sexta-feira, 31 de maio de 2013

NatGeo - Segredos do Terceiro Reich - O discipulo de Hitler

ENTREVISTA - ANDRÉ SINGER

ENTREVISTA - ANDRÉ SINGER

QUEM É
André Singer é jornalista e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Tem 51 anos, é casado e pai de duas filhas

O QUE FEZ
Foi porta-voz da Presidência da República entre 2003 e 2007 e secretário de Imprensa de 2005 a 2007

O QUE PUBLICOU
É autor de Esquerda e direita no eleitorado brasileiro (Edusp, 2000) e de O PT (Publifolha, 2009) e organizador de Sem medo de ser feliz: cenas de campanha (Scritta, 1990)

ÉPOCA – Como o senhor define o lulismo?
André Singer – O lulismo é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da população, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda. Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais conservadora, com juros elevados, austeridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da ordem. Diante desse projeto, a camada de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.


ÉPOCA – Quando isso aconteceu?
Singer – Em 2006. Houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas décadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que aconteceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ganhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes. Aqui, em 2006 a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença entre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.


ÉPOCA – O lulismo pode sobreviver sem o Lula? Não é preciso uma liderança carismática à frente desse projeto político?
Singer – No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais importante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a capacidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa político. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula. Uma hipótese é que o lulismo vá desaguar no PT. Essa camada social que aderiu ao Lula pode lentamente começar a votar nos candidatos do PT a prefeito, governador, senador. Vejo indícios de que isso começou a ocorrer nas eleições municipais de 2008. O PT foi mal nas capitais, mas foi bem nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte. Isso pode sinalizar que o voto da camada de menor renda da sociedade está caminhando para o PT.


ÉPOCA – Dilma Rousseff será a herdeira do lulismo? O que acontecerá em 2010?
Singer – Mantidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumentará suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.


ÉPOCA – Se o lulismo desaguar no PT, o partido terá de abrir mão de bandeiras históricas de esquerda?
Singer – O PT poderá ser uma fusão de duas forças, o petismo e o lulismo, que têm projetos com pontos de contato e diferenças. O PT continua sendo o partido do proletariado organizado, sindicalizado, com carteira de trabalho assinada. Pode vir a ser também o partido do subproletariado. Quando a gente vê a força do PT na periferia de São Paulo pode ser a expressão da confluência dessas duas forças.


ÉPOCA – Se essa convergência ocorrer, haverá uma hegemonia do PT?
Singer – Pode ser. É possível que estejamos assistindo a um realinhamento como foi na época do Roosevelt, que trouxe segmentos da classe trabalhadora para o Partido Democrata por cerca de 30 anos.


ÉPOCA – Essa camada que era anti-Lula, antiesquerda e a favor da ordem não teria dificuldades em se associar ao PT?
Singer – Com adaptações de parte a parte parece possível, mas será um processo lento. Não é tão simples porque o PT tem formação ideológica de esquerda e, embora tenha se transformado, mantém a identidade de um partido de esquerda. O PT é herdeiro de uma tradição de crítica ao populismo. Se o partido vier a ser caudatário desse movimento, vai haver o encontro de águas bem diferentes.


ÉPOCA – O que aproxima o lulismo do populismo de Getúlio Vargas?
Singer – Em ambos há uma política de governo voltada para os setores de menor renda. Mas há uma diferença importante. Getúlio Vargas, ao fazer a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criou direitos para o setor urbano da classe trabalhadora, em um país predominantemente rural. Deixou de fora um vasto setor da classe trabalhadora que foi incorporado agora.


ÉPOCA – O lulismo pode prejudicar as instituições democráticas?
Singer – O presidente Lula tomou uma decisão fundamental ao não aceitar a proposta do terceiro mandato. Colocou um ponto final nessa questão. O Brasil sai desse processo com instituições democráticas fortalecidas. Há problemas na política partidária, cada vez mais pragmática e menos programática. Isso cria a sensação de que a política diz respeito aos políticos, e não à sociedade.


ÉPOCA – Lula e o PT, em sua estratégia eleitoral, fizeram uma guinada ao centro. A política econômica ortodoxa não tem a ver com esse caminho que o partido já vinha tomando antes de chegar ao poder?
Singer – O PT foi se institucionalizando, mas a ida ao centro é relativa se você olhar o aspecto programático. O partido manteve um programa com mudanças relativamente pequenas. E é isso que faz com que o PT mantenha a identidade de esquerda. Onde houve mudança foi na política de alianças do PT. Antes ele recusava alianças até o ponto de, em 1989, não querer o apoio do PMDB no segundo turno, sem contrapartida. Hoje o PT dá prioridade à aliança com o PMDB. Isso é compreensível do ponto de vista eleitoral, por causa do tempo de televisão, do tamanho do PMDB. Mas é também um problema porque não se sabe qual é a base programática dessa aliança.


ÉPOCA – Com Dilma na Presidência, crescem as chances de o PT aplicar um programa de governo mais à esquerda?
Singer – Depende da política de alianças. Se você tiver um vice-presidente como o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), as probabilidades caem muito. Mas o sentimento do PT é ter um governo mais à esquerda.


ÉPOCA – A emergência dos pobres significará a marginalização da classe média?
Singer – A entrada em cena dessa força nova tirou a centralidade das decisões políticas da classe média. Se o lulismo se consolidar, teremos o setor de baixa renda em um campo político e a classe média tradicional em outro. A nova classe média é dúvida. A oposição em 2010 vai fazer tudo para não se isolar dos eleitores de baixa renda. Vai tentar a mágica de convencer os lulistas de que seu candidato é melhor para dar continuidade ao projeto do que a candidata da situação.

Origem do Catolicismo (completo=)

Terceiro Reich em cores Dublado 5 /5 re-uploaded

Tensión diplomática entre Ecuador y Perú es tema de debate

quinta-feira, 30 de maio de 2013

[BBC] Racismo Científico - Darwinismo Social e Eugenia [DUBLADO]

Historia do Islamismo

Cornelius Castoriadis

Cornelius Castoriadis
(1922 - 1997)

Filósofo, crítico social e psicanalista grego naturalizado francês nascido em Atenas, considerado um dos intelectuais mais capazes e criativos da segunda metade do século XX. Filiou-se (1942) ao partido trotskista, conjunto dos métodos políticos, econômicos e sociais defendidos por Lev Davidovitch Bronstein (1879-1940), dito Trotski, dirigido por Spiro Stinas e, depois da guerra, mudou-se para Paris (1945), integrando-se ao PCI de Claude Lefort. Depois de fundar o grupo esquerdista Socialismo ou Barbárie (1948) rompeu com o PCI francês e fundou (1949) e dirigiu a revista do grupo (1949-1965), que se transformou num espaço de reflexão sobre o autoritarismo para a esquerda. Destacou-se pelo estudo das formas autoritárias do Estado e por uma análise crítica do regime burocrático vigente durante a maior parte do século na ex-União Soviética. Trabalhou como economista para a OECD (1960-1970) e tornou-se psicanalista prático (1974) e diretor de estudos da Ecole des Hautes Etudes en Sociales Sciences (1979). Sua obra maior foi L'institution imaginaire de la société (1975-1989) com sucessivas edições revisadas e ampliadas, mas também destacaram-se Les carrefours du labyrinthe (1978-1997), obra em 5 volumes sucessivos, Capitalisme moderne et révolution (1979), De l'écologie à l'autonomie (1981), entre outros, além de muitos artigos publicados. Em vida uma de suas idéias básicas foi a da autogestão, e morreu de problemas cardíacos, na França.

'O centro político sumiu'

'O centro político sumiu'
A democracia brasileira se enfraqueceu com a perda de lideranças moderadas. No vazio o PT instalou o confronto, diz Bolívar Lamounier.

Gabriel Manzano - O Estado de S.Paulo

ENTREVISTA

O mundo vem caminhando, há décadas, para a interdependência econômica, em que as decisões são complexas e têm de ser compartilhadas. É um caminho sem volta e só a democracia oferece os instrumentos para isso. Vendo por essa ótica, o cientista político Bolívar Lamounier se sente confiante. "Sociedades modernas não podem ser governadas totalitariamente. Se pudessem, a União Soviética teria dado certo", diz ele. "E quando a América Latina passou a respirar os ares democráticos, antigas ditaduras, dos anos 50 e 60, tiveram de ceder". Não é simples nem fácil, adverte. "Porque cada vez mais se está desvalorizando a política".
Bolívar percebe, no Brasil, um importante processo de esvaziamento do centro político. "Perdemos em poucos anos um grande número de competentes líderes de expressão nacional" - gente como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Mário Covas. Ficou um grande vazio." E esse vazio foi agravado por um partido avesso ao diálogo, que rejeita conviver com pontos de vista diferentes. "A ascensão do PT levou à disseminação de uma visão esquemática do "nós contra a elite"". O que vem sendo coroado, segundo ele, com o descomedimento do presidente e com a estratégia eleitoral petista, "que entende a campanha eleitoral como uma guerra de extermínio".

Os tempos não andam bons para a democracia. Há quem diga que a péssima imagem dos políticos e a complexidade dos problemas de hoje abririam caminho para Estados fortes. Esse risco é real?

Acho que não dá pra afirmar, sem ressalvas, essa tendência - a de que esteja mais difícil preservar o Estado democrático. Os processos todos da tecnologia e do Estado moderno têm verso e reverso. O conflito na praça Tien Am Men, em Pequim, chegou ao mundo inteiro pelo fax, uma máquina nova. A internet tem um potencial democratizante enorme, permite a discussão de ideias como nunca antes. No que se refere ao Estado nacional, a evidência a favor da democracia é mais forte. Quando os Estados nacionais eram viáveis como autarquias e a economia de cada país era determinante, as soluções eram as guerras. Da Segunda Guerra Mundial para cá, foram se percebendo as vantagens da democracia, da interdependência econômica. Isso exerce um efeito moderador e essa dependência compartilhada só se dá com a democracia representativa. Se você tiver um regime totalitário ao lado de uma democracia, um dos dois vai ter de ceder. Na América Latina tivemos isso. Ditaduras antigas, como a do Paraguai, na hora em que o continente começou a respirar democracia, tiveram de se abrir. O próprio Mercosul impulsiona nessa direção. Não digo que seja fácil, mas a direção é essa.

A democracia avança aos poucos, os conflitos são difíceis e urgentes.

O que é lento na democracia é o debate, a formação de lideranças. Mas o Estado democrático moderno dispõe de recursos para enfrentar tudo isso. As legislações vão descobrindo recursos para ir adiante.

Mas é um avanço às vezes lento demais.

Sim, e essa questão leva a um ponto nevrálgico: cada vez mais, se está desvalorizando a política. Na medida em que a opinião publica, equivocadamente, começa a fantasiar que não precisa de política nem de políticos, cria-se uma insegurança que leva à deslegitimização da política. Os líderes assumem os cargos já questionados. E um líder político não pode deixar de ter coragem. Ele foi escolhido para decidir e governar.

Cada vez mais, a sociedade não se sente representada.

Um dos problemas agudos, no Brasil e no mundo, é que a opinião pública, por razões difíceis de esgotar aqui, desenvolveu certa rejeição pela política, uma antipolítica. Rejeição muito frequentemente justa e muito frequentemente equivocada...

Que faz aparecer um Tiririca...

...e que dá num Jean-Marie Le Pen, na França. Isso enfraquece o sentimento de liderança e, aí sim, temos um problema sério. Começam a fantasiar a democracia direta, em que é preciso consultar todo mundo, a toda hora, a respeito de tudo. Ora, então para que a consulta das urnas?

A China faz sucesso com um modelo de partido único, autoritário. Isso pode inspirar outras nações?

Tem muita gente iludida com essa perspectiva. Não tenho dúvidas de que o modelo chinês e outros autoritarismos estão ganhando terreno no momento. Tais experimentos podem causar um estrago danado, mas o destino de todos eles é o mesmo. Uma sociedade moderna não pode ser governada totalitariamente, se isso fosse possível a União Soviética tinha dado certo. Tiveram várias gerações para implantar o modelo, educar todo o povo, e quando aquilo acabou, sobrou quase nada. A própria China está admitindo o mercado. Quando chegar a um grau elevado de conflito social - e ela vai chegar - veremos como vão resolver. A mão de obra não vai ser tão barata, nem tão facilmente arregimentada. Ela não vai ser assim para sempre.

"Sociedades modernas'' não são eternas.

É verdade, e isso abre algumas hipóteses. Uma delas é que, se tomarmos modernização no sentido estreito, você pode ter retrocessos dramáticos, como o do Irã com o aiatolá Khomeini. Ali, uma sociedade em rápida evolução de repente deu tudo para trás. Mas o problema da modernidade está lá, a tensão existe, eles não vão voltar à Idade Média. Pode haver recaídas, como na Alemanha nazista. Podemos esbarrar num limite, como o do desafio ambiental. Mas o ponto nevrálgico, para mim, é o seguinte: retrocessos, recaídas autoritárias, acontecem quando as lideranças políticas se desentendem de uma maneira irracional, ou perdem a confiança em si mesmas. Voltemos ao Brasil, em 1964. Era um problema insolúvel? De jeito nenhum. O que se viu foi uma radicalização ideológica, algumas paranoias e muito blefe de todo lado. E quem para fazer o meio de campo? Quase ninguém.

Como hoje.

Como hoje, sim. Da redemocratização em 1985 para cá, fomos perdendo as lideranças de centro. Morreu o Ulysses Guimarães, o Tancredo, o Mário Covas, o Teotônio Villela. Perdemos em poucos anos um número grande de competentes líderes políticos de expressão nacional. Ficou um grande vazio. Falta gente que encare a política como atividade nobre, uma coisa a ser exercida com altivez. Sobra gente exercendo-a com vergonha. O próprio Lula se aproxima da política mais para desvalorizá-la.

O eleitor médio brasileiro sempre foi tido como uma figura de centro, despolitizada, e foi esse eleitor que decidiu muitas eleições. Com a ascensão das classes C e D, isso está mudando?

Comecemos dizendo que não há nenhum país com alto grau de politização. Isso é um mito. A apatia quanto ao assunto é normal, as pessoas têm que tocar suas vidas. Grandes participações só ocorrem em tempos de crise. Também é verdade que temos aqui um baixo grau de escolaridade, menor que na França ou Inglaterra. Mas o que é decisivo, do ponto de vista da democracia, é que o voto individual não seja controlado. Que, no conjunto, o eleitorado seja uma força, em alta medida, imprevisível. No Brasil, caminhamos decisivamente no sentido de melhorar isso. O País se tornou urbano, os currais eleitorais foram desaparecendo. Duas grandes complicações surgiram, e se devem ao surgimento do PT e do governo Lula. Uma, e isto é uma menção que faço sociologicamente, não é crítica partidária, foi que programas como o Bolsa-Família, criados com louváveis motivos sociais, mas também com fins eleitorais, produziram uma ligação estreita, clientelista demais, com a pessoa do presidente Lula.

E o segundo problema?

É que a ascensão do PT levou à disseminação de uma visão esquemática do que é política. É "nós contra a elite". Um maniqueísmo que divide tudo entre heróis e bandidos. E não é um maniqueísmo contemplativo, ele é rancoroso. Contamina a vida pública e o processo eleitoral. Veja o caso da "herança maldita". Nunca, na história da República, um presidente eleito atacou o seu antecessor dessa maneira. Foi um ataque planejado, toda uma máquina do partido posta em ação para disseminar essa palavra de ordem. Foi uma senha para dividir a sociedade entre "nós e eles". E conseguiram.

Por que a oposição não se mexeu para lutar contra isso?

A oposição, especialmente o PSDB, demorou muito para perceber a gravidade do fenômeno. Depois, sendo uma bancada pequena, até porque o governo cooptou grande parte dela, ficou difícil reagir. E o Lula fez isso de maneira muito pensada.

Recentemente, o embaixador Sérgio Amaral levantou uma dúvida. Se os oito anos do governo FHC, acabando com a inflação, impondo a Lei de Responsabilidade Fiscal, submetendo os militares a um Ministério da Defesa comandado por civis, elevaram o Brasil a novos parâmetros democráticos, e portanto os temores de hoje são passageiros, ou se esses oito anos vão ficar como uma ''fase áurea'' perdida do passado. Que lhe parece?

O período Lula tem um lado positivo, que é a expansão da arena política. O eleitorado já tinha crescido enormemente e mais gente está dando opinião. Por outro lado, há um retrocesso sério que eu chamaria de descomedimento. A começar pelo próprio presidente. Pelo modo de falar, de simbolizar, ele está desinstitucionalizando o Brasil. Personalizando o Estado, promovendo o confronto de modo abusivo. Ele quis de tal maneira se sobressair em relação ao Fernando Henrique - sabe-se lá por que razão, pois nem precisava - que criou um biombo, uma espessa parede de vidro que ocultasse o governo anterior no passado. Aí, sentindo-se forte, se pôs a afagar a cabeça de um monte de gente envolvida em corrupção. Essa foi a segunda grande etapa de seu governo. E a terceira, que vemos agora, consiste em encarar a eleição como uma guerra de extermínio. Ele violou poucas vezes a lei escrita, mas violou o tempo todo o espírito da lei, o espírito da federação. Esse é o retrocesso a que me refiro. O do seu descomedimento.

Muita gente lamenta que, no passado, PT e PSDB não tivessem se unido numa aliança moderna, para eliminar as velharias da política. Teria sido possível?

Acho que nunca teria sido possível. Porque esse esquematismo maniqueísta do PT já tinha aparecido. Na eleição de 1982, o slogan petista dizia que ''era tudo farinha do mesmo saco''. Só o PT era diferente, uma estratégia excludente. Aferraram-se a uma teoria econômica e social fantasiosa, pela qual toda privatização era um mal. Reforma do Estado era coisa do tal consenso de Washington. O Plano Real era um blefe eleitoral. Aí trocaram o slogan "contra tudo isso que aí está" pela Carta aos Brasileiros, os efeitos pirotécnicos do Duda Mendonça. Enfim, hoje são dois partidos profundamente diferentes, com visões diferentes de democracia.

O sr. escreveu recentemente um artigo em que diz temer pela mexicanização do Brasil, com um partido único a dominar toda a vida política. Sua expectativa é de que tenhamos no futuro um Estado controlando muito mais a vida dos cidadãos?

Não estou otimista. Na economia caminhamos para grandes organizações burocráticas com forte peso estatal subordinando a empresa privada. Isso em todos os setores: elétrico, energia nuclear, petróleo. Na política, assistimos à criação de um condomínio de poder que mistura governismo e clientelismo, em que a pirâmide do PT se incrusta no Estado com uma rapidez que ninguém imaginava. E o PMDB convertido no modelo mexicano do PRI mesmo, uma pura máquina de ocupação do Estado. A soma dos dois não me inspira grande otimismo. A estratégia de terra arrasada que o PT e o Lula conduziram vai deixar marcas. Vai demorar algum tempo, depois, para se reconstituir o entendimento da política como uma arena de diálogo, debates sobre as diferenças, onde o outro é apenas um adversário que pensa diferente, não um inimigo a liquidar.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Karl Kautsky

Karl Kautsky
16 de outubro de 1854, Praga (atual República Checa)
17 de outubro de 1938, Amsterdã (Holanda)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Kautsky, político e teórico socialista alemão
Político e teórico socialista de língua alemã, nasceu em Praga a 16 de outubro de 1854 e morreu em Amsterdã a 17 de outubro de 1938. Estudou história e ciências em Viena, aderindo ao Partido Social-Democrata austríaco. Sob a influência de Eduard Bernstein, em Zurique, tornou-se marxista e entrou em contato, em Londres, com Engels, de quem se fez amigo, apesar de suas divergências em relação ao marxismo.

Em 1883 fundou, em Stuttgart, o periódico "O Novo Tempo" ("Die Neue Zeit"), mais tarde editado em Londres. Após a morte de Engels, em 1895, passou a líder de maior destaque do marxismo internacional.

Os propósitos teóricos de Kautsky foram a base do Programa de Erfurt do Partido Social-Democrata alemão. Kautsky tornou-se depois porta-voz do marxismo centrista, opondo-se à ala mais radical dos sociais-democratas, e assumiu atitude hostil diante da Revolução Russa, criticando o poder discricionário dos líderes soviéticos.

Depois de 1924, Kautsky viveu em Viena, ocupando-se só de sua obra. Em 1938, com a invasão dos nazistas, foi obrigado a fugir para Amsterdã.


Sem radicalismos
Em seus escritos, como em sua atitude política na liderança dos sociais-democratas, Kautsky não foi o homem radical que se esperava do sucessor de Engels. Considerava o Partido Social-Democrata como revolucionário, "mas não um partido para fazer revoluções". Encarava a revolução socialista como um "fenômeno natural", que atravessaria uma evolução gradativa e se afirmava "pela força das circunstâncias".

O gradualismo moderado de Kautsky o afastou dos membros mais radicais do partido, tendo, contudo, a função prática de atrair para o partido as facções liberais da burguesia alemã. Embora contrário ao revisionismo de Bernstein, entendeu o marxismo de maneira tão particular que foi muitas vezes acusado de ser "um revolucionário inimigo das revoluções".

A maior parte das idéias de Kautsky, depois aproveitadas para a orientação prática de sua política, já estão em "As doutrinas econômicas de Karl Marx", obra na qual ele defende a tese de um marxismo evolutivo. No entanto, quase toda a obra de Kautsky está impregnada de concepções pré-marxistas, sobretudo de idéias iluministas e do evolucionismo social de Darwin, dos quais tenta elaborar uma síntese em sua obra mais importante do ponto de vista filosófico: "A interpretação materialista das histórias".

O nome de Karl Kautsky é relembrado por suas duas grandes contribuições às teorias socialistas: a primeira, com a edição das notas manuscritas do que seria o 4º volume de "O Capital", de Karl Marx, publicadas sob o título de "Teoria da mais-valia"; a segunda, com a edição de seu livro "A questão agrária".


Enciclopédia Mirador Internacional

terça-feira, 28 de maio de 2013

As Formas de Estado - Professor Célio Tibes - Pós-graduação Unisul Virtual

Quais empresas financiaram a tortura?, por Carlos Tautz

A mais recente onda de recuperação da história corrente do Brasil foi cumprida há cerca de uma semana, quando se completou o primeiro ano de funcionamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Apesar de muito do que a CNV ter levantado já constasse há décadas de outros arquivos, como o do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, o grande mérito da Comissão é fomentar o que golpistas ainda queriam deixar na penumbra: a crítica ao uso da tortura como instrumento do Estado.

Estimuladas pelo aparecimento da CNV, outras comissões estaduais, municipais e institucionais foram criadas, em um esforço da sociedade brasileira para reescrever a sua própria história.

Mas, agora, é necessário essa rede da verdade dar um corajoso passo adiante. É urgente investigar os nomes de empresários e das empresas que financiaram e participaram da repressão política e fazê-los depor em público.

Ter esses nomes facilita entender como se deu ao longo dos anos o planejamento do golpe civil e militar de 64 e identificar planejadores e operadores, para muito além do que já foi tornado público até hoje.

Afinal, nomes de generais, presidentes e ministros é de conhecimento amplo, mas ainda está por ser revelado quem, nos diversos setores da economia, tramou para dar o golpe e se ajeitou com o Estado brasileiro para aprofundar um padrão de acumulação que é um dos mais concentradores do planeta.

Como exemplo, cite-se o papel destacado que o ex-governador de Minas e dono do extinto Banco Nacional, Magalhães Pinto, teve no planejamento da deposição de Jango e na condução da política econômica do regime ditatorial. Certamente ele não foi o único dono de banco a participar desse banquete do Erário.

É necessário saber muito mais da dimensão empresarial do golpe. Em fevereiro, o Arquivo Público de São Paulo já avançou nesse sentido e entregou à Comissão paulista seis livros de registro de entradas e saídas do prédio do Dops, notório centro de torturas, datados dos anos 1970.

Constam dos livros entradas de Geraldo Resende de Matos, mencionado como Fiesp, e do então cônsul dos EUA, Claris Rowney Halliwell, reforçando a hipótese de que a repressão se consultava com o governo dos EUA sobre métodos e estratégias de tortura.

Hoje, o Brasil lidera com os EUA a Parceria por Governo Aberto, de transparência nas contas públicas. Mas, se de fato quer ser transparente, o Estado brasileiro necessita abrir a contabilidade paralela, inclusive de décadas passadas, da relação entre governos e empresas – entre elas, as do setor de comunicação. Mesmo que seja uma tortura para o Estado e para as corporações.



Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.

Enfoque - Venezuela

Rusia: El final del embargo de armas de la UE contra Siria pone en pelig...

Milhares de portugueses exigem renúncia do governo

Tradição secular nas eleições de cantão na Suíça

sábado, 25 de maio de 2013

Marx e religião no mundo presente


Marx, quando escreveu sua obra, tinha razões de sobra para criticar duramente as religiões. A situação atual o assombraria, vendo que o problema não seria mais o do velho idealismo metafísico. Ficaria surpreso com o materialismo pragmático do tempo presente.
Luís Carlos Lopes

Se Marx estivesse hoje vivo em carne e osso e tivesse vivido a experiência do século XX, talvez reformulasse uma de suas velhas máximas: “A religião é o ópio do povo”. Ficaria, possivelmente, estupefato com as novas perspectivas que alcançam a todos. Diria, hipoteticamente, que o consumo e a ilusão de classe são as novas drogas que alienam e que impedem que as maiorias compreendam o real. Veria que a luta continua, porém suas bases não seriam exatamente as mesmas. Os inimigos continuariam sendo os de sempre, mas as formas que eles se consubstanciam e parecem ser mudaram bastante.

Certamente, o velho barbudo e calejado pelo tempo teria uma sensação estranha em perceber que a comunicação humana havia se tornado muito mais complexa e incrivelmente maquínica. Ficaria extasiado com o mundo atual. Perceberia que nele existem mil e uma formas de se acessar ao conhecimento. Possivelmente, acharia paradoxal que, mesmo assim, o obscurantismo que conheceu em sua época permanece muito forte, quase inalterado. Entenderia, com alguma ajuda, que as velhas religiões foram modificadas e adequadas aos novos tempos dos sucessos do Capital. Veria que as novas igrejas são ainda mais integradas ao mundo dos negócios, à lógica do consumo e às ilusões de ascensão social.

Não seria difícil que mudasse os seus bordões, reclamando, por exemplo, do ‘culto às mídias’, da ‘teologia da prosperidade’ e da tentativa de se impedir que o ‘espírito laico’, isto é, a separação entre Estado e igrejas vencesse por toda parte. Veria que sua busca profunda por liberdade política e filosófica continua válida e atual, mesmo tendo-se passado quase dois séculos. Não obstante, teria uma surpresa em ver que alguns praticariam suas religiões de modo aceitável, tratando-as como problemas de foro íntimo, isto é, como algo individual, sem invadir outros espaços da vida.

Veria que entre muitos crentes nas religiões de hoje, existem os que aceitam as conquistas das ciências, que tanto melhoraram a vida humana. Notaria que muitos adeptos de várias igrejas não seguem integralmente os intermediários de suas crenças, quando o assunto é de interesse não-religioso. Quase ninguém dá a menor importância concreta às interdições sexuais propostas por várias igrejas. A contracepção é demonizada por elas, todavia, as grandes maiorias a praticam regularmente, por isso os índices de natalidade baixaram e continuam baixando. Quase ninguém é louco de não praticar sexo seguro porque o Papa disse que é pecado. Muitos exemplos podem ser dados, demonstrando que na vida prática os tabus foram quebrados, faltando um ajuste ideológico.

Na época do sábio alemão, isto não era possível. Ser religioso significava ser escravo dos padres e dos pastores que ditavam o que era certo ou errado, que controlavam as opiniões dos fiéis sobre qualquer assunto. Na maioria esmagadora das vezes, estes intermediários da fé também mediavam o poder das classes dominantes. Trabalhavam para que a ordem fosse mantida intocada. A escravidão espiritual era também sinônima das escravidões sociais e políticas. Por isto, ele comparou a religião a um narcótico, capaz de inebriar e dominar consciências.

No mundo atual, existem igualmente narcóticos poderosos para controlar e impedir qualquer mudança, mesmo que seja uma simples eleição. O problema é que eles não são mais necessariamente administrados de modo direto. Os espíritos estão pré-preparados pelos meios de comunicação e pelos sistemas de poder que os organizam e os direcionam. Quando um padre ou um pastor faz sua propaganda política está pisando em um terreno pronto para que a intriga, a mentira e a cizânia sejam disseminadas. Mídias de péssima qualidade, escolas que pouco ensinam e professores mal-pagos compõem o quadro. A publicidade dissemina as ilusões de classe, fazendo com que pobres se imaginem membros das classes mais ricas, porque melhoraram um pouco de vida. A ignorância é semeada como o trigo de cada dia e há pouco espaço para combatê-la.

Marx, quando escreveu sua obra, tinha razões de sobra para criticar duramente as religiões. A situação atual o assombraria, vendo que o problema não seria mais o do velho idealismo metafísico. Ficaria surpreso com o materialismo pragmático do tempo presente. Neste, se é materialista no que se refere ao consumo e à ascensão social. No resto, é possível acreditar em alguma religião sem que isto exija qualquer transcendência. A busca não é mais por deuses ou santos. O sucesso tomou o lugar dos mesmos e seus representantes são úteis se servem ao processo de se tentar ocupar uma vaga no sol monetário do capitalismo. 

O velho autor em tela escreveu, quando vivo, para pouca gente que podia compreendê-lo. De seu tempo para hoje, milhões o leram e muitos ainda o deverão ler. Ele não perde a atualidade. O problema está em leituras religiosas que não o vêem em sua época e não procuram compreender o seu método. Estas leituras e razões de Estado proporcionaram o drama espetacular do socialismo real. Este se afastou em demasia do espírito do imenso trabalho intelectual do mesmo autor. Esse modo de divulgar Marx provoca, ainda hoje, imensos equívocos, que ao invés de aproximar as pessoas comuns, as afastam. Ele não era um deus ou um santo. Era um homem, com qualidades e defeitos como qualquer outro. O que se deve aproveitar é o seu imenso talento para propor um método de compreensão do mundo. Nisto, sua obra permanece viva e recomendável a quem quiser saber mais.

É possível ser religioso e se admirar Marx? A teologia da libertação efervescente em passado próximo descobriu que sim. Vários cristãos morreram, foram presos e torturados na América Latina, sendo adeptos de Cristo e do velho filósofo alemão. Ainda hoje, há quem siga a mesma cartilha, apesar da guerra travada contra eles em vários fronts: o já superado dos recentes Estados ditatoriais, o contínuo dos interesses dos poderosos e o do papado romano, a última monarquia absoluta da face da Terra.

Há quem não precise de religião alguma para pensar, mesmo assim, qualquer homem ou mulher possui crenças, isto é, acredita em algo que o impulsiona na direção do saber, da liberdade e da justiça social. De algum modo, todos crêem, ou melhor, as pessoas com qualidades especiais são as que mais acreditam que é possível viver em um mundo melhor. É preciso reconciliar a todos, respeitar diferentes modos de ver o mundo, com exceção daqueles que são anti-humanos, isto é, os que são construídos contra todos os seres de boa-vontade.

Luís Carlos Lopes é professor e escritor.

Por que não seguimos os Estados Unidos?

Por que não seguimos os Estados Unidos?
Juremir em 6 de maio de 2013 


Eu só pró-Estados Unidos. Por mim, o Brasil ficaria ainda mais próximo dos americanos. Adoro a cultura americana: sou fã de Quentin Tarantino e Woody Allen. Adoro a literatura de Scott Fitzgerald e de Paul Auster. Quero atualizar aquela frase do tempo da ditadura de 1964: “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”. Por que não seguimos os bons exemplos dos americanos? Se o fizéssemos seriamos um país muito menos capitalista.

Um país muito melhor.

Ou seja, teríamos um capitalismo muito menos selvagem.

E muito mais regulado.

Os americanos têm, por exemplo, desde 1934, controle e regulação da mídia por meio da FCC, a Comissão Federal de Comunicação, que não permite propriedade cruzada de meios num mesmo mercado, exige três horas semanais de programas educativos na televisão aberta e fiscaliza os conteúdos para evitar “indecência”. A FCC tem seus membros indicados pelo presidente do país e confirmados pelo Senado. Há até mesmo um teto de audiência. Nenhuma rede pode ter mais de 35% do público. Por que não apostamos nesse modelo yankee? Será que nos parece excessivamente socialista?

Os americanos têm ensino básico público e universidades privadas com muitas bolsas de estudo. Nós, durante muito tempo, privilegiamos o contrário, fingindo que seguíamos o exemplo da “pátria do liberalismo”.

Os americanos podem ser surpreendentes.

Americano detesta monopólios e faz tudo para quebrá-los.

Nós, fazemos de conta que pensamos da mesma maneira.

Emendas constitucionais nos Estados Unidos não são examinadas pela Corte Suprema. A tarefa de mudar a Constituição é do Legislativo, que age em nome do povo. Como poderia o Poder Judiciário julgar o texto novo em nome do texto velho? Essa lição foi bem ensinada pelo professor de Direito Constitucional da USP, Virgílio Afonso da Silva. Temos muito a aprender com o Tio Sam. Nossos liberais só aprendem o pior. Escondem o melhor.

Eu sou cada vez mais pró-Estados Unidos. Vivo enrolado na bandeira deles. Passo meus dias procurando bons exemplos americanos para seguirmos. Em geral, o Estado americano é mais eficaz e intervencionista que o nosso. Ainda estamos na pré-história do liberalismo. Temos de aprender com os EUA.

Scorpions - Still Loving You

Grupos extremistas, una amenaza para El Líbano y la región

Dilma e Lula, em paz.

Programa nacional de propaganda do PSB - Abril de 2013

A PRIMEIRA IMPRESSÃO NÃO DIZ TUDO!!!

Há uma expressão consagrada que nos ensina : "A primeira impressão é a que fica ". Mas estamos em tempos de reavaliar e ressignificar ideias buscarmos releituras.
O ser humano é complexo, não se concebe abarcar toda a diversidade de comportamentos e intenções em modelos, rótulos ou padrões de conduta que  demonstrem que a pessoa é dotada de uma determinada personalidade, qualidade ou defeitos.
É claro que a primeira leitura que fazemos de alguém que não se veste bem , que descuida da aparência , que talvez tenha um semblante carregado, que passe a impressão de arrogância com certeza não será positiva. E também a leitura não estará errada. De fato, a primeira impressão determina muito do que a pessoa "está" naquele momento . Mas não do  que realmente ela é.
Há períodos em nossas vidas que as situações não caminham bem, podemos estar doentes ou com problemas financeiros. Isso causa abatimento e um certo desleixo consigo mesmo. Mas em muitos casos é apenas passageiro. Não pode servir como referencial para darmos um veredicto sobre o caráter de alguém.
Além disso, sabemos que o ser humano tem a capacidade de aprender, de modificar pensamentos e comportamentos de evoluir..... A pessoa diz o psicologo humanista Carl Roger sempre busca sua auto realização, sempre procura o melhor caminho. Prefiro acreditar que a essência delas é positiva. Mas muitas vezes os obstáculos, a crueza da vida, faz de alguns vítimas, embora muitas vezes pareçam vilões!
Quero deixar um exemplo sobre como as aparências podem num primeiro momento refletir "parte" da verdade, mas não sua essência.
No Antigo Testamento o profeta Samuel foi enviado a casa de Jessé um homem honrado em |Israel pois em meio a seus inúmeros filhos um deles seria rei. E cada filho de Jessé era muito vistoso , altos e belos segundo a Bíblia. Toda vez que Samuel ia ungir a cabeça de um deles, pois ao ver a aparência pensava que pelo porte dos filhos mais belos seria a escolha divina, Deus lhe dizia.... Não é esse. Passado os seis filhos, Samuel não acertou nenhum... Então perguntou... Tem mais alguém??? Bem, tinha mas.... era um rapazote franzino, não tão belo como seus irmãos, que vivia no meio do pasto cheirando a estrume de gado......
Então disse Deus.... Samuel chama a este pois ele é o escolhido.
É claro que é um exemplo bíblico , talvez muitos digam... mas eu não tenho a Bíblia como principio de fé.
Nesse caso, basta lembrar de quantas pessoas julgamos pela aparência e cometemos grandes erros. Eu já errei muito nos meus julgamentos. Aprendi a permitir que as pessoas pouco a pouco se revelem. Quem tem bom caráter aparece naturalmente em suas ações, seus princípios e suas crenças. O tempo revela. Quem finge ser o que não é, cedo ou mais tarde a si próprio se revelará, pois como diz um antigo ditado "a mentira tem pernas curtas"
Permita as pessoas se revelarem, se mostrarem em sua essência. Não emita julgamentos baseados na primeira impressão. Talvez a leitura que você está fazendo da pessoa , seu comportamento, sua aparência esta correta, mas as pessoas são mais do que seu comportamento e sua aparência. São seres humanos, pessoas que devem ser respeitadas e compreendidas!!! Pense no assunto!

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Postado por CELSO ANTONIO BERNARDES BERNARDES às 5/23/2013 

Eduard Ambrosievich Shevardnadze

Eduard Ambrosievich Shevardnadze
Político georgiano
25-1-1928, Mamati

Do Klick Educação

Membro do Partido Comunista da União Soviética desde 1948, tornou-se representante do setor georgiano (secretário desde 1972 do Partido Comunista da Geórgia). Dado seu esforço para impulsionar mudanças no âmbito da economia e da administração, destacou-se juntamente com Gorbachev como um decidido reformista. Sucedeu a Gromiko no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Estabeleceu as linhas mestras de uma nova política internacional, que se caracterizou quer pela retirada das tropas soviéticas do Afeganistão (1988-1989), quer ainda pela dissolução pacífica do Pacto de Varsóvia (1989-1990), bem como pelo apoio à reunificação da Alemanha (1990) e pela redução dos armamentos. Graças a suas iniciativas na política externa, seus esforços em prol da distensão e do entendimento pacífico, alcançou grande prestígio. Em 1990, demitiu-se e fez advertências quanto ao possível fracasso da perestroika. Regressou, contudo, ao cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, em novembro de 1991, um mês antes da dissolução da URSS. Presidente da Geórgia desde 1992, combateu os movimentos separatistas de Ossétia e Abcásia, apoiados em parte pela Rússia. Em 1993, administrou a entrada da Geórgia na Comunidade de Estados Independentes (CEI), confirmada pelo Parlamento georgiano em 1994.

‘A política, segundo Afif’, de Demétrio Magnoli

‘A política, segundo Afif’, de Demétrio Magnoli

PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUINTA-FEIRA



DEMÉTRIO MAGNOLI

“Ela não criou esse ministério para o PSD. O convite aconteceu e foi aceito por afinidade temática. Esse tema é a minha vida e é prioridade do governo.” Guilherme Afif Domingos é um brincalhão, mas tenho a leve impressão de que, enquanto ele goza da cara dos eleitores, a presidente e o presidente emérito gozam da cara dele. No dia em que o ministro número 39 oferecia essa cândida explicação, o ministro número um, Gilberto Carvalho, imagem holográfica de Lula da Silva, preferia falar a verdade – ou, ao menos, parte dela: “O partido que ele representa, vindo apoiar nosso governo, ampliando nossa base, é importante”. Todos sabem que a “causa da microempresa” é só um pretexto para a transação que conduziu Afif à Esplanada dos Ministérios. Contudo nem mesmo o sincero Carvalho disse que a motivação principal do convite não se encontra nos minutos de televisão do “partido que ele representa”. Afif está lá, antes de tudo, para provar uma tese sobre a política e a representação.

“O senhor já fez muitas críticas ao PT. Chegou a dizer que Dilma não tinha biografia para o cargo…”. Um conceito de política emergiu na resposta do novo ministro: “As críticas foram feitas na conjuntura de campanha política. Não teve nada de crítica pessoal, foi tudo na retórica de campanha”. Desde o século 16, os governantes europeus aprenderam que, em nome de seus interesses vitais, a direção das esferas das finanças, do Direito e da guerra deve ser entregue a servidores especializados. O 39.º ministério de Dilma, que não se inscreve em nenhuma dessas três esferas estratégicas, é uma ferramenta a serviço de interesses menores. A missão de Afif, concluída antes de seu primeiro dia no gabinete, era produzir uma definição de política. Política, segundo Afif, é a arte de iludir os eleitores. O governo de Dilma queria dizer isso, mas por uma voz terceirizada.

À primeira vista, Afif não inova quando declara que, na “política”, as palavras carecem de sentido. Afinal, Lula da Silva, seu mestre adventício, não qualificou como “bravatas de oposição” o discurso petista anterior à Carta ao Povo Brasileiro? O paralelo, embora sedutor, não é pertinente. Max Weber esclareceu a distinção entre a “ética da convicção” e a “ética da responsabilidade”. A primeira se subordina ao imperativo categórico da lei moral e se regula por valores que o político almeja pôr em prática. A segunda parte de uma análise sobre o bem comum e se regula pelo cálculo realista sobre as consequências comparativas de diversas alternativas de ação. Os petistas têm o direito de justificar a Carta ao Povo Brasileiro à luz da “ética da responsabilidade”, mas é impossível associar a aventura ministerial afifiana a qualquer tipo de ética. Sua “responsabilidade” não tem por referência os interesses públicos, mas as conveniências partidárias, e sua única “convicção” é que convicções políticas não passam de estorvos descartáveis.

Afif não é, nem de longe, um pioneiro do adesismo ou da abjuração. Roberto Mangabeira Unger, um predecessor recente, classificou o governo Lula como “o mais corrupto” da História do Brasil menos de dois anos antes de aceitar o convite do presidente para ocupar uma cadeira ministerial também inventada “por afinidade temática”. Unger beijou a mão de Lula da Silva em sentido figurado; Afif beijou literalmente a mão de Dilma. A diferença, porém, está no lugar ocupado por cada um deles no palco da democracia representativa.

“Você quer que eu renuncie a um cargo para o qual fui eleito? Estão querendo me cassar? Eu não fui nomeado, fui eleito.” A indignada resposta afifiana escancara a diferença. O intelectual de Harvard que sonhou converter-se em Rasputin de um salvador da Pátria só representava a si mesmo; o vice-governador paulista que corre para ocupar um puxadinho na Esplanada dos Ministérios representa milhões de eleitores. No momento em que abjura, ele não trai apenas suas duvidosas convicções, mas o princípio da representação democrática. De fato, é o seu gesto que cassa os direitos de seus eleitores.

O ministro do puxadinho, que sempre se exibiu como um liberal, serve-nos agora uma oportuna tese política – e o faz assimilando a palavrinha “elite”, cara à linguagem de Lula da Silva. “Esse negócio de ideologia está na imprensa e em setores da elite. Hoje a sociedade é pragmática. Essa questão de direita e esquerda é de um momento do século passado.” A descoberta filosófica afifiana, um fruto dos efeitos iluminadores do convite presidencial, tem oportunas implicações práticas: “Hoje o proletário sonha em ser burguês. Isso é algo que me une ao Lula”. O “sonho do proletário” – eis o impulso que empurra o PSD rumo ao Planalto!

A abjuração afifiana tem escassa importância. Ela serve, porém, como pista para desvendar a paisagem degradada do sistema político brasileiro. Aécio Neves criticou a presidente por praticar um “governismo de cooptação”. A expressão diz algo correto, mas periférico, sobre a iniciativa presidencial. De fato, a cooptação do PSD almeja mais que arruinar as oposições: com a finalidade de se perpetuar no poder, o lulopetismo semeia a descrença nas virtudes da pluralidade política e da divergência democrática. Seu êxito nesse campo não se deve, contudo, aos poderes encantatórios de Lula da Silva ou Dilma Rousseff, mas à falência política do PSDB.

O candidato Aécio Neves não estendeu suas críticas ao próprio Afif, a Gilberto Kassab e ao PSD, o primeiro partido brasileiro criado com o propósito explícito de se oferecer à cooptação. O governador Geraldo Alckmin preferiu o curioso caminho de parabenizar a presidente pela escolha de seu vice como novo ministro. No horizonte dos dois tucanos nada existe além das fronteiras dos palácios governamentais, Casas legislativas e aparelhos da administração pública. Eles perderam o contato com as pessoas comuns.

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Introdução à Ciência Política

Vídeos Educacionais

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Senado Federal
Originalmente publicado em onze de janeiro de 2007

Edgard Leite sobre o Jesus Histórico

Ernesto Geisel e o autoritarismo nacionalista

Originário da pequena classe média colonial rio-grandense, nascido na cidade de Bento Gonçalves em 8 de agosto 1908, de pai alemão emigrado e mãe nascida na cidadezinha de Estrela, Ernesto Geisel, indicado como presidente do Brasil em 1973, ao seu modo foi um exemplo da mobilidade social brasileira. Porém, o único voto que ele recebeu para alcançar a presidência do Brasil, exercida entre 1974-1978, foi dado pelo general Médici. seu antecessor e exclusivo eleitor. Geisel saíra ainda jovem da colônia italo-alemã para chegar homem maduro ao palácio da Alvorada.
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O alemão e a abertura

O general Geisel enquanto ministro do Supremo Tribunal Militar, 1965 Paradoxalmente, foi a ele, ao “Alemão”, como seus companheiros de farda o chamavam, um homem ideologicamente comprometido com a ditadura militar e de forte inclinação filofascista, de inspiração mussolineana, quem terminou por conduzir o regime militar ao seu fim. Desde o discurso da posse, proferido em 15 de janeiro de 1974, seu nome passou a ser identificado com a “abertura”, isto é a estratégia de gradativa recuperação das liberdades democráticas, suprimidas da vida republicana desde a publicação do AI-5 (o Ato Institucional nº 5), ocorrida em 13 de dezembro de 1969, por obra do general Arthur da Costa e Silva. Secundado pelo seu escudeiro, o general Golbery do Couto e Silva, ex-chefe e mentor do SNI (Serviço Nacional de Informações), entendeu que o sistema sufocante e paranóico que os serviços de segurança (SNI, CIE, CISA, CENIMAR e dos DOI-CODIs, entre outros) haviam imposto ao país, e ao próprio govenro ditatorial, era intolerável. A “abertura” porém, articulada por quem Elio Gaspari chamou (A ditadura derrotada, Cia das Letras, SP, 2003) de “sacerdote” (o general Geisel) e seu companheiro , o “feiticeiro” (o general Golbery do Couto e Silva), não se faria de supetão. Fato, tratou-se de uma retirada milimetricamente calculada e executada que se estendeu por dez anos (de 1974 até 1984), até que o regime militar, desgastado, finalmente foi obrigado a aceitar a vitória no Colégio Eleitoral de um candidato civil à presidência: Tancredo Neves.
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O grande eleitor

A escolha do general Geisel para suceder o general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), na condução suprema do regime militar foi um tanto sui generis. Num país de 150 milhões de habitantes, a indicação do maior mandatário da nação, se bem que gozando da aprovação dos demais líderes militares, foi feita apenas por um voto: o do próprio general Médici. Grande parte disso devia-se ao sucesso do governo ditatorial, pois na Era Médici, época do Milagre Econômico, a repressão brutal convivia com taxas de crescimento de mais de 11% ao ano. Foi o prestígio amealhado pelo presidente-ditador que fez com que ele, tornando-se o Grande Eleitor, dispensasse a necessidade de realizar amplas consultas aos comandante das forças armadas ou ter que convocar um consistório de generais para encontrar um nome consensual para a sua sucessão. Para ele era o “Alemão” e fim de conversa.
Segundo Élio Gaspari, o único registo, mais ou menos público, de inconformidade com aquele procedimento eleitoral sui generis partiu de um cidadão norte-americano. Estando a aparar o cabelo no Salão Vogue, no centro do Rio de Janeiro, um executivo de uma empresa petrolífera americana, manifestou para o barbeiro a sua estranheza e o seu desagrado com aquele tipo de “sufrágio”, processo absolutamente inusitado para um americano. Teve a infelicidade de ter sido escutado por um major do exército que terminou por levá-lo preso, intimando-o depois a ter que dar esclarecimentos a uma agência do SNI.
Igualmente pesou na escolha do nome do general Ernesto Geisel o fato do seu irmão mais velho, o general Orlando Geisel, ser o todo-poderoso Ministro do Exército do regime. Estava numa posição que lhe permitia remover qualquer obstáculo vindo das casernas que ameaçasse a promoção final de Ernesto Geisel à presidência. Aos políticos civis, aos desprezados “casacas” que davam sustentação ao regime militar, os integrantes da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), só lhes restou coonestar e aplaudir o nome do ungido.
Voltaire Schilling

Entrevistas marcantes: Furet, o implacável

Entrevistas marcantes: Furet, o implacável
Postado por Juremir em 14 de maio de 2013 - História
“O capitalismo é o nosso horizonte”


JUREMIR MACHADO DA SILVA


François Furet morreu. Desparece um grande intelectual, humanista e de extrema gentileza. Um ser feito para a amizade e para as polêmicas. Parisiense, nascido em 1927, autor de obras luminosas que mudaram a interpretação da Revolução Francesa, atacou com a violência do texto erudito os dogmas e os mitos do século XX. Considerado conservador pela esquerda, cultivava paradoxos: especializara-se em apresentar leituras radicalmente novas de acontecimentos histórios exaustivamente estudados. Com Pensar a Revolução Francesa (1978) e o Dicionário Crítico da Revolução Francesa (1988), em colaboração com Mona Ozouf, ganhou projeção internacional, enquanto desferia golpes fatais contra a trágica fábula da teoria marxista-leninista. Em O Passado de uma Ilusão – Ensaio sobre a Idéia Comunista no Século XX (Editora Siciliano), Furet inventariou a trajetória da cegueira que impediu intelectuais geniais de aceitarem a verdade sobre o regime soviético.

Nesta entrevista exclusiva concedida em Paris para mim, publicada na Folha de S. Paulo, passados 40 anos do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, quando Kruchtchev denunciou oficialmente os crimes de Stalin, o ex-diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS – Paris), professor da Universidade de Chicago e presidente da Fundação Saint-Simon, revisitou, com a sua fala mansa e o seu sorriso irônico, a grande “construção ideológica” do século XX. Numa manhã ensolarada, em fevereiro deste ano, durante uma caminhada pelas ruas de Montparnasse, reafirmou suas posições. Algumas meses antes, estivera no Brasil para uma série de conferências. Desejava voltar ainda em 1997.


- O senhor escreveu um ensaio sobre a ilusão como motor da vida social. O imaginário pode ser determinante para a construção da realidade?

François Furet – Claro. Nunca canso de repetir que a idéia de igualdade e de liberdade, essa extraordinária promessa sem respaldo na realidade, na qual os homens não são livres e nem iguais, mesmo quando encontram bastante igualdade e liberdade, é um fermento formidável na cabeça e no coração dos atores sociais. As sociedades modernas operam com um impulso utópico particular, forte e de conseqüências ambíguas. Os sonhos e as fantasias ajudam a mover os homens.

- Em 1956, Nikita Kruchtchev sacudiu o mundo com suas revelações sobre os crimes de Stalin. O que representou de fato o relatório do XX Congresso do PCUS?

François Furet – O relatório Kruchtchev marca uma data capital na história do comunismo em geral e da idéia comunista em particular. Com efeito, é a primeira vez que a crítica radical do movimento é feita do interior, pelo chefe. A denúncia dos crimes de Stalin deixa de ser articulada por reacionários, por marginais ou excluídos e passa a ser objeto da vontade do Secretário-geral do Partido Bolchevique. Em função disso é que a repercussão do discurso de 1956 foi enorme, não somente junto aos intelectuais, mas na opinião pública internacional.

- Por que as advertências de Karl Kautsky a André Gide, passando por Souvarine, Victor Serge e tantos outros intelectuais, a propósito da terror soviético não foram escutadas?

François Furet - Essa é a questão que deve ser respondida pela investigação histórica atual. Ela norteou a construção do meu livro. Os intelectuais são apenas uma parte do contingente de cegos em relação à realidade terrível da União Soviética. Os diplomatas, os políticos e boa parte da opinião pública sofreram do mesmo mal. Aos intelectuais cabia, entretanto, o trabalho crítico de revelação ou de exumação da verdade. Hoje, eles são cobrados pelos rastros deixados, um caminho de omissão ou de indiferença face aos relatos dos que ousaram denunciar. No início dos anos 20, Souvarine foi um dos primeiros a testemunhar sobre o regime soviético. Ignorou-se tudo isso.

- O comunismo era uma religião?

Furet - A analogia, embora limitada, é possível. Existem componentes religiosos na adesão ao credo comunista. A diferença entre o crente religioso e o comunista, conforme a anedota, está no fato de que o primeiro sabe que crê enquanto o último crê que sabe. Os ex-comunistas eram desqualificados como traidores ou ressentidos. A direita era acusada de dizer somente o que interessava a ela e assim por diante. O marxismo-leninismo possuía o meio absoluto de sua defesa. Os dois únicos homens que mereceram crédito, quando denunciaram o regime soviético, foram dois secretários do Partido Comunista Soviético: Kruchtchev e Gorbatchev. A verdade teve de sair do próprio território cultuado. Necessitou-se do desaparecimento do regime para que a ilusão se dissipasse.

- Como explicar que Jean-Paul Sartre tenha sido capaz de negar o horror stalinista mesmo depois do Congresso de 1956?

François Furet – A paixão dominante em Sartre sempre foi o ódio à burguesia. Sartre detestava o mundo no qual vivia e, acima de tudo, odiava os burgueses. Diga-se de passagem que o universo burguês não é amável e nem admirável e ele tinha boas razões para odiar a burguesia. O investimento relativo à União Soviética nutria-se de uma força passional e de elementos exteriores à história soviética. Sartre, como muita gente neste século, hesitava e recusava-se a abandonar a esperança em uma sociedade nova, preciosa e oposta àquela que o amargurava. O mundo burguês na história da humanidade representa a sociedade que produz o maior número de inimigos dela mesma. As razões disso são claras: todos os grandes filósofos dos séculos XVIII e XIX viram os defeitos de uma civilização baseada predominantemente sobre o dinheiro, o lucro, a acumulação, etc. O comunismo tornou-se uma espécie de exorcismo do déficit político do universo burguês. Era preciso, portanto, que a União Soviética fosse melhor.

- No caso de Sartre é a cegueira ou a mentira que o leva a recusar a realidade?

François Furet – A palavra certa é cegueira. Sartre e os outros eram pessoas de boa fé, todos possuídos por uma paixão política forte e compreensível.

IstoÉ – Não existiu falsificação da história em nome da imposição de uma ideologia?

Furet – Sartre não falsificou deliberadamente a história. Ele faz parte do caso geral e foi vítima, como milhões de homens deste século, da ilusão segundo a qual a União Soviética contruía uma sociedade livre das maldições do capitalismo. Sartre, a exemplo da maioria da esquerda, foi antifascita, mas não antitotalitário.

- Já a Revolução Francesa foi utilizada por historiadores como modelo para analisar e justificar os métodos e o terror da Revolução Russa?

François Furet – Certamente houve uma apropriação marxista-leninista da Revolução Francesa. Basta dizer que 1793 passou a ser considerado o episódio fundamental da Revolução Francesa quando se sabe que o essencial ocorreu em 1789. Tomou-se a Revolução Francesa como uma antecipação fracassada de 1917, cujas promessas revolucionárias não teriam sido cumpridas. Afora o destaque aos aspectos sociais, o arcabouço conceitual da análise marxista-leninista da Revolução Francesa é totalmente falso. 1789 não corresponde à revolução burguesa e nem 1793 ao momento revolucionário popular e anti-burguês. Ou bem a Revolução é burguesa e 1789 e Thermidor são os seus acontecimentos decisivos, ou ela não é burguesa e será necessário que nos expliquem o que é. Em realidade, trata-se de um evento político que ultrapassou largamente as determinações sociais, e o desejo de integrar a Revolução no quadro da ditadura de uma classe não encontra apoio nos fatos. Eis o ponto cego de um certo marxismo e do marximo-leninismo: a redução do nível político a uma causalidade puramente social.

- Há uma relação histórica coerente entre Lenin e Robespierre?

François Furet – Há elementos nessa comparação que não são absurdos. Existe nos dois homens esse aspecto moderno contido no investimento quase fanático num projeto de salvação. Mas, em contrapartida, diferenças não faltam. A paisagem mental de Robespierre estava habitada pelo Ser-Supremo enquanto a de Lenin obedecia ao imperativo da superação da luta de classes.

- Seus livros mais recentes são um acerto de contas com os intelectuais de esquerda que o acusaram de conservadorismo e continuam a tomá-lo por reacionário?

François Furet – Não. E não é a primeira vez que respondo a essa questão. O livro foi bem recebido mesmo pela esquerda e pelos comunistas franceses… Recebi o prêmio do melhor livro político de 1995 por essa obra. Os comunistas franceses acolheram-me com consideração, apesar das diferentes interpretações sobre um tema polêmico. Discutem o meu livro. O acerto de contas realizou-se há muito. Fui membro do Partido Comunista Francês na juventude e deixei-o depois de madura reflexão.

- Comunismo e fascismo, para o senhor, contrariando as verdades de esquerda, encontram-se no repúdio ao liberalismo. Por que a democracia liberal estimula tantas reações extremadas?

Furet – A democracia liberal suscita tantas reações fanáticas por ser um regime de relativismo moral e que não tem pontos de apoio filosóficos. O mundo liberal consiste em fazer viver em conjunto cidadãos de todas as opiniões e representa a hegemonia do individualismo privado voltado para o prazer, o bem-estar, as paixões e os desejos de cada um, sem pilares virtuosos e sem outra legitimidade que a do dinheiro. Há no mundo burguês, desde a origem, uma enfermidade política causada pela ilegitimidade. A burguesia não é uma classe política. Quanto ao problema do fascismo e do comunismo, estou convencido de que a interpretação mais imbecil do fascismo é justamente essa que o transforma em produto do universo burguês. Ao contrário, o que há de espetacular no fenômeno, do ponto de visto histórico, é que ele escapa a tal redução. Se Hitler era a marionete do grande capital não há como compreender o genocídio dos judeus, algo que nunca fez parte do programa liberal.

- O fascismo também pode ser revolucionário?

Furet – Com certeza. Compreendê-lo como a recusa da mudança é um erro. O fascismo caracteriza-se pela tomada do poder por gangsters, o que Marx chamaria de lumpen, gente não pertencente a nenhuma classe organizada da sociedade. Tomada de poder em nome do povo e da comunidade sem a limitação de nenhum controle racional. Algumas das paixões que alimentaram o fascismo eram comparáveis às do comunismo, entre elas o ódio ao individualismo burguês. Para mim, a grande invenção do fascismo foi a recuperação da idéia revolucionária em benefício da direita. A direita européia, desde a Revolução Francesa, era contra-revolucionária, cultivando o sonho absurdo de fazer a história correr ao contrário e voltar ao passado para encontrar o ponto que paradoxalmente originou a Revolução. O fascismo recuperou a idéia de futuro para a direita e em conseqüência o projeto revolucionário.

- O senhor cita no Passado de uma Ilusão uma frase de Saul Bellow: “Tesouros de inteligência podem ser investidos ao serviço da ignorância quando a necessidade de ilusão é profunda”. O desejo encobriu a realidade?

Furet – O século XX está marcado pelo desencantamento religioso, no sentido weberiano do termo, e a crença na redenção do homem pela história tornou-se um pouco o substituto dessa perda. O investimento potente em política como um modo de salvação terrestre ocupou o lugar deixado vago pela fé tradicional. Muitos homens deixaram-se enganar pelo intenso desejo de uma sociedade radicalmente nova. Transformou-se em verdade científica, com o materialismo-histórico, o que era produto do voluntarismo sem qualquer garantia de êxito.

- Alguns dos temas característicos dos anos 30  estão de retorno?

Furet – De jeito nenhum. É absurdo. Elaborou-se uma analogia entre o fascismo dos anos 30 e os acontecimentos envolvendo a Sérbia e a Bósnia. Mas não é a mesma coisa.  Os homens gostam de pensar que os eventos do futuro serão comparáveis aos do passado. Estamos, contudo, num mundo totalmente diferente. O fato de que atravessamos uma fase de depressão e de desmitificação do sonho do crescimento econômico infinito não é uma razão para lamentar o fim do comunismo. Tampouco o recrudescimento do terrorismo do IRA, do ETA ou do Hamas devem levar a crer que o caos esteja prestes a se impor no mundo.

- Num país do Terceiro Mundo, caso do Brasil, a utopia comunista continua a seduzir muitos intelectuais. Os acontecimentos do ano passado na França, com as grandes manifestações e as greves organizados por sindicatos, representaram para alguns dos críticos do neoliberalismo o retorno da classe operária à vida política.

Furet – Duvido que o movimento social francês do último outono tenha a ver com esse hipotético renascimento. Tratava-se de uma greve em torno de vantagens sociais adquiridas nos setores industriais do Estado e não de uma ação com perspectiva revolucionária.

- O crescimento do desemprego não pode favorecer o ideal revolucionário comunista?

Furet – As nossas sociedades democráticas são inseparáveis de um tendência utópica. Não creio, portanto, que isso venha a desaparecer. A religião, os Direitos do Homem e o humanitarismo são versões moles da utopia. O que está definitivamente morto na utopia comunista é o papel da classe operária, que era vista enquanto classe messiânica. Mesmo os comunistas não acreditam mais nisso pois a classe operária está desaparecerendo sob os nossos olhos. O marxismo-leninismo e sua relação com a história também pereceram. A idéia de um Partido-Estado não faz mais sentido. Será que viveremos a partir de agora sem a visão de uma sociedade pós-capitalista? Não. Talvez venhamos a inventar uma alternativa. Esperemos que seja menos trágico.

- O que senhor pensa quando políticos de esquerda denunciam o fracasso da social-democracia e afirmam ainda que o capitalismo está condenado?

Furet – Quem tem coragem hoje de dizer que o capitalismo está condenado? Raríssimas pessoas. Vivemos numa espécie de capitalismo universal. Após a queda do comunismo resta um só campo de influência mundial: o capitalismo. É a universalização do mercado. Não conheço nenhum homem sensato – filósofo, político ou mesmo partido – que proponha outra economia que não seja a capitalista. Nada pode levar a crer na atualidade que é útil eliminar a propriedade privada e a livre iniciativa para gerar bens com alta produtividade.

- Seria possível deturpar Sartre e dizer que o capitalismo é um horizonte incontornável do século XXI?

Furet – No momento o capitalismo é o horizonte de nossa época: um horizonte no qual teremos dificuldades para viver; precisamos agir conhecendo as nossas contradições e sabendo que até agora não encontramos a solução. Os salvadores do século XX levaram-nos a fracassos apocalípticos. Não estou feliz com a nossa realidade, embora não seja o inferno, e prefiro-a às utopias sangrentas.

- As nações de direita e esquerda estão  condenadas?

Furet – Não, ao menos enquanto as nossas se caracterizarão pelas lutas de partidos e de homens pelo poder. A opinião pública será sempre chamada a pronunciar-se a respeito de programas e de idéias diferentes, de esquerda ou de direita.

- A democracia liberal é definitivamente o último estágio da história?

Furet – Não. A história nunca termina. Os hegelianos podem falar em fim da história. Em Hegel havia o individualismo moderno, o constitucionalismo, o capitalismo industrial e o conceito de fim da história, existente também em Tocqueville. Não sou filósofo e nem teólogo para pensar em fim da história. Digo apenas que hoje ninguém imagina um regime econômico capaz de substituir o capitalismo. Já a crítica à social-democracia esconde com freqüência uma nostalgia do comunismo.

Musica instrumental.

Aécio chama ministra de Dilma de despreparada 7


Aécio chama ministra de Dilma de despreparada 7
Josias de Souza 22/05/2013 19:44

O novo presidente do PSDB, Aécio Neves, chamou de “ministra de menor importância” a petista Maria do Rosário, chefe da Secretaria de Direitos Humanos. Estendeu a crítica à presidente Dilma Rousseff. “Essa história de ter 40 ministérios [em verdade, são 39], você acaba colocando no ministério pessoas muito despreparadas.”

Deve-se o ataque do presidenciável tucano ao fato de a ministra ter atribuído à oposição os boatos de que o Bolsa Família seria extinto. Boatos que Aécio tachou de “cretinice”. Maria do Rosário manifestou-se via Twitter. No mesmo microblog, a ministra voltaria atrás horas depois.

“Acho que ela acabou levando um puxão de orelhas”, ironizou Aécio. Ele investiu contra a ministra numa entrevista à Rádio Gaúcha. Dirigia-se, portanto, a uma audiência familiarizada com Maria do Rosário, uma deputada federal licenciada do PT do Rio Grando do Sul.

“Nós cobramos, logo que surgiu o boato, que a polícia federal investigue e aponte os responsáveis”, acrescentou. “É isso o que nós esperamos. O que houve foi uma acusação leviana de uma ministra no Twitter, que depois já se desculpou. E não assumiu aquilo que disse.”

Sobre o destino do Bolsa Família num eventual governo tucano, Aécio repisou a tecla de que o programa traz o PSDB no seu DNA. Consiste na unificação de três iniciativas do governo de Fernando Henrique Cardoso –o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola e o Vale Gás.

“Portanto, nós, do PSDB, queremos mantê-los. Mas queremos muito mais do que isso. Eu não acho, por exemplo, que um pai de família tenha que passar pro seu filho como única herança o cartão do Bolsa Família, como já acontece hoje.” Para Aécio, o essencial é “qualificar essa mão de obra para reintroduzi-la no mercado de trabalho.”

No finalzinho da conversa, o entrevistador fez uma pergunta embaraçosa sobre a fama de baladeiro de Aécio e a exploração eleitoral que os adversários devem fazer de vídeos do senador disponíveis na internet. Seguiu-se o seguinte diálogo:

— Senador, eu quero fazer uma pergunta, que é um pouco complicada. Ela tangencia o lado pessoal, mas eu sei que será um ponto que será tocado na sua campanha. Há vídeos na internet que prejudicam a sua imagem. Especialmente um vídeo que foi postado num boteco do Rio de Janeiro. Como vai tratar essa questão da má utilização da sua vida pessoal durante a campanha?

— Peço que utilizem, porque verão que eu sou um cidadão comum, um homem de bem. Jamais encontrarão vídeos meus no mensalão. Jamais enconrtarão, depois de 30 anos de vida pública, qualquer ação incorreta. Agora, isso é difícil. A internet virou, infelizmente, para uma parcela dos nossos adversários, que agem quase que como uma quadrilha, um espaço do vale-tudo –coisas fraudadas, coisas não fraudadas. O que posso dizer é que governei o meu Estado por dois mandatos, deixei o meu Estado com 93% de aprovação. Lidero hoje o maior partido de oposição para permitir ao brasil viver um tempo diferente. Sem deixar de ser o que eu sou. Vou lhe dizer o seguinte: desconfie muito daquelas pessoas que ocuparem ou postularem qualquer cargo e deixem de ser o que são. Essas não merecem a sua confiança.

— Esses vídeo nao o intimidam?

— Isso deve existir desde que eu fui deputado pela primeira vez. Eu sou um homem do meu tempo. Não tenho absolutamente nada na minha vida a esconder. Ao contrário, para assumir a responsabilide que eu assumo, acho que eu tenho o respeito e a admiração dos que me conhecem.

Malcolm X
19/05/1925, Omaha, Estados Unidos
21/02/1965, Nova Iorque
Da Redação
Em São Paulo
A tragédia sempre foi uma constante na vida de Malcolm Little, que passou para a história como um dos grandes líderes dos negros norte-americanos com o nome de Malcolm X. Quando tinha apenas seis anos e brincava pelas ruas de Omaha, o seu pai, Earl Little, foi assassinado. Após sofrer um brutal espancamento, Earl Little teve o seu corpo atirado em uma linha de trem. Órfão (na época sua mãe fazia tratamento em um hospital psiquiátrico), Malcolm e seus sete irmãos foram morar em orfanatos. Pouco tempo depois, com uma irmã mais velha, foi morar em Boston. Depois, transferiu-se para o Harlem, bairro de maioria negra em Nova Iorque.

Na adolescência, trabalhou como engraxate e começou a beber, a fumar e a comercializar drogas, principalmente maconha, além de freqüentar casas de prostituição. Escapou do serviço militar fingindo-se de "louco". Na mesma época, começou a praticar pequenos assaltos no Harlem. Com mais três amigos, todos muito pobres, passou a assaltar residências, até que acabou sendo preso, em 1946. Foi justamente na prisão que ocorreu uma grande transformação na vida de Malcolm X. De assaltante e vendedor de drogas, passou a estudar o islamismo, seguindo os ensinamentos de Elijah Muhammed, líder da "Nação do Islã". Ao sair da cadeia, em 1952, Malcolm X transformou-se em um dos mais carismáticos líderes negros dos Estados Unidos.

Enquanto Martin Luther King apostava em uma resistência pacífica como arma para enfrentar o racismo, Malcolm X defendia a separação das raças, a independência econômica e a criação de um Estado autônomo para os negros. Ao lado de Elijah Muhammed, viaja pelos principais estados norte-americanos para pregar as suas idéias e defender a libertação dos negros.

O projeto não foi à frente, mas deu ainda mais fama ao ativista. Em 1964, já casado fundou a organização "Muslim Mosque Inc" e, mais tarde, a "Afro-American Unity". Um ano antes, após uma viagem para Meca, cidade sagrada dos muçulmanos, mudou o seu nome para Al Hajj Malik Al-Habazz. A partir daí, passou a defender uma posição conciliatória em relação aos brancos, fato que o deixou isolado, sobretudo em relação ao islamismo.

No dia 21 de fevereiro de 1965, quando discursava no Harlem, Malcolm X foi assassinado com 13 tiros, ao lado de sua mulher Betty, que estava grávida, e de suas quatro filhas. A Polícia dos Estados Unidos não encontrou provas, mas sempre suspeitou da participação da "Nação Islã" no crime. As idéias de Malcolm X foram muito divulgadas principalmente nos anos 70, por movimentos como "Black Power" e "Panteras Negras". A vida do ativista norte-americano também ganhou documentários e filmes, sendo "Malcolm X", dirigido por Spike Lee, em 1992, o mais famoso.

Alexander Soljenitsyn

Alexander Soljenitsyn
11/12/1918, Kislovodsk, Rússia
3/8/2008, Moscou, Rússia
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Soljenitsyn: crítico do regime soviético e do materialismo ocidental
"Um grande escritor é, por assim dizer, um segundo governo em seu país. E por esta razão regime algum jamais amou seus grandes escritores, apenas os pequenos." Esta reflexão faz parte do livro "O Primeiro Círculo", publicado em 1968 pelo escritor Alexander Soljenitsyn, um dos mais ferozes críticos do regime soviético.

Alexander Soljenistsyn era filho de um oficial de artilharia que morreu seis meses antes de seu nascimento. Foi criado pela mãe na cidade de Rostov, manifestando desde criança interesse pela literatura. Estudou matemática na Universidade de Rostov, graduando-se em 1941. Na mesma época, estudou literatura num curso a distância na Universidade de Moscou.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Soljenitsyn foi convocado para servir o exército, trabalhando como motorista. Ingressou depois na artilharia, onde combateu até ser preso em 1945. As razões de sua prisão, foram observações que fez acerca de Josef Stalin, em correspondência mantida com um colega.

Por isso foi condenado a oito anos de prisão, passados em vários campos de correção. Conseguiu escapar algumas vezes do trabalho braçal, em virtude de suas habilidades como matemático. Em 1950, foi transferido para um campo de prisioneiros políticos, onde trabalhou como mineiro e pedreiro.

Terminados os oito anos de condenação, Soljenitsyn foi enviado para o Casaquistão, em exílio. Acometido por um câncer no estômago, foi enviado para tratamento na cidade de Tashkent. Depois de sua reabilitação, tornou-se professor na cidade de Riazan.

Até 1957, embora tivesse redigido muitos livros secretamente, ainda não havia publicado nenhum de seus escritos. Seu primeiro livro publicado foi "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich", descrevendo os horrores passados num campo de concentração. O livro tornou-se famoso tanto na União Soviética quanto nos países do ocidente.

Publicou a seguir diversas obras, entre as quais "O Arquipélago Gulag" e "O Primeiro Círculo". Em 1970, Alexander Soljenitsyn recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, pelo conjunto de sua obra.

Em 1974, Soljenitsyn perdeu a cidadania soviética e foi deportado. Morou primeiro na Alemanha, depois na Suíça e finalmente nos Estados Unidos. Embora tenha sido recebido com entusiasmo no Ocidente, jamais sentiu-se à vontade afastado de sua pátria. Em 1990 teve sua cidadania restaurada e retornou, em 1994, para a Rússia, sendo recebido pelo presidente Boris Yeltsin.

Na Rússia, Alexander Sojenitsyn tornou-se uma figura conhecida e bastante popular. Continuou a criticar tanto o materialismo ocidental quanto a burocracia do regime soviético.

Soljenitsyn morreu de insuficiência cardíaca, aos 89 anos.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

CNJ quer acionar judicialmente autoridades que dispunham de verba e não aplicaram em prisões



CNJ quer acionar judicialmente autoridades que dispunham de verba e não aplicaram em prisões 4
Josias de Souza 23/05/2013 16:25


O Conselho Nacional de Justiça quer processar autoridades de 11 Estados que, mesmo tendo dinheiro em caixa, deixaram de investir na construção de novos presídios e na reforma de cadeias antigas. Desde 2011, o Departamento Penitenciário Nacional, órgão do Ministério da Justiça, teve de cancelar 39 contratos por falta de utilização das verbas. Voltaram para os cofres da União R$ 103,3 milhões.

O CNJ encomendou a abertura das ações judiciais em ofícios remetidos aos procuradores-gerais de Justiça e ao Ministério Público Federal nos seguintes: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul.

A decisão de requerer a abertura dos processos foi tomada em sessão plenária do CNJ realizada no último dia 14. Os ofícios seguiram para os Estados na terça-feira (21). E a notícia foi veiculada no site do Conselho nesta quinta (23). O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foram informados.

Autor do voto que prevaleceu na sessão do dia 14, o conselheiro Jorge Hélio Chaves de Oliveira realçou o paradoxo do desperdício de verbas por Estados que convivem com prisões medievais: “Diante de um cenário tão calamitoso, é incompreensível que tais Estados tenham simplesmente abdicado dos recursos federais para melhoria das condições de vida em seus presídios.”

Presente à sessão, o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF e também do CNJ, espantou-se com a cifra devolvida pelos Estados à União: “R$ 103,3 milhões seguramente resolveriam os problemas de dois ou três Estados. Deixariam [o sistema prisional] em condições civilizadas, pelo menos”, disse, evocando dados que obtivera em viagem que fizera ao Rio Grande do Norte no mês de abril.

Apocalipsis Segunda Guerra Mundial (4-6) El punto de inflexion (ESPAÑOL)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

As Doutrinas Nazistas (lista de reprodução)

Prima afirma: general sabia das torturas

Gobierno venezolano plantea esquema para el subsidio de vivienda

RUDÁ RICCI: O discurso de Aécio

RUDÁ RICCI: O discurso de Aécio:

O discurso de Aécio

Tenho sugerido que a candidatura Aécio Neves sofre de três males até o momento:
a) Sua maior oposição: o PSDB paulista;
b) A dificuldade de ingressar no nordeste e, consequentemente, conquistar o voto popular de massa;
c) Seu discurso anacrônico.

Ontem, durante sua quase aclamação à Presidência Nacional do PSDB, voltou a escorregar no discurso. Este parece o problema mais intransponível. Aécio insiste numa cantilena passadista quando reforça as privatizações como marca dos tucanos. Há um erro grosseiro nesta insistência. Em primeiro lugar, porque entra no campo do adversário. Lembro de um dito popular chinês que Pablo Neruda reproduz em "Confesso que Vivi": " se você quer passar despercebido, não apareça".
Uma obviedade, não? Mas que Aécio ainda não compreendeu. Ao escolher este tema, vai testar a casca de banana que nas últimas duas eleições presidenciais os candidatos petistas depositaram sorrateiramente por onde os tucanos passavam. E o resultado não foi outro: caíram.
A privatização não é nem mesmo um programa governamental, mas apenas um instrumento passageiro de rebatimento da dívida pública. Ponto. Não é verdade que se trata de modernização segura ou teríamos alçado os empresários à condição de deuses.
A questão é que o eleitor popular desconfia desta homenagem exacerbado ao mercado. Ainda mais em anos de programas de transferência de renda e ascensão social. Aí é que o bicho pega. De maneira indireta e instintiva, várias pesquisas qualitativas demonstram o temor popular do discurso privatista envolver o fim de todas políticas que garantem o consumo familiar ascendente.
Mas Aécio não compreende.
Precisa ler mais Pablo Neruda. Ou os clássicos chineses.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Bolsa Família: ministra culpa oposição por boato


Josias de Souza
A ministra petista Maria do Rosário (Direitos Humanos) pendurou no Twitter uma nota explosiva: “Boatos sobre fim do Bolsa Família deve ser da central de notícias da oposiçao. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política.”

Procurada, para forneceer os detalhes, a ministra disse que fizera apenas um “comentário inocente”. Hã?!? Maria do Rosário diz que não tem nenhuma informação sobre a boataria que convulsionou o final de semana. Heimmm?!?

“Fiz um comentário por avaliar que, no mesmo fim de semana da convenção tucana [que tornou Aécio Neves presidente do PSDB], tem o boato do Bolsa Família. Foi um comentário, digamos, fora do horário de expediente. Foi apenas um comentário [sobre] a quem interessa [o boato].” Hummmm!

Maria do Rosário fez seu “comentário inocente” menos de 24 horas depois de o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) ter acionado a Polícia Federal para apurar o ocorrido. Quer dizer: enquanto a PF não exibir as provas, a fofoca da ministra deve ser entendida como coisa da central de notícias do petismo.

Dicionario de cama filme completo dublado.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Brasil potencia. Entre la integración regional y un nuevo imperialismo

Los secretos del Corán 2/10

Los secretos del Corán 1/10

Última quimera, por Elton Simões


Última quimera, por Elton Simões

Existem semanas em que o barulho causado pela chegada ao fundo do poço parece despertar uma multidão de operários que, munidos de pás e picaretas, imediatamente começam a cavar.

Talvez motivados pela junção perversa da falta de princípios com a ausência de fins, estes operários se decidam ao aprofundamento do poço com entusiasmo.

A realidade parece se converter em agonia sem fim. O fundo do poço passa a inexistir. Tende ao infinito.

Quando sucesso é confundido com popularidade, produz-se mediocridade. Vistas exclusivamente através das lentes da popularidade, o avanço em questões relevantes e o esforço verdadeiramente produtivo equivalem à fabricação de adversários em série. Neste contexto, a preocupação exclusiva com a popularidade leva à proliferação da mediocridade.

Nestas horas, o bovino aponta o nariz para o lodaçal e imediatamente começa sua marcha, lenta, mas certa, em sua direção. Ao adentrar inevitavelmente o brejo, o bovino confirma que a luz no fim do túnel é somente uma ilusão. Ou, talvez, um trem. A distância da saída do túnel parece aumentar proporcionalmente ao entusiasmo com que os operários cavam o fundo do poço.

Nada parece evitar o fim trágico que resulta no inevitável enterro das últimas quimeras. Nada resta senão se acostumar com a lama que a todos espera. Nesses períodos de mediocridade, a esperança pode ser a primeira vítima.

Talvez como antídoto que possa prevenir a morte da esperança ou no mínimo como balsamo que ajude a suportar melhor estas cenas trágicas, busca-se explicações. Criam-se teorias segundo a qual os fatos estão conectados por planos, interesses e intenções.

Por piores que sejam os objetivos destes planos, por mais inconfessáveis que sejam as intenções, e por mais baixos que sejam os interesses, a existência de um plano pelo menos dá o consolo de que existe alguma inteligência por trás da mediocridade.

Consolo tão medíocre quanto a situação. Mas, pelo menos, melhor que a alternativa. Melhor que acreditar que a mediocridade seja uma função exclusiva de falha coletiva de julgamento. Que ela seja simplesmente uma função de apagão moral, ético e intelectual.

Resta, no fundo deste consolo, a esperança de que a prevalência da apatia coletiva sobre o desejo de dias melhores não seja definitiva e imutável. Ou, pelo menos, o desejo de que o futuro nos reserve tempos menos medíocres.



Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria). E-mail: esimoes@uvic.ca . Escreve aqui às segundas-feiras.