domingo, 31 de maio de 2009

Datafolha: Dilma avança e Serra lidera disputa pelo Planalto

Pesquisa Datafolha divulgada na edição deste domingo do jornal Folha de S.Paulo mostra o crescimento da ministra Dilma Rousseff (PT) na preferência dos eleitores para a disputa presidencial de 2010. Mesmo assim, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), segue com ampla vantagem na liderança em um possível cenário que conta ainda com o deputado federal Ciro Gomes (PSB) e Heloísa Helena (PSOL).

Em relação à pesquisa anterior, Dilma subiu cinco pontos percentuais (de 11% para 16%), enquanto Serra perdeu três (de 41% para 38%). Com isso, a diferença entre a petista e o tucano passou de 30 pontos para 22.


Cenário 1
José Serra (PSDB): 38%
Dilma Rousseff (PT): 16%
Ciro Gomes (PSB): 15%
Heloísa Helena (PSOL): 10%

Cenário 2
Ciro Gomes (PSB): 24%
Dilma Rousseff (PT): 19%
Heloísa Helena (PSOL): 15%
Aécio Neves (PSDB): 14%


www.diegocasagrande.com.br

Kamikase

por Tutty Vasques

Amigos de José Sarney estão preocupados.
Tudo bem que ele devolva todo o auxílio-moradia que recebeu indevidamente do Congresso.
Daí a conceder credenciais permanentes no Senado à equipe do ‘CQC’, peralá, pirou?

BANALIDADE DO MAL

por Maria Lucia Victor Barbosa


Estaremos no fim de uma era? Essa pergunta não pretende uma interpretação milenarista de cunho profético ou religioso, que prevê catástrofes destruidoras da ordem vigente, a qual seria substituída por tempos de felicidade. Mesmo porque, dificilmente dá para imaginar um mundo onde o mal deixe de ser o locatário.

Seja como for, não se pode deixar de constatar que o mal tem estado bastante ativo. Pior. Está se vivendo a banalidade do mal, expressão da filósofa judia, Hannah Arendt, que tomo emprestado.

Isto não é difícil de constatar, pois nessa época em que valores foram perdidos, os horrores da violência, da impiedade, da indiferença à vida, aumentaram substancialmente. Lideranças perniciosas manipulam a maioria incapaz de discernir sua própria ruína. Através de conceitos deturpados governos utilizam o “duplipensar”, termo criado por George Orwell em “1984”. Desse modo, despotismo passa por democracia. Populismo é visto como defesa dos interesses do povo. Arbitrariedades de toda espécie são apresentadas como exercício de soberania. Intoxicadas pela propaganda enganosa as massas louvam e cultuam personalidades equivocadas. Evolui no mundo o terrorismo que se alimenta do fanatismo religioso. Avoluma-se a corrupção nos meios governamentais e políticos estão se lixando para a opinião pública. Eles sabem que na verdade opinião pública inexiste. Mesmo porque, façam o que fizerem, são eleitos e reeleitos.

Se tudo é processo, foram gestadas nas mudanças mundiais figuras malignas, entre as quais se destacam Mahmoud Ahmadinejad, o fanático e despótico presidente do Irã, e Kim Jong-il, o tirano comunista da Coreia do Norte.

Ahmadinejad, que nega o holocausto, tem como obsessão destruir Israel. E enquanto o presidente norte-americano, Barack Hussein Obama, prefere as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad, o odiento, avança em seu programa nuclear pondo em risco não só Israel, mas todo o mundo.

Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu demonstração de força ao realizar neste mês de maio seu segundo teste nuclear. Ele explodiu um artefato que pode ter potência comparável à bomba que os Estados Unidos lançaram em Hiroshima, em 1945. Isto além dos mísseis que vem lançando, o que põe em alerta especialmente a Coreia do Sul e o Japão. Um dos mísseis que fazem parte do arsenal da Coreia do Norte, o Taepodong, pode atingir o Alasca e o Havaí. Naturalmente tais atos desencadearam a reprovação mundial, inclusive, a do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Até a China, que sustenta a miserável Coreia do Norte se posicionou contra as provocações do homenzinho.

O leitor pode indagar: o que o Brasil tem a ver com tais turbulências? Respondo que tem a ver com a banalização do mal. Isto porque, nossa política externa, comandada de fato por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado uma atração irresistível para o que não presta.

Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado a nos visitar mesmo após seu discurso violento contra Israel, pronunciado na conferência sobre racismo promovida pela ONU. Felizmente ele cancelou a vinda e pesaram para isso os protestos de judeus e de movimentos sociais contra a presença nefanda. Ahmadinejad deixou, por assim dizer, seu anfitrião e presidente da República, Lula da Silva, esperando no aeroporto.

Kim, chamado de o “Grande Sol do século 20”, também merece a paixão de nossa diplomacia. Tanto é que pela primeira vez o Brasil poria uma embaixada na Coréia do Norte. O presidente Lula da Silva teve que recolher às pressas a tal embaixada, que ficou postergada para quando o tresloucado tirano, quem sabe, ficar mais calmo e parar de provocar o mundo do alto de seus sapatos de plataforma, tentativa de aumentar sua diminuta estatura.

Na ONU o Brasil vem consolidando a posição de poupar países acusados de violar direitos humanos, como a Coréia do Norte e o Congo. Tampouco menciona esses direitos em seus negócios com a China. E votou a favor de uma polêmica resolução na ONU que poupa críticas ao governo da Sri Lanka e evita investigação internacional sobre crimes de guerra.

Estamos à beira de perder mais um cargo internacional, entre os muitos que já perdemos, diante da escolha do Itamaraty que recai sobre um egípcio antissemita para diretor da UNESCO, em detrimento de um brasileiro.

Na América Latina existe um indisfarçável caso de amor entre Lula da Silva e seus admirados companheiros da esquerda caudilhista: Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correia, Fernando Lugo e o eterno ditador do Caribe, Fidel Castro. Na áfrica o presidente da República visita ditadores e pergunta como fazer para ficar tanto tempo no poder.

Para culminar, o terrorista e assassino italiano, Cesare Battisti, é nosso, sem possibilidade de extradição para a Itália. E, segundo Janio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo, em 26/05/09, “está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia do Al Qaeda, identificado como responsável pelo setor internacional da organização”.

Posteriormente foi dito que o homem chamado apenas de K tinha sido solto e o ministro da Justiça, Tarso Genro, defensor da permanência de Battisti no Brasil, desmentiu o relacionamento de K com a organização terrorista. Será isso mesmo?

Tudo é aceito com indiferença. Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.

A NOVA ENERGIA (PARTE 02)

Andreia Scherner


sábado, 30 de maio de 2009

CPI da Petrobras: o sujo falando do mal-lavado

Asdrubal Barboza, de São Paulo (SP)
" A oposição burguesa finge que descobriu agora que há corrupção na Petrobras. Há anos, a empresa realiza contratos superfaturados com seus fornecedores e a distribuição dos royalties tem critérios políticos e de tráfico de influência. Mas agora, para tentar capitalizar eleitoralmente uma derrota do governo, a oposição burguesa monta uma CPI. Todos sabemos que é jogo de cena, pois não será este Congresso corrupto que vai sanear a empresa.É o sujo falando do mal-lavado. Basta lembrar que a empreiteira Camargo Correa, grande patrocinadora do PSDB e do DEM, está envolvida na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco."

Josi Knorst

Julgamento do governador de SC

Finalmente foi julgado o governador de SC. Houve até comemoração em Joinvile, fogos e tudo o mais. Enfim o que estavam comemorando mesmo?

Alon Feuerwerker no Roda Viva com Roberto Romano (1 de 2)

Jogo do Poder com Pedro Simon (5 de 5)

O ministro Minc mentiu?

A bancada da Motossera no congresso nacional quer a demissão do ministro do meio ambiente. Tudo por causa que o mesmo disse que certos ruralistas são vigaristas. Mas o cara não está mesmo com a razão? A reação dos Motosseristas, vem a demonstrar a justeza da opinião do ministro, doeu, doeu, isto deve ter doído mesmo, mas o cara falou alguma mentira?

Ninguém avisou?


Ninguém avisou para o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que o presidente iria fritá-lo como fez com a ex-ministra Marina?

Andressa

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Discurso do filme A Nascente - Ayn Rand

Minc diz que foi traído por ministros

Minc diz que foi traído por ministros
'Cada um vai ao Congresso com sua machadinha desfigurar projetos'

De Catarina Alencastro e Luiza Damé:

Em audiência de 45 minutos com o presidente Lula, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reclamou de outros ministros, acusando-os de descumprir acordos e de agir no Congresso contra decisões tomadas internamente no governo. Minc negou que tenha cogitado deixar o cargo, caso Lula não o apoiasse, mas avisou que não assinará licenças ambientais que descumpram regras estabelecidas por sua pasta.

É o caso da BR-319. Um relatório do Ibama impõe dez pré-requisitos para autorizar a obra. Segundo o ministro, o presidente não sabia da fragilidade que seu ministério enfrentava, após várias derrotas consecutivas em projetos ambientais. Ele disse ter contado a Lula que tem sido "traído diariamente" no Congresso por gente do governo. Segundo Minc, Lula prometeu corrigir a situação.

- Eu não condicionei a permanência no governo a absolutamente nada. O que disse ao presidente é que há uma série de questões que estavam tirando a sustentabilidade ambiental e política do ministério. Vários ministros combinavam uma coisa aqui e depois iam ao Parlamento, cada um com a sua machadinha, patrocinar emendas que esquartejavam e desfiguravam a legislação ambiental - reclamou Minc. - Ele (Lula) disse que isso não é aceitável, que iria chamar os ministros, e que não dava direito a cada Dnit da vida de ir lá atrás de um deputado para desfazer tudo o que tinha sido combinado aqui.

Para o ministro, a conversa com o presidente terá consequências políticas. Ele diz ter apresentado pontos importantes para a sua área, que estão ameaçados, entre elas a pressão para modificar o Código Florestal. Lula teria se comprometido a marcar uma reunião com os ministros, para pedir unidade no governo.
Blog do Noblat

Ministro Minc chamou ruralistas de vigaristas

Ministro Minc chamou ruralistas de vigaristas. Estaria ele também se referindo aqueles que ocupam cargos no governo?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O grande pai

Bela



quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cidade do Cairo 1ºE

"Egito" Cidade do Cairo antiguidade e modernidade

Brasil não investiu em formação profissional, diz secretário do MEC

Gazeta de Joinville
"O baixo índice de acesso dos trabalhadores desocupados a cursos de qualificação profissional, revelado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), reflete a falta de investimentos públicos no setor mas pode ser revertido com a expansão do ensino técnico prevista para os próximos anos. A avaliação é do secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Eliezer Pacheco, que prevê a aplicação de R$ 2 bilhões até 2010 nos sistemas federal e estadual de educação profissionalizante.

De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 60% dos 8 milhões de trabalhadores que estavam desocupados em 2007 nunca tinham frequentado cursos de educação profissional, segmento que inclui aulas de qualificação para o trabalho, curso técnico de nível médio e graduação tecnológica.

“O Brasil historicamente não investiu em formação profissional. Não se acreditava que o país pudesse crescer a passos largos. Quando o Brasil começou a crescer percebeu-se a enorme falta de mão de obra. Mas é evidente que as políticas educacionais não dão resultados a curto prazo”, argumentou.

Pacheco acredita que a situação será revertida com a ampliação do acesso de estudantes a essa modalidade de ensino. Entre as medidas tomadas pelo MEC, segundo o secretário, estão a expansão da rede pública de escolas técnicas – tanto federais quanto estaduais, o fortalecimento do programa de educação profissional a distância e a parceria com o Sistema S para que até 2014 70% das vagas em cursos do Serviço Nacional do Comércio (Senac) e do Serviço Nacional da Indústria (Senai) sejam gratuitas. “É uma exigência que fizemos na medida em que o sistema é financiado com recursos públicos”, explicou.

Entre os estudantes, ocupados ou desempregados, que já frequentaram algum curso de educação profissional, a maioria matriculou-se em instituições particulares – 53,1% do total. Apenas 22,4% receberam a capacitação no ensino público e o restante passou pelo Sistema S (Senac, Sesi, Senai etc).

Na avaliação do secretário do MEC, a predominância do setor privado se deve à inclusão dos chamados cursos livres como educação profissional. “É difícil colocar na mesma pesquisa o ensino técnico [oferecido pelas instituições públicas] e a qualificação, que são pequenos cursos, que muitas vezes não formam. Isso é o que aumenta o percentual de participação das instituições privadas”, calcula."

Bela


O escândalo vai passando

Fernando Rodrigues
De Brasília


A fila andou. Deputados e senadores foram encontrando novos assuntos. CPI da Petrobras, reforma política e outros. O caso do desvio de verbas indenizatórias vai ficando no oblívio. Ninguém foi punido. Regras foram alteradas de maneira epidérmica.

São mais de 50 casos de comportamento impróprio de deputados e de senadores de fevereiro para cá. Teve de tudo, desde o deputado do castelo até os jatinhos alugados, farra com bilhetes aéreos, empregadas domésticas pagas como assessoras parlamentares e funcionários fantasmas aos montes.

No Senado, a reação foi típica da inação: contratou-se uma consultoria. Na Câmara, anunciaram um corte de despesas inexistentes, mas mantiveram intactos os benefícios dos deputados -inclusive as viagens internacionais.

Aberrações como o auxílio-moradia ficaram intocadas. Deputados e senadores embolsam o privilégio não importando se vivem em imóveis próprios em Brasília.

Também não há notícia de divulgação das notas fiscais das verbas indenizatórias de 2001 até o início deste ano. Foi tudo enterrado. Quem cometeu algum crime já está anistiado -como será também perdoado o deputado do castelo.

A comparação com a crise no Parlamento britânico é inevitável. Os escândalos são semelhantes, mas há duas diferenças fundamentais. Primeiro, o presidente da Câmara dos Comuns perdeu a cadeira. Segundo, a população reagiu de maneira vigorosa, expressando seu descontentamento.

No Brasil, a reação dos eleitores se limita a e-mails vitriólicos ou resmungos acabrunhados. Não é à toa que nada acontece. Deputados e senadores olham para cima, assobiam, e a crise passa. Logo, alguns estarão passeando em Paris e Nova York. No fundo, como dizem os políticos, o Poder Legislativo é a mais completa e acabada tradução do país. É a cara do Brasil.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Ipê Rosa

Charge

Relações Internacionais


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Armaduras – Celada (1430)


Na realidade, o termo armadura nasceu no século XV para designar o conjunto de proteções em ferro ou aço usado nas guerras ou nas justas. Armadura, pois, é termo que define a vestimenta militar em geral.
Mas o homem de armas compreendeu desde que o mundo é mundo que se defender durante o combate era tão importante quanto golpear o inimigo. Desse modo, ao mesmo tempo em que desenvolvia armas ofensivas, também criava armas defensivas, dentre as quais o escudo foi sem dúvida a primeira. Em seguida, sentiu necessidade de proteger sua parte mais vulnerável, a cabeça, antes mesmo de pensar em proteger o resto do corpo.
“Celada” ou “Salade” (capacete) é o nome dado a esse elmo em ferro, de forma arredondada. O nome vem do latim vulgar “caelum”, ou céu, cúpola, que originou a palavra italiana hoje em desuso “celata”, que por sua vez deu lugar ao francês “salade” e ao português “Celada”.
Foi um capacete usado dos séculos XV ao XVI. Sua proteção se alonga para o pescoço. Alguns tinham viseiras, outros apenas uma fenda na parte da frente. Outro tipo deixava o rosto inteiramente livre, com apenas uma proteção para o queixo que podia ser usada ou não, mas que dificultava a respiração e logo caiu em desuso. Foi o mais difundido e o mais comum dos elmos durante o século XV, usado tanto pelos cavaleiros como pelos soldados da infantaria.
Acervo Musée de l Armée, Hôtel des Invalides, Paris
Fontes: http://www.invalides.org/
Larousse

Charge

Mudança na Poupança

Hare baba, PMDB!

por Tutty Vasques:

Dentre os inúmeros motivos que, imagina-se, afastam Lula da idéia maluca de um terceiro mandato consecutivo, o mais convincente é o de que ninguém aguenta tanto tempo nesse tipo de relação com o PMDB. Dizem, inclusive, que o presidente vive no exterior para reduzir as chances de encontros com a cúpula do partido que lhe assegura a tal da governabilidade.

Mas, agora mesmo, voltando com dona Marisa de uma semaninha bem longe do PMDB, ‘o cara’ sabe que à sua espera amanhã em Brasília terá uma gigantesca fila de pedidos do principal parceiro da base aliada. E não há lembrancinha de free shop que satisfaça essa bancada! A turma quer, entre outras coisas, a diretoria do pré-sal e um plano B para a candidatura Dilma Roussef - ou sabe Deus o que pode acontecer com a CPI da Petrobrás!

Tudo bem, foi uma escolha do governo, mas não dá para conviver 12 anos com um negócio desses. Hare baba! E como!

Texto publicado no caderno Cidades/Metrópole desde sábado no 'Estadão'.

domingo, 24 de maio de 2009

SERÁ QUE YEDA TERMINA O MANDATO?

por Paulo Moura
Antes de a goveradora Yeda decretar a morte da CPI da Corrupção em seu governo, convém prestar atenção às palavras da deputada Stela Farias (PT/RS), na coluna de Rosane de Oliveira em Zero Hora de 20/05:

"– Escreva o que estou te dizendo, é uma questão de dias. Há coisas que não posso te dizer ainda. Vamos ter as 19 assinaturas. Vamos ter mais de 19."

O artigo que segue foi escrito no dia 18 de julho de 2008. Mas, a não ser por detalhes, poderá parecer que a análise nele contida é sobre fatos presentes. Isso significa que todos os elementos que deram origem à nossa análise seguem vivos e pesentes nos subterrâneos do governo Yeda. E, se, portanto, as condições estruturais para que crises aconteçam não são eliminadas, as crises se tornam inevitáveis. E repetitivas. Yeda deu um drible curto na CPI da Corrupção. Não a impedirá, pelas razões que apontamos há de meses atrás. Vejamos:

"Certos governantes têm a capacidade de despertar essa interrogação logo no início de seus mandatos. A dúvida vem à tona em função de algum gesto, atitude ou conduta do governante recém eleito. As razões que levam os observadores da cena política a se fazerem essa pergunta tão precocemente têm origem em um misto de intuição e experiência.

A governadora Yeda Crusius despertou essa interrogação em vários agentes políticos, jornalistas e analistas, antes mesmo de tomar posse, quando se atirou cabeça contra seus eleitores, tentando, pela primeira vez, ainda em dezembro de 2006, prorrogar o tarifaço sobre as tarifas de energia e comunicação e o preço dos combustíveis, contrariando compromisso central de seu discurso eleitoral.

Graças a isso e ao estilo pessoal da governadora, a montagem da primeira configuração de seu governo foi uma verdadeira bagunça. Secretários de governo nomeados desistiram de tomar posse; o secretário de segurança foi nomeado por falta de opção, por uma governadora contrariada ante a negativa do nome por ela pretendido. Cargos ficaram vagos por meses; funcionários comissionados de governos anteriores permaneceram nos cargos sem qualquer critério ou controle; auxiliares históricos de Yeda foram desprezados e humilhados sem qualquer explicação ou justificativa. Pelo menos um deputado do PDT, que fez campanha aberta para o candidato do PT no segundo turno, foi empossado secretário de governo por Yeda. Isso, sem falar nas relações da governadora com seu vice, intoxicadas desde o dia seguinte à sua escolha para integrar chapa ao lado de Yeda, ainda na campanha eleitoral.

Todos os ingredientes para que o caldo viesse a entornar estavam ali, às vistas de quem conhece um pouco política e tem um mínimo de discernimento para perceber o óbvio. Quem viu, perguntou-se: Yeda termina o mandato?

Dali para diante, veio a crise de relacionamento da governadora com seu secretário de segurança; nova crise com o vice-governador, na segunda tentativa de Yeda de aplicar um tarifaço no contribuinte; a tentativa de reorganização do governo; a CPI do DETRAN; e a nova crise desencadeada pela revelação da conversa gravada por Paulo Feijó com o ex-chefe da Casa Civil de Yeda, César Busatto. Aliás, a história da interinidade do vice, em meio à viagem da governadora à Washington, ainda está para ser contada. Algo houve para a governadora voltar de viagem mais cedo; barrar o projeto do Simples Gaúcho e aumentar o salário mínimo regional contra os interesses dos empresários. Aí tem origem o episódio dessa gravação revelada por Feijó,

Em todos esses episódios, em círculos bem informados sobre os bastidores da política gaúcha, de tempos em tempos, ressurge a pergunta: Yeda termina o mandato?

Estamos no “3º governo” de Yeda em pouco mais de um ano e meio. Um feito inédito. Sem dúvida, um novo jeito de “governar”. E os ingredientes que levaram às crises anteriores do governo Yeda estão, todos, presentes na cena política, embora latentes e encobertos pela aparente calmaria que antecede às próximas tempestades. A calmaria não é sinal de fim das crises. É, apenas, uma pausa para todos respirarem após a crise desencadeada pelas gravações de Paulo Feijó.

As relações entre Yeda e seu vice estão irreversivelmente comprometidas. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público sobre o DETRAN e o Banrisul prosseguem silenciosas. A compra da casa de Yeda segue sem explicação convincente. A imagem da governadora perante a opinião pública está irremediavelmente comprometida. A base parlamentar do governo está por um fio, mantida exclusivamente pelo interesse dos partidos de controlar os cargos, mais do que por qualquer compromisso programático.

Nenhuma “Carta Compromisso” recompõe as condições de governabilidade desse governo, sem que aconteça uma mudança efetiva no padrão de conduta da governadora, que não dá sinais de ter mudado seu jeito pessoal de ser e de fazer política.

A propalada demissão de todo o secretariado para deixar Yeda livre para montar a nova equipe foi engavetada e esquecida. Tudo segue como antes, inclusive a maneira como a governadora escolhe ou deixa de escolher seus secretários. Cargos importantes seguem vagos ou ocupados por interinos. Fritam-se nomes de gente séria ao sabor dos humores do dia. Alguns fritados prosseguem nos cargos, embora nutrindo sentimentos nada convenientes para um governante que precisa auxiliares cada vez mais escassos e menos dispostos a correr o risco de se aproximarem de um governo contaminado por um vírus que destrói reputações e pessoas.

Os episódios de nomeação do “embaixador” do RS em Brasília e da demissão do jornalista Paulo Fona são exemplos emblemáticos do padrão de conduta que subjaz a todas as crises anteriores. Há inúmeros episódios similares na curta trajetória pregressa desse governo. O nome cogitado para substituir Fona no comando da comunicação é conhecido pelo estilo pessoal similar ao da própria governadora.

Há quem insista em dizer que é apenas a comunicação desse governo não vai bem, como se nisso residisse o problema central de Yeda. O problema desse governo é exclusivamente político. Não há profissional de comunicação capaz de resolver os problemas de um governo que se supera a cada dia na arte de produzir fatos bombásticos negativos em tamanha profusão, que impedem que a sociedade valorize suas realizações positivas no saneamento das contas públicas e em alguns aspectos da gestão administrativa. A própria Yeda põe em risco as realizações de seu governo. Escândalos produzem audiência. Para evitar que a mídia noticie crises e escândalos é preciso evitar que eles aconteçam. Na raiz. E o governo Yeda segue sendo solo fértil para crises e os escândalos.

Os agentes políticos observam essas atitudes e acontecimentos; constatam tratar-se de um padrão, e mantêm distância. Por interesse, políticos até permanecem nos cargos de um governo assim. Mas, entre as supostas “bases do governo”, reinam a desconfiança e a apreensão. Os mais espertos tomam distância por instinto de autopreservação. Sob essas circunstâncias, os laços políticos que deveriam cimentar a coalizão de governo ficam frágeis; praticamente inexistem.

A governadora está só, embora cercada de gente. De gente que parece não ter coragem de dizer-lhe certas verdades, talvez e inclusive porque Yeda não permita que o façam. Inclusive, porque, por opção, se cerca de pessoas que só sabem baixar a cabeça e dizer sim.

Por isso, nas mentes de todos aqueles que observam esse governo e têm alguma vivência política, paira a pergunta que não quer calar: Yeda termina o mandato?"

Há vagas!


sábado, 23 de maio de 2009

1964 - 40 anos depois

1964 - 40 anos depois

Se a esquerda tivesse vencido, o regime seria menos cruel?

OESP - publicado em março de 2004

Eu tinha apenas oito anos de idade. Não posso, portanto, dar um testemunho sobre aqueles dias. Mal sabia o sentido da palavra política. Sou um dos filhos da geração do silêncio. Meu único contato direto com o regime se deu em 1977, quando, estudante universitário, ao participar de uma passeata, fui detido, apanhei como criança da polícia e pernoitei no DEOPS, respondendo a interrogatórios.

Embora não tenha vivenciado pessoalmente os fatos daquela época, já li e reli pilha de livros e depoimentos contra e a favor daquele movimento. Tive a paciência, inclusive, de recorrer à Biblioteca Municipal para, consultando os jornais e revistas da época, ter uma noção mais vívida de tudo o que se passou. Minha visão sobre o evento é, portanto, isenta e desapaixonada.

Enquanto durou foi denominado de revolução. Depois que terminou passou a ser intitulado tão somente de golpe. Mais apropriado, a meu ver seria defini-lo como "movimento de 1964". Não foi uma revolução autêntica, pois não levantou as massas. Mas também não foi apenas um golpe, porque uma razoável parcela da população brasileira o apoiou.

Durante vinte anos o Brasil viveu um regime político autoritário, lastreado no poder emanado dos quartéis. Um "regime militar"? Não chegaria a tanto. Com exceção dos presidentes, todos eles generais de exército, os sucessivos ministérios foram ocupados predominantemente por civis. Os militares, curiosamente, tinham uma paradoxal obsessão pela legalidade. Enquanto rasgavam a constituição, por um lado, preocupavam-se, por outro, em garantir o embasamento jurídico e institucional de todos os seus atos. O princípio de revezamento no poder foi escrupulosamente mantido e o Congresso - embora expurgado de seus quadros mais combativos, permaneceu aberto a maior parte do período. Os atos arbitrários foram legitimados com a edição de uma nova Constituição e, mesmo o ato institucional número 5 - que, na prática, instaurou uma ditadura - foi cuidadosamente justificado com princípios jurídicos. Durante todo o ciclo militar em nenhum momento se pretendeu que ele viesse a durar tantos anos. Desde Castelo Branco, o primeiro general presidente, a idéia predominante nas elites militares era a de que o regime de exceção durasse apenas o suficiente para que fossem implementadas algumas reformas básicas e, feito isso, o poder seria devolvido aos civis.

Obviamente, no que tange a direitos humanos e valores democráticos, estas duas décadas foram absolutamente condenáveis. Mas a História é uma senhora caprichosa. Ironicamente, foi durante a presidência de Médici - o período mais repressivo e sanguinário do ciclo - que o governo alcançou índices máximos de prestígio e apoio popular, como raras vezes ocorrera em toda a Era Republicana. Outro paradoxo: nunca antes - como naqueles terríveis anos - a auto-estima dos brasileiros esteve tão elevada.

Não, não há como justificar aquele regime, em função de todos os males que causou à democracia e aos direitos humanos. Mas, se nosso objetivo é extrair lições da História, temos que estudá-la em todas as suas inúmeras contradições. Um delas é a de que, durante a maior parte do ciclo autoritário, nunca a governança do país foi exercida de forma tão eficiente. Durante aqueles anos de chumbo, a economia brasileira crescia a taxas médias de mais de 10% ao ano, as maiores de todo o planeta e jamais igualadas pelos governos democráticos que vieram a seguir. Se, em 1964, a nossa economia estava por volta do quadragésimo lugar no ranking mundial, 20 anos depois, ostentávamos o oitavo PIB do planeta (Atualmente não passamos do 12º ou 15º lugar...).

As elites militares - e as civis a elas associadas - desde a criação da Escola Superior de Guerra, em 1949 - vinham meticulosamente elaborando um projeto de governo, para o país. E, em 1964, ao invés de uma breve intervenção, os "esguianos" entenderam que era chegado o momento de implementá-lo. O objetivo era alcançar uma forma avançada de capitalismo.

Durante o governo de Castelo Branco, (1964-67) promoveu-se uma radical modernização de todo o nosso sistema econômico, financeiro e tributário, o que, entre outras coisas, resgatou a capacidade de investimento do Estado.

Com isso, criaram-se as condições para que, nos governos de Costa e Silva e Médici (1967-1974) se desencadeasse o fantástico "Milagre Brasileiro". O governo posterior de Geisel (1974-79), mesmo enfrentando as duas crises do petróleo, persistiu na política desenvolvimentista e, através do endividamento externo e de empresas estatais, logrou concluir a matriz industrial do país. Gostando ou não, devemos a ele o fato de o Brasil ter hoje um parque industrial completo. Nenhum outro país da América Latina logrou tal feito.

A pergunta que fica é a seguinte: será que valeu a pena?

1964 foi um "annus horribilis". Não por causa do movimento dos generais, mas porque, com o impasse criado, qualquer que fosse o desfecho, ele seria necessariamente trágico.

Chegou um momento em que todos, indistintamente, ansiavam por um golpe. Brizola, à esquerda, pregava o fechamento do Congresso para que se implantassem as reformas de base. Lacerda, à direita, pregava que o Congresso fosse fechado para viabilizar as reformas modernizantes. A direita venceu.

Indagação pertinente: se as esquerdas tivessem vencido, o regime subseqüente seria menos cruel ou autoritário? Com certeza, não.

Vale lembrar que as esquerdas de então não eram "light" como hoje. Vivia-se o apogeu da Guerra Fria e o vezo stalinista ainda predominava. Direitos humanos não constavam de suas bandeiras e pregava-se abertamente a revolução armada, a supressão da burguesia e a ditadura do proletariado...

A democracia, em 1964, não acabou por acaso. Simplesmente não havia uma única voz que a defendesse. É uma antiga e recorrente lição da História: os povos que perdem a Liberdade pela força, pela força haverão de recuperá-la. Mas aqueles que a perdem por descaso, é muito difícil que voltem a ser livres.

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João Mellão Neto é jornalista

Deu na folha de s.paulo

28% dos jovens abandonam cursos para trabalhar
Dos 14 milhões de analfabetos do país, 547 mil frequentavam cursos de alfabetização de adultos em setembro de 2007
Para André Lazaro, do MEC, é preciso melhorar a qualidade dos cursos, ainda pouco atraentes e com metodologia ultrapassada
De Antônio Gois:
Para um país que ostenta altas taxas de repetência e evasão, um caminho natural para acelerar a escolarização seria a educação de jovens e adultos (antigos supletivos). No entanto, uma pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que 43% dos 8 milhões de brasileiros que já frequentaram esses cursos não os concluíram.
Os motivos mais citados para o abandono foram a falta de horário compatível com o trabalho (28%) ou com os afazeres domésticos (14%).
Esta foi a primeira vez que o instituto investigou, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, especificamente este segmento, além da educação profissional.
A pesquisa informa que a frequência a cursos de alfabetização de adultos em setembro de 2007 era de apenas 547 mil pessoas. O país tem 14 milhões de analfabetos.
Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lazaro, é natural que a evasão em supletivos seja maior do que em outros níveis, pois se trata de um público que precisa conciliar o horário de trabalho com os estudos.
Mas ele admite que é preciso melhorar a qualidade dos cursos, ainda pouco atraentes e com metodologia ultrapassada, e, mais importante, atrair mais pessoas de volta à sala.
"O que mais preocupa não é a evasão, mas o fato de haver pouca procura pela educação de jovens e adultos, já que temos uma população adulta ainda pouco escolarizada", diz.
Sobre o pequeno número de matriculados na alfabetização de adultos, Lázaro afirma que, por serem cursos de curta duração, a pesquisa do IBGE -cujo mês de referência é setembro- não capta o total de matriculados num ano.
Para ele, é preciso considerar que a frequência cresceu. Do total de 1,9 milhão de adultos que afirmaram já terem feito esses cursos, 991 mil cursaram entre 2003 e 2007.

Malabarismos


PRÉDIO DO BANCO DO BRASIL/SP

A plantação de soja no oeste do Paraná

A plantação de soja foi fotografada do avião, no oeste do Paraná, região de Maringá. Estrada, caminhão e lavoura formam uma imagem que mais parece uma pintura

Vergonha

Pensavam alguns senadores que com a criação da CPI da Petrobrás todas as irregularidades que existem naquela casa legislativa seriam esquecidas, não, não a coisa não parece que vai ser esquecida assim tão facilmente.

Mais uma!

Quantas CPIs a oposição ao governo Lula já criou e não tiveram a mínima competência para levar adiante coisa alguma.

Revistemos nossos bolsos

A notícia é preocupante o PMDB Nacional tem se reunido para discutir o futuro do Brasil. Revistemos nossos bolsos.

PF faz busca e apreensão na sede do PMDB em Fortaleza

deu em o estado de s.paulo
PF faz busca e apreensão na sede do PMDB em Fortaleza
Agentes procuraram material de campanha proibido em favor de deputado
De Carmen Pompeu:
O Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal cumpriram ontem pela manhã, na sede do PMDB em Fortaleza, mandado de busca e apreensão assinado pelo juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Haroldo Correia de Oliveira Máximo. Os agentes procuravam material de campanha antecipada em favor do deputado federal Eunício Oliveira, que é pré-candidato do partido a uma das duas vagas do Ceará no Senado, nas eleições do ano que vem. Nada foi encontrado.
De acordo com o procurador regional eleitoral Alessander Sales, mesmo sem a apreensão do material na sede do PMDB, o Ministério Público vê fortes indícios de propaganda eleitoral antecipada e proibida.

CPI DA PETROBRAS 5ª

Nietzsche e o Judaísmo

Karl Marx - Entrevista para o CEFA

SADIA E PERDIGÃO

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Entrevista: Crise desafia a classe trabalhadora

Confira a entrevista com o sociólogo Ricardo Antunes, onde aponta que a profundidade da crise coloca desafios cruciais para a classe trabalhadora. Que o quadro que se avizinha é devastador, onde aumentará significativamente o desemprego, com perda de direitos. E coloca o desafio para a classe trabalhadora de organizar-se para a garantia de direitos e garantias conquistadas com muita luta ao longos dos tempos.

Valéria Nader e Gabriel Brito

Correio da Cidadania

http://www.correiocidadania.com.br/

Chegamos quase à metade do ano e já inundam a grande imprensa notícias dando conta de uma incipiente saída da crise, tendo em vista a melhora da balança comercial, uma discreta retomada no comércio varejista e na produção industrial e, por que não dizer, a retomada dos índices Bovespa e assemelhados. Ao mesmo tempo, prognósticos de desemprego vêm se concretizando a passos largos, e já podem ser vistas revoltas em diversos países, não somente periféricos, mas também nos centrais, com trabalhadores se manifestando e empresas fechando, sem que as sonhadas respostas para a superação da crise apareçam.

Diante de tal conjuntura, o Correio da Cidadania entrevistou o sociólogo Ricardo Antunes, para quem o quadro que se avizinha é devastador, uma vez que não há discussões em torno de uma mudança profunda de nosso modo de vida, somente medidas que mais interessam ao capital que ao trabalhador - o que, em algum momento, chamará novamente pela intervenção do Estado. Quanto às estimativas de desemprego, Antunes diz que será superada a expectativa de 50 milhões de postos de trabalho perdidos feita pela OIT, até porque o órgão se baseia somente em dados oficiais. Para ele, o debate central passa pela redução da jornada de trabalho, sem perda de direitos, que resultaria na inserção de um enorme contingente de excluídos, desde que dispensados os imperativos do mundo do capital.

Correio da Cidadania: Pensando na economia primeiramente, perto de já completarmos o primeiro semestre de um ano que se anunciou sombrio – a partir de uma queda de 3,6% do PIB no último trimestre de 2008 relativamente ao 3º, com queda de quase 10% dos investimentos e de 7,4 % na indústria -, começam a ser ouvidas vozes de analistas e estudiosos prevendo um início, ainda que incipiente, de saída da crise, especialmente no Brasil. Nesse sentido, essa melhora muito discreta da balança comercial, do comércio varejista e da produção industrial no primeiro trimestre tem algum significado em sua visão?

Ricardo Antunes: Não vou fazer uma análise detalhada dos movimentos da economia, pois não sou economista e, portanto, farei uma consideração de âmbito mais geral. Penso que, dada a amplitude da crise estrutural que vivemos e o fato de nossa economia ser muito interligada, em função da mundialização do capital, esses condicionantes anteriores não permitem uma análise muito otimista do mercado brasileiro.

Claro que medidas como a redução do IPI de vários setores, incentivo à produção aqui e ali, à indústria automobilística, à construção civil etc. têm um impacto imediato no sentido de se contrapor a uma tendência de crise mais acentuada. No entanto, a questão que se coloca é o alcance de tais medidas, uma vez que vemos o quadro norte-americano, europeu e asiático (Japão) em situação muito grave. Isso me leva à seguinte consideração: o epicentro da crise pode se alterar, mas estamos vivendo um longo período depressivo, de decréscimo das taxas de lucro. As opiniões "otimistas" me parecem expressão de uma expectativa não respaldada numa análise global mais forte, visto que imaginam isolar alguns países e crer que possam caminhar à margem da crise, que é mais estrutural e global.

É natural que os países tenham resultados diferenciados, com maior ou menor nível de desemprego. Os dados do trabalho mostram isso. Mas, mesmo quando há uma diminuição no ritmo do desemprego, na seqüência se reconfigura um quadro no mínimo problemático. E a equação da crise, da forma como vem sendo feita nos países centrais – de "socialização das perdas", uma expressão que já nos marcou na 1ª. República –, é a de repassar os prejuízos das empresas e do mercado ao Estado e dele para o conjunto da população, que deverá pagar uma conta pela qual não foi responsável. Isso traz um endividamento público de proporções colossais e alguém terá de pagar essa conta em algum momento.

Sendo assim, não posso corroborar essas análises otimistas. Elas se assemelham àquelas que, há pouco mais de seis meses atrás, diziam que estaríamos imunes à crise, idéia falaciosa e, no limite, equivocada.

CC: O Brasil realmente começou o ano com números alarmantes de crescimento do desemprego. No entanto, nos últimos meses, houve uma mudança de movimento e, apesar de a taxa de desemprego ser ainda crescente, diminuiu o ritmo de perda de postos de trabalho. Pela sua análise, podemos inferir que essa queda de ritmo não chega a ser significativa de alguma virada?

RA: Não creio em virada, mas isso responde a alguns movimentos feitos. O governo, por exemplo, reduziu significativamente o IPI para a indústria automobilística, para a construção civil e outros setores, o que tem incidência nos níveis de emprego, pois o Brasil possui um mercado consumidor interno forte, que em geral sempre foi menosprezado, pelo fato de o pólo central de nossa economia ser prioritariamente voltado ao mercado externo.

À medida que esse mercado externo dá sinais de retração e há incentivos ao mercado interno, pela redução de alíquotas, há uma aceleração da possibilidade de consumo por parte de parcelas da população que costumam ficar à margem do mercado consumidor, criando um bolsão de crescimento, mas que leva à seguinte questão: até quando essa política de isenção de impostos compensa o não-recolhimento do conjunto necessário de impostos, imprescindíveis para o custeamento de outras áreas, como saúde, previdência e educação?

É evidente que, diminuindo o imposto e aumentando momentaneamente o consumo, será possível dizer, por meio das contas, se vale a pena ou não a redução dos impostos em relação ao crescimento da produção. Mas, a médio e longo prazos, esta não é uma alternativa duradoura e efetiva à crise, até porque ela tem outros elementos estruturais mais significativos, dados pelos seus condicionantes externos.

A meu ver, o problema – ainda que o Brasil não esteja entre os países mais atingidos – é imaginar que já saímos do pior sem observar o cenário internacional e como a crise continua forte nos países que estão no coração do sistema. Nós, em verdade, estamos no centro de uma crise estrutural do sistema do capital, que inicialmente devastou o chamado 3º. Mundo, depois arrasou o Leste Europeu e agora está no coração dos países capitalistas centrais. E essa crise, além de estar operando o que venho chamando como uma nova era de demolição do trabalho, é profundamente destrutiva em relação à natureza, colocando em risco o próprio futuro da humanidade. Neste sentido, ela é estrutural e devastadora.

CC: Nesse sentido, PAC, novo pacote habitacional, incentivo ao setor automobilístico, as medidas mais importantes do governo pra combater a crise, tão ufanisticamente tratadas pelos seus interlocutores, têm, efetivamente, um impacto limitado na economia e no mercado de trabalho.

RA: Sim, um efeito conjuntural, na medida em que reduzem as taxas de desemprego, que seriam ainda maiores. Mas as informações dos EUA, da Europa e Japão, mostrando taxas mais altas de desemprego, empurram o cenário para um quadro ainda mais crítico.

As medidas podem diminuir um pouco o nível de desocupação, mas agora vimos, nos dados mais recentes do IBGE, uma alta taxa de desemprego nas principais regiões metropolitanas, inclusive incidindo sobre jovens com relativa qualificação. Isso parece mostrar o caráter momentâneo e conjuntural das medidas do governo, até porque todo o modelo brasileiro, inclusive no governo Lula, é voltado à dependência do mercado externo, através das commodities e da exportação.

Quando há uma retração forte no mercado externo, afeta nossa produção. A redução de IPI incide, portanto, positivamente no mercado interno, mas não nas commodities e no mercado externo.

CC: E quanto às medidas voltadas ao mercado de trabalho mais especificamente, qual é a sua opinião quanto à postura do governo frente ao discurso recorrente do patronato na defesa da flexibilização dos direitos trabalhistas para enfrentar a crise? Não deveria e poderia este mesmo governo, em direção oposta à flexibilização, exigir mais contrapartidas das empresas beneficiadas com ajuda pública?

RA: Claro. No primeiro momento, a redução do IPI já não foi sequer condicionada à não-demissão, tanto que algumas empresas obtiveram o benefício e demitiram, o que mostra a timidez das medidas, que atendem muito mais aos interesses do capital do que aos do trabalho. A redução momentânea do IPI deveria, no mínimo, ser rigorosamente condicionada à manutenção do emprego e à contratação de novos setores. E há outro ponto fundamental, que é a necessidade de tributar – e não desonerar – os capitais.

Outra questão é que o governo não atendeu a nenhuma bandeira dos trabalhadores e do sindicalismo de classe, como, por exemplo, reduzir a jornada sem diminuir salários e direitos. O governo é tímido com relação a tais medidas, pois sabe que elas não interessam ao grande capital.

Como se trata de um governo de conciliação, que garante os interesses do grande capital, do capital financeiro, do grande capital produtivo, os maiores beneficiários da política econômica do governo Lula, uma medida como essa – a redução efetiva da jornada de trabalho sem perdas de direitos e de salário - poderia ter efeitos positivos, pois aumentaria o ingresso da força de trabalho sobrante no mercado de trabalho, dado nosso alto nível de desemprego. No entanto, trata-se de uma providência que, em alguma medida, fere os interesses do grande capital; por isso ela sequer é seriamente cogitada pelo governo.

CC: O professor de Economia da Unicamp, e atual diretor do IPEA, Marcio Pochmann defendeu uma jornada semanal de trabalho de 12 horas em um curso sobre a crise mundial que está sendo promovido, entre outros, pelo jornal Brasil de Fato – apesar do reconhecimento de que não há hoje força política para se alcançar esta bandeira. O que você pensa disso?

RA: Acho que ele tem razão. Com a redução de jornada e as pessoas trabalhando algumas horas, em alguns dias da semana, a produção voltada ao consumo da humanidade estaria garantida. Mas somos uma sociedade concebida desde seu nascedouro como uma sociedade do trabalho, em que o papel da classe trabalhadora é criar mais valor apropriado pelo mercado e grandes empresas capitalistas. Essas, se pudessem, prolongariam a jornada e/ou aumentariam, como fazem, a intensidade e a exploração do trabalho através do conhecimento técnico-científico-informacional dentro da produção - de modo que, intensificando o tempo de trabalho e aumentando a maquinaria técnico-científica, o capital se remuneraria muito mais, obtendo muito mais lucro e mais-valia.

Mas Marx já nos alertava de que uma proposta significativa para redução de jornada não é do interesse do grande capital. Há cerca de uma década, na França, com muito mais tradição de lutas operárias e conflito social, houve uma proposta de uma redução muito moderada da jornada e, ao longo de meia década depois, o capital francês impediu que esse processo resultasse em algo positivo para a classe trabalhadora. Assim, revela-se um pouco da prática do empresariado. Portanto, reduzir substantivamente a jornada de trabalho é um embate profundo entre as forças sociais do trabalho e os interesses dominantes do capital em escala global. Reduzir a jornada de trabalho, tendo como base o tempo disponível da população trabalhadora, de modo que se preservasse o consumo necessário da humanidade, é fundamental, mas fere os interesses do sistema de capital, fundados numa sociedade (da exploração) do trabalho.

O que quero dizer é que reduzir a jornada sem reduzir direitos é um embate político fundamental do trabalho contra o capital, desde os primórdios da Revolução Industrial. Com o padrão técnico-científico que temos, se os interesses dominantes não fossem os do capital, se os imperativos não fossem os do capital, poderíamos ter uma jornada de trabalho muito menor, com menos tempo e dias de trabalho, e tendo a população trabalhadora vivendo com mais dignidade e aumentando seu tempo de vida fora do trabalho. Mas para tanto precisamos caminhar para outro modo de vida e de produção, para além do capital. Por isso se trata, antes de mais nada, de uma luta social e política de grande envergadura.

CC: Pensando em termos mundiais, acredita que vá se confirmar a projeção da OIT de aumento de 50 milhões no número de desempregados em 2009?

RA: Será muito mais do que isso. A OIT opera com dados oficiais. É difícil fazer a captação de dados não-oficiais. Por exemplo: se a China perdeu em poucos meses 26 milhões de trabalhadores urbanos que migraram do campo em busca de trabalho nas cidades, só contabilizando o desemprego real da China, da Índia, do resto da Ásia, África, América Latina, e mesmos os países centrais, teremos taxas de desemprego maiores do que as previstas pela OIT, que já são explosivas, pois 50 milhões de seres humanos desempregados só em 2009 já configuram uma taxa explosiva.

Mas, com os elementos que colhemos dos EUA, Europa e Japão, se incluídos nesse cenário avassalador os demais continentes, teremos um desemprego real ainda maior.

Sabemos que o desemprego oculto freqüentemente não é apreendido pelos dados oficiais, aquele sujeito que trabalha só algumas horas por semana não consta como desempregado, assim como o sujeito que já não procura emprego há mais tempo também deixa de ser contabilizado.

Estive duas vezes em Portugal recentemente, em novembro e fevereiro. A situação que se pode constatar é de que os jornais não ficavam um dia sem estampar em suas manchetes notícias de inúmeras empresas que fechavam. De todas as áreas, farmacêutica, turística, bancária etc.

CC: Avaliando as saídas para a atual crise, que além de econômica tem uma forte e reconhecida vertente ambiental, é fato que o planeta terra não vai conseguir atender a toda a humanidade a se prosseguir a lógica atual do capital. Estamos, assim, metidos em um buraco de proporções razoáveis. Ainda que não esteja no horizonte próximo o fim do capitalismo, configura-se uma crise do modo de produção capitalista?

RA: Claro. Se a economia continua em retração e crise, ela desemprega. Ao manter o desemprego, aumentam as mazelas e a barbárie, em amplitude global. Vivemos uma situação desesperadora para muitos milhões de trabalhadores e trabalhadoras, com bolsões cada vez maiores de "supérfluos", "descartáveis", para os quais não há qualquer programa efetivamente alternativo de saúde, previdência, remuneração social etc. São os bolsões que vivenciam as mais brutais precariedades.

Como disse acima, estamos numa longa crise, cujo epicentro se altera. Por exemplo: os EUA estavam em crise profunda nos anos 70, recuperaram-se no final dos anos 80 e nos 90, depois entraram em novo desabamento; ou o Japão, no auge nos anos 70, época do milagre japonês, até os anos 80, e que num dado momento entrou num quadro crítico que se mantém até agora. Portanto, o epicentro da crise se alterna, mas suas conseqüências são profundas para a classe trabalhadora.

A China, por exemplo, apresentou níveis altíssimos de crescimento, chegando a 12% ao ano, mas hoje vive uma retração também fortíssima. E imagine o que é uma retração num país como a China, de quase 1,5 bilhão de habitantes e quase 1 bilhão de População Economicamente Ativa. Imagine cada ponto percentual a menos de crescimento, em quantos milhões de desempregados isso resulta. E o trabalhador chinês que foi para a cidade, nesse salto capitalista da década de 90, não tem como retornar ao campo, pois lá não há alternativas de trabalho. E ele já viveu uma socialização no mundo urbano que faz a volta ao campo deixar de se colocar como possibilidade.

Se a economia se mantém em depressão, então, o desemprego aumenta; se, em contrapartida, dá sinais de crescimento, teremos a destruição da natureza, aumento da poluição ambiental, degelo acentuado, uma confluência de destruições trazendo riscos profundos à humanidade.

Assim, veja a tragédia em que nos encontramos: se aumentar o desemprego, a barbárie social se torna ainda mais brutal; se retomarmos o ritmo de crescimento, teríamos aumento de doenças, contaminações e demais conseqüências, como já vemos em grandes cidades do mundo, com o agravamento da poluição cada vez mais insuportável. "Se correr o bicho pega, se parar o bicho come". É a tragédia que vivemos.

CC: Qual a alternativa que se apresenta? Há como começar a buscá-la pela perspectiva neokeynesiana tão em voga nessa crise, a partir de reformas do Estado dentro do capitalismo, com maior regulamentação do mercado?

RA: Se olharmos o século XX veremos que o keynesianismo e o neokeynesianismo foram fagocitados pelo sistema do capital. De 1945 a 1968, apogeu do sistema keynesiano, do welfare state, quando parecia no final dos anos 60 que o Estado havia controlado o capital, vimos o inverso: o capital engoliu e desestruturou o Estado a tal ponto que criou o Estado neoliberal, que nada mais é que um Estado forte para os capitais e completamente destroçado no que diz respeito às suas atividades públicas, coletivas e sociais. O que é público foi destroçado e um poderoso Estado todo privatizado foi fortalecido. Foi o que vigorou desde a eleição da Margareth Thatcher, que tragicamente, poucos dias atrás, completou 30 anos da vitória desta verdadeira hecatombe social, com a subseqüente expansão do neoliberalismo para praticamente a totalidade dos países do continente, salvo poucas exceções.

E há outra experiência que deve ser lembrada, a soviética. Fruto de uma revolução socialista e popular em 1917, ela também, em sua processualidade complexa e contraditória que aqui não podemos explicar, fortaleceu e hipertrofiou o Estado ao limite. Podemos dizer que lá não houve a constituição do sistema socialista, mas um fortíssimo processo de estatização da economia e regulação, e mesmo eliminação, em vários aspectos, do capitalismo. E o que aconteceu? Em 1989, o sistema de capital, que se manteve inalterado (conforme a indicação de Mészáros), acabou destruindo esse Estado todo poderoso soviético, o chamado "bloco socialista". Esse histórico nos faz crer que a idéia de fortalecer o Estado para superar a crise é um misto de farsa e também de tragédia.

O desafio de hoje é de outra amplitude. A crise é sistêmica e estrutural porque coloca em xeque, primeiro, a sobrevivência da humanidade, já que sua força de trabalho é destruída em quantidades inimagináveis - nunca houve tanta conversão de milhões de homens e mulheres, que dependem do trabalho para sobreviver, ao desemprego. Não que adorem trabalhar, mas sem isso eles não vivem, não se reproduzem em sociedade. Atingida a casa das centenas de milhões por essa parcela que não encontra trabalho, a destruição sócio-humana é brutal.

O processo de destruição da natureza também chega a proporções inimagináveis. Não podemos mais dizer que a destruição ambiental é um risco para o futuro da humanidade, pois o é para o presente. Se a humanidade vem sendo destroçada diuturnamente, é um desafio seu repor a questão da construção de um novo modo de produção e de vida que, em primeiro lugar, resgate o sentido estruturante e fundamental do trabalho como criador de bens materiais, culturais e simbólicos totalmente úteis e necessários para a humanidade. Em segundo lugar, é preciso um sistema de metabolismo, para usar expressão de Marx, entre a humanidade, que expresse a recriação de ambos, trabalho e natureza, não a destruição de ambos. Isso o sistema de capital, com seus imperativos e constrangimentos, impede que se realize.

Portanto, o desafio central do início do século 21 é a superação do sistema do capital e a retomada do projeto socialista. O que coloca outra questão vital: as saídas da crise, para um lado ou outro, dependerão da temperatura das lutas sociais em escala global, dependerão do patamar da luta entre as forças sociais do trabalho, de um lado, e as forças destrutivas do capital, de outro. No passado se dizia: esse é o búsilis da questão!

CC: De que tipo de socialismo estamos falando para o século 21, a seu ver?

RA: Claro que não pode ser a repetição do socialismo experimentado no século 20. Assim como fracassou o sistema keynesiano, como falamos anteriormente, é evidente que a experiência russa, a chinesa, para ficar nas mais importantes, também fracassaram.

Sobre a russa não paira mais nenhuma dúvida, uma vez que a ex-URSS já se reconverteu ao império do capitalismo à força; e a tragédia da China é de tal amplitude que hoje há milhões de desempregados, com milhares de levantes ocorrendo a cada fechamento de fábrica. Tanto é assim que a China vem sendo um laboratório de lutas sociais, enfrentamentos e tensões fundamentais, o que não pode ser atribuído à Revolução de 49, pelo contrário. Parece evidente que a China atual não tem mais nenhum vínculo forte com a sua Revolução original. Basta dizer que há três anos o PC reconheceu em seu estatuto o direito de a burguesia se filiar ao partido, uma completa heresia para qualquer variante do marxismo! E mais: a camada de novos milionários nascida na China da última década criou uma burguesia milionária que não permite falar seriamente em nenhum tipo de socialismo chinês.

Resolver a situação dizendo que lá há "socialismo de mercado" é desconhecer a formulação decisiva de Marx, que poderia ser sintetizada assim: "onde há mercado capitalista, não sobrevive o socialismo. E onde há socialismo efetivamente construído, não pode haver mercado capitalista". Sendo assim, a equação do "socialismo de mercado" se mostrou falaciosa. Pode ter hoje uma justificativa ideológica do governo chinês, mas as condições de exploração do trabalho na China inspiram muitos dos próprios países capitalistas...

CC: Nesse sentido, como se coloca a perspectiva socialista, qual seja, como avançar rumo ao socialismo? Um projeto socialista não poderia, ou deveria, começar por pequenas reformas, como, por exemplo, a luta por uma jornada menor?

RA: É claro que esse é um processo mais complicado. Nós sabemos como o socialismo no século 20 não deu certo. Assim como o sistema keynesiano fracassou em regular o capital, o sistema soviético fracassou em destruí-lo, tendo ocorrido o contrário. Essas são, portanto, experiências que devem passar por um profundo crivo analítico.

A redução da jornada de trabalho não é uma bandeira pequena, pois mudá-la é tocar no ponto fundamental de Marx: o tempo. O capital converte o tempo no tempo do capital. Deixar o controle do tempo nas mãos da humanidade ou do capital não é uma questão pequena, não é uma medida reformista singela.

Mas o interessante na crise é que ela fez virar pó a idéia de que o capitalismo é eterno, na qual tanto se havia acreditado. Eis o primeiro ponto importante a ser mostrado a todos. Usando uma frase genial do Marx, tudo que é sólido se liquefaz. Ou seja, o capitalismo vive um processo de derretimento. Quantos trilhões de dólares viraram pó? Citybank e todos os seus afiliados tiveram desvalorização monumental nas transações nos EUA; a GM e a Chrysler estão à beira da falência. Ou seja, o capitalismo conseguiu, com suas próprias contradições, estabelecer uma crise muito profunda.

CC: A classe trabalhadora tem como costurar um projeto nesse sentido hoje?

RA: Outro ponto nesse sentido, de tudo que é sólido se liquefazer, é que as lutas dependem do nível de confrontação social, do patamar das lutas sociais entre as classes. É isso que definirá para qual caminho vai uma reforma. Ninguém disse que o capitalismo vai acabar. Podem-se prolongar por decênios crises que vão sendo empurradas com a barriga, aumentando a socialização das perdas, de modo que o mundo do trabalho pague pelas perdas do capital. Essa é a alternativa do capital. Depois, ele faz do Estado um pêndulo. Ora um Estado mais intervencionista, ora um Estado não intervencionista.

Que sistema e modo de vida queremos? Isso nos obriga a discutir o princípio do trabalho, se ele se estrutura no capital ou na humanidade. Se for na humanidade, deve desestruturar o capital. Também devemos discutir que relação metabólica queremos. É um completo equívoco no meu entender imaginar que podemos ter uma vida transformada sob o comando da propriedade privada. Assim, coloquemos novamente em discussão o sentido da propriedade privada. Ela tem como conseqüência o enriquecimento de menos de 1% da população, enquanto mais de 90% fica despossuída. A embaralhada em que estamos é de grande envergadura.

Diria, de forma conclusiva, que vivemos algo parecido ao início do século 20. Nessa época, fazendo um paralelo geofísico, as placas tectônicas se movimentaram. Tivemos revoluções, a vitória dos países aliados, o nascimento e morte do chamado bloco soviético, enfim, uma reorganização muito grande do mundo. Agora, começamos o século 21 com as placas também nervosas, se mexendo. Temos um nível de temperatura social que coloca, em nível mundial, as forças do trabalho em oposição às do capital.

Não desconsidero o fato de que os últimos 30 anos marcaram a contra-revolução burguesa no sentido global, mas essa vitória do capital sobre o trabalho começa a dar sinais de esgotamento, com a crise do neoliberalismo, a crise estrutural do capital e o nascimento de uma nova morfologia do trabalho, cujo traço particular são as novas formas de lutas sociais. Por exemplo, a América Latina tem mostrado avanços em várias partes, através de descontentamentos sociais. Na Ásia – China, Coréia, Indonésia, Japão –, existem contradições muito profundas, também com lutas sociais. O mesmo ocorre muitas vezes na África, na América do Norte e até na Europa.

As placas tectônicas estão se mexendo, há uma nova morfologia do trabalho e essas lutas, apesar de tudo, são as lutas históricas que conhecemos - greves e manifestações. Por outro lado, existem também novas lutas, como aquelas contra a privatização da água, dos minérios e riquezas energéticas, que colocam a temperatura social em ebulição.

Não estamos dizendo que está acabando o capitalismo, mas temos razoável convicção de que ele tampouco é eterno. A equação dessa crise passa pela temperatura das lutas sociais e sua conflagração entre as classes. Isso pode significar retrocesso, com uma extrema-direita no poder – imaginem um retrocesso num mundo que já tem Berlusconi e Sarkozy -, ou uma retomada no século 21 das potencialidades das lutas sociais

Agora o Brasil finalmente vai ser passado a limpo

Agora o Brasil finalmente vai ser passado a limpo, Fernando Collor de Mello, sim ele mesmo, é um dos integrantes da CPI da Petrobrás. Agora vai, ufa, agora vai, ufa!

Charges


Conversa vazia para assustar tucano

O PT no poder não moveu uma palha para rever as privatizações que denunciava no passado. E que continua denunciando hoje, enquanto convive confortavelmente com o cenário empresarial criado pela venda das estatais na administração FHC

O PT tem uma arma eficiente quando precisa colocar o PSDB na defensiva. Põe na mesa o tema das privatizações e pronto: faz mais de seis anos que terminou o governo Fernando Henrique Cardoso e os tucanos ainda não descobriram a maneira de enfrentar o debate com alguma eficácia. É verdade que as reações agora, na polêmica em torno da CPI da Petrobras, soam mais aguerridas do que a capitulação protagonizada por Geraldo Alckmin em 2006. Mas nada que signifique uma virada no jogo, uma mudança qualitativa na disputa de ideias.

Não estou aqui a acusar o PSDB de incompetência. Seria presunçoso. É que a missão dos defensores da tese é espinhosa mesmo. Por uma razão simples: toda pesquisa de opinião mostra que, uma década depois, a percepção do público sobre as privatizações é mais negativa do que positiva. O vento dos anos 90 virou ao contrário. O cidadão quer mais Estado, e não menos. Hoje em dia, até o mais liberal dos candidatos, quando luta para conquistar um cargo executivo, passa o tempo todo da campanha discorrendo sobre as maravilhas que o governo dele vai fazer pela população, lógico que gastando o dinheiro do contribuinte.

O quadro se consolidou desde a eclosão da crise econômica, em setembro do ano passado. Desceu pelo bueiro o sonho de um mercado que se regula por si. Os Estados nacionais apareceram como a boia de salvação de um mundo em pânico, um planeta revoltado diante da irresponsabilidade dos financistas. Daí que dia sim dia não Luiz Inácio Lula da Silva coloque um pouco mais de pressão sobre os adversários, lembrando que ele, Lula, defende o Estado. E dizendo que a oposição está no polo oposto.

Curioso, porém, é o PT no poder não ter movido uma palha para rever as privatizações que denunciava no passado. E que continua denunciando hoje, enquanto convive confortavelmente com o cenário empresarial criado pela venda das estatais na administração FHC. Mesmo agora, no processo de consolidação de ramos econômicos acelerado pela crise, a opção do governo não tem sido criar novas estatais, mas estimular o surgimento de oligopólios privados, financiados com o dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Igualzinho como era com FHC.

Na oposição, o PT moveu mundos e fundos contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (então CVRD, hoje Vale). No governo, engavetou o tema. Dirão que é realismo, para não causar turbulências na economia. Que é uma questão de correlação de forças. Mas a correlação de forças sempre pode mudar. Eis uma boa pergunta para a candidata do PT num debate presidencial em 2010: “Considerando que o seu partido acusou a venda da Vale de ser um ato danoso ao interesse nacional, o que a senhora pretende fazer para revertê-la? Ou a senhora acha que devemos deixar para lá? Neste caso, quais os outros atos danosos ao interesse nacional que o país deveria deixar para lá?”

É claro que isso é só uma provocação. Serve para ilustrar como o debate sobre as privatizações está preso ao terreno da retórica, e dos duelos verbais entre os políticos. Em termos práticos, ninguém conseguirá privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal nos próximos anos, nem que queira. Não há apoio político para isso. Aliás, já não havia nos anos 90. Se houvesse, as três empresas teriam sido vendidas na onda privatizante do governo do PSDB. Sem dó nem piedade. Motivos operacionais, de caixa, não faltavam.

Em resumo, não se nota no PT qualquer movimento para levar da palavra à ação sua crítica “programática” das privatizações. Tampouco vontade. Por isso, não se vê por aí financiador de campanha que leve essa conversa a sério, nem que esteja preocupado. Só quem se assusta com o discurso petista é o PSDB.

Na Amazônia
A convite do Centro de Comunicação Social do Exército, estou na Amazônia para conhecer in loco algumas iniciativas das Forças Armadas na defesa de nossa soberania na região. O assunto será tema de uma das próximas colunas.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

Alon Feuerwerker

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O QUE ENRIQUECE UMA NAÇÃO

O QUE ENRIQUECE UMA NAÇÃO

Para entender o capitalismo

Como explicar tudo isso de forma sucinta e acessível?

OESP - publicado em maio de 2004

Joãozinho, meu filho, está na faculdade. Um dia desses, um professor falou-lhe maravilhas sobre o comunismo e ele veio me questionar:

__Pai, se o comunismo é tão bom, por que é que o capitalismo venceu em todo o mundo?

Eu poderia indicar-lhe uma centena de livros, mas preferi me propor um desafio: como explicar a um jovem, de forma sucinta e acessível, as inúmeras contradições entre os dois sistemas? Eis, em resumo, o que lhe falei.

__João, o comunismo seria um sistema perfeito se ele não exigisse, como pré-condição, um ser humano perfeito para nele viver. O capitalismo funciona porque ele aceita a natureza humana como ela é e se propõe a aperfeiçoar a sociedade com base no homem já existente.

__Como assim?

__Houve uma época, entre os séculos 19 e 20, em que se acreditava que, se o progresso científico podia revolucionar a natureza física, ele também seria capaz de revolucionar a sociedade e a natureza humana. Daí nasceu a idéia do socialismo e do comunismo. Essa idéia, infelizmente, se mostrou errada. A natureza humana - não importa o progresso material - é imutável. Os homens são, por essência, egoístas, ambiciosos e engenhosos, e a sociedade só pode ser aperfeiçoada se partirmos desses pressupostos.

__É essa a premissa básica do capitalismo?

__É. O capitalismo não é uma ideologia pré-elaborada. Ele nasceu espontaneamente, como conseqüência natural do progresso econômico da Humanidade. Ele não tem criadores, tem, no máximo, interpretadores.

O primeiro deles, foi Adam Smith, um filósofo moral que, na década de 1770, afirmou que todos nós, humanos, temos o desejo inato de melhorar as nossas próprias condições. Segundo Smith "os governos não deveriam reprimir o egoísmo, pois as nações empobreceriam se dependessem unicamente da caridade e do altruísmo".A sua mais famosa constatação foi a de que "não é pela benevolência do açougueiro ou do padeiro que nós contamos com o nosso jantar, mas sim pelo próprio interesse deles em ganhar dinheiro".

Sua conclusão foi a de que "se cada um cuidar de promover os seus próprios interesses, o resultado será a prosperidade da sociedade como um todo".

Por que o padeiro não pede o preço que quiser pelo seu pão? Porque ele enfrenta a concorrência dos outros padeiros e assim tem que cobrar o preço que o mercado impõe. O mercado, segundo ele, é regido por uma "mão invisível" que estabelece todos os preços da economia em função da oferta e da procura existente.

__E o que se conclui disso tudo? Pergunta-me o Joãozinho.

__Que o Estado não deve interferir no mercado ou tentar fixar "preços justos", mas sim deixar que a economia, regida pela "mão invisível" - que nada mais é do que a interação permanente entre todos os indivíduos - caminhe por si só. A ganância inata das pessoas as torna engenhosas e empreendedoras, fazendo-as produzir produtos cada vez melhores por preços cada vez menores. É assim que surgem as novas tecnologias, se dá o progresso, e todos ganham com isso.

__Mas, pai - observa o Joãozinho. Na prática as coisas não se dão bem assim. Tem pessoas que já nascem ricas e poderosas. Como é que os pobres vão competir com elas? E se uma empresa sozinha dominar todo o mercado de um certo produto? Ela não vai impor o preço que quiser e deixar de investir em tecnologia?

__No capitalismo maduro é aí que entra o Estado. Quais são as suas funções? Prover Segurança e Justiça, proibir os monopólios, garantir a livre concorrência e obrigar o respeito à propriedade e aos contratos. Alem disso ele tem um papel importantíssimo que é o de promover iguais oportunidades para todos.

__Como assim?

__Essa é a base moral do capitalismo, meu filho. Cabe ao Estado garantir a "igualdade de oportunidades". O Estado deve prover Educação, Saúde e chances para todos os cidadãos, igualmente, independente de sua origem sócio-econômica. A partir daí, cada qual prospera de acordo com o seu próprio talentos e empenho. Para os menos capazes existe a proteção da seguridade social.

__Mas não é assim no Brasil, não é verdade?.

__Esta é a regra nos países capitalistas avançados. No Brasil, o verdadeiro capitalismo nunca existiu. Por aqui o Estado não garante aos indivíduos condições para que eles ascendam exclusivamente pelo seu próprio mérito e também não há uma eficiente rede de proteção social para proteger aqueles que, por razões diversas, são menos competitivos Além do mais nos falta algo indispensável que o economista Schumpeter definiu como "destruição criadora"...

__O que é isso?.

__O processo de "destruição criadora" é a base do progresso. Ele faz com que, no mercado, as tecnologias obsoletas e as empresas ineficientes sejam implacavelmente desafiadas e substituídas por novas empresas, mais competentes e com tecnologias mais avançadas. Os países comunistas - além de sufocar o ímpeto empreendedor dos indivíduos e impedir a ascensão de novos talentos - não contavam com esse instrumento e , por isso, as suas economias acabaram se estagnando e se inviabilizando. Essa falha, aliás, é também do Brasil. Para que as novas empresas e tecnologias possam florescer é preciso que haja financiamento em abundância. No nosso país, onde o crédito é caro e inacessível, não há o processo de "destruição criadora" e, portanto, há pouco desenvolvimento.

__A meta do comunismo era o da "igualdade total para todos". Qual é a do capitalismo?

__ A bandeira política do capitalismo - ou do liberalismo, que é a sua versão ideológica - não é a da igualdade forçada, mas sim a da liberdade individual e a da prosperidade geral. Qual é a sua meta? Simples:

'Um número cada vem maior de oportunidades para um número cada vez maior de pessoas"

Eu creio que o Joãozinho entendeu... _______________________________
João Mellão Neto é jornalista

quarta-feira, 20 de maio de 2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

LULA Há 20 anos.

domingo, 17 de maio de 2009

Cristovam alfineta Lula

De Cristovam Buarque (PDT-DF) em discurso no Senado a propósito da fotografia estampada,hoje, nos principais jornais do país onde Lula bate bola com Ronaldo, O Femômeno em recuperação:- A verdade é que nosso Presidente fala muito mais do Corinthians do que de qualquer escola. Ele fala muito mais de futebol do que de educação. Ele sabe mais os nomes de todos os jogadores dos times mais importantes que os nomes dos secretários estaduais de educação. Esta é uma realidade.
Blog do Noblat

O Efeito Dilma

É controversa a tese que a frase "Política é como Nuvem" é de autoria de Magalhães Pinto. De qualquer maneira, a frase cabe como luva na sucessão presidencial de 2010. Com o adoecimento de Dilma Rousseff, as nuvens se movem a cada lufada, mesmo a mais leve. O último lance é o ressurgimento do terceiro mandato de Lula. O PMDB já teria coletado assinaturas suficientes para propor emenda constitucional para levar a referendo o terceiro mandato (referendo cuja data limite para ocorrer é setembro deste ano). Até aí, nada de muito novo. Logo que se soube do adoecimento da ministra, fui entrevistado por alguns jornais e revistas para fazer uma análise como cientista político. Eu afirmava que a situação poderia gerar três possibilidades: a) fortalecimento do nome de Dilma, a partir de uma comoção nacional, estimulada pelo lulismo/petismo, a partir do reforço da imagem de guerreira; b) a movimentação intensa da base aliada, em especial, o PMDB e Ciro Gomes, e de Aécio Neves (neste caso, se aproximando do PMDB, criando uma saia justa no interior do PSDB, que enfraqueceria Serra); c) o terceiro mandato, ainda que com pouca força política.
As nuvens se alteraram. O que se diz nos bastidores da política é que Aécio Neves começou a sondar a terceira via (do terceiro mandato), o que detonaria a possibilidade de Serra e o colocaria como terceira via em 2014, unindo, talvez, PT, PMDB e PSDB (o que ampliaria o "lulismo"). Esta possibilidade parece razoável porque Aécio discursou no evento do PSDB no nordeste como ponte entre o lulismo e os tucanos. Elogiou Lula e pediu ao PT que reconheça o bem que FHC fez ao país. E foi além: disse que os historiadores do futuro perceberão que de Itamar à Lula houve uma linha de sucessão cumulativa, complementar.
Rudá Ricci

Será essa a hora de uma CPI para investigar a Petrobrás?

Será essa a hora de uma CPI para investigar a Petrobrás? O que está embutido nessa investigações que se realizarão? Perguntas, perguntas.

sábado, 16 de maio de 2009

Mudar o ensino médio a partir das piores escolas é arriscado, dizem especialistas

Mudar o ensino médio a partir das piores escolas é arriscado, dizem especialistas
16/05/2009 - 08:18 - Carolina Garcia, do Último Segundo


SÃO PAULO - Em meio às recentes discussões para substituir os vestibulares das universidades federais por um modelo unificado, o Ministério da Educação (MEC) apresentou o projeto "Ensino Médio Inovador" - propondo uma reforma no ensino médio público do País. O programa que foi entregue no dia 4 de maio ao Conselho Nacional de Educação (CNE) tem aprovação prevista para o início de junho. Em entrevista ao Último Segundo, especialistas avaliam a maneira como esse projeto será concretizado e sua eficácia para transformar o ensino público.
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O relator do processo no conselho, Francisco Aparecido Cordão, afirma que dará parecer favorável para o projeto com algumas sugestões de reajustes. Para ele, a proposta do MEC de reestruturar primeiramente as escolas que tiveram o pior índice no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008 precisa ser revista.
"As piores escolas precisam de ajuda. Mas, para executar um papel de estímulo, também investiria nas que obtiveram os melhores resultados", explica Cordão, dizendo que a grande meta do MEC é equiparar o Brasil aos países desenvolvidos. "Precisamos chegar ao nível da Finlândia. As nossas melhores escolas ainda estão longe do nível mundial", afirma.
Para Nilson José Machado, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), até o momento, o plano de ação da proposta é improcedente. Como o ensino médio é responsabilidade das redes estaduais de ensino, e não do MEC, ele defende que é necessário pensar melhor nas condições e no acompanhamento de cada escola.
Para ele, essa preocupação com as escolas piores é demagógica demais. “Precisamos prestar atenção nas que funcionam bem para contaminar as outras. Assim, valorizamos o que temos de bom nas salas de aula". Machado acredita que, com esse formato, a proposta é “improcedente” e parece "condenada para não sair do lugar".
O professor acredita que a classificação das melhores escolas avaliadas pelo Enem dificulta o trabalho do ministério. Para Machado, a situação do ensino não é a mesma em todas as escolas avaliadas. "Não dá para confiar nesse ranking do Enem. Pois, por uma pequena diferença na nota, várias escolas caem de ‘média’ para ‘pior’".
A solução, segundo Machado, para se conseguir um maior diálogo com as escolas é abrir canais de comunicação com ministério e com as Secretarias de Educação. Assim, as escolas poderiam ser atendidas pessoalmente, e não por meio de uma tabela que as classifica. "O ministério precisa entender que cada escola tem uma deficiência, elas não são igualmente ruins", explica.
Aproximação do Enem
Uma das principais propostas do projeto é reestruturar o currículo do ensino médio. Para isso, o MEC propõe distribuir o conteúdo das 12 matérias (presentes no currículo atual) em quatro grupos de conhecimento: "línguas", "matemática", "humanas" e "exatas e biológicas" - aproximando o aluno do novo molde do Enem, com conteúdos que priorizam a intertextualidade.
O relator do CNE acredita que, com essa mudança, o ministério aponta para a direção certa. Segundo Cordão, as escolas precisam trabalhar a maneira como o conteúdo é transmitido para o aluno. "A escola é vista pelo estudante como chata e desinteressante. Um dos objetivos centrais do ensino médio é criar condições para que os indivíduos continuem os estudos nos ensinos superiores".
Partindo desse conceito, Cordão acredita que o ensino médio poderá deixar a condição escola-auditório e se transformar em uma escola-laboratório. "Precisamos de um ensino que desafie o aluno a aprender. Nesses moldes, a escola está no século passado. Precisamos trazê-la para o século 21, para acompanhar os jovens de hoje".
Já para o professor Machado, a ideia de "acabar com as disciplinas que já conhecemos" é uma visão interessante, com mais conteúdo. Porém, ele diz que nada mudará se o MEC tiver apenas o novo Enem como base e não melhorar as condições de trabalho do professor. "Se nada for feito para mudar a realidade docente, o professor continuará ensinando do mesmo jeito. Não se pode esperar que, de um dia para o outro, os professores mudem magicamente a sua prática na sala de aula".
Números do MEC
Segundo dados do MEC, o Brasil ampliou a oferta do ensino médio de forma expressiva. Porém, ainda 1,8 milhões de jovens de 15 a 17 anos permanecem fora da escola. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2006 aponta que dos 10.471.763 brasileiros de 15 a 17 anos, mais de 50% dos jovens não estão matriculados no ensino médio.
O acesso ao ensino médio ainda é considerado profundamente desigual entre classes sociais. Dos 20% mais pobres da população, entre jovens de 15 a 17 anos, apenas 24,9% estão matriculados. Já entre 20% da camada mais rica da população, temos 76,3% de jovens estudando.
Quanto à evasão escolar, o MEC afirma que dos jovens que abandonaram a escola 61,6% o fizeram uma vez e 16,7% três vezes. Entre os jovens homens, a principal motivação para a interrupção dos estudos é a oportunidade de emprego (42,2%). Entre as mulheres, a maior causa é a gravidez, com 21,1%.
Leia mais sobre: MEC - Enem

PAULO RENATO, DE NOVO

E o Paulo Renato, lembram dele? aquele que por oito anos ocupou o ministério da educação de Fernando Henrique e nada de mais produtivo apresentou. Agora é o novo secretário de educação de São Paulo. Pobre de São Paulo. E o Serra quer ser presidente com o Paulo Renato no comando da educação. homem do céu pelo amor de Deus abre os olhos, é difícil escolher um secretário pior do que o atual ministro da educação, mas você conseguiu.

Veja, edição 2113 de 20/5/2009

O senador e seus fantasmas
A capacidade do Congresso de produzir escândalos parece não ter fim: Efraim Morais contratou 52 funcionários-fantasma pagos pelo Senado Federal
O senador Efraim Morais, do Democratas da Paraíba, está na vida pública há 27 anos. Já foi duas vezes deputado estadual, teve três mandatos de deputado federal, presidiu a Câmara por dez meses e está no Senado desde 2003. Apesar do currículo extenso, ele jamais se destacou pela atividade política.
O parlamentar é conhecido pela desenvoltura com que transita em áreas que tratam de comissões, cargos, compras, licitações e contratações de funcionários. Nos últimos quatro anos, Efraim esteve à frente da primeira-secretaria, cujas funções se assemelham às de um prefeito da Casa.
Nesse período, milhões de reais desapareceram em contratos fraudados e burocratas fizeram fortuna da noite para o dia. Há quatro meses, o Senado enfrenta uma onda de escândalos que tem como epicentro justamente o gabinete ocupado até janeiro passado por Efraim Morais – e que continua a produzir novidades assustadoras.
A última delas: o senador paraibano mantinha uma tropa de 52 funcionários-fantasma, oficialmente contratados para trabalhar no Congresso, mas que, na verdade, eram cabos eleitorais pagos pelo contribuinte apenas para tocar assuntos de interesse exclusivo do senador e de seus aliados. Um comitê eleitoral permanente financiado com dinheiro público.
VEJA teve acesso a uma planilha de computador em que estão listados os fantasmas do senador Efraim. Ao lado de cada nome, há o padrinho político, o cargo, a lotação e a data da contratação do "servidor". Tudo bem detalhado, mostrando que Efraim tinha total controle da máquina política que montou.
Só em salários, os fantasmas custaram aos cofres públicos 6,7 milhões de reais ao longo dos quatro anos em que o senador ocupou a primeira-secretaria. Era uma vantagem e tanto que o senador tinha em relação a seus adversários no estado, principalmente quando se vai apurar o que seus "servidores" faziam.
"Trabalho para o senador na política. Peço voto, organizo comitê, falo com as pessoas, faço comício", esclarece a fantasma Dalva Ferreira dos Santos, que também é a primeira-dama de Brejo dos Santos, cidade de 6 000 habitantes a 490 quilômetros de João Pessoa. Seu marido, Lauri da Costa, além de prefeito, é advogado de Efraim. Dalva nunca esteve em Brasília, mas recebia todo mês 2 313 reais como assessora parlamentar da primeira-secretaria.
João Pedro da Silva, o João da Rapadura, tem uma história semelhante. Ex-prefeito de Lagoa de Dentro, cidade de 7 000 habitantes no agreste paraibano, ele também foi nomeado assessor parlamentar. "Sou contratado para fazer política para o senador Efraim aqui na região. E quem é você mesmo?", perguntou o fantasma ao repórter de VEJA. "Não vou falar mais nada porque não conheço o senhor", encerrou.
Rapadura também nunca botou os pés em Brasília. Merenciana Pollyenne Duarte é uma exceção na tropa. Filha do prefeito Francisco Duarte Neto, de Sumé, ela estuda medicina em Brasília e também "assessora" o Senado. "Quando o senador precisava, ela ia lá e fazia algum serviço. Não ia todo dia, mas estava à disposição e ganhava uma bolsa de 1 100 reais por mês", conta o pai.
Na verdade, ela recebia, segundo os registros, 2 313 reais por esse tal trabalho esporádico. Dizem que a política é a arte do possível, mas Efraim ultrapassou limites que pareciam impossíveis de ser superados. Na lista de padrinhos dos fantasmas há jornalistas, advogados e até um presidiário. O ex-prefeito de Cuitegi Antonio Albuquerque Cabral, o Tota de Cuitegi, foi preso em flagrante no ano passado por receptação de carros roubados. Além disso, responde a processo pelo sumiço do motor de três carros da prefeitura.
Esses detalhes, porém, não arranharam seu prestígio com Efraim. O Tota de Cuitegi apadrinhou a nomeação de uma assessora que também recebia salário de 2 313 reais. Todos perderam as boquinhas com a saída do senador da primeira-secretaria, mas revelam que receberam promessas de ser renomeados em breve, assim que passar a turbulência no Congresso.
Indagado a respeito dos fantasmas, Efraim Morais garante que não fez nada fora da lei (veja a entrevista abaixo). Ele invoca um parecer da Comissão de Constituição e Justiça que permite que funcionários lotados nos gabinetes dos senadores trabalhem nos estados. É pura tergiversação. Dos 52 fantasmas de Efraim, 37 estão lotados na primeira-secretaria, e não no gabinete do senador. Deveriam, portanto, trabalhar para o Senado, e não como cabos eleitorais do senador.
"É óbvio que funcionários da presidência e das secretarias não podem dar expediente nas bases. É uma irregularidade, quem fizer isso pode ser processado por quebra de decoro", diz o senador Garibaldi Alves, ex-presidente do Senado. "É um caso semelhante ao das passagens aéreas: como o regimento não diz nem que pode nem que não pode, alguns senadores interpretam como querem a omissão", pondera o senador Renato Casagrande, do PSB do Espírito Santo e membro do Conselho de Ética.
O caso de Efraim Morais certamente não é o único, mas ele é um daqueles parlamentares que, como diria o nobre deputado Sérgio Moares, se lixam para a opinião pública. Em 2002, era vice-presidente da Câmara e assumiu o cargo depois que o então presidente, Aécio Neves, se licenciou. Na ocasião, nomeou sete parentes para cargos de confiança. A família seguiu com ele para o Senado e só foi demitida no ano passado com a proibição do nepotismo.
No Senado, Efraim sempre foi um colega prestativo. Aos mais apertados financeiramente, ele empresta dinheiro sem nunca cobrar a dívida. Na primeira-secretaria, foi responsável por todas as nomeações, autorizações de viagens e de despesas – o que lhe rendeu novos e fiéis amigos, mas também enormes dores de cabeça.
Os dois funcionários do Senado mais próximos de Efraim – o ex-diretor-geral Agaciel Maia e o ex-diretor de recursos humanos João Carlos Zoghbi – estão enrolados com a polícia. O senador alega que nada tem a ver com isso. Da mesma maneira que nega manter relações com um lobista que tinha a chave de seu gabinete, era seu sócio oculto em uma empresa e servia de elo entre funcionários corruptos e empresários que fraudavam licitações.
O senador Efraim Morais nunca deu nenhuma contribuição relevante à política brasileira. A política, no entanto, deu uma enorme contribuição ao senador. Em 1982, ele foi eleito pela primeira vez na Paraíba. Era dono de uma casa simples e de um Fusca com dois anos de uso. Na eleição seguinte, em 1986, já possuía casa na praia, duas fazendas e dois carros.
Na última eleição que disputou, em 2002, seu patrimônio declarado somava 832 120 reais. Tinha três casas, dois apartamentos, duas fazendas, duas salas comerciais, metade das ações de uma rádio FM e três carros – um patrimônio perfeitamente compatível com a renda de um político profissional que conseguiu fazer boas economias em duas décadas de trabalho.
Hoje, o próprio senador diz que seu patrimônio pessoal "é algo em torno de 2 milhões de reais, ou menos". Há cerca de três anos, Efraim trocou a casa simples que tinha na Praia de Camboinha, reduto da elite paraibana a vinte minutos de João Pessoa, por outra construída em dois terrenos com quase 500 metros quadrados. Tem todos os equipamentos de uma casa de luxo, incluindo uma lancha na garagem, e está avaliada em 1,5 milhão de reais.
Recentemente, Efraim também comprou uma cobertura em João Pessoa, com quatro suítes e piscina. "O valor é 1,9 milhão de reais", diz a corretora Helene Ramalho, responsável pela venda de um apartamento vizinho ao do senador. O fato de apenas dois imóveis – a casa na praia e a cobertura em João Pessoa – valerem quase o dobro de todo o seu patrimônio declarado é apenas mais um aspecto espantoso na incrível biografia do senador paraibano.