terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Feliz 2012

Feliz 2012

Natal e ano-novo são momentos que convidam à calma, às retrospectivas e aos devaneios sobre o futuro. Não será diferente nesta passagem de 2011 para 2012. Os pregadores de todas as religiões, os arautos das boas novas, desde os políticos até os adivinhadores do futuro, vão insistir no "amai-vos uns aos outros", síntese do que de mais generoso já foi proposto para a humanidade.

Outro dia, num casamento, ouvi o celebrante pregar com emoção o amor entre os noivos e as juras de fidelidade eterna. Pensei em silêncio: diante da vida, ele crerá nisso? Acho que sim, e eu também.

Cumpra-se ou não à risca o que está ditado como a boa norma, ela não deixa de ser o ponto de referência sem o qual a sociabilidade não tem no que se apoiar e a relação entre as pessoas se dá com tal estranhamento que torna o homem inimigo do homem.

Pode até ser assim, mas como anomalia, rejeitada pela "boa sociedade".

Essa construção mental - a boa sociedade -, inspirada pela vontade e guiada por valores, pode ser "utópica", mas é condição para uma convivência civilizada. É por isso que, sem cinismo, proclamamos os votos de bom ano-novo. Razões para pessimismo há, de sobra. Mas por que não acreditar que as coisas possam melhorar?

Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República

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