Psssiu… PSOL! – Aqui vou eu…
Vou tornar-me eleitor de um desses partidos “nanicos” de esquerda, portadores de uma mensagem tão generosa quanto sonhadora.
por Luciano Oliveira (23/07/2012)
Semanas atrás, num pequeno texto indignado, citei a famosa frase de Saramago – “Até aqui cheguei!” – para informar aos meus cinco leitores que tinha desistido de apoiar Lula como político e o “lulismo” como política depois da vergonhosa cerimônia de beija-mão na mansão de Paulo Maluf, protagonizada por “Lula nine-fingers”, como diz um amigo meu que abandonou o barco há um bocado de tempo, assim que os primeiros roedores começaram a surgir no porão…
Em seguida à publicação do texto, fui merecedor de algumas reações. Houve quem justificasse a “malufada”, como houve quem perguntasse se eu “tucanei” ou sugerisse que eu “tucanasse”. A um deles respondi, meio de brincadeira, que iria ler A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr., antes de tomar uma posição. Terminei lendo o livro, que achei bem ruinzinho, por sinal, mas no qual o leitor que tenha a paciência de atravessar o pântano interminável de certidões de cartório ali reproduzidas encontra razões suficientes para lembrar aquela velha anedota do sujeito que tem os bigodes untados de gosma de ovo podre e que quanto mais infla as narinas em busca de ar fresco, mais sente podridão. E, atarantado, exclama: “mas é o mundo todo!”
Que fazer? Nessas ocasiões, uma reação primeira que costuma ocorrer ao cidadão bem intencionado enojado de tudo isso é afirmar peremptório que não vota mais em f.d.p. nenhum. Normalmente a ameaça não é cumprida. Também não a cumprirei. Vou continuar votando. Afinal, passado o primeiro impulso, uma reflexão mais detida e responsável é capaz de lembrar a velha observação de Churchill de que a democracia é o pior dos regimes, com exceção de todos os demais… Na verdade não existe o “bom regime”, como não existe a “boa sociedade”, como lembrava insistentemente um filósofo francês contemporâneo hoje meio esquecido, Claude Lefort, um autor que foi fundamental para minha própria visão da política. O único remédio para as mazelas da democracia é mais democracia! E, no fim das contas, um parlamento ruim aberto é preferível ao melhor parlamento fechado!
Mas em quem votar? De minha parte, informo aos meus cinco leitores (talvez agora nem isso…) que vou voltar à postura purista de trinta anos atrás, quando eu e muitos de nós vimos com grande esperança o surgimento do PT, algo realmente inédito na vida política brasileira. No atual contexto, vou tornar-me eleitor de um desses partidos “nanicos” de esquerda, portadores de uma mensagem tão generosa quanto sonhadora. Escolhi o PSOL. Além de ter nascido de uma dissidência do PT – quando o partido-mãe tornou-se um partido-ônibus aceitando qualquer tipo de passageiro –, abriga alguns políticos que ainda admiro e tem um nome bonito!
Pode ser que um dia o PSOL cresça tanto a ponto de aceitar se degradar para chegar ao poder a qualquer custo. Terá se tornado um PMDBezão, um PTezão, um PSDBezão… Mas isso ainda vai levar muito tempo e, como felizmente não somos imortais, não estarei mais aqui para escrever outro artigo como este.
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