carente e Caçador precisa ser planejada.
Quais os principais problemas da cidade?
Por exemplo, você pega trânsito, saúde, educação, para o que tem ai ou se for comparar com outros municípios próximos que são miseráveis, Caçador está bom. Mas se for comparar com outras cidades de Santa Catarina e do Brasil você vai ver que a nossa educação está atrasada, por exemplo. Talvez para a população o que falte seja pavimentação de uma rua, algumas opções de lazer para a juventude, opção cultural diferenciada, criar um novo município. Tem que melhorar o presente para se preparar para o futuro.
O que você acha da atual administração até agora?
Eu sou oposição da administração municipal. Já recebi muitas críticas, sofri ameaça, mas eu fui eleito para fazer oposição ao plano de governo do prefeito Saulo Sperotto e vou continuar fazendo. Uma crítica ácida que eu faço é que hoje em Caçador só se olha os acordos políticos e conchaves que foram feitos como o emprego daquelas pessoas que ajudaram o prefeito A ou B. Por isso que eu defendo radicalmente o concurso público fiscalizado pela população. E não acredito 100% nas empresas que realizam concurso público em Caçador. Então a população vai ter que entender, quem estaria esperando uma vaga de um padrinho no serviço público, vai ter que entender que ou Caçador moraliza o serviço público e muda o ritmo de contratação de pessoal, de pessoas capacitadas e técnicas, ou a nossa cidade vai continuar nesse nível. Tem exemplos claros de corrupção de mal trato do dinheiro público, não somente desta administração mas na outra também, que são feitos por pessoas despreparadas.
E do prefeito Saulo Sperotto?
Costumo dizer que ele está fazendo um governo de sorte, porque de competência muito pouco. O quadro administrativo do prefeito, apesar de ter algumas poucas pessoas preparadas ali dentro, tem uma base, um segundo e terceiro escalão de nomeados que não tem capacidade de administrar Caçador. É impossível comprometer tantos deslizes que as CPIs estão comprovando e ninguém toma uma atitude mais séria. Então é uma administração de sorte, a receita do município está aumentando, o Governo Federal e Estadual tem repassado bastante dinheiro e se tivéssemos uma Prefeitura um pouco mais preparada talvez Caçador tivesse dado um salto nos últimos anos.
Como você vê o PT depois dos acontecimentos do ano passado envolvendo membros do partido em esquemas de corrupção?
O Brasil tem 500 anos de história e sempre foi um grupo pequeno que mandou no Brasil e ainda controla boa parte do país. Então quando o PT foi para uma disputa com o Lula, que é uma figura que eu sempre defendi e vou defender sempre, para mudar isso. Quando você defende o PT você não defende pessoas e sim a bandeira que é da ética e de uma política contra a corrupção. As acusações mais pesadas contra o PT saem de quem não tem moral alguma para fazê-las que são pessoas públicas como o Bornhausen, Antônio Carlos Magalhães, que são oligarcas. Até o próprio Geraldo Alkimin que vem da ala mais extrema direita de São Paulo que defende a privatização do país como o FHC fez. O PT como opção deixou a desejar em alguns aspectos, mas também não privatizou nada, não vendeu nada, dando uma outra dinâmica para o Brasil. Quanto à questão e corrupção eu sempre defendi, todo mundo pode acompanhar na nossa prática, quem meteu a mão em dinheiro público e for comprovado tem que devolver e ir para a cadeia. Agora as acusações do suposto mensalão, do suposto desvio de dinheiro público as próprias pesquisas mostram que isso não chegou ao presidente Lula senão ele não estaria com 60% de aprovação e 48% das intenções de voto.
Você acha que o Lula vai se reeleger?
A política é muito dinâmica. Quando você fala em eleição no Brasil você não está falando em eleição apenas no Brasil, tem outros interesses que estão em jogo. Por exemplo, o interesse da América Latina que os EUA e a Europa sempre controlaram. Hoje a América Latina está dando uma guinada para a esquerda impulsionada pelo PT no Brasil, o que sugere que com certeza haverá influência internacional e nacional nos financiamentos das campanhas para derrubar o Governo Lula. Eu acredito que o jogo vai ser pesado, mas acredito que o Lula se reeleja num segundo turno um tanto quanto apertado.
Quais são suas pretensões para o futuro?
Eu quero ajudar a eleger o Assis Pereira (PT) para prefeito, que foi nosso candidato na última eleição e quero me manter mais um mandato na Câmara de Vereadores se a população assim quiser. Para um futuro mais distante, quem sabe num segundo mandato do PT em Caçador, eu possa vir a disputar a deputado estadual ou prefeito.
Caçador Online: Quando você ingressou na política, como surgiu seu interesse por essa área?
Marcos da Silva Creminácio: Eu sempre tive interesse nessa área, sempre acompanhei os acontecimentos políticos. Em 1995 eu entrei na Universidade de Geografia, na UDESC de Florianópolis, e tive contato com o movimento estudantil. Em 1997 eu me filiei ao PT Estadual e em 1998 eu ingressei na campanha do candidato do partido a prefeito de Caçador, Eduardo Góes, nas eleições de 2000. Foi aí que eu me candidatei a vereador pela primeira vez com 22 anos de idade. Fiz 344 votos e fiquei como primeiro suplente do PT, mas não cheguei a fazer nenhuma atuação na ocasião. Em 2001 eu me tornei coordenador presidente do Sindicato dos Professores da região. Em 2004 então eu fui eleito com 991 votos.
Como você chegou a Presidência do Legislativo Municipal?
A princípio a administração municipal tinha decidido por nomear um vereador de um partido da base aliada ao prefeito para ser presidente da Câmara. Porém, nós da oposição (PT, PPS e PMDB) nos reunimos e propusemos um acordo político exclusivamente para a eleição da mesa diretora, uma vez que nós entendíamos que se o povo escolheu o Saulo para prefeito nada mais justo que nós da oposição termos a presidência do Legislativo para fiscalizar. Então num primeiro momento foi eleito o vereador Deoclides Sabedot (PMDB), que ficou até dezembro de 2005, e em seguida eu que fico até dezembro de 2006 quando deve assumir o vereador Gilberto Gonçalves (sem partido) de acordo com combinado.
Qual é o seu papel como presidente da Câmara?
O presidente do Legislativo tem que conduzir os trabalhos da Câmara, colocar os projetos em votação, coordenar o debate entre os vereadores. Quando você sai da bancada que é um momento no qual você pode criticar com mais veemência, quando você assume a presidência você tem que agir com outra postura. No meu caso específico ainda eu peguei um caso ímpar na história da Câmara Municipal de Caçador. Junto com os demais vereadores nós estamos procedendo a compra do equipamento da nova sede, da mobília. Então nós vamos movimentar um valor que nunca foi movimentado aqui. É um trabalho que exige muita cautela para fazer tudo com a maior transparência.
Você é a favor do aumento do número de vereadores em Caçador?
Eu creio que houve uma injustiça com o número de vereadores. O município de Macieira, por exemplo, tem nove vereadores enquanto Caçador tem 10. Há uma desproporção muito grande. Se você pega municípios como Lages, Chapecó e Concórdia, de médio a grande porte, que tem entre 14, 15 ou 16 vereadores fica evidente a desproporcionalidade. Então eu sou a favor que se rediscuta, mas não para este mandato. Para Caçador 10 eu acho pouco, mas 15 já é demais.
Como você vê a participação do jovem na política?
Alguns políticos tradicionais em Caçador acabam trabalhando com o jovem oferecendo emprego, jantares, promoções, entre outros. Então o jovem vê a política com um pouco de descrença. Ele vota em deputados, prefeito, vereadores e acaba não vendo nada sendo feito a seu favor. Eu sou um crítico desta postura e procuro trabalhar de outra forma com projetos que venham realmente beneficiar a vida desses jovens como qualificação profissional, professores preparados, transporte público eficiente, incentivo no esporte, cultura. Então a juventude vê a política como a maioria da sociedade, com falta de transparência, de honestidade, de respeito.
Como você vê a cidade de Caçador?
Caçador é uma cidade que eu gosto muito, sou daqui, conheço a cidade e não saio daqui por proposta alguma. Caçador é uma cidade que precisa se preparar para o futuro. Precisa de um político arrojado que pare de olhar cargos, parentes e antigos oligarcas que estão mandando na cidade desde 1934 e que dê um novo rumo. Tem que atender a população mais carente e Caçador precisa ser planejada.
Quais os principais problemas da cidade?
Por exemplo, você pega trânsito, saúde, educação, para o que tem ai ou se for comparar com outros municípios próximos que são miseráveis, Caçador está bom. Mas se for comparar com outras cidades de Santa Catarina e do Brasil você vai ver que a nossa educação está atrasada, por exemplo. Talvez para a população o que falte seja pavimentação de uma rua, algumas opções de lazer para a juventude, opção cultural diferenciada, criar um novo município. Tem que melhorar o presente para se preparar para o futuro.
O que você acha da atual administração até agora?
Eu sou oposição da administração municipal. Já recebi muitas críticas, sofri ameaça, mas eu fui eleito para fazer oposição ao plano de governo do prefeito Saulo Sperotto e vou continuar fazendo. Uma crítica ácida que eu faço é que hoje em Caçador só se olha os acordos políticos e conchaves que foram feitos como o emprego daquelas pessoas que ajudaram o prefeito A ou B. Por isso que eu defendo radicalmente o concurso público fiscalizado pela população. E não acredito 100% nas empresas que realizam concurso público em Caçador. Então a população vai ter que entender, quem estaria esperando uma vaga de um padrinho no serviço público, vai ter que entender que ou Caçador moraliza o serviço público e muda o ritmo de contratação de pessoal, de pessoas capacitadas e técnicas, ou a nossa cidade vai continuar nesse nível. Tem exemplos claros de corrupção de mal trato do dinheiro público, não somente desta administração mas na outra também, que são feitos por pessoas despreparadas.
E do prefeito Saulo Sperotto?
Costumo dizer que ele está fazendo um governo de sorte, porque de competência muito pouco. O quadro administrativo do prefeito, apesar de ter algumas poucas pessoas preparadas ali dentro, tem uma base, um segundo e terceiro escalão de nomeados que não tem capacidade de administrar Caçador. É impossível comprometer tantos deslizes que as CPIs estão comprovando e ninguém toma uma atitude mais séria. Então é uma administração de sorte, a receita do município está aumentando, o Governo Federal e Estadual tem repassado bastante dinheiro e se tivéssemos uma Prefeitura um pouco mais preparada talvez Caçador tivesse dado um salto nos últimos anos.
Como você vê o PT depois dos acontecimentos do ano passado envolvendo membros do partido em esquemas de corrupção?
O Brasil tem 500 anos de história e sempre foi um grupo pequeno que mandou no Brasil e ainda controla boa parte do país. Então quando o PT foi para uma disputa com o Lula, que é uma figura que eu sempre defendi e vou defender sempre, para mudar isso. Quando você defende o PT você não defende pessoas e sim a bandeira que é da ética e de uma política contra a corrupção. As acusações mais pesadas contra o PT saem de quem não tem moral alguma para fazê-las que são pessoas públicas como o Bornhausen, Antônio Carlos Magalhães, que são oligarcas. Até o próprio Geraldo Alkimin que vem da ala mais extrema direita de São Paulo que defende a privatização do país como o FHC fez. O PT como opção deixou a desejar em alguns aspectos, mas também não privatizou nada, não vendeu nada, dando uma outra dinâmica para o Brasil. Quanto à questão e corrupção eu sempre defendi, todo mundo pode acompanhar na nossa prática, quem meteu a mão em dinheiro público e for comprovado tem que devolver e ir para a cadeia. Agora as acusações do suposto mensalão, do suposto desvio de dinheiro público as próprias pesquisas mostram que isso não chegou ao presidente Lula senão ele não estaria com 60% de aprovação e 48% das intenções de voto.
Você acha que o Lula vai se reeleger?
A política é muito dinâmica. Quando você fala em eleição no Brasil você não está falando em eleição apenas no Brasil, tem outros interesses que estão em jogo. Por exemplo, o interesse da América Latina que os EUA e a Europa sempre controlaram. Hoje a América Latina está dando uma guinada para a esquerda impulsionada pelo PT no Brasil, o que sugere que com certeza haverá influência internacional e nacional nos financiamentos das campanhas para derrubar o Governo Lula. Eu acredito que o jogo vai ser pesado, mas acredito que o Lula se reeleja num segundo turno um tanto quanto apertado.
Quais são suas pretensões para o futuro?
Eu quero ajudar a eleger o Assis Pereira (PT) para prefeito, que foi nosso candidato na última eleição e quero me manter mais um mandato na Câmara de Vereadores se a população assim quiser. Para um futuro mais distante, quem sabe num segundo mandato do PT em Caçador, eu possa vir a disputar a deputado estadual ou prefeito.
2 comentários:
Oi, eu preciso do telefone do Assis Pereira, pois eu torço pra que ele se candidate novamente, e que ele ganhe a eleição para prefeito aí em Caçador..ou endereço do seu comércio ou mesmo email. Se for atendida fico agradecida. Dandara de lins
eu, particularmente, axo ótima a gestão do atual prefeito Saulo.
Com essa gestão Caçador tá sendo pela primeira vez exemplo.
Fomos até reconhecidos pela ONU com um projeto aqui perto da minha casa. Sem contar a policlinica muinicipal, que apesar das filas que tem que diminuir um pouco, está bem moderna.
Caçador é uma cidade linda e desenvolvida e temos que ter orgulho disso.
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