A subida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas recentes pesquisas de opinião parece ter semeado o pânico nas hostes oposicionistas, especialmente no PSDB. O processo de escolha do candidato tucano à presidência, que já estava um tanto tumultuado pela insistência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em manter a sua pré-candidatura, pegou fogo.
O problema todo é que o prefeito de São Paulo, José Serra, só aceita disputar a sucessão de Lula se for convidado e aclamado pelo partido, para que não pareça que ele está concorrendo por mero desejo pessoal e, desta forma, desdenhando o mandato que lhe foi conferido pelos paulistanos no ano passado. Como é sabido, Serra prometeu cumprir o mandato, assinou um documento registrando a promessa e deu entrevistas a este respeito na televisão.
Todo este material está nas mãos dos petistas, pronto para ser utilizado na campanha. Dentro deste quadro, a subida de Lula nas pesquisas em tese deveria favorecer justamente o prefeito José Serra, uma vez que, no novo cenário, ele seria o único com alguma chance de enfrentar o presidente.
A lógica tucana, no entanto, é um pouco diferente da lógica formal. No PSDB, o cálculo leva em conta variáveis futuras e complicadas. O resumo da ópera é que lideranças tucanas acreditam que, se Serra sair com chances e perder, o PSDB sofrerá um baque maior do que se Alckmin for o derrotado, já que, neste cenário, o partido perderia também a prefeitura de São Paulo.
Há, no partido, pressões para que Serra permaneça onde está e apóie a candidatura de Alckmin, teoricamente mais frágil na disputa. Em outras palavras, Alckmin seria o candidato mais palatável no cenário em que o presidente Lula começa a aparecer como favorito. Os tucanos evitam dizer, mas a verdade é que, com Geraldo Alckmin, a derrota do PSDB seria menor do que com José Serra.
Tensão aumenta
Ao que tudo indica, no entanto, o prefeito não ficou nada satisfeito com as pressões para acelerar a escolha do candidato tucano e muito menos com a pesquisa do CNT/Sensus. Irritado, Serra passou a semana se negando a falar sobre política nacional. Na quinta-feira, constrangeu seus correligionários ao desmarcar, em cima da hora, a presença em um evento promovido por Alckmin e ao ameaçar não comparecer ao debate de seu próprio partido sobre juros, que teria a presença do presidente da legenda, senador Tasso Jereissati, do governador Aécio Neves e do ex-presidente Fernando Henrique.
Aliados de Serra tentam contemporizar e negar que o prefeito esteja destemperado, mas gastam toda a energia possível para forçar a renúncia de Alckmin no processo, que vai se revelando cada dia mais difícil.Ao fim e ao cabo, se o PSDB continuar batendo cabeça, Lula só tem a comemorar. O resultado estará nas próximas pesquisas, que, segundo analistas experientes, deve mostrar um crescimento ainda maior do presidente, o que vai acabar incendiando de vez o partido tucano.
Luiz Antônio Magalhães
Luiz Antônio Magalhães
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