Rui Barbosa
(1849 - 1923)
Orador, jurista, jornalista, abolicionista e homem público brasileiro nascido em Salvador, Bahia, fundador da Academia Brasileira de Letras, escolhendo Evaristo da Veiga como patrono da Cadeira n. 10 da ABL, ficou famoso ao traduzir a obra O papa e o concílio (1877), de Doelinger, contra o dogma da infalibilidade do papa. Filho do médico, político e educador João José Barbosa de Oliveira, homem voltado para os problemas da educação e da cultura e que por vários anos dirigiu a Instrução Pública de sua província, e de dona Maria Adélia, que lhe deram ainda uma irmã mais nova, Brites Barbosa. Iniciou (1865) o curso jurídico em Recife e, conforme tradição da época, transferiu-se (1868), para a Faculdade de Direito de São Paulo. Lá foi proposto sócio, juntamente com Castro Alves, do Ateneu Paulistano, então sob a presidência de Joaquim Nabuco. Formado em direito (1870) fez da introdução do livro um libelo contra a chamada questão religiosa. Em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira na tribuna e na imprensa, abraçando como causa inicial a abolição da escravatura. Casou-se (1876) com Maria Augusta Viana Bandeira, que lhe acompanharia a partir de então por todos os momentos da vida. Eleito deputado provincial pela Bahia (1878) e reeleito deputado geral nas duas eleições seguintes, participou da reforma eleitoral (1881) e da reforma do ensino (1882-1883). Preconizou, juntamente com Joaquim Nabuco, a defesa do sistema federativo, por isso, quando convidado para ministro do Gabinete Afonso Celso, pouco antes da proclamação da República, recusou o cargo, por ser este incompatível com suas idéias federativas. Destacou-se na defesa da abolição, mas não se mostrou um batalhador da República, embora criticasse as falhas da monarquia e ajudasse em sua derrocada. Ministro da Fazenda no primeiro governo provisório, recorreu à inflação para financiar o crescimento econômico. Liberal, ajudou a redigir a nova Constituição (1891). Oposicionista no governo de Floriano Peixoto, foi obrigado a se exilar (1893-1894), passando por Buenos Aires, Lisboa e Londres, onde escreveu, então, as famosas Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio, tornando-se a primeira voz no mundo a se levantar contra o famoso Processo Dreyfus. Voltando ao Brasil (1895) ocupou uma cadeira no Senado, pela Bahia à Assembléia Constituinte. Permaneceria como Senador da República até à morte, sendo sucessivamente reeleito. Ganhou fama internacional quando o czar da Rússia convocou a 2a Conferência da Paz, em Haia (1907). O Barão do Rio Branco, no Ministério das Relações Exteriores, escolheu primeiramente Joaquim Nabuco para chefiar a delegação brasileira, mas a imprensa e a opinião pública lançaram o seu nome e o próprio Nabuco recusou a nomeação em benefício da nomeação do senador. Investido de uma categoria diplomática não desfrutada até então por nenhum país da América Latina, defendeu o princípio da igualdade jurídica das nações soberanas, enfrentando irredutíveis preconceitos das chamadas grandes potências. Além de nomeado Presidente de Honra da Primeira Comissão, teve seu nome colocado entre os Sete Sábios de Haia. Os outros eram o Barão Marshall, Nelidoff, Choate, Kapos Meye, Léon Bourgeois e o Conde Tornielli. Em virtude de seu discurso defendendo os direitos dos pequenos países e propondo a igualdade entre todas as nações, ganhou o epíteto de Águia de Haia. Candidatou-se à Presidência em oposição ao marechal Hermes da Fonseca, liderando a Campanha Civilista (1910). Derrotado, depois (1913) fundou o Partido Liberal, sendo mais uma vez indicado para a presidência da República, candidatura que desistiu. Novamente levantada sua candidatura à presidência da República (1919), numa campanha radical nas questões sociais, percorreu vários Estados, em campanha contra a decadência dos nossos costumes políticos. Novamente foi derrotado, desta vez por Epitácio Pessoa. Foi eleito (1921) juiz da Corte Internacional de Justiça, como o mais votado, recebendo as mais significativas homenagens do Brasil e de todo o mundo. Proferiu o último discurso no Senado (1922), concedendo o estado de sítio ao governo para dominar o movimento revolucionário. Faleceu em Petrópolis, RJ, deixando uma obra vasta, que incluiu escritos e discursos sobre todas as questões da época, embora pessoalmente não se considerasse um escritor. Foi um político radical e de idéias, sob certos ângulos, muito discutíveis como sua oposição a vacinação obrigatória contra a febre amarela no Rio de Janeiro e sua criação e aprovação da lei pela eliminação de todos os documentos que registravam a era da escravidão no Brasil. Segundo página da Biblioteca do MST (http://www.mst.org.br/biblioteca/lutadores/luisamahin.htm): Para evitar problemas financeiros e jurídicos com cobranças de pagamentos de indenização aos senhores de escravos, após a escravidão ser abolida no país (1888), o futuro Águia de Haia, então ministro das Finanças do primeiro governo republicano, assinou um despacho em 14 de dezembro (1890), determinando que todos os livros e documentos referentes à escravidão existentes no Ministério das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala das caldeiras da Alfândega do Rio de Janeiro e assim, em poucos dias, irremediavelmente, uma importante página de nossa história virou cinzas. Na sua obra citam-se Alexandre Herculano, discurso (1877), Castro Alves, discurso (1881), Reforma do ensino secundário e superior, pareceres (1882), O Marquês de Pombal, discurso (1882), Reforma do ensino primário, pareceres (1883), Swift, ensaio (1887), Cartas da Inglaterra, ensaios (1896), Parecer e Réplica acerca da redação do Código Civil, filologia (1904), Discursos e conferências (1907), Anatole France, discurso (1909), Páginas literárias, ensaios (1918), Cartas políticas e literárias, epístolas (1919), Oração aos moços, discurso (1920) e depois editado em livro (1921), Queda do Império, história, 2 vols. (1921), Orações do Apóstolo, discursos (1923), Obras completas, organizadas pela Casa de Rui Barbosa, 125 vols.
(1849 - 1923)
Orador, jurista, jornalista, abolicionista e homem público brasileiro nascido em Salvador, Bahia, fundador da Academia Brasileira de Letras, escolhendo Evaristo da Veiga como patrono da Cadeira n. 10 da ABL, ficou famoso ao traduzir a obra O papa e o concílio (1877), de Doelinger, contra o dogma da infalibilidade do papa. Filho do médico, político e educador João José Barbosa de Oliveira, homem voltado para os problemas da educação e da cultura e que por vários anos dirigiu a Instrução Pública de sua província, e de dona Maria Adélia, que lhe deram ainda uma irmã mais nova, Brites Barbosa. Iniciou (1865) o curso jurídico em Recife e, conforme tradição da época, transferiu-se (1868), para a Faculdade de Direito de São Paulo. Lá foi proposto sócio, juntamente com Castro Alves, do Ateneu Paulistano, então sob a presidência de Joaquim Nabuco. Formado em direito (1870) fez da introdução do livro um libelo contra a chamada questão religiosa. Em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira na tribuna e na imprensa, abraçando como causa inicial a abolição da escravatura. Casou-se (1876) com Maria Augusta Viana Bandeira, que lhe acompanharia a partir de então por todos os momentos da vida. Eleito deputado provincial pela Bahia (1878) e reeleito deputado geral nas duas eleições seguintes, participou da reforma eleitoral (1881) e da reforma do ensino (1882-1883). Preconizou, juntamente com Joaquim Nabuco, a defesa do sistema federativo, por isso, quando convidado para ministro do Gabinete Afonso Celso, pouco antes da proclamação da República, recusou o cargo, por ser este incompatível com suas idéias federativas. Destacou-se na defesa da abolição, mas não se mostrou um batalhador da República, embora criticasse as falhas da monarquia e ajudasse em sua derrocada. Ministro da Fazenda no primeiro governo provisório, recorreu à inflação para financiar o crescimento econômico. Liberal, ajudou a redigir a nova Constituição (1891). Oposicionista no governo de Floriano Peixoto, foi obrigado a se exilar (1893-1894), passando por Buenos Aires, Lisboa e Londres, onde escreveu, então, as famosas Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio, tornando-se a primeira voz no mundo a se levantar contra o famoso Processo Dreyfus. Voltando ao Brasil (1895) ocupou uma cadeira no Senado, pela Bahia à Assembléia Constituinte. Permaneceria como Senador da República até à morte, sendo sucessivamente reeleito. Ganhou fama internacional quando o czar da Rússia convocou a 2a Conferência da Paz, em Haia (1907). O Barão do Rio Branco, no Ministério das Relações Exteriores, escolheu primeiramente Joaquim Nabuco para chefiar a delegação brasileira, mas a imprensa e a opinião pública lançaram o seu nome e o próprio Nabuco recusou a nomeação em benefício da nomeação do senador. Investido de uma categoria diplomática não desfrutada até então por nenhum país da América Latina, defendeu o princípio da igualdade jurídica das nações soberanas, enfrentando irredutíveis preconceitos das chamadas grandes potências. Além de nomeado Presidente de Honra da Primeira Comissão, teve seu nome colocado entre os Sete Sábios de Haia. Os outros eram o Barão Marshall, Nelidoff, Choate, Kapos Meye, Léon Bourgeois e o Conde Tornielli. Em virtude de seu discurso defendendo os direitos dos pequenos países e propondo a igualdade entre todas as nações, ganhou o epíteto de Águia de Haia. Candidatou-se à Presidência em oposição ao marechal Hermes da Fonseca, liderando a Campanha Civilista (1910). Derrotado, depois (1913) fundou o Partido Liberal, sendo mais uma vez indicado para a presidência da República, candidatura que desistiu. Novamente levantada sua candidatura à presidência da República (1919), numa campanha radical nas questões sociais, percorreu vários Estados, em campanha contra a decadência dos nossos costumes políticos. Novamente foi derrotado, desta vez por Epitácio Pessoa. Foi eleito (1921) juiz da Corte Internacional de Justiça, como o mais votado, recebendo as mais significativas homenagens do Brasil e de todo o mundo. Proferiu o último discurso no Senado (1922), concedendo o estado de sítio ao governo para dominar o movimento revolucionário. Faleceu em Petrópolis, RJ, deixando uma obra vasta, que incluiu escritos e discursos sobre todas as questões da época, embora pessoalmente não se considerasse um escritor. Foi um político radical e de idéias, sob certos ângulos, muito discutíveis como sua oposição a vacinação obrigatória contra a febre amarela no Rio de Janeiro e sua criação e aprovação da lei pela eliminação de todos os documentos que registravam a era da escravidão no Brasil. Segundo página da Biblioteca do MST (http://www.mst.org.br/biblioteca/lutadores/luisamahin.htm): Para evitar problemas financeiros e jurídicos com cobranças de pagamentos de indenização aos senhores de escravos, após a escravidão ser abolida no país (1888), o futuro Águia de Haia, então ministro das Finanças do primeiro governo republicano, assinou um despacho em 14 de dezembro (1890), determinando que todos os livros e documentos referentes à escravidão existentes no Ministério das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala das caldeiras da Alfândega do Rio de Janeiro e assim, em poucos dias, irremediavelmente, uma importante página de nossa história virou cinzas. Na sua obra citam-se Alexandre Herculano, discurso (1877), Castro Alves, discurso (1881), Reforma do ensino secundário e superior, pareceres (1882), O Marquês de Pombal, discurso (1882), Reforma do ensino primário, pareceres (1883), Swift, ensaio (1887), Cartas da Inglaterra, ensaios (1896), Parecer e Réplica acerca da redação do Código Civil, filologia (1904), Discursos e conferências (1907), Anatole France, discurso (1909), Páginas literárias, ensaios (1918), Cartas políticas e literárias, epístolas (1919), Oração aos moços, discurso (1920) e depois editado em livro (1921), Queda do Império, história, 2 vols. (1921), Orações do Apóstolo, discursos (1923), Obras completas, organizadas pela Casa de Rui Barbosa, 125 vols.
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