A tardia decisão no Esporte (Editorial)
O Estado de S.Paulo
Só depois de a ministra Carmen Lúcia, do STF, anunciar na terça-feira que autorizara a abertura de inquérito para investigar, a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os convênios do Ministério do Esporte na gestão Orlando Silva, a presidente Dilma Rousseff se rendeu à evidência de que o ministro do PC do B, herdado do governo Lula, tinha perdido as condições políticas de continuar no cargo havia já dez dias, com a divulgação de novas acusações contra ele.
A presidente invocou o princípio da presunção de inocência diante da denúncia de que o ministro se envolvera pessoalmente no esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, para favorecer, se não a si próprio, o seu partido.
É bem verdade que o delator, o PM do Distrito Federal João Dias Ferreira, tem ficha suja e chegou a ser preso pela Polícia Federal por suspeita de apropriação de recursos públicos.
É verdade ainda que ele não apresentou provas cabais das irregularidades apontadas e que o seu comportamento, desde então, foi o de um farsante. Mas era de esperar que a verossimilhança de suas acusações, coerentes com o que já se sabia das sistemáticas maracutaias no Esporte - detalhadas neste jornal, em fevereiro último -, fosse mais do que suficiente para alertar a presidente do imperativo de se desfazer do titular de um Ministério que Lula entregara ao PC do B, já em 2003, em regime de porteira fechada.
Além disso, pesava o retrospecto de quatro escândalos que resultaram em baixas no seu Gabinete em nove meses de Planalto - um recorde na história da República.
Das vezes anteriores, ela conseguiu fazer dos limões uma limonada ao personificar, perante uma opinião pública nauseada pela corrupção política, a faxina na administração federal, embora a reboque do noticiário.
Agora, refém de seus dilemas, quando não do patrono Lula - arrimo durante duas semanas do militante de um partido do qual se sente devedor desde a sua primeira candidatura presidencial -, Dilma permitiu que a sua imagem ficasse contaminada pela hemorragia do ministro, atingido, dia sim, o outro também, por revelações de "malfeitos" no seu entorno.
O Estado de S.Paulo
Só depois de a ministra Carmen Lúcia, do STF, anunciar na terça-feira que autorizara a abertura de inquérito para investigar, a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os convênios do Ministério do Esporte na gestão Orlando Silva, a presidente Dilma Rousseff se rendeu à evidência de que o ministro do PC do B, herdado do governo Lula, tinha perdido as condições políticas de continuar no cargo havia já dez dias, com a divulgação de novas acusações contra ele.
A presidente invocou o princípio da presunção de inocência diante da denúncia de que o ministro se envolvera pessoalmente no esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, para favorecer, se não a si próprio, o seu partido.
É bem verdade que o delator, o PM do Distrito Federal João Dias Ferreira, tem ficha suja e chegou a ser preso pela Polícia Federal por suspeita de apropriação de recursos públicos.
É verdade ainda que ele não apresentou provas cabais das irregularidades apontadas e que o seu comportamento, desde então, foi o de um farsante. Mas era de esperar que a verossimilhança de suas acusações, coerentes com o que já se sabia das sistemáticas maracutaias no Esporte - detalhadas neste jornal, em fevereiro último -, fosse mais do que suficiente para alertar a presidente do imperativo de se desfazer do titular de um Ministério que Lula entregara ao PC do B, já em 2003, em regime de porteira fechada.
Além disso, pesava o retrospecto de quatro escândalos que resultaram em baixas no seu Gabinete em nove meses de Planalto - um recorde na história da República.
Das vezes anteriores, ela conseguiu fazer dos limões uma limonada ao personificar, perante uma opinião pública nauseada pela corrupção política, a faxina na administração federal, embora a reboque do noticiário.
Agora, refém de seus dilemas, quando não do patrono Lula - arrimo durante duas semanas do militante de um partido do qual se sente devedor desde a sua primeira candidatura presidencial -, Dilma permitiu que a sua imagem ficasse contaminada pela hemorragia do ministro, atingido, dia sim, o outro também, por revelações de "malfeitos" no seu entorno.
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