A CULTURA DO ISOLAMENTO
Robson Kindermann Sombrio - Psicólogo CRP 12/05587 - robsonsombrio@matrix.com.br
Vivemos em uma sociedade que está com pro-blemas. Em que sentidos são esses problemas? Penso que as pessoas andam preocupadas demais com seu status social, querem chamar a atenção pelo carro que andam, pelas roupas de grifes que vestem, ou seja, estão preocupadas em mostrar coisas, objetos que não são tão importantes assim (isso é o que está valendo nessa sociedade de hoje). Não vejo mais pai e mãe preocupados em reunir a família aos domingos, em sentar a mesa juntos para falarem cada um sobre sua vida. Vivemos a era do isolamento, cada um na sua.
Hoje as pessoas estão se privando de conhecer uns aos outros por culpa da cultura do isolamento. Todos parecem desconfiar de tudo e de todos, isso é muito ruim. Sempre escrevi, agora vou repetir, o encontro com as pessoas e muito bom, falar, trocar risadas, desabar, chorar para o outro se for necessário são situações vividas que se nos permitirmos vale muito a pena. Outro dia conversando com um conhecido, ele estava com problemas no seu relacionamento que ele mesmo disse que sente falta de ter um amigo para que possa contar as suas angústias, dizia ele estar com o coração muito apertado.
Comentava esse conhecido que amigos para conversar sobre o novo carro que saiu ele tinha, que se o assunto fosse futebol ele tinha, mas para dialogar assuntos mais íntimos, não tinha ninguém. Como tudo e como sempre, evoluções e involuções, fazem parte do mesmo pacote. Entretanto, temos que abrir um parêntese, será também que ele quer ouvir alguém que está passando por dificuldades? Será que sabemos ouvir sem querer colocar nossa opinião na conversa? Tudo isso nós temos que pensar.
Por fim, toda essa tecnologia que podemos utilizar hoje pode aumentar nosso prazerindividual, mas reduz nosso prazer coletivo. Você pode não querer falar com ninguém, mas em troca também não escuta ninguém. E sem escutar, não se inicia uma nova amizade. Aliás, sem escutar uma amizade não existe, nem mesmo as amizades mais antigas, estáveis e longas. Sem querer escutar, só o silêncio vai viver ao nosso redor, e só a solidão nos entra pelos ouvidos.
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