segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Charge




O Governo Lula e a reforma do neoliberalismo *

O Governo Lula e a reforma do neoliberalismo *
Armando Boito [**]

A questão de saber se o Governo Lula mantém o modelo capitalista neoliberal colocou-se desde o início desse governo. Talvez, a maioria dos analistas e observadores tenha se encaminhado para um tipo de resposta segundo o qual Lula e os partidos que integram seu governo vêem reproduzindo o modelo capitalista neoliberal tal e qual esse modelo foi herdado de FHC. Nós pensamos um pouco diferente.

O Governo Lula está construindo uma nova versão do modelo capitalista neoliberal. Ele promoveu pequenas mudanças na política econômica e na política social que, embora não cheguem a provocar mudanças na dependência econômica e financeira da economia nacional e nas condições de vida da população trabalhadora, são mudanças que poderão dar um novo fôlego político a esse modelo antinacional e antipopular de capitalismo.

Na verdade, nenhuma das mudanças significa a introdução de elementos completamente novos em relação ao que vinha sendo feito anteriormente. Elas são, antes de tudo, a radicalização de algo que começara a ser feito sob o segundo mandato de FHC. De tal modo que, se fosse para nos fixarmos na questão de saber se Lula dá ou não dá seqüência à política de FHC, poderíamos dizer que ele dá seqüência ao que começou a ser feito no final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Lula segue o FHC2, mas não o FHC1.

A política de exportação e a burguesia interna

O primeiro ajuste que o Governo Lula efetuou no modelo aparece na sua política agressiva de exportação. Essa política não rompe a hegemonia do capital financeiro, mas atende aos interesses de parte da burguesia interna, permitindo uma ampliação da base burguesa do modelo capitalista neoliberal.

Ao longo do seu primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso acumulou déficits crescentes e cumulativos na balança comercial do país. Isso, de um lado, agradou o capital internacional. Significava uma ruptura com a política desenvolvimentista e abria o mercado interno aos produtos estrangeiros. Porém, de outro, lado, a médio e longo prazo essa política pode gerar problemas para o próprio capital financeiro. O desequilíbrio das contas externas pode comprometer a capacidade do Estado brasileiro de pagar os juros da dívida interna e externa e, no limite, um nível muito baixo de reservas internacionais pode, inclusive, suprimir a liberdade básica do capital financeiro internacional que é a liberdade e entrar e (principalmente) de sair, sem atropelos ou prejuízos, do país. Estivemos próximo dessa situação com a crise cambial de 1999. A fuga de capital estrangeiro - dezenas de bilhões de dólares em poucas semanas - foi o sintoma de um desequilíbrio mais geral que exigia correções de rumo. Fernando Henrique Cardoso percebeu isso. Decidiu desvalorizar o real e, para fazê-lo, atirou ao mar seu até então fiel escudeiro, o Presidente do Banco Central Gustavo Franco. Em seguida, desvalorizou o real, abandonou a sua política de déficit na balança comercial e partiu para uma política de balança comercial superavitária.

Na campanha eleitoral de 2002, já estava claro que essa correção de rumo deveria se manter. Fernando Henrique Cardoso talvez não fosse o timoneiro mais indicado para dirigir o barco nessa direção. Lula, o seu partido e a CUT, ao contrário, sempre estiveram politicamente próximos da Fiesp quando essa protestara, ao longo da década de 1990, contra os “exageros” da abertura comercial e contra os juros elevados. Uma vez no governo, Lula decidiu radicalizar na direção desse ajuste. Iniciou a sua política agressiva de exportação, centrada no agronegócio e nos produtos industriais de baixa densidade tecnológica, e implementou as medidas cambiais, creditícias e outras necessárias para manter essa política. A eleição de Lula foi uma vitória parcial da burguesia interna que fustigou FHC ao longo dos anos 90, mesmo que sem nunca romper com ele – chamamos de burguesia interna aquele setor da burguesia que possui base de acumulação no território nacional mas não apresenta um comportamento político de burguesia nacional antiimperialista. Embora essa fração burguesa permaneça como uma força secundária no bloco no poder, uma vez que o Estado continua priorizando os interesses do capital financeiro, o fato é que o Governo Lula ofereceu para ela uma posição bem mais confortável na economia nacional. O resultado disso pode ser visto no comportamento da Fiesp. Essa entidade, que foi crítica dos aspectos mais financistas da política econômica e da abertura comercial dos anos 90, é presidida hoje por um homem de confiança do Palácio do Planalto, que se elegeu para a Fiesp com o apoio do governo federal. A parte da burguesia industrial que permanece insatisfeita e recalcitrante refugiou-se no Ciesp, em luta aberta com a Fiesp – divisão inédita na história da burguesia industrial paulista.

Mas, por que é possível afirmar que, apesar disso, o capital financeiro permanece hegemônico? Porque Lula estimula a produção na exata medida em que isso atenda os interesses do capital financeiro. Em primeiro lugar, ele estimula a produção voltada para a exportação. Não teria sentido, de fato, estimular a produção voltada para o mercado interno. Isso interessaria aos trabalhadores brasileiros que aspiram melhorar suas condições de vida, mas não ao capital financeiro e ao governo que representa os interesses desse capital. O objetivo da produção é a caça aos dólares e o trabalhador brasileiro compra a sua comida em moeda nacional. Por isso, estimula-se especificamente a exportação e não a produção em geral. Em segundo lugar, mesmo no estímulo à exportação, é preciso não ultrapassar a medida daquilo que interessa às finanças. Mais dólares, mas - atenção! - desde que esses dólares possam ser direcionados para o pagamento dos juros da dívida. Logo, o superávit primário e os juros devem permanecer elevadíssimos mesmo que isso limite as exportações. Faltam estradas, portos, funcionários em quantidade e qualidade suficientes para fazer do Brasil uma grande plataforma de exportação de produtos primário e industriais rudimentares – nem mesmo esse destino tacanho nos parece permitido. Mas, do ponto de vista do capital financeiro, não teria sentido desviar para a infraestrutura o dinheiro que deve ser reservado para remunerar os bancos – logo, em vez de investimentos em infraestrutura, tome superávit primário, com ou sem acordo com o FMI. O mesmo raciocínio aplica-se à política de juros elevados, que limita a produção e, inclusive, a exportação. A produção deve ser estimulada na direção (comércio exterior) e na medida que interesse aos banqueiros e, por não compreender isso, Carlos Lessa foi posto para fora do BNDES.

A política externa do Governo Lula faz parte dessa nova política exportadora. Os defensores desse governo costumam afirmar que sua política externa é a sua parte sã. Não pensamos assim. O que todos devem se perguntar é sobre os laços dessa política externa com a política interna do governo. Feita essa pergunta veremos o seguinte: a política externa visa, centralmente, ampliar mercado para os produtos brasileiros no exterior. Seu carro chefe é a luta contra o protecionismo agrícola dos países centrais. O G20, organizado pelo Estado brasileiro e por outros Estados da periferia na reunião de Cancun da OMC em outubro de 2003, visa exatamente suspender tal protecionismo. O discurso que o Governo Lula aciona para legitimar a reivindicação do G20 é um discurso neoliberal que pleiteia a “verdadeira abertura” dos mercados e concentra a luta no protecionismo agrícola. Abdica, simultaneamente, de lutar por novas regras do comércio internacional que favoreçam e protejam os países menos desenvolvidos, luta que não teria nada a ver com liberdade de comércio, e abdica também de lutar pela melhoria da posição da economia brasileira na divisão internacional do trabalho, aceitando nossa condição de vendedor de soja, algodão, sapato e similares.

As políticas compensatórias e o novo populismo conservador

O que analisamos até aqui foi o ajuste que o Governo Lula promoveu no interior do bloco no poder em decorrência dos vetores convergentes oriundos do desequilíbrio econômico nas contas externas e da pressão política de parte da burguesia brasileira – o agronegócio e a grande indústria. Agora, vamos examinar a segunda mudança no modelo neoliberal, mudança que diz respeito mais diretamente às classes trabalhadoras.

Se a burguesia interna pressionou contra alguns aspectos da política neoliberal de FHC, grande parte dos trabalhadores resistiu a essa política, com greves, manifestações de massa, ocupação de terras e, também, com votação em candidatos filiados a partidos que se diziam antiliberais. Essa pressão avolumou-se, como é sabido, ao longo da década de 1990. Porém, para os trabalhadores organizados, o Governo Lula não fez concessão. Continua sonegando uma política salarial e mantém o arrocho dos salários com mão de ferro, é omisso diante do drama do desemprego, retirou direitos previdenciários do setor público e, também, do setor privado, enfim, não trouxe nada de novo. Porém, o Governo Lula não ficou parado. Ele recuperou e ampliou o populismo conservador de Collor e de FHC. As reivindicações dos trabalhadores organizados são preteridas, pois o seu atendimento custaria muito caro ao capitalismo brasileiro e ao capital financeiro, mas, ao mesmo tempo, o governo passa a fazer demagogia social com os trabalhadores pauperizados, desorganizados e politicamente desinformados. É importante notar que esse novo populismo deve provocar deslocamentos na base social do próprio PT, cujas relações com os trabalhadores organizados está se deteriorando.

Fernando Henrique Cardoso multiplicou as bolsas e ajudas efêmeras, incertas e insuficientes que vinham sendo implementada desde o Governo Sarney: auxílio gás, auxílio leite, bolsa escola, renda de emergência etc. O Governo Lula unificou tudo isso numa bolsa família e aumentou um pouco a dotação orçamentária para esse fim. Não são direitos, são sobras de caixa que dependem do humor de Antonio Palocci, isto é, do humor do capital financeiro. Ademais, o Governo Lula está sabendo explorar simbolicamente essa iniciativa: faz solenidades para distribuir bolsas, faz publicidade na rádio e na TV etc. Os ministros da área social simulam resolver no varejo a desgraça que os ministros da área econômica promovem no atacado. Não se trata de uma proposta de organização política dos trabalhadores pauperizados pelo capitalismo neoliberal para fazer deles uma força pela mudança do modelo econômico. O Governo Lula mantém essa população pobre desorganizada e desinformada, explora-a politicamente – para ser mais preciso, explora-a eleitoralmente – porque sabe que a organização do povo poderia criar uma situação que o obrigaria a substituir a oferta de bolsas pela consolidação de direitos. Todos se mobilizam para apresentar a pessoa de Lula como o pai dos pobres – personagem que ele assumiu com gosto e persistência apresentando-se, a todo momento, como o pai da “família Brasil”. Há semelhanças entre esse novo populismo e antigo populismo de Getúlio Vargas, mas há diferenças importantes também. Vargas apelava aos trabalhadores para levar de vencida ou contornar a resistência das oligarquias e do imperialismo à industrialização do Brasil, enquanto o Governo Lula, dando seqüência a um novo filão descoberto por Fernando Collor, apela aos descamisados para jogá-los contra os trabalhadores organizados de modo a fazer passar a política do capital financeiro nacional e internacional.

As políticas compensatórias não vão resolver os graves problemas da população trabalhadora que recebe um salário insuficiente, que está subempregada ou desempregada. Veja-se o mais recente exemplo desse tipo de iniciativa. O Governo Lula criou uma bolsa para jovens que atendam os seguintes requisitos: a) habitem grandes capitais, b) tenham entre 18 e 24 anos, c) estejam desempregados e d) tenham completado o ciclo de ensino fundamental. Pois bem, se preencherem essa série de quatro atributos decididos pelos tecnocratas das políticas compensatórias poderão usufruir da bolsa? Não! Poderão, simplesmente, entrar num sorteio para concorrer a uma dessas bolsas de R$100,00 a ser paga ao longo de doze meses e desde que tal beneficiário faça um curso de qualificação profissional. Ou seja, uma espécie de loteria do escárnio e que só pode se explicar pelo interesse eleitoral rasteiro do governo, que foi derrotado nas eleições municipais das principais capitais brasileiras.

O que podemos esperar

Não valeria a pena apoiar uma política que, pelo menos, oferece uma posição mais favorável para a produção, reduzindo um pouco o poder absoluto do capital financeiro? Ou colocando a coisa em termos sociológicos e políticos: não valeria a pena os trabalhadores se aliarem à burguesia interna na luta contra o capital financeiro?

Muitos poderiam responder afirmativamente a essa questão. Há uma longa tradição na esquerda brasileira que insiste na necessidade e na possibilidade de os trabalhadores aliarem-se àquilo que seria uma burguesia nacional. Nós não pensamos que esse seja um caminho correto. A política de oferecer um certo alento à produção, como está delimitada pelas necessidades do capital financeiro, é uma política voltada para a exportação. Ora, isso significa, de um lado, que reproduzimos a condição de economia dependente e subordinada às economias centrais e, de outro lado, que condenamos o trabalhador brasileiro a permanecer nas péssimas condições de vida nas quais ele já se encontra. O arrocho salarial é o principal trunfo competitivo dos produtos brasileiros no exterior. Contar com a tecnologia do agronegócio e da indústria no Brasil não é sensato, já que essa tecnologia é sofrível e a infraestrutura de transporte e de escoamento é péssima (devido à necessidade do superávit primário para remunerar o capital financeiro); aliviar ainda mais o imposto que incide sobre as empresas exportadoras seria inviável (de novo o superávit primário se impõe); desvalorizar de modo desmedido o real para aumentar a renda dos exportadores ameaçaria o clima de segurança que o capital estrangeiro exige para entrar e sair sem sustos do país; o que resta mesmo é explorar ao máximo o trabalhador. O Governo Lula mantém o arrocho draconiano sobre o salário mínimo não apenas, e nem principalmente, para, como ele quer fazer crer, conter o “gasto” da previdência. O arrocho do salário mínimo é fundamental para reduzir o preço dos produtos exportados, aumentando a competitividade das exportações brasileiras, e é justamente por isso que os trabalhadores não têm nada a ganhar numa eventual aliança com a burguesia voltada para a exportação.

As mudanças secundárias promovidas na política social tampouco trarão, como já disse, melhoria para os trabalhadores – essas mudanças configuram algo que poderíamos denominar social-liberalismo, política que não altera a “face social” do modelo capitalista neoliberal. Mas, essas mudanças estão criando, como têm indicado diversos militantes dos movimentos sociais, uma situação política nova. De um lado, é verdade que essas mudanças reforçam o apelo populista do Governo Lula junto aos trabalhadores pobres e desorganizados. O governo aproxima-se, com uma política populista conservadora, dos mesmos trabalhadores que o derrotaram em 1989 - naquela ocasião, a candidatura Lula defendia uma plataforma de expansão dos direitos sociais e Fernando Collor logrou fazer com que esses trabalhadores a vissem como uma plataforma que proporia o aumento de privilégios. Mas, de outro lado, o PT vai perdendo força entre os trabalhadores organizados, agravando suas tensões com esse setor. Abre-se aqui, portanto, todo um campo de trabalho para a oposição de esquerda ao Governo Lula. Esse campo precisa ser explorado sem conciliação e sem sectarismo.

[*] As idéias aqui apresentadas foram expostas inicialmente em duas palestras a estudantes e ativistas dos movimentos populares – uma no CecAC do Rio de Janeiro e outra no Instituto de Física Teórica da Unesp-SP. Para redigir este texto, pude aproveitar a contribuição dessas duas discussões. Claro, contudo, que apenas eu sou responsável pelo que apresento aqui.

[**] Professor Ciência Política da Unicamp e Editor da revista Crítica Marxista

Publicado na Revista da Adusp de maio de 2005.

Painel (Globo News) faz uma avaliação da educação no Brasil - PARTE 2


O mapa do Pará divido

Essa divisão vai a voto em onze de dezembro de 2011.

Frases

“De todos os assaltos que sofri, prefiro os que vêm por boletos”. Marcelo Siqueira
“Olho por olho e o mundo acabará cego”. Mahatma Gandhi
“Peixe e visita depois de três dias começam a feder”. Benjamin Franklin

sábado, 27 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O desconforto de Serra no PSDB

Adriana Vasconcelos


O recente destempero do ex-governador paulista José Serra em seu último encontro com o presidente estadual do PSDB, deputaro Marcus Pestana (MG), quando os dois quase sairam no braço, foi apenas uma pequena amostra de como anda o clima dentro do partido.

Serra vem dando sinais, cada vez mais claros, de seu desconforto no PSDB, desde que perdeu o controle da legenda para o senador mineiro Aécio Neves e foi obrigado a aceitar, como prêmio de consolação, a presidência do Conselho Político do partido.

O primeiro sinal concreto de que já não tem a mesma influência que tinha dentro do partido foi sentido durante a primeira reunião do Conselho Político, quando Serra não conseguiu o apoio dos demais conselheiros para divulgar no site do PSDB um documento que havia produzido de análise da conjuntura política, na qual fazia duras críticas ao governo Dilma e ressaltava que a divisão interna era o pior adversário da oposição.

Serra acabou desafiando a cúpula tucana ao publicar o documento em seu site pessoal, sem mencionar que o texto não tinha o apoio da legenda.

O ex-governador paulista também passou recibo de insatisfação logo após a cerimônia preparada pelos tucanos para comemorar os 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao se queixar que uma gravação feita por Aécio _ que não compareceu ao evento por ter se acidentado ao cair de um cavalo _ teria sido exibida após o seu pronunciamento.

_ Vocês já escolheram o candidato do partido à Presidência? _ disparou Serra, queixando-se por não ter sido o último a falar antes de Fernando Henrique.

Inconformado com a possbilidade de perder o posto de candidato do PSDB à Presidência em 2014 para Aécio, Serra agora se recusa a ouvir os argumentos de aliados de que sua melhor opção neste momento seria disputar a prefeitura de São Paulo em 2012, como forma até de se manter competitivo numa eventual disputa futura com o senador mineiro.

A estratégia traçada por Serra é de levar às últimas consequências sua briga pela vaga de candidato à próxima sucessão presidencial. E pelo visto, ela não passa pela realização de prévias internas no partido.

A previsão feita pelo ex-governador, em conversas nos bastidores, é de que ele e Aécio não estarão na mesma legenda em 2014.

Resta saber quem vence essa queda de braço.

Mas vale lembrar os rumores _ negados com veemência por Serra _ de que o ex-governador teria estimulado o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a criar o PSD, que poderia ser um destino possível para ele, caso os tucanos lhe neguem legenda para a próxima disputa presidencial.

[Canal Livre] Jesus realmente existiu?


Jornal da Cultura 24/08/2011 - 3º Bloco


Jornal da Cultura 24/08/2011 - 2º Bloco


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 9


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 8


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 7


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 6


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 5


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 4


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 3


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 2


Entrevista de Tancredo Neves ao Canal Livre Parte 1


Ventana Indiscreta: Conflicto Israel - Hizbalá (Parte 3)


Milagre tecnológico de Israel

"A primeira geração de israelenses chegou ao país para plantar laranjas em kibutz (comunidade agrícola). A geração atual exporta tudo quanto é produto de alta tecnologia."
Assim resumiu um israelense a trajetória de Israel.


Como bem mostra o ótimo livro de Dan Senor e Saul Singer, "Start-up Nation: The Story of Israel's Economic Miracle", a mistura única de condições adversas, investimentos militares que "vazam" para o setor privado, altíssimo número de imigrantes e ênfase em educação transformaram Israel em uma nação de empreendedores. O país tem o maior número de chamadas "start-ups" per capita.

Algumas das coisas que foram inventadas em Israel, que pouca gente sabe:

Pillcam: uma micro-câmera, do tamanho de uma pílula, que é engolida pelo paciente e filma os intestinos, por exemplo, para exames médicos. A cápsula transmite 2600 imagens coloridas para um equipamento que fica na cintura do paciente.

Tomate cereja: foi "inventado" por cientistas da Universidade Hebraica em 1973. A ideia era chegar a tomates menores, que amadurecessem mais devagar, para se adaptar ao clima seco e quente de Israel.

Irrigação por gotejamento: um dos maiores avanços da agricultura, criado em um kibutz no fim dos anos 60

Pen drive: sim, foram os israelenses que acabaram com os desajeitados floppy disks, os disquetes, lembra?

"A engenhosidade é o motor da sociedade israelense", disse-me em português perfeito o embaixador Yossef Livne, coordenador de assuntos brasileiros no Ministério das Relações Exteriores de Israel. "Em um país que basicamente não tem nenhum recurso natural, o único recurso é o engenho da população", disse Livne, que já foi embaixador em El Salvador e no México, e serviu no Brasil nos anos 80.

Outro traço que ajuda a fazer de Israel a nação start-up é o fato de os israelenses serem inquisitivos, acha Livne. "Os israelenses sempre duvidam, questionam, não aceitam nada."

Livne vê nos brasileiros muito do engenho do povo israelense, apesar da abundância de recursos do Brasil.

PS: Estou em Israel a convite do governo israelense, em uma das viagens que vários países organizam para fazer relações públicas com jornalistas. Amanhã vou a Ramallah, na Cisjordânia, para ver de perto o outro lado da história, se é que podemos assim caracterizá-lo.

Falo aqui dos aspectos econômicos de Israel, sem entrar no mérito de seu conflito com os palestinos. Sobre isso, admito, ainda não tenho informação suficiente para me posicionar de forma responsável.


Patrícia Campos Mello

Ventana Indiscreta: Conflicto Israel - Hizbalá (Parte 2)


Ventana Indiscreta: Conflicto Israel - Hizbalá (Parte 1)


domingo, 21 de agosto de 2011

Rebeldes avançam contra Trípoli


Rebeldes ganham terreno em Trípoli


Entrevista Paulo Henrique Amorim parte 2/2


Entrevista Paulo Henrique Amorim parte 1/2


O papel de Dilma

O papel de Dilma

Merval Pereira, O Globo

Por duas vezes nesta semana ouvi referências sobre a teoria dos papéis, a primeira delas em uma palestra do antropólogo Roberto Da Matta que, partindo de seu trabalho sobre o espaço da casa e da rua na nossa realidade, analisou as questões éticas da sociedade brasileira à luz dos papéis sociais que desempenhamos.

Do que me interessa para efeito do raciocínio que pretendo desenvolver sobre os dias atuais na nossa política, Da Matta mostrou que nem sempre escolhemos nosso papel na sociedade, e muitas vezes ele é maior do que nós, os atores.

Outras, é apenas uma questão de circunstâncias que nos levam, os atores, a momentos ou ações nunca pensados.

Arrancou aplausos da platéia quando destacou a disfuncionalidade de nosso sistema político.

Dias depois, foi a vez do vice-presidente Michel Temer falar do mesmo assunto, citando uma experiência pessoal.

Ao ser escolhido pelo então governador Franco Montoro para assumir a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele, que era um professor de Direito, sentiu-se despreparado para a missão e só não desistiu por que viu uma entrevista na televisão do ator Gianfrancesco Guarnieri que havia assumido a Secretaria de Cultura.

Perguntado sobre como se sentia na nova função, tendo que usar terno e gravata e se submeter a certos cerimoniais oficiais, Guarnieri foi explícito na citação de Shakespeare, que Da Matta também usara na sua palestra: a vida é um palco e nós somos atores a quem cabia desempenhar o papel que ela nos reservara.

Da Matta ainda sublinhara um detalhe perverso dessa metáfora shakesperiana, a de que, ao contrário do teatro, na vida nós não sabemos o momento em que a cortina vai descer, dando fim à nossa representação.

Mas o que importa aqui é justamente esse aspecto da representação do papel social. O vice Michel Temer disse que a partir daquela declaração de Guarnieri decidiu que poderia “representar” o papel de Secretário de Segurança, e assumiu o cargo que o levaria a entrar para a política partidária a partir da Constituinte de 1988.

Tem representado bem o papel de político, se olharmos apenas os cargos e funções que seguidamente vem galgando.

Neste momento, por exemplo, exerce o papel de moderador na crise da base aliada, especialmente dentro de seu partido, o PMDB, que se encontra totalmente dividido em disputas internas e, principalmente, descontente com o comportamento da presidente Dilma Rousseff em relação às ambições de poder do partido.

Levada mais pelas dificuldades crescentes de relacionamento com sua base congressual do que pela afinidade com o vice-presidente, Dilma tem tido que recorrer mais e mais a seus conselhos e, a partir deles, tem se esforçado para se aproximar dos partidos que a apóiam, e não apenas do PMDB, representando um papel que recusava a assumir.

Neste ponto é que me interessa especular sobre o “papel” da presidente Dilma nesse processo tão rico quanto conturbado que estamos vivendo.

A faxina ética que agora rejeita como objetivo de seu governo foi um papel que exerceu durante a crise do Ministério dos Transportes apenas com fins marqueteiros, para saciar a sede de justiça da sociedade sem colocar em risco seu apoio político, visto que o PR é um partido pequeno que não tem como viver longe do poder?

Ou é um anseio verdadeiro que ela está sendo obrigada a relevar devido às pressões políticas internas, inclusive do próprio ex-presidente Lula?

O fato é que, assim como o combate à hiperinflação acabou dando resultado com o Plano Real por que a sociedade já estava esgotada por um processo histórico que prejudicava a todos, também o combate à hipercorrupção que assola historicamente o país parece estar chegando a um ponto de não retorno, mesmo que a Presidente dê mostras de que está prestes recuar, ou pelo menos quer dar uma parada estratégica no processo que desencadeou para tentar rearrumar sua base de apoio.

Chega a ser engraçado o comentário da Presidente Dilma sobre a reportagem da revista inglesa The Economist, que elogia seu combate à corrupção, mas prevê que ela terá problema políticos pela frente ao mexer na verdadeira casa de marimbondos da política brasileira.

Dilma se dignou a responder à reportagem em uma declaração pública – o que fala muito de nosso provincianismo – dizendo que os estrangeiros não conhecem “nossos usos e costumes”, e por isso acham que ela terá problemas com seus aliados.

Segundo sua versão, no papel de ingênua que não lhe cabe muito bem, mas que é obrigada a desempenhar, a presidente Dilma diz que seus aliados também não concordam com os malfeitos.

Ora, o que ela está combatendo, e a sociedade brasileira se mobiliza para apoiar, é justamente esses “usos e costumes”, o que Roberto da Matta chama de “ética dupla” brasileira.

Para o antropólogo, o nosso famoso “jeitinho” em querer apaziguar, a partir da idéia de que “todos têm razão”, representaria uma tentativa de manter a honra dos implicados ou, muitas vezes, expressa a impossibilidade de parâmetros quando “todos têm o rabo preso”.

Compaixão (para “os nossos”) e justiça (para “os outros”) formam a difícil dialética que constitui a ética como instrumento de gestão pública, critica o antropólogo.

É o que está acontecendo neste momento, em que o governo, mesmo depois de retirar de seu convívio diversas autoridades, e três Ministros de Estado, por denúncias graves de corrupção, tenta reabilitá-los de diversas maneiras, seja pedindo formalmente que o PR retorne à base aliada da qual se desligara “em protesto”, seja tentando mostrar que não existe nenhum projeto de limpeza ética, simplesmente por que todos da base aliada são éticos.

Tão éticos que indicam para comandar a comissão que estudará o novo Código Civil dois deputados que respondem a diversos processos no Supremo Tribunal Federal.

Além do mais, tanta sujeira para ser limpa significa que anteriormente houve quem deixasse sujar. E quem veio antes, e promete vir depois, é o ex-presidente Lula, seu líder e tutor.

Que papel a presidente Dilma escolherá para marcar sua passagem pela Presidência da República?

sábado, 20 de agosto de 2011

Jarbas Passarinho fala sobre política no Brasil - Parte 2


Jarbas Passarinho fala sobre política no Brasil - Parte 1


Histórias Contadas - Jarbas Passarinho (Parte 4)


Histórias Contadas - Jarbas Passarinho (Parte 3)


Histórias Contadas - Jarbas Passarinho (Parte 2)


Histórias Contadas - Jarbas Passarinho (Parte 1)


Ratinho liga para Globo e pede para novela acabar


A viagem (quase) redonda do PT

Em artigo publicado no Jornal de Resenhas, o professor Luiz Werneck Vianna analisa o giro intelectual e as circunstâncias que conduziram o governo Lula a retomar o repertório da tradição republicana brasileira. "Se o DNA do PT traz o registro das lutas operárias dos anos 1970 contra a estrutura corporativa sindical, a teoria que vai animar a sua atuação é bem anterior à sua própria fundação, tendo sido desenvolvida, entre meados de 1950 e 1960, nas obras de alguns dos mais importantes intelectuais e cientistas sociais do país", sustenta Werneck.

Luiz Werneck Vianna - Jornal de Resenhas

Com a expressão “viagem redonda”, metáfora-síntese do seu clássico os Donos do Poder, Raymundo Faoro queria aludir às grossas linhas de continuidade que, segundo a sua interpretação, dominavam o processo de formação histórica brasileira da colônia ao nosso tempo. Na sua explicação, tal continuidade se deveria a um fator estruturante desse processo – o patrimonialismo na ordem estatal centralizada –, nunca removido, e que, a tudo superior, se imporia como um desígnio da Providência na reprodução da vida social.

A ação da Providência nos negócios humanos é objeto de um pequeno ensaio de Hanna Arendt, “De Hegel a Marx”, contido em "A Promessa da Política" (Difel), em que confronta as posições desses autores sobre o assunto. Neste pequeno e brilhante texto, ela sustenta que só existiria uma diferença essencial entre Hegel e Marx: enquanto Hegel teria projetado sua visão histórica mundial exclusivamente para o passado, deixando sua consumação esbater-se no presente, Marx, contrariamente, a conceberia no sentido do futuro, compreendendo o presente como “simples provedor”.

Transformar o mundo
Não haveria mais porque interpretar o mundo, pois os filósofos, diz Marx na 11ª. tese sobre Feuerbach, já fizeram isso – exemplar a obra de Hegel –, cabendo, agora, transformá-lo. A ação consciente dos homens já não deveria ser prisioneira da Providência, nem vítima dos ardis com que a história parece se voltar contra as intenções dos humanos, tomando rumos que escapariam inteiramente do seu cálculo.

Estes dois registros – o da Providência e o da “vontade política” – parecem oportunos quando se considera a trajetória do Partido dos Trabalhadores (PT), às vésperas de comemorar seus 30 anos, no governo há quase oito, e que ora se credencia para disputar mais uma sucessão presidencial. Com efeito, o PT nasce, no início dos anos 1980, com destino declarado de ser um agente de ruptura com a herança perversa, sempre renovada em nossa história – “os quinhentos anos” perdidos –, a fim de instituir uma nova fundação para o país. O ator, ao recusar os caminhos da Providência, ele próprio se apresentava como providencial. A interpretação do país estaria feita, o que faltava era a vontade política de transformá-lo.

Oito anos incompletos de governo do PT, no entanto, a “viagem redonda” de seis séculos, de João 1º a Vargas, da metáfora de Faoro, parece retomar seu curso, como se o partido assumisse, inconscientemente, a tradição que pretendeu renegar. Sintomático disso, tanto a acomodação do seu sindicalismo às estruturas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como sua atual valorização do nacional-desenvolvimentismo, ideologia da modernização brasileira, cuja forma mais bem acabada se encontra nas formulações do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), agência de intelectuais criada, ao tempo do governo JK, como lugar de reflexão sobre os rumos a serem seguidos para os fins de desenvolver o país.

O DNA do PT
De batismo, porém, suas marcas de origem são opostas às da sua maturidade, pois o PT vem ao mundo como contestador da modernização à brasileira, centrada no Estado e em suas agências, e, por isso mesmo, um projeto que teria sua origem em terreno externo à sociedade civil e se realizaria sem o seu controle. Nesse sentido, o PT nasce como uma expressão do moderno, personagem da sociedade civil, e que tem como valor a sua autonomia diante do Estado. O Estado, longe de ser o lugar da representação racional da sociedade, significaria o lugar em que os interesses privados dominantes se apresentariam, em nome da modernização, como de interesse público.

Se o DNA do PT traz o registro das lutas operárias dos anos 1970 contra a estrutura corporativa sindical – daí, o motivo principal da sua aversão à era Vargas –, a teoria que vai animar a sua atuação é bem anterior à sua própria fundação, tendo sido desenvolvida, entre meados de 1950 e 1960, nas obras de alguns dos mais importantes intelectuais e cientistas sociais do país, de que são exemplos, dentre outros, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes e Francisco Weffort. As afinidades eletivas entre as práticas do PT e o resultado de suas reflexões levaram muitos desses intelectuais, como é conhecido, a se filiarem aos seus quadros. Weffort foi seu secretário-geral, e Florestan Fernandes, influente deputado da sua bancada na Assembléia Constituinte de 1986.

Florestan, um crítico do ISEB, tinha procurado demonstrar que as coalizões pluriclassistas em que se ancorava o projeto da modernização nacional-desenvolvimentista, ao contrário de viabilizar uma emancipação da vida popular do controle exercido sobre elas pelas elites dominantes no comando do Estado, na verdade, o preservava, além de não tornar a sociedade menos desigual. Weffort, compartilhando o argumento com Florestan, assentava sua crítica, no entanto, no terreno especificamente sindical. Segundo ele, a estrutura corporativa sindical fazia o movimento operário refém do Estado e de suas manipulações populistas, levando-os a declinar dos seus interesses classistas e a abdicar da construção de uma identidade própria.

Mas será, sobretudo, nos trabalhos de Faoro que o emergente PT vai encontrar a maior parte das suas escoras intelectuais. Nosso capitalismo, na sua análise famosa, não teria sido obrigado a remover antigas elites para encontrar passagem para sua imposição. Ele teria sido gerado no ventre do patrimonialismo, preservando-se os monopólios administrados pelo Estado ou concedidos por ele, enquanto os interesses privados teriam sido abafados pela ação onipresente das agências estatais na vida econômica e social. Daí teria resultado um capitalismo politicamente orientado, confundidas as esferas pública e privada, não se revestindo a sociedade civil de autonomia diante do Estado.

“Névoa estamental”
A forma patrimonial do Estado teria ainda envolvido as relações entre as classes sociais em uma “névoa estamental”, travando o processo de formação de identidades sociais fortes e definidas, raiz da debilidade do nosso sistema de representação política e da usurpação da voz da sociedade civil pelo Estado e sua burocracia. Nesse contexto, os movimentos nacional-desenvolvimentistas, mesmo que de inspiração reformista, ao invés de vitalizarem a sociedade, reforçariam ainda mais a presença do Estado – estado-maior do projeto de modernização – e dos interesses econômicos e socialmente dominantes articulados com ele. Da modernização não deveria provir o moderno, que suporia autonomia dos sujeitos na trama do social, e sim heteronomia.

Com maior ou menor intensidade, essas referências cognitivas sobre o estado de coisas no Brasil vão se instalar no código genético do PT, vindo a se combinar com outras influências culturais. Assim com a incorporação de amplos setores provenientes do mundo da catolicidade, avessos à cultura material, e com a de numerosos segmentos da esquerda com história de resistência armada ao regime militar. A presença da esquerda católica trouxe consigo uma valorização da “alma do povo”, da espontaneidade de suas manifestações, e da autenticidade da vida popular, orientações que se demonstraram eficazes no estímulo a vários movimentos sociais, apesar do sentimento negativo que portavam quanto à política e suas instituições.

Com essa configuração heteróclita, sua opção estratégica foi a da conquista do governo – e não do Estado – pela via eleitoral. Contudo, em razão da interpretação que lhe servia de norte, o PT recusava-se a alianças com outros partidos, chegando a negar o seu palanque eleitoral a Ulysses Guimarães, líder das oposições brasileiras ao regime militar, no segundo turno da sucessão presidencial de 1989. Após a terceira tentativa de vencer a sucessão presidencial, essa política mostrou seus limites, e não à toa, em 2002, o empresário José de Alencar veio a integrar a chapa de Lula.

A ida ao centro político, movimento bem-sucedido com a vitória eleitoral, implicou uma inflexão de largo alcance. A conquista do governo não seria compreendida como recurso tático para uma posterior conquista do Estado, em uma trajetória de revolução permanente. O ator declinou do papel de herói providencial e adaptou-se às circunstâncias, com uma forte representação de empresários nos ministérios e a direção da vida econômica entregue a operadores merecedores da confiança do mercado.

História absolvida
Mas, o centro político não se constitui apenas de personagens sociais e políticos. É também uma história e um denso repertório de temas, entre os quais o do papel ativo do Estado na construção do país. Tal mudança de orientação, como natural, não se limitou a repercutir no plano superficial da política, implicando uma revisão nos juízos predominantes no governo do PT sobre o nosso passado, sobretudo no segundo mandato presidencial de Lula, em particular quanto aos governos Vargas e JK. A história do Brasil foi absolvida. Valorizam-se as agências estatais – BNDES, Banco do Brasil, Petrobrás, Caixa Econômica Federal – no papel de indutoras do desenvolvimento econômico, e, com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo se põe à testa de um projeto de modernização.

Mais que mudanças tópicas ou de ênfase, é toda uma forma de Estado que ressurge, em particular no novo papel concedido às corporações e à representação funcional, evidente nas funções delegadas ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). O Estado se amplia com a incorporação de representantes das entidades classistas de empresários e de trabalhadores, e são guindadas à condução de ministérios estratégicos as lideranças das múltiplas frações da burguesia brasileira – a industrial, a comercial, a financeira, a agrária, inclusive estes culaques à brasileira, que começaram a sua história na pequena e média propriedades –, lado a lado com as centrais sindicais e com os representantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).

Sob essa formatação, instituiu-se um Estado de compromisso entre classes e frações de classes com interesses contraditórios entre si, que passam a ser processados no interior do governo e arbitrados, em casos de litígio, pelo vértice do poder executivo em estilo decisionista. Tem-se, então, no âmbito do Estado a presença de um parlamento paralelo, à margem do sistema da representação política, onde se delibera sobre políticas e se decide sobre a sua implementação. Os conflitos de interesse, na lógica dessa construção, não deveriam se expressar no terreno aberto da sociedade civil, quando tendem a se encontrar com os partidos e as correntes de opinião, e sim restritos a negociações realizadas no interior de agências estatais, evitando-se, desse modo, uma radicalização que viesse a comprometer a difícil convivência entre contrários na fórmula vigente do Estado de compromisso.

O Estado como condomínio aberto a todas as classes traz também para si os movimentos sociais, como os de gênero e os de etnia. Articula-se igualmente com as Organizações Não Governamentais (ONGs), boa parte delas dependentes do seu financiamento, e, por meio de programas de assistência social, como o bolsa-família, vinculam-se diretamente os setores socialmente excluídos. Dessa complexa articulação, apequena-se o espaço para o exercício da política a partir das motivações e expectativas da sociedade civil, inclusive por parte dos partidos políticos, convertidos em partidos de Estado, destituídos de relações vivas com seus representantes. Na prática, a política se reduz a ser mais outro monopólio do Estado, e o fluxo da sua comunicação parece conhecer apenas um sentido: o de cima para baixo.

As forças que deveriam trazer a descontinuidade se tornam as portadoras da continuidade, trazendo de volta a lógica política dos processos de modernização. Com eles, os imperativos de aceleração do tempo, a via de mudanças guiadas pelo alto, e a subsunção do social ao Estado. Dessa vez, porém, a modernização não nos chega de um projeto previamente amadurecido na reflexão e nos embates político-ideológicos, mas dos acidentes do caminho.

Adaptação às circunstâncias
Nos idos de 2003, havia a alternativa da mobilização social de um governo que vinha da esquerda em torno de um programa de reformas políticas, sociais e econômicas, cujo alcance poderia experimentar um leque de possibilidades entre soluções moderadas ou radicais. As radicais, de pronto, no contexto da época, pareciam apontar para uma crise institucional que poderia inviabilizar o cumprimento do mandato. As moderadas, por sua vez, desagradando a gregos e a troianos, comprometeriam a conquista de um segundo mandato.

A opção, como se sabe, foi a adaptação às circunstâncias, garantindo-se uma linha de continuidade com o governo anterior. O êxito imprevisto desse movimento, ao garantir a estabilização do governo, concedeu-lhe o tempo para que, por ensaio e erro, viesse a experimentar, e logo a praticar com evidente sucesso, o antigo repertório da tradição republicana brasileira, e nele os temas do nacional-desenvolvimentismo, do Estado como agente de indução de economia, o papel das estatais e das corporações sociais.

Faoro talvez pudesse dizer que esse movimento de encontro do PT com um capitalismo politicamente orientado não teria sido mais uma “mistificação de cúpula”, uma vez que persistiam as estruturas garantidoras da sua reprodução. A história não deixou de ser irônica quanto ao ator que não soube interpretá-la, e que, vindo do campo do moderno, fez ressurgir a modernização, muitos dos seus personagens e de suas instituições.

De qualquer forma, este ciclo de modernização sob a condução do governo do PT, embora revele, ao tempo em que a consolida, a mesma assimetria nas relações entre o Estado e a sociedade civil nos processos desse tipo, é o mais brando, quanto ao uso de meios repressivos, dentre quantos conhecemos desde o Estado Novo – no governo JK, lembre-se, os sindicatos estavam sob estrita vigilância do Estado, e os trabalhadores do campo viviam sob forte controle social dos proprietários de terras.

Na periferia do mundo são perturbadoras as relações entre o moderno e a modernização. Se esta, da perspectiva de uma agenda democrática, não pode implicar o rebaixamento da autonomia dos seres subalternos, aquele não pode se limitar aos planos cognitivo e ético-normativo, indiferente às questões substantivas. Mas é um argumento senil, anacrônico, o que tergiversa sobre os valores da democracia, da auto-organização do social, e da autonomia do indivíduo em nome de alegadas urgências da questão social. Onde isso prevaleceu –, a história, aí, não é irônica –, não se teve nem o moderno, nem a modernização.

Luiz Werneck Vianna é professor do IUPERJ e autor de Esquerda brasileira e tradição republicana (Revan)

Aldo Rebelo no Canal Livre em 05/06/2011 (Parte 2 de 4)


Aldo Rebelo no Canal Livre em 05/06/2011 (Parte 1 de 4)


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Receita republicana

Cotidiano - Novos ministros

Charge




Charge




Ladrões Malditos

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Edgard Leite sobre Capitalismo e Religião

NAZISMO TROPICALISTA

por Maria Lucia Victor Barbosa

O PT de Hitler, Nazional Sozialism Deutsch Arbeit Partei – Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, surgiu em 1920 e era oriundo do Deutsch Arbeit Partei – Partido dos Trabalhadores da Alemanha, fundado em 1904.

Entre os fatores que caracterizaram os inícios do Nacional-socialismo, cumpre ressaltar o papel relevante desempenhado pela ascensão espetacular e pela veneração quase religiosa do Führer. A estrutura organizacional e as atividades do movimento basearam-se completamente no princípio do líder. Ao centro de tudo encontrava-se a figura de Adolf Hitler e em termos de psicologia social ele representava o homem comum, de origem humilde, em posição de subordinação, ansioso para compensar seus sentimentos de inferioridade através da militância e do radicalismo político.

Na crise de 1929 o partido teve notável crescimento. Além de enorme penetração popular passou a ser encarado pela classe alta como representante de seus interesses econômicos. Na verdade, as mensagens nacionalistas e radicais cativavam pessoas de todas as classes sociais. Não apenas os seis milhões de desempregados alemães, que amargavam a crise mundial se encantaram com a pregação nacional-socialista, mas muitos intelectuais, pessoas do mais alto nível de escolaridade ficaram fascinadas por aquela ideologia. Tanto é que em 1926, na Universidade de Göttingen, que chegou a ser o maior centro de pesquisas matemáticas do mundo, mais da metade dos alunos era nazista.

Nas eleições de 1930, quando os nazistas conquistaram 107 cadeiras no parlamento alemão, a porcentagem de votos obtidos por Hitler na cidade de Göttingen foi o dobro da que ele obteve em média em toda Alemanha. Como a cidade girava em torno de sua universidade famosa onde, inclusive, Einstein se socorreu de um professor de matemática para desenvolver sua Teoria da Relatividade, pode-se dizer que o apoio a Hitler naquele local da Alemanha veio de uma elite intelectual.

O caminho para a ditadura foi conseguido quando o presidente von Hindenburg nomeou Hitler chanceler. Com a morte de Hindenburg, Hitler fundiu a chancelaria com a presidência e a partir daí acumulou poderes cada vez maiores: Extinguiu o Poder Legislativo através do cerceamento de suas prerrogativas; implementou o controle completo da burocracia estatal, ou seja, aparelhou o Estado; eliminou gradativamente os outros partidos fazendo com que qualquer tipo de oposição desaparecesse; assumiu o comando supremo das Forças Armadas e os militares prestaram juramento àquele que se concedera o título de Führer. Assim, aos poucos, o Estado totalitário substitui o Estado burguês.

Enquanto isso Hitler ia se impondo de maneira incontestável, seduzindo a nação pela força de seu carisma aliada a intensa propaganda produzida pelos meios de comunicação de massa. Em empolgantes discursos o ditador acentuava a esperança, a auto-estima, as boas notícias e prometia ao povo alemão um futuro brilhante numa linguagem que podia ser compreendida até pelas pessoas mais simples. Sua aprovação ultrapassava os 80% e ele seguia levando a risca a idéia do seu grande inspirador, Mussolini, que dizia: “Em política, 97% do apoio popular vem da propaganda governamental e só 3% das realizações efetivas”.

Possíveis insatisfações e ódios eram canalizados para os judeus para desviar a atenção de problemas concretos. Desse modo o monstruoso Holocausto foi aceito com naturalidade, como purificação da raça superior ariana, com a vantagem de que a brutal eliminação dos judeus abria espaços para a classe média alemã nas atividades do comércio e da pequena indústria onde aqueles atuavam.

Muito útil foi também a utilização de símbolos e conceitos marxistas adaptados a ideologia nazista. O proletariado tornou-se “proletariado racial” e a luta de classes deslocou-se para a guerra proletária contra os países capitalistas.

É verdade que durante os seis anos de totalitarismo nazista a Alemanha experimentou grande crescimento, mas tal coisa teve pouco a ver com as políticas econômicas do Führer, mas sim com a recuperação econômica mundial depois da crise de 1929 e com o talento dos empresários alemães que já dispunham de modernas tecnologias.

Hitler dominou a totalidade da vida da sociedade alemã, ampliou os lucros dos grandes trustes econômicos e levou mundo à Segunda Guerra Mundial. O resto todos conhecem.

Seria impossível essa experiência se repetir de forma idêntica. Ela aconteceu a partir de certas circunstâncias de um dado país, numa determinada época e sob o influxo de uma personalidade carismática sui generis. Mas as sementes maléficas do nacional-socialismo, que floresceram no nazismo, não seriam passíveis de novas floradas trágicas, com outros nomes, em outras épocas e em outras sociedades? Será que o nacional-socialismo ressuscitou bem junto a nós através de uma versão tropicalista, adulterada, falsificada, longe anos-luz da envergadura carismática e maligna de Hitler, mas igualmente nociva? É prudente pensar nisso.

Documentário sobre a Rússia - Parte 5 (Jornal Nacional)


domingo, 14 de agosto de 2011

Operacion Condor 4/7


Operacion Condor 3/7


Operacion Condor 2/7


Operacion Condor 1/7


PT, saudações! Ao passado

Gaudêncio Torquato*



Cui bono? Em benefício de quem? Essa era a pergunta que os antigos romanos costumavam fazer quando se deparavam com situações enrascadas ou decisões polêmicas dos seus cônsules e membros do Senado. Se a política no mundo contemporâneo se torna um exercício de fuga da verdade, a velha indagação romana reveste-se de grande atualidade. Quem se beneficia com os dribles à realidade?

Há quatro séculos Francis Bacon, o filósofo inglês, já apontava que os políticos são bons ilusionistas. Alguns tentam impedir que as pessoas os tomem como efetivamente se apresentam, outros multiplicam argumentos para provar que não são o que deles se pensa ou fingem ser o que não são. No palco da política, a simulação e a dissimulação tornam-se ferramentas indispensáveis para a grandeza do espetáculo e o aplauso das plateias. Por isso os atores se esmeram em artifícios para melhorar o desempenho no teatro político. Mas os artifícios, como arabescos carnavalescos, mudam de cor e de cenário, ao sabor de momentos e circunstâncias.

Veja-se, por exemplo, o artifício das prévias, que o Partido dos Trabalhadores (PT) incluiu em seu estatuto por enxergar nele alta taxa democrática. Prévias propiciam às bases escolher candidatos aos pleitos, ajustando posições, integrando vontades, respeitando maiorias, enfim, fornecendo oxigênio aos pulmões partidários. Se assim é, por que as prévias passaram, agora, a ser malvistas? Porque, respondem alguns, o PT precisa ter "maturidade política". O que vem a significar isso? Ou, em termos romanos, cui bono? A quem o enterro das prévias petistas beneficia?

A resposta é complexa. Embute a história de uma agremiação que não é aquela que diz ser e finge ser o que não é. O fim das prévias, decisão a ser tomada no 4.º Congresso do PT, em setembro, coroará o fechamento da era ideológica do partido. O argumento de que consulta prévia abre rachaduras na base reforça a tese de que a sigla, como todas as outras, adentra o espaço da competitividade política sob o império de uma nova ordem. Hoje a meta petista é aprofundar os pilares do partido no centro e nas margens do poder. Para tanto os fins justificam qualquer mudança na metodologia de conquista. Nesse caso, a verticalização de comando faz-se necessária para afastar dissidentes, grupos insatisfeitos e quadros que insistem em reviver a utopia socialista.

É oportuno lembrar que o PT é um partido de facções. Há, porém, um grupo majoritário que dá as cartas, define estratégias, estabelece rotinas e impõe o mando. Pois bem, essa nova disposição arquiva no baú da História a velha sigla formada, há três décadas, pela comunhão de interesses de sindicatos, ala progressista da Igreja Católica, intelectuais e quadros que militaram nas frentes contra a ditadura. Desse PT original só restam resquícios. Hoje os sindicatos são as pernas de centrais absorvidas pelo establishment. Já os parceiros religiosos se dispersaram. Ou perderam a crença. Militantes, por sua vez, esvaziaram os pulmões revolucionários, migraram para outras siglas, enquanto alguns foram indenizados e outros passaram a integrar as "milícias" do Estado como burocratas.

O velho PT é um retrato na parede.

A alteração da fisionomia, vale lembrar, começou antes da ascensão da sigla ao pódio central do poder, em 2002, com a primeira eleição de Lula. O pano de fundo descortina o cenário da despolitização e desideologização, com os traços marcantes da queda do Muro de Berlim, cujos efeitos se fazem notar em fenômenos como o arrefecimento da densidade ideológica da competição política, o abandono de intransigências doutrinárias e o refluxo do antagonismo de classes. Por estas plagas, as cores doutrinárias também se tornaram menos contrastantes, mais leves, por causa da expansão econômica, que aproximou identidades e provocou mudança de paradigmas. Os partidos substituíram o escopo ideológico por eficácia eleitoral, significando isso pragmatismo e prioridade à micropolítica (demandas setoriais de comunidades e localidades). Nossa democracia representativa ganhou o reforço da democracia supletiva, sendo esta fruto da pressão de grupos organizados e entidades intermediárias, polos de demandas grupais e comunitárias. A nova topografia política espalhou-se pelo território, siglas tradicionais perderam força e outras, menores, começaram a se mexer no palco. Com o ingresso de mais participantes o espectro político tornou-se multifacetado.

Sob essa arrumação e acomodação ideológica, faltava apenas o pulo do gato para o PT se conformar ao modus faciendi da política tupiniquim. O pulo do gato era o ingresso no paraíso, meta só alcançável se Luiz Inácio, ex-metalúrgico treinado na arte de conquistar as massas, realizasse a façanha de tomar assento principal naquele palácio cujas colunas seu criador, Oscar Niemeyer, dizia serem "leves como penas pousando no chão". Depois de três tentativas, lá ele se plantou por oito anos, tempo que aproveitou para fazer uma administração de sucesso, ganhar prestígio nacional e internacional e, sob o prisma partidário, prolongar o ciclo do PT no comando do País.

O xis da questão está decodificado. Qualquer disposição - norma, instrumento, meio, recurso - necessária para extensão do projeto de poder do PT deve ser aceita e internalizada por seus membros. Prévias, em determinada fase da vida petista, significavam algo bem diferente do que representam nestes tempos de conquista do "poder pelo poder". Hoje abrem fissuras, provocam disputas, geram dissensões. A meta de perpetuação no poder requer ordem unida. Que carece de concórdia nas bases.

Essa é a indeclinável nova maneira de ser do PT. Assentada com a argamassa do pragmatismo. Ancorada no acolhimento de todas as facções no seio da administração. Firmada com parceiros temporários. E com a visão grudada nas colunas do Palácio do Planalto.

Cui bono? Agora se sabe.

*Jornalista e professor, em O Estado de S.Paulo, 7-8-2011.

THE BEST GOALS OF THE World cup 1998


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eles só têm medo de algemas

Eles só têm medo de algemas

Blog de Augusto Nunes

O noticiário político-policial informa que os assaltantes de cofres públicos não se constrangem com nada.

Espalhada por todas as ramificações da máquina administrativa, a bandidagem apadrinhada pela aliança governista transforma o clã em quadrilha, ensina o filho a roubar desde criancinha, reduz a mulher a comparsa, carrega pilhas de cédulas em malas, meias ou cuecas, desvia a verba dos flagelados ou carregamentos de remédios, tunga o dinheiro da merenda escolar, pendura o neto em cargos de confiança, passeia de jatinho com a mãe ou a sogra, inventa consultorias, cria empresas de fachada, usa o jardineiro como laranja, vende gado inexistente, mente e, se o perigo é muito, queima o arquivo. Para viver como o diabo gosta, faz coisas de que até Deus duvida.

A turma que tudo se permite só não admite ser algemada. Com os braços provisoriamente imobilizados, punguistas compulsivos incorporam a figura do chefe de família respeitável: o que é que vou dizer lá em casa?, parece perguntar a expressão envergonhada. Não é possível tratar como criminoso comum um delinquente da classe executiva, berram advogados e padrinhos. Não há limites para a roubalheira, mas é preciso impor limites às ações da Polícia Federal.

O berreiro dos culpados revela que eles só têm medo de algemas. Bom saber. Já que argolas de metal são a única coisa capaz de reavivar o sentimento da vergonha, já se sabe o que fazer se quiser produzir os mesmos efeitos causados pelo velho “Olha o rapa!”. Basta que os brasileiros honestos gritem em coro a palavra-de-ordem medonha:

ALGEMAS PARA TODOS!

Marcelo Neri comenta o Desenvolvimento Social no Brasil - parte 1


COVAS E MALUF - Debate 1998


Dubai. a Jóia das Arábias - Jornal da Record 2/5


E se fosse na China?, por Rodrigo Lopes

Mais polêmico do que ameaçar usar o exército para conter os protestos na Grã-Bretanha foi a informação que percorreu os corredores do parlamento britânico ontem: o governo conservador de David Cameron estaria pensando em suspender o Twitter diante da iminência de novas ondas de ataques, como os que varreram Londres e outras cidades esta semana. Assessores do premier também devem se encontrar com executivos do Facebook e da Research In Motion, fabricante do BlackBerry, nas próximas semanas, para acertar acordos semelhantes.
Se fosse na China, no Irã, chamaríamos de censura, quem sabe ditadura. A onda de contestação estudantil que explodiu no Chile, por reformas na educação, na Grã-Bretanha por igualdade social, e na Síria de Bashar al-Assad por liberdade guarda semelhanças no uso de redes sociais para mobilizar as multidões. De Leste a Oeste do planeta, há semelhanças também na tentativa não tão velada de governos de limitarem o acesso à internet. Na primavera árabe, que começou na Tunísia, espalhou-se para o Egito e Líbia e chegou à Síria, o Twitter e o Facebook foram os principais motores dos protestos, assim como as mensagens de SMS, por celular, para marcar o ponto de encontro, a hora e a data das manifestações.
Contra a parede, Cameron foi obrigado a convocar de novo uma sessão extraordinária do parlamento – a primeira foi por causa do escândalo das escutas telefônicas do jornal News of The World. O premier fez um discurso duro, no qual não descartou importar o know how americano para lidar com gangues de rua: sabe-se que ele buscará contatos com pessoas como Bill Bratten, o ex-chefe das polícias de Los Angeles e Nova York, uma espécie de guru do combate à delinquência, que ajudou inclusive na famosa política de tolerância zero do ex-prefeito Rudolf Giuliani. Que deu certo, diga-se de passagem.
O aspecto cômico do dia ficou por conta do regime dos aiatolás oferecendo voluntários das milícias Basijj, ligadas à Guarda Revolucionária, para “restaurar a calma a Londres”. O governo iraniano ironizou o fato de a capital britânica ter mais de 1 milhão de câmeras de vigilância e, mesmo assim, não ter identificado os autores da onda de vandalismo. Depois de falar em censurar a internet, como fazem os aiatolás, ao governo de Cameron não restou outra alternativa a não ser ouvir a provocação e baixar a cabeça.



Zero Hora

Quanto você quer que ganhe o seu deputado?, por David Coimbra

O deputado decide sobre os salários dos policiais e dos professores, decide se o Estado vai destinar mais verba para a Saúde, para a Segurança, para a Educação ou para a construção de estádios de futebol. São decisões importantes, portanto. Quanto deve ganhar esse profissional? Mil reais? Vinte mil?
Quanto você quer que ganhe o médico que resolve o problema de saúde do seu filho? Bem ou mal? E o advogado que livra você de um processo sério? E o engenheiro que ergue as paredes da sua casa? Se você pudesse pagar, você contrataria o médico que ganha 2 mil ou o que ganha 200 mil? O engenheiro que ganha 5 mil ou o que ganha 50 mil? O advogado de 1 milhão por mês ou o rábula que aceita dois salários mínimos?
Digamos que você esteja disposto a pagar mil reais para o seu deputado e eu esteja disposto a pagar 20 mil para o meu. Quem terá condições de atrair o melhor profissional? Eu, com meus 20 mil? Ou você, com seu milzinho?
Afinal, um deputado vive com o seu salário, não é? Ou nós queremos eleger apenas deputados ricos, que não necessitem do salário para sobreviver? É isso que nós queremos, banir pobres e remediados do Legislativo? Você só aceita eleger homens que não precisem do salário para sobreviver?
Quando falo do SEU deputado, não é por acaso. Façamos uma suposição, nada mais do que uma suposição: que você se sinta vivendo numa autêntica democracia. Quem se sente vivendo numa autêntica democracia fala assim: o “meu” deputado. É ele quem escolhe o deputado, o deputado é DELE. Ou seja: ele, o eleitor, também é responsável pelas decisões do seu deputado.
Toda aquela polêmica do Tonho Crocco se deu porque ele chamou de gângsteres os deputados que aumentaram seus próprios salários. Como será que se comportou o deputado do Tonho Crocco naquela votação?
Embora eu seja um eleitor disposto a pagar bem para o meu deputado, não sei se foi justo e acertado o aumento que os deputados deram a si mesmos. Não sei. Mas sei que o Tonho Crocco achou errado. Por isso é que gostaria de saber qual foi o voto do deputado dele. Terá sido um voto que mereceu a confiança do seu eleitor?
Preste atenção: a Assembleia errou ao pedir interferência do Ministério Público por causa da música do Tonho Crocco. ERROU. Não foi uma tentativa de censura, porque não foi pedida a proibição da música, mas foi uma arbitrariedade, uma infantilidade e uma estupidez. A reação da Assembleia só fez aumentar a popularidade do ótimo Tonho Crocco e do rap que ele compôs. Já a pressão que a comunidade exerceu sobre a Assembleia foi legítima e democrática. A sociedade, enfim, pressionou os SEUS deputados. Como deve ser.
Falo aqui do teor do protesto do Tonho Crocco, desse tema recorrente no Brasil: os salários dos deputados. Dos NOSSOS deputados. Do SEU deputado. Você quer que o seu deputado ganhe bem? Quer ter a seu serviço o melhor profissional possível? Ou pode ser qualquer um, com qualquer remuneração? Você vive numa democracia. Você decide.



Zero Hora

Agências têm dificuldade de entregar ajuda na Somália


Entenda o Massacre da Noruega


Cristão conservador, atirador queria fazer 'revolução'


Repórter Record - Uma infância perdida para o tráfico - Parte 1


01.07.07 Reporter Record - exercito brasileiro no Haiti


Charge




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Kibe Loco - Dilma x Palocci

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

El Colapaso de la Union Sovietica PARTE 4 DE 4

(4 6) El Comunismo - El Colapso Cap (3 3)

(4 6) El Comunismo - El Colapso Cap (3 3)

URSS (Comunismo de Ilusion) PARTE 1 DE 4

(4 6) El Comunismo - El Colapso Cap (3 3)

SantaCatarinaBR - Entrevista com Nelson Jobim no Roda Viva (01/08/2011-T...

O Ex-ministro Nelson Jobim no "Programa Encontros" da TV Senado - Parte 1

Corría el año: Margaret Thatcher: La Dama de Hierro

Biografía de Joseph Stalin - Parte 3 de 5

Biografía de Joseph Stalin - Parte 2 de 5

Biografía de Joseph Stalin - Parte 1 de 5

segunda-feira, 1 de agosto de 2011