quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Como jogar dinheiro fora

Resolvi, por curiosidade, fazer uma experiência de jornalismo comunitário: listar numa página da internet os eventos culturais e educacionais gratuitos da cidade de São Paulo. Pedi, então, ajuda aos internautas para que ajudassem a compor esse mapa da mina de inclusão, destinada a fazer da cidade uma extensão da escola. Está vindo uma avalanche de dicas muito maior do que eu imaginava --acabou assim nascendo o www.catracalivre.com.br. É mais uma, entre tantas, histórias de desperdício com dinheiro publico.

Muitos desses eventos estão vazios, pouco freqüentados especialmente por alunos de escolas públicas --os mais ricos já são beneficiários dessas possibilidades culturais. São espaços que poderiam seduzir os estudantes, com música, pintura, escultura, dança, comunicação, literatura. Sem contar os mais diferentes cursos e oficinas oferecidos pelas mais diversas entidades públicas e privadas.

Essa experiência de desperdício apenas mostra que faz sentido a proposta dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo de tentar aumentar a jornada escolar, usando-se os recursos disponíveis da cidade.

Fácil falar, difícil fazer, afinal muros escolares terão de ser derrubados. Mas, como mostram os milhares de catracas livres, estamos jogando dinheiro fora.

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Uma das grandes (e boas) novidades da eleição paulistana é o compromisso de todos os principais candidatos com a educação de tempo integral. Dificilmente algo poderia ter tanto impacto civilizatório em São Paulo se essa promessa sair do papel --e, claro, com qualidade.

Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

E-mail: palavradoleitor@uol.com.br
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