A crise financeira atual é bem diferente das outras. Ela é muito mais global e muito mais rápida. Mas, ao contrário do canto das cassandras que até hoje choram o fim da história e a consolidação da economia de mercado como a mais capaz de organizar a produção de forma eficiente e progressista, ele não enfraquece o capitalismo. Pelo contrário, o fortalece.
A prova maior dessa força é que são os Estados Unidos do liberal George W. Bush e de seu secretário do Tesouro, Henry Paulson, ex-executivo do Goldman Sachs, que conduzem intervenções estatizantes em ícones de Wall Street. A mensagem não é "a intervenção estatal é a solução", mas 'somos pragmáticos, não somos sectários, vamos intervir quando necessário".
O que vivemos hoje é mais um capítulo das crises cíclicas do sistema capitalista, esta parida num caldo explosivo de crédito farto e barato, avanços extremos na engenharia financeira e na desregulamentação dos mercados e grandes reservas de capital de países asiáticos e petroleiros em busca de papéis para investir.
Depois que o elo mais fraco dessa corrente financeira global (os empréstimos imobiliários de baixa qualidade nos EUA, chamados "subprime") partiu, o sistema entrou em colapso.
Já há consenso de que a grande desregulamentação dos mercados nos EUA permitiu excessos talvez até criminosos dos magos de Wall Street. Os "mestres do universo", tão bem retratados e ironizados por Tom Wolfe no impagável "Fogueira das Vaidades", estão agora pagando o preço, perdendo seus cargos, seus bônus multimilionários, sua aura vitoriosa. E seus bancos.
Mas não há alternativa à economia liberal, por pior que ela possa parecer, como profetizou Francis Fukuyama nos anos 1990. E os exemplos estão por toda a parte. A China, por exemplo, avança tanto porque deixa o centralismo econômico e abraça o capitalismo, assim como a Índia, o Brasil, a Irlanda, a África.
O capitalismo agora se depura, se aperfeiçoa. A regulação sobre os mercados aumentará, até que novos avanços na engenharia financeira consigam driblá-la em busca do ganho maior, gerando sua próxima crise. Assim caminha a humanidade.
Como disseram Marx e Engels no "Manifesto Comunista" de 1848, em menos de um século, o sistema capitalista gerou forças mais colossais do que todas as gerações precedentes combinadas.
Ou, parafraseando Churchill, o capitalismo é o pior sistema econômico já inventado, com a exceção de todos os outros que foram tentados até aqui.
As alternativas são a Coréia do Norte, Myanmar, Cuba, a Rússia neoczarista, a Venezuela chavista, a Bolívia moralista... Prefiro Nova York.
Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
A prova maior dessa força é que são os Estados Unidos do liberal George W. Bush e de seu secretário do Tesouro, Henry Paulson, ex-executivo do Goldman Sachs, que conduzem intervenções estatizantes em ícones de Wall Street. A mensagem não é "a intervenção estatal é a solução", mas 'somos pragmáticos, não somos sectários, vamos intervir quando necessário".
O que vivemos hoje é mais um capítulo das crises cíclicas do sistema capitalista, esta parida num caldo explosivo de crédito farto e barato, avanços extremos na engenharia financeira e na desregulamentação dos mercados e grandes reservas de capital de países asiáticos e petroleiros em busca de papéis para investir.
Depois que o elo mais fraco dessa corrente financeira global (os empréstimos imobiliários de baixa qualidade nos EUA, chamados "subprime") partiu, o sistema entrou em colapso.
Já há consenso de que a grande desregulamentação dos mercados nos EUA permitiu excessos talvez até criminosos dos magos de Wall Street. Os "mestres do universo", tão bem retratados e ironizados por Tom Wolfe no impagável "Fogueira das Vaidades", estão agora pagando o preço, perdendo seus cargos, seus bônus multimilionários, sua aura vitoriosa. E seus bancos.
Mas não há alternativa à economia liberal, por pior que ela possa parecer, como profetizou Francis Fukuyama nos anos 1990. E os exemplos estão por toda a parte. A China, por exemplo, avança tanto porque deixa o centralismo econômico e abraça o capitalismo, assim como a Índia, o Brasil, a Irlanda, a África.
O capitalismo agora se depura, se aperfeiçoa. A regulação sobre os mercados aumentará, até que novos avanços na engenharia financeira consigam driblá-la em busca do ganho maior, gerando sua próxima crise. Assim caminha a humanidade.
Como disseram Marx e Engels no "Manifesto Comunista" de 1848, em menos de um século, o sistema capitalista gerou forças mais colossais do que todas as gerações precedentes combinadas.
Ou, parafraseando Churchill, o capitalismo é o pior sistema econômico já inventado, com a exceção de todos os outros que foram tentados até aqui.
As alternativas são a Coréia do Norte, Myanmar, Cuba, a Rússia neoczarista, a Venezuela chavista, a Bolívia moralista... Prefiro Nova York.
Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
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