quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Alem do Cidadao Kane

Alem do Cidadao Kane eh um documentario Britanico - proibido no Brasil desde a estreia, em 1993, por decisao judicial - que trata das relacoes sombrias entre a Rede Globo de Televisao, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenario poli­tico brasileiro.

Os cortes efetuados na edicao do ultimo debate entre Luiz Inacio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleicao de 1989.

Censura a artistas, como Chico Buarque que por anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora.

Criacao de mitos culturalmente questionaveis e veiculacao de noticias fri­volas e tolices em programas de auditorio.

Depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira.

"Todo brasileiro deveria ver Alem do Cidadao Kane"

A Midia Que Vos Fala

Video que relata e demonstra como a midia brasileira sofre influencia politica e como conta mentiras e meias verdades para assim poder melhor manipular as pessoas

quarta-feira, 29 de novembro de 2006



Reeleito em SC, Luiz Henrique gastou sete vezes mais que oponente
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Agência Folha
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O governador eleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), gastou quase sete vezes o valor despendido por seu oponente, Esperidião Amin (PP), nestas eleições: R$ 7,5 milhões. É o que revela sua prestação de contas final de campanha, entregue na tarde desta terça-feira ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Santa Catarina.
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Já Amin, que saiu derrotado das eleições deste ano mais uma vez, declarou uma receita e uma despesa de R$ 1,1 milhão.Luiz Henrique, que vai para o segundo mandato consecutivo, gastou muito mais que em 2002. No pleito passado, ele teve uma despesa declarada de R$ 2,4 milhões. Houve um aumento de 213%.
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A assessoria do TRE-SC afirmou que "foi preciso um carrinho de supermercado para levar toda a documentação" do peemedebista.
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O pleno do tribunal deverá julgar as contas de Luiz Henrique até oito dias antes de sua diplomação, que acontece no próximo dia 19.
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De acordo com o TRE, se forem comprovados gasto ou captação irregulares, o diploma será negado ao governador eleito. Caso ele já tenha sido concedido, será cassado.

INOCÊNCIA LATINA
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por Márcio C. Coimbra, de Brasília
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A América Latina passa por um período sombrio. Candidaturas que não se alinham com os valores democráticos têm sido sistematicamente eleitas e reeleitas nos últimos meses. As recentes vitórias de Daniel Ortega na Nicarágua e Rafael Correa no Equador são os exemplos mais recentes deste perigo coletivista. Aqueles que ainda não sucumbiram a tentação populista ou livraram-se por pouco deste novo socialismo mascarado, enganam-se quando pensam estar imunizados quanto ao mal que paira desde o México até a Argentina. No Brasil, em especial, me pareceu triste a vitória de Lula, depois de meses de exposição de uma espécie de corrupção rasteira nascida dentro do Palácio do Planalto que segue corroendo a democracia. A vitória de Lula me fez questionar nossa dignidade e nossa capacidade de gerar um País melhor. Passei definitivamente a questionar nossa qualidade como nação ou povo, submisso, passivo, que beira a ignorância. Avalizamos a corrupção, autorizamos o desvio de nossos impostos, encaminhando o principal beneficiário da organização criminosa petista para um segundo mandato. Definitivamente parece claro que o brasileiro não gosta de seu próprio País. Como muitos, desisti do Brasil, deixei meu País. Se antes de Lula já pensava no Brasil como um lugar duvidoso e quase inviável, depois de sua eleição e agora recondução, estou certo que não vamos a lugar algum. Entretanto, vale lembrar que a derrota moral brasileira, amparada pelo populismo rasteiro, não é uma exclusividade tupiniquim. Ela se espalha por toda a América Latina. Lula, Morales, Chávez, Correa, Kirchner, Ortega, Castro seguidos de seus amigos, por enquanto derrotados pelas urnas, Obrador e Humala, representam o maior perigo já vivido neste continente. O que mais assusta neste momento é o grau de ingenuidade das oposições latino-americanas. Em Madri, onde mantenho contato com diversos membros da oposição a esses regimes populistas, percebo um certo grau inocência em diversas análises. Os únicos que realmente já perceberam o tamanho do perigo são os cubanos, que há décadas sofrem nas mãos do ditador Castro e os venezuelanos, que enxergam pouco a pouco suas liberdades sendo limitadas e cortadas pelo regime “bolivariano” autoritário de Hugo Chávez. Não nos iludamos, o futuro não é sombrio apenas para Cuba e Venezuela.Morales, que humilhou a Petrobrás a mando de Hugo Chávez, colocando o Brasil de joelhos perante a Bolívia com a complacência de Lula, incitou o povo boliviano ao extremo, rompendo com a institucionalidade democrática e levando diversos presidentes a renúncia, até chegar ao poder. Enganam-se os peruanos que acreditam em um governo tranqüilo de Alan Garcia. Ollanta Humala não dará trégua ao presidente do Peru. Da mesma forma, López Obrador não descansará enquanto não desestabilizar o governo de Felipe Calderón no México, como já tem demonstrado desde a eleição. Quem acredita, como ouvi em Madri, que “o México é diferente da Bolívia e resistirá” não conhece a engenharia e o financiamento com que contam os populistas de Chávez na América Latina. A estratégia é corroer a democracia e desestabilizar as instituições. Uma vez no poder, a tática é manter as pessoas na miséria e na pobreza, dependentes da ajuda do Estado, para que estes governos sigam se reelegendo, como aconteceu com Lula e ocorrerá tranquilamente com Kirchner. A única forma capaz de preservar as liberdades e a democracia é alavancar os instrumentos de livre-comércio, acelerar a abertura comercial, tornando a população destes países mais rica e próspera, com acesso claro a informação, para que possuam maior discernimento. Não é uma vacina contra o populismo, mas o melhor remédio conhecido até os dias de hoje. Foi assim que o México terminou com um reinado “democrático” de mais de 70 anos do PRI e o Chile encontrou sua estabilidade. A eleição apertada de Calderón contra o candidato chavista é a prova de que é possível lutar contra este mal esquerdista e paternalista que destrói a capacidade das pessoas de pensar. Portanto, Alan García e Felipe Calderón devem estabelecer e ampliar seus acordos de livre-comércio com nações prósperas se desejam terminar seus mandatos. De outra forma, o avanço chavista patrocinado pelo petróleo continuará a se espalhar. Um destino negro se avizinha para a América Latina. As oposições precisam perder a ingenuidade e começar a trabalhar de forma decente, inclusive no Brasil.

A SITUAÇÃO DO MUNICÍPIOS

O retrato dos municípios brasileiros

Em 2007 começam as pré-campanhas municipais e em breve deverão ser divulgadas pesquisas com relação às tendências de votos nos municípios. O IBGE divulgou há pouco um perfil detalhado dos municípios brasileiros, inclusive de seus dirigentes, os prefeitos...

Trecho do bate-papo na BandNews FM entre o jornalista Ricardo Boechat e o sociólogo e analista de pesquisas Antônio Lavareda.

Ouça aqui

Partidos de esquerda pedem para ganhar espaço na coalizão
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Folha Online
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O PT, PSB e o PC do B pretendem compor um núcleo de esquerda dentro da coalizão política negociada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para seu segundo mandato --que inclui partidos de centro-esquerda como o PMDB.O presidente do PC do B, Renato Rabelo, apresentou a proposta durante reunião na tarde desta quarta-feira com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais).
Segundo Rabelo, é fundamental que as legendas com pensamento político de esquerda mantenham na coalizão posições alinhadas com o Executivo. "Não se trata de conceder um tratamento diferenciado às legendas. Mas esses partidos poderiam imprimir conseqüências maiores ao programa de governo. Tem que haver forças com convicção de que o programa pode ser aplicado", afirmou.Tarso negou que a criação do núcleo de esquerda possa comprometer a coalizão do governo ao priorizar alguns partidos. Segundo ele, a iniciativa partiu das próprias legendas para dialogarem dentro do conselho político do governo, e não diretamente com o presidente Lula. "Isso não significa que o núcleo seja uma tendência do conselho político, que é a instituição com a qual o governo vai dialogar de maneira global. O governo não distingue os seus aliados", garantiu.O ministro citou exemplos de países como o Uruguai e a Itália que criaram núcleos de esquerda dentro do governo. "A visão que o governo tem é que essa frente de esquerda pode firmar consensos e estabelecer firmeza máxima para votações do governo", afirmou.
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Ministérios
Na segunda-feira, Lula se reúne com dirigentes do PC do B e do PSB para discutir a participação das legendas na coalizão. Apesar de afirmar que o presidente é quem deve definir o tamanho da participação dos partidos no governo, Rabelo disse que o PC do B tem condições de ampliar sua presença no Executivo."Pela relação de lealdade com o presidente, podemos assumir maiores responsabilidades, mas isso compete ao presidente", afirmou.Tarso reiterou que, até o final do ano, o presidente Lula deve escolher um ou dois novos ministros "estratégicos" para o segundo mandato. Os demais nomes, segundo ele, devem ser revelados somente em 2007. "A formação do ministério este ano é diferente da anterior, quando houve formação do ministério para se buscar maioria no Parlamento. Agora, os ministros derivam de compromissos dos partidos. Por isso o processo é mais delicado e sutil", disse.

O primeiro emprego

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A primeira vez que ouvi alguém dizer que era injusto um empregador exigir de um jovem que tenha experiência para efetivar sua contratação foi exatamente no momento em que ingressava na adolescência. Fiquei meio perplexo. Nunca havia pensado no assunto. Passados vários anos, essa injustiça continua. E continuo sem entender como a sociedade brasileira não consegue encontrar uma solução para um problema tão óbvio. Afinal, como exigir experiência de alguém que está ingressando no mercado de trabalho?

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Os exemplos concretos de como um trabalhador iniciante é tratado com descaso por seus colegas mais velhos são fartos e assustadores. Vou citar o que ocorre na carreira docente. Os novatos são, via de regra, aqueles que recebem as turmas mais complexas e os horários mais desgastantes. Eu mesmo, quando comecei à dar aulas na universidade, fui escalado, como sociólogo, para ministrar aulas em cursos que nunca havia tido algum contato maior. Os horários de aula eram pouco estimulantes, como sexta-feira, último horário, ou sábado. Os alunos se entreolhavam nos primeiros dias de aula e diziam com os olhos que não entendiam o motivo de uma aula de sociologia. Eu tinha que me desdobrar para conquistá-los. Me sentia como um médico recém-formado que tinha a tarefa de operar um paciente em estado muito grave. E percebia a incoerência: na medida em que ficasse mais experiente, eram reservadas para ele as tarefas mais simples até chegar ao topo da carreira, resolvendo pequenos curativos.
O último dado que tivemos acesso sobre esta curiosa injustiça foi divulgado há dez dias. O IBGE informou que caiu, nos últimos dez anos, o percentual de jovens, entre 15 e 17 anos, detentores de empregos formais. Informou que o percentual de desemprego nesta faixa etária é superior ao verificado entre pessoas com mais de 60 anos. É verdade que um dos motivos foi o aumento da exigência de escolaridade. Houve aumento de 28% dos postos de trabalho que exigem escolaridade média e queda de 22% dos postos que exigem escolaridade básica. Mas este não é o único fator.

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Na década de oitenta, o desemprego juvenil (definido como aquele que atinge jovens entre 10 e 24 anos de idade que procuraram emprego e não encontraram) chegou a 4% e 8%. Saltou para 18% na década de noventa. Márcio Pochmann, pesquisador da Unicamp e Secretário do Desenvolvimento e Trabalho de São Paulo, indica que o desemprego juvenil é 1,5 vezes superior que a taxa de desemprego total. Para o autor, o trabalho juvenil é o mais atingido pelos postos de trabalho precário, aquele que não oferece estabilidade, em que a renda é baixa e a jornada de trabalho é alta. Aos jovens está sendo reservada a parcela mais insegura do mercado de trabalho, onde as regras de contratação são mais flexíveis.

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A solução neoliberal desenvolvida nos anos 80 foi a desregulamentação do mercado de trabalho e a oferta de cursos de qualificação profissional. De um lado, essas políticas aumentaram a precariedade do trabalho juvenil e, de outro, adotaram a convicção que o desemprego tem como principal culpado o próprio desempregado que não possui qualificação necessária. O fato é que essas políticas não conseguiram reverter o cenário de desamparo e desemprego. E não temos comprovação que qualificação relaciona-se diretamente com emprego juvenil. Na verdade, temos poucos estudos sobre como um jovem ou adulto aprendem. Segundo dados oficiais, 60% dos trabalhadores brasileiros que possuem título universitário não estão exercendo funções compatíveis com sua formação. O mercado de trabalho não é tão racional e generoso como se pensou nos anos 80.

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Dois países estão se dedicando com mais atenção a este problema: a Bélgica e a França. As soluções francesas são as mais conhecidas. O programa Primeiro Emprego da França, desenvolvido pelo governo socialista de Jospin, exige que órgãos públicos abram um percentual de vagas para jovens na faixa de 18 a 24 anos. Mas não ficam apenas na contratação. Este primeiro emprego deve durar, no mínimo, cinco anos e programas de apoio e acompanhamento complementares são oferecidos aos jovens empregados. É a função social da ação pública, retornando após anos de tenebroso inverno neoliberal.
No Brasil, a experiência mais acabada é a de São Paulo. Na capital paulista implantou-se o programa Bolsa Trabalho. Trata-se de uma bolsa para desempregado na faixa de 16 a 20 anos, além de um programa de qualificação que compreende ações e oficinas para formação de agentes comunitários que atuam nas áreas de esporte, lazer, saúde, educação, cidadania, trânsito, e assim por diante. Neste programa, o jovem desempregado pode ter acesso, mais adiante, aos programas do Banco do Povo e Centro de Desenvolvimento do Trabalho e dos Negócios.

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O importante é destacar que o mundo dos adultos, que afinal comanda as ações públicas, tem um compromisso com a formação e o bem-estar dos jovens. Não há motivo para exigirmos de um jovem o que ele não tem: experiência. Esta é a forma mais mesquinha de excluirmos os jovens da disputa por uma vaga. Convenhamos: a ética e a solidariedade que os adultos pregam podem começar por este tema.
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RUDÁ RICCI

TODOS JUNTOS!



terça-feira, 28 de novembro de 2006

Quixote no palanque, Sancho Pança no governo
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O intervalo que estamos vivendo, esse tempo que vai da eleição até a posse do vitorioso, aguça a curiosidade pública e se desdobra como uma espécie de “interrogatório inesgotável”. O eleito disfarça sempre, não diz o que está realmente fazendo. Solta balões de ensaio, emite sinais contraditórios. Negocia e negaceia. A marcha noturna dos interesses que garantiram a vitória e vão constituir o governo simula alvoradas para despertar especulações, ilusões, e até esperanças.
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Há um complicador extra para o caso da última eleição presidencial. Lógicas distintas presidiram cada um dos dois turnos da disputa. O primeiro turno, que definiu a correlação de forças no Congresso e o sentido geral da eleição, foi marcado pela supremacia absoluta das máquinas do interesse puro. O segundo turno ressuscitou, pelo menos no plano da propaganda, a polarização ideológica entre esquerda e direita, particularmente em torno do debate sobre as privatizações.
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Como deu resultado e deslocou uma parcela considerável de votos, algumas vozes até respeitáveis passaram a maquinar expectativas de mudanças. É o caso, por exemplo, do artigo publicado na Folha de São Paulo, de 22/11, pelo professor Boaventura de Sousa Santos. Segundo ele, os brasileiros “preferiram correr o risco de votar num governo que os pode desiludir a votar num governo que, à partida, já não os consegue iludir”. Perplexo diante do que chama “dissonâncias cognitivas reveladas nessas eleições”, ele aposta em uma guinada para a esquerda no segundo mandato de Lula.
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No entanto, as articulações em curso para a formação do governo não contemplam as expectativas do sociólogo português. O governante eleito, apesar de conservar o dom de iludir, se move no terreno do pragmatismo mais exacerbado. Empirista radical, ele só alocou em tempos pregressos o seu discurso no plano dos grandes projetos de transformação social por puro pragmatismo. A Idade de Ouro da utopia, que buscava “introduzir demasiado rápido o futuro no presente”, é para ele uma página virada. Sobrevive apenas no discurso, onde as promessas de mudanças não passam de peças de palanque.
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A lógica que governa o presente é outra, a da Idade de Ferro. Em tal quadro, sob o império do logro e da malícia, onde o interesse e o favor se sobrepõem aos valores republicanos, a “lei do conchavo” governa os acontecimentos. A embocadura do segundo mandato de Lula – um craque da pequena política - não autoriza qualquer otimismo entre os que lutam por mudanças na realidade social brasileira. Tudo indica que ele seguirá as mesmas linhas gerais do primeiro. O “esquerdismo” do segundo turno, o marqueteiro da campanha até avisou, foi apenas um exercício de “manducação simbólica”: Quixote no palanque, Sancho Pança no governo.
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Léo Lince é sociólogo.

TRÊS SOCOS NA SENSATEZ
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por Augusto Nunes, no Jornal do Brasil
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O Superlula, um herói brasileiro anabolizado por 58.295.042 votos, já deu três socos na mesa depois da reeleição. O primeiro sublinhou o aviso endereçado pelo presidente vitorioso nas urnas a meia dúzia de pais da Pátria ligados ao setor da saúde: tinham 48 horas para resolver a crise do Instituto do Coração, o Incor, prostrado por um enfarte financeiro. Mais de 48 improvisos depois, a crise continua.
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O barulho do segundo soco projetou as nuvens da ameaça sobre outra cobrança de Lula: se o apagão aéreo não fosse imediatamente debelado por soluções luminosas, a companheirada conheceria a face escura do chefe. Indiferentes ao surto de braveza, os controladores de vôo mantiveram a operação tartaruga na velocidade de cruzeiro. E os aeroportos foram reduzidos a zonas conflagradas.Institucionalizou-se o atraso em nove a cada 10 pousos ou decolagens. O país descobriu que soluções definitivas não virão antes de 2010. E percebeu que até o encerramento do primeiro mandato não virá sequer a demissão de Waldir Pires, ora em repouso no gabinete do ministro da Defesa.
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Tampouco parecem ameaçados pela perda do emprego os integrantes da equipe econômica, destinatários do terceiro soco na mesa desferido pelo SuperLula. Animado com o triunfo eleitoral, o presidente decidiu que a economia, daqui por diante, deverá crescer 5% ao ano. Como não pode entender de tudo, pediu a companheiros especialistas em contas que mostrassem o mapa da mina. Não gostou do que viu.
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Então vieram mais um ultimato e o terceiro soco: até 31 de dezembro, a turma que dê um jeito de redesenhar caminhos, trilhas e atalhos, para torná-los mais audaciosos, menos acanhados. Para começar o segundo mandato com o pé afundado no acelerador - e girar pelas pistas do Planalto, nos quatro anos seguintes, em ritmo de Brasil Grande - quer providências que o ajudem a "destravar o país".
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Também esse soco deu em nada. As sugestões não vieram. Nem virão. E Lula talvez comece a compreender que certas verdades não podem ser revogadas por nenhum presidente da República, nem mesmo o maior dos estadistas desde as caravelas. Uma delas informa que não existe colheita sem plantio.Qualquer período de crescimento mais agudo será necessariamente precedido de anos de ajustes nas contas públicas, no aparelho de Estado, no organismo nacional. Sem isso, um soco na mesa é apenas o fundo sonoro da bravata.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A síndrome da porteira fechada
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Blog do Murillo de AragãoLula admitiu que errou em nomear petistas para cargos em ministérios comandados por partidos aliados. Deu uma bagunça. Nos Transportes, por exemplo, o ministro era do PL e não conseguia mandar no secretário-geral, que era do PT e se reportava ao José Dirceu. Uma vez, o ministro nomeou um diretor para uma entidade vinculada ao ministério, mas o seu presidente recusou a nomeação. Disse que só seguia ordens de José Dirceu.Assim, os ministros que não eram do PT terminavam sendo “rainhas da Inglaterra”, sem poder nenhum.
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Escaldados pelo fiasco do primeiro mandato, agora exigem ministérios “porteiras-fechadas”. Querem nomear do ascensorista até o ministro, passando por diretores, secretários, assessores, secretárias e office-boys. Claro que, na prática, não é assim que funciona. Existem muitos funcionários de carreiras que resistem, ano após ano, às mudanças nos ministérios.
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Porém, pode haver substituição em cerca de 600 cargos ocupados por indicações do PT. Daí o fato de o partido estar revoltado com a “operação despejo”. Não se conformam com ter que ceder lugar para conservadores, neoliberais, direitistas, corruptos e tantos outros tipos que pululam no “centrão” montado por Lula.
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O despejo contraria a filosofia de muitos do PT que defendem, como tática, o aparelhamento do estado. Querem mudar a sociedade a partir da ocupação de espaços no governo. Agora, vão ser despejados. Porém, não ficam sem emprego. Tal qual os tucanos e pedetistas, os quadros despejados de um lado são aproveitados em outro. Por exemplo, muitos do governo FHC foram para o governo de Minas.
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Como o partido conseguiu eleger governadores em cinco estados (Acre, Bahia Pará, Piauí e Sergipe), espaço não vai faltar. E o partido conta com isso para não perder a receita com o dízimo pago por petistas que ocupam cargos em comissão. O que importa é ficar controlando a máquina. Seja o PT, seja o PSDB, sejam os demais aliados de Lula. É a prova clara, cabal e inquestionável de que no Brasil não existe projeto de país. Existe projeto de poder. As ideologias e programas partidários são como chantilly ralo em cima do sundae do clientelismo bravo.

domingo, 26 de novembro de 2006

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Reproduzido de O Globo
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É próprio das democracias que as forças derrotadas reconheçam os resultados das urnas. Isto não significa, é claro, que devam se resignar a eles. Ao contrário, que mantenham seus programas, continuem lutando por eles, estudando, com serenidade, as razões e as desrazões dos fracassos, para que possam se preparar para as novas oportunidades que virão. Assim é que se garante a eventual alternância do poder - outra pedra angular do regime democrático. Infelizmente, apesar de importantes exceções, não é desta forma que estão reagindo muitas lideranças políticas e intelectuais que esperavam uma derrota fragorosa do PT e de Lula nas recentes eleições.
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Empenharam-se duramente, e por longo tempo, em "varrer esta raça" da cena política, como disse de forma deselegante e preconceituosa um líder do PFL. Ora, quem acabou quase varrido do mapa político, pelo menos temporariamente, foi o próprio PFL, e os prognósticos catastróficos formulados pelas direitas e por importantes setores de extrema-esquerda, que, neste caso, deram-se as mãos, não se realizaram, para frustração de não poucos. O PT, perdendo embora importante fração dos votos obtidos em 2002, consolidou-se como um partido bom de voto, arrebatando, pelo segundo pleito consecutivo, a maior votação, em termos nacionais.
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Considerando os aloprados que tem e o massacre midiático que sofreu, o resultado não foi nada irrelevante. Só não ficou com a maior bancada devido a distorções no sistema político-eleitoral que, espera-se, sejam agora corrigidas por uma reforma política, mais do que nunca, urgente. Quanto a Lula, teve um segundo turno consagrador, distanciando-se do adversário, e repetindo praticamente a votação de 2002.
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Para os perdedores, uma severa derrota, recomendando, como se disse, a necessidade de uma reflexão a respeito dos movimentos profundos da sociedade, dos fundamentos econômicos, políticos e culturais das predileções e escolhas do povo, que levaram à vitória quem venceu. E também sobre os erros cometidos - da escolha dos candidatos à formulação das propostas. Das alianças urdidas à publicidade elaborada.
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Em vez disso, o que se observa? Um transbordamento de ressentimentos que chegaria a assustar, não fosse risível. Uns, os ressentidos, bradam que o povo não sabe mesmo votar. Teria sido, mais uma vez, engabelado por astutos políticos, hábeis no verbo, manipuladores das palavras e dos dinheiros públicos.
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E concluem, desesperançados, que não adianta mesmo esperar nada de bom "deste povo", ou "desta raça". Afinal, este povo, e, aliás, todos os outros, não sabem mesmo votar. Outros, amargurados, dizem que o povo é bom, mas foi enganado. No fundo, pensam, o povo é mesmo multidão irracional - basta aparecer uma flauta mágica, pronto!, já esta manada se desencaminha e é capaz de cair nos piores abismos.
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Há também os piedosos. Para estes, os pobres, "tadinhos!, vivem na miséria - algumas migalhas seriam suficientes para ganhar sua fidelidade, votam com o "bolso". Retomando, às vezes, sem saber, a ladainha de um marxismo vulgar, explicam tudo a partir do estômago, ou seja, nada esclarecem, a não ser aos que já se deixaram ganhar pelos mais atrozes preconceitos. Restaria mencionar os arrogantes, os aristocratas do pensamento, os gênios incompreendidos.
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A cantilena aqui é bruta mesmo: "Que se dane o povo com suas pedestres análises!" Não se solidarizam com ninguém, e cultivam uma raiva ancestral, provinda da cultura política da velha União Democrática Nacional/UDN, das oligarquias liberais, sempre ruins de voto. A cada derrota, e elas foram numerosas, ficavam ruminando rancores, proferindo impropérios, assediando, vivandeiras, os milicos, seduzindo-os a investir pela força um poder inalcançável por eleições livres e democráticas.
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A velha UDN, com seu rançoso aristocratismo, desapareceu há décadas, mas a cultura política elitista que lhe conferia força não morreu, permanece viva como nunca, assumindo cores diversas, do vermelho-escuro da revolução catastrófica ao branco imaculado da contra-revolução. Estes aristocratas não fazem senão mastigar os próprios dentes, não analisam, afrontam; não explicam, ofendem; não compreendem nada, só injuriam. Alguns, ainda jovens, já se tornaram anacrônicos. Pensam que estão no futuro, mas apenas restauram o passado. Por mais que se queiram modernos, e arvorem o casual chic, e se lambuzem em caras lavandas, cheiram mesmo ao odor enjoativo da naftalina.
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Quanto a mim, prefiro a companhia de um velho revolucionário russo, A. Herzen. Embora odiando os demagogos, que adulavam a multidão, odiava ainda mais os aristocratas que caluniavam o povo.
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DANIEL AARÃO REIS é professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense.

sábado, 25 de novembro de 2006

A unanimidade idiota
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Um dos fundamentos da democracia é o convívio pacífico dos divergentes, o estabelecimento do contraditório. Prevalece a maioria, que governa, mas a minoria tem seu papel, tão fundamental quanto o daquela – e que é exatamente o de fiscalizá-la.

O presidente Lula, no entanto, segundo disse na quinta-feira, a uma platéia de 16 governadores recém-eleitos, está empenhado em “provar que é possível governar o país de forma diferente”. E aí, em tom de apelo, explicou como: que seus adversários deixem para lhe fazer oposição em 2010, ano em que sua sucessão estará novamente sendo disputada nas urnas. Ou seja, quer governar em uníssono.

Nem mesmo o regime militar, nos mais espessos anos do AI-5, foi tão explícito. A oposição naquela época, ainda que minúscula e intimidada, lá estava e, na primeira brecha que se abriu – as eleições de 1974 -, ressurgiu, vibrante, implacável. Lula é fruto da democracia.

Recentemente, chegou a declarar, com absoluta razão que é resultado da liberdade de imprensa – a mesma imprensa a que ele não cansa de atribuir os problemas que tem. E aí tem também razão.

A imprensa causa mesmo muitos problemas, sobretudo a quem está no poder: faz barulho, denuncia, acerta e erra, erra e acerta. Mas nenhum dos problemas que causa é tão grande quanto os que consegue evitar no exercício de sua sagrada turbulência. E assim é também a democracia: regime barulhento, trabalhoso, eventualmente caótico – o pior dos regimes, segundo Churchill, excetuados, naturalmente, todos os outros. Lula tem o gosto – e o talento – da negociação política.

Desenvolveu-o nos tempos em que exerceu a liderança sindical e sentava-se à mesa com os companheiros e, depois, com os patrões. Aprendeu a exigir, transigir, propor, contrapropor, blefar, encenar, enfim, a dominar todo o elenco de gestos coreográficos que envolvem a negociação. Vale-se desses recursos na presente montagem ministerial.

Percebe-se que o faz com gosto. Seu desgosto reserva-o para as críticas, as cobranças, inerentes – e indispensáveis – à democracia. O paradoxo está em que foi o exercício obstinado da crítica e da cobrança – freqüentemente exacerbada, eventualmente injusta – sobre sucessivos governos que o levou ao poder.

Poucos partidos, na história republicana brasileira, exerceram a crítica e a vigilância políticas de forma tão implacável e moralista quanto o PT. Talvez só a falecida UDN, braço civil do movimento militar de 64.

Tal qual sua congênere, o PT mostra aversão ao contraditório. Lula o disse com todas as letras. Já o havia dito na entrevista dada após a proclamação de sua reeleição. Disse então que não havia mais adversários, que o adversário, a partir daquele momento, era a exclusão social, a pobreza. Soou magnânimo, superior. Foi aplaudido.

Eis, porém, que o esclarecimento vem agora. Não há magnanimidade alguma. Lula apenas não quer oposição. Só a admite nas campanhas eleitorais. Jamais durante o exercício do mandato. Que o deixem trabalhar, como já pedia o slogan de sua campanha eleitoral.

Ofereceu, por isso mesmo, há dias, carona a um dos mais veementes críticos de sua performance governativa, o senador tucano Arthur Virgílio (AM), numa viagem a bordo do jato presidencial, ocasião em que lhe pediu apoio – a ele e a seu partido.

Ora, o maior (e único) apoio que a oposição, qualquer oposição, pode dar a um governo – qualquer governo – é exercendo o que lhe cabe: a oposição. O eleitor, quando elege um governante, elege simultaneamente quem lhe fará oposição. E a oposição deve ser constante, consistente, impessoal. Oposição ao governo, não ao país.

Não significa votar contra, mas questionar o que está em pauta e, sobretudo, fiscalizar a execução do que se aprova. Lula, ao que parece, não gosta disso. Quer “uma forma diferente” de governar. Sem oposição. Daí talvez o empenho em passar uma borracha nas ofensas que um dia recebeu de Arthur Virgílio e convidá-lo a integrar o “coro dos contentes”, a que se referia o poeta tropicalista Torquato Neto.
Virgílio, como se recorda, é aquele senador que, certa vez, da tribuna do Senado, prometeu dar fisicamente uma “surra” em Lula.

Quando, em outra ocasião, o presidente disse que desconhecia o mensalão, Virgílio afirmou, da mesma tribuna, que ou ele, Lula, era “um idiota ou um criminoso”, acrescentando que preferia crer que era um idiota. E foi na doce carona oferecida por Lula que a proposta de adesão – reiterada a seguir aos governadores - foi encaminhada ao líder da oposição. Uma proposta idiota – para não dizer criminosa.

Espera-se que não seja aceita – e, sobretudo, que seja revogada.

Ruy Fabiano é jornalista.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Colômbia
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A Colômbia é o terceiro país que mais recebe ajuda militar e financeira dos EUA no mundo, só ficando atrás de Israel e Egito. A informação é de uma matéria do New York Times que fala dos planos do Partido Democrata de mudar os rumos da política externa da Casa Branca em relação à América Latina. E a Colômbia é um dos principais alvos desta mudança. Desde 2000, através do Plano Colômbia, os EUA já gastaram quase U$ 5 bilhões em ajuda, principalmente militar, no combate aos traficantes de drogas e às guerrilhas de esquerda no país. “Apesar da segurança ter melhorado em muitas partes do país, os rebeldes continuam sendo uma ameaça enquanto toneladas de cocaína e heroína continuam chegando aos Estados Unidos”, diz a matéria do NYT. Segundo a deputada Jan Schakowsky, democrata de Illinois, “seis anos e US$ 4,7 bilhões depois, os resultados do controle das drogas são, na melhor das hipóteses, escassos”.
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Deputados do Partido Democrata defendem a redução dos gastos militares na Colômbia e o redirecionamento do dinheiro para fortalecer programas de combate à pobreza e de recolocação das milhares de pessoas que perderam suas terras e casas ao longo de 42 anos de guerra civil na Colômbia. Também querem investir em programas para encorajar os plantadores de coca a cultivarem outros produtos. Outra idéia em estudo é a revisão dos Tratados de Livre Comércio firmados na região, com o objetivo de incluir cláusulas ambientais e sindicais que não foram incluídas nos acordos firmados pelo governo Bush. Em relação ao governo de Hugo Chávez, da Venezuela, os democratas também querem uma mudança de enfoque, embora, como os republicanos, não aprovem as políticas bolivarianas. A diferença é que os primeiros defendem relações mais cordiais e uma política de maior aproximação com os demais países latino-americanos como forma de “disputar corações e mentes” com Chávez.

SÓ COM OS CIVILIZADOS!

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Lula convoca civilizados para conversa


Lula recebe neste momento no hotel Blue Tree em Brasília o apoio de 16 governadores e dois vice-governadores. Inicialmente esse grupo de governistas pretendia formular uma agenda de propostas a ser entregue a Lula.

No meio do caminho mudaram de idéia. Se fizessem uma lista de projetos prioritários deixariam os governadores de oposição de fora, o que contraria os interesses de Lula.

O presidente pretende chamar todos os governadores oposicionistas e governistas para uma reunião e quer conversar com as bancadas do PSDB e do PFL no Congresso. Quem for “civilizado”, disse Lula, aceitará o convite.

- Eu tenho todo interesse de conversar com o PSDB. Já disse isso ao líder do partido Arthur Virgílio (AM) e vou dizer isso ao presidente do partido. No PFL também tem muita gente disposta a conversar. Só não vai conversar quem não quiser. Quem for civilizado e quiser fazer política civilizada terá espaço para uma boa conversa. Quem não quiser, teremos que respeitar o silêncio.

Blog do Noblat

O AMIGÃO
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Lula destaca amizade "há 30 anos" com tucanos
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O presidente Lula disse hoje (23), em reunião com governadores aliados, que não terá dificuldades em dialogar com a oposição. Como exemplo, o presidente citou a sua "relação de amizade" com os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). De acordo com o próprio presidente, eles são seus amigos "há 30 anos".
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Lula também afirmou que conversará com o MD, fusão do PDT, PV e PPS. O presidente aconselhou aguardar até 2010 aos que querem fazer oposição ao seu governo. "A próxima reunião será com a presença de todos os governadores. Se alguém quiser fazer oposição que faça em 2010, quando não terei mais mandato. Até lá, a nossa função é governar este país da melhor forma", disse.
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O presidente brincou ao afirmar que os governadores que quiserem correr dele no segundo mandato "terão que preparar as canelas" porque ele está "fisicamente melhor do que em 2002" para alcançá-los.Lula reafirmou que é "amigo de Aécio e Serra há 30 anos e não há 30 dias". "A Yeda Crusius conheço menos, mas ela será bem tratada. Acabou a disputa ideológica. Isso não está mais em jogo. Certo ou errado nós estamos eleitos e espero que estejamos certos", disse.
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Reeleição
Lula afirmou que era contrário à reeleição, mas indicou que mudou de idéia em relação ao tema. "Na hora que decidi ser candidato achei que era possível fazer melhor no segundo mandato. Aproveitar o acúmulo de experiência para o segundo mandato".
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No entanto, o presidente disse que não espera que o seu segundo mandato seja mais fácil do que o primeiro. De acordo com Lula, as cobranças são maiores para os que se reelegem. "O povo é mais exigente. Se fizermos apenas o que já fizemos, o povo vai se questionar sobre o que adiantou ter dado uma outra oportunidade", disse.
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Amigos
Lula reconheceu que priorizou a escolha de amigos e não de pessoas tecnicamente qualificadas durante a montagem de sua equipe de governo no primeiro mandato. "Nessa hora, não tem relação de amigo. Agora é chefe de Estado. Em vez de vocês procurarem amigos, procurem por uma pessoa qualificada para o cargo que espera uma chance. Eu aprendi uma lição. Com a máquina pública mais eficiente e qualificada, mais fácil é para o governante governar", disse.
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O presidente admitiu ainda ser mais fácil nomear do que demitir integrantes da administração pública. Em seu primeiro mandato, dois ministros de destaque deixaram o governo sob denúncias de irregularidades: Antonio Palocci e José Dirceu.
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Ex-ministro da Casa Civil, Dirceu pediu demissão do cargo após ter sido envolvido nas denúncias do mensalão. Palocci também pediu demissão depois que investigações da Polícia Federal apontaram seu envolvimento na quebra ilegal do sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa.

INFORMAÇÃO
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Planalto estuda criar 'secretaria para democratizar informação'
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Setor ficaria na esfera da Casa Civil, sob o controle direto da ministra-chefe Dilma Rousseff
João Domingos
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O governo planeja uma mudança radical na área de comunicação, que no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve desempenho muito aquém do planejado. Pelo que está em estudo, a Secretaria de Comunicação (Secom) passa a ser denominada Secretaria de Democratização da Informação (SDI), saindo da esfera da Secretaria-Geral da Presidência para as mãos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que deverá ter poder fortalecido na nova gestão.
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A principal missão da nova secretaria será implementar o capítulo da democratização da informação, incluído no programa petista para o segundo mandato. O governo decidiu retomar o assunto mesmo após o fracasso da tentativa de criar o Conselho Nacional de Jornalismo (CNJ) e a Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), que, entre outros pontos, se propunha a disciplinar e a regulamentar o funcionamento dos meios de comunicação. A Agência Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) se manifestaram contrárias ao CNJ e à Ancinav, por entender que representariam interferência do Estado.
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Entre as medidas consideradas capazes de democratizar a comunicação em estudo, estão mudanças na legislação e nos critérios de concessão de rádio e TV, além do fortalecimento de mídias alternativas e regionais. Também há planos para TV digital e tecnologia da comunicação.Por enquanto, o que o PT espera de democratização na mídia pode ser visto no site do partido (www.pt.gov.br). Segundo o programa para o segundo mandato, as medidas para o setor devem ser entendidas, ao lado da reforma política e da justiça social e econômica, como ponto fundamental para o aprofundamento da democracia.
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'O governo deve assumir o compromisso com um plano vigoroso e específico de democratização da comunicação social como uma de suas principais propostas para um segundo mandato e de fortalecimento da democracia', enfatiza o texto.Um dos focos da reformulação do setor, segundo assessores do Planalto, é a criação de uma política eficiente de comunicação do Estado em geral e do presidente Lula, em particular, junto à sociedade. Estão previstas medidas para melhorar o relacionamento do presidente com a imprensa, tido como desastroso no primeiro mandato.
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De acordo com o estudo, haverá medidas também para ampliar os espaços de comunicação com as massas, por meio de mídias públicas, regionais e alternativas, entre as quais as televisões e rádios comunitárias. O governo pretende ainda consolidar um sistema público de comunicação, a partir da Radiobrás.
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O tema ocupa um capítulo inteiro dos Cadernos Setoriais que o PT divulga na internet. Essa é uma área da qual o partido não abre mão na composição da nova equipe de governo.Há ainda forte movimento no PT para que o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações seja transferido do Ministério das Comunicações para a Casa Civil. Desde o governo Fernando Henrique, esse fundo é usado para fazer superávit. O saldo passa de R$ 5 bilhões.
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Estadão

EDITORIAL DA FOLHA DE SP
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DANE-SE O PÚBLICO
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23.11, 10h53
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Ficou exaltado o presidente da Petrobras na terça-feira. Não se sabe se as notícias a respeito de patrocínios "companheiros" oferecidos pela estatal complicaram a chance de Sergio Gabrielli ocupar um ministério no segundo mandato -mas o fato é que ele ficou bastante destemperado. O que deveria ser uma entrevista coletiva para explicar alguns contratos e convênios da petroleira tornou-se algo mais próximo de uma sessão de vitupérios.
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Gabrielli acusou órgãos de imprensa de praticarem "uma campanha orquestrada contra a Petrobras". Nomeou-os: esta Folha e "O Globo" -que publicaram reportagens revelando intrigantes conexões entre prestadoras de serviço à estatal, transferências de recursos da Petrobras a ONGs sem licitação e a campanha petista. Os dois jornais teriam sido "irresponsáveis" e praticado "jornalismo marrom".
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O escárnio para com a opinião pública ficou patente na frase "Evidentemente, você não é uma pessoa bem-vinda aqui", dita por Gabrielli, um servidor do Estado, ao repórter do jornal carioca ali presente.Seria compreensível a ira de Gabrielli caso o petista houvesse demonstrado ter sido vítima de injustiça nas reportagens contra as quais vociferou. Nas poucas vezes em que apresentou argumentos em vez de impropérios, no entanto, nada do que disse passou perto de desautorizar o trabalho jornalístico nesse caso.
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O fato é que, como mostrou esta Folha na edição de terça, políticos do PT receberam neste ano R$ 2,5 milhões em doações eleitorais de cinco empresas associadas à ONG Abemi que mantêm contratos com a estatal. A Abemi, por sua vez, assinou um convênio de R$ 228,7 milhões com a Petrobras, sem licitação, para treinar 70 mil pessoas.
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Outro fato, revelado por "O Globo" no domingo, é que a estatal transferiu ao menos R$ 31 milhões, a títulos vários, a organizações não-governamentais que apoiaram a campanha pela reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Detectou-se curiosa concentração dessas ações em Sergipe, onde o ex-presidente da estatal José Eduardo Dutra concorreu ao Senado, tendo sido derrotado (campanha 68% financiada por empresas que têm negócios com a petroleira estatal).
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Todas essas parcerias com organizações "companheiras" -mais um episódio de aparelhamento do Estado que persiste, na gestão petista, como fruto da impunidade- dispensaram licitação pública. O critério adotado foi, nas palavras de Gabrielli, "o trabalho que as ONGs fazem".
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O dirigente da estatal acha que R$ 31 milhões são quantia irrelevante se comparada ao "impacto" total dos mais de R$ 20 bilhões em investimentos da Petrobras. Também considera ser um exercício de "mau jornalismo" recorrer à prestação de contas de campanha, identificar as empresas que fizeram doações ao partido governista e buscar suas relações com a Petrobras.
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O episódio ilustra o grau de desrespeito na cúpula do Executivo federal para com o direito do cidadão de saber o que é feito do seu patrimônio.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

DESMONTE

Professores entregam documento para vereadores
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Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Caçador
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Um grupo de aproximadamente 15 professores da rede municipal de ensino, esteve na Câmara de Vereadores na última terça-feira, para pedir melhorias na educação e entregar um documento para os vereadores, onde constam várias reivindicações da categoria.
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Nomeado como representante dos demais, o professor Vilson Meireles se utilizou da tribuna livre , afirmando que gostariam de contrapor as informações prestadas pelo secretário da pasta, Itamar Fávero, na semana passada no mesmo local. No documento, eles dizem que tudo na secretaria municipal é discutido por duas ou três pessoas e que dificilmente ouvem professores ou outros servidores para tomarem as decisões. Criticaram o fato de haver um desmonte do setor pedagógico na Casa da Cultura, que segundo eles, servia para auxiliar os profissionais que atuam nas escolas e que agora este trabalho não existe mais. "Não adianta repassar dados estatísticos, nós queremos que a equipe passe nas escolas e veja a carência de reformas e falta de acesso tecnológico para as crianças", falou Meireles.
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Ele também disse que a categoria está preocupada com a situação atual dos conselhos municipais do FUNDEF e COMED, que não estão funcionando como deveriam. "Estes órgãos foram criados para serem fiscalizadores, mas hoje estão muito atrelados ao executivo, inclusive com pessoas que detém cargos de confiança e estamos preocupados com a situação", declarou. Ao final da reunião, foram informados pela professora Terezinha Anciutti que o prefeito havia mudado a forma de conduzir a secretaria, nomeando um grupo gestor para tocar a pasta.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Reciclando a história
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Em fevereiro de 1933, assessores de Hitler sabiam e facilitaram a ação de um “comunista” para que cometesse o atentado incendiário que destruiu a sede do Reichtag, o parlamento alemão. Em setembro de 2001, assessores do presidente dos EUA George Bush, sabiam com meses de antecedência e nada fizeram para impedir, que “terroristas árabes” cometessem o atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center em NY. O ponto comum é que ambos acontecimentos serviram de pretexto para que Hitler e Bush começassem guerras, invadissem países e violassem direitos humanos democráticos em nome de um bem comum. Antes era o medo do comunismo, hoje do terrorismo. Assim como Hitler, que fez o que todos já sabem, Bush forjou o combate ao terrorismo após o ataque de 11 de setembro, para invadir o Afeganistão e o Iraque.
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A quem interessava esta guerra? O inexpressivo presidente Bush lutava para manter 51% de popularidade. Após o ataque às Torres Gêmeas em 2001 este índice pulou para 90%. Coincidentemente a indústria bélica, que teve expressiva valorização de suas ações com a invasão do Afeganistão e do Iraque, foi a grande financiadora da campanha eleitoral para reeleição de Bush.
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Sem jamais terem pisado em solo norte americano, os jornalistas Marcelo Csettkey e Marcelo Gil reuniram informações publicadas sobre este assunto para apresentarem os motivos que, segundo eles, levaram ao ataque do World Trade Center em NY em 11 de setembro de 2001. Eles montaram um quebra cabeças a partir de recortes de revistas, jornais velhos e livros, brasileiros e estrangeiros, anteriores e posteriores ao ataque terrorista e para isso recorreram até a Cooperativa de Coleta Seletiva da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Pesquisaram também todas as matérias publicadas sobe o assunto na internet (incluindo o site da Casa Branca) e também livros de história, de pensadores e até citações de presidentes dos EUA. Ambos se debruçaram e analisaram o material coletado por quatro anos até montarem o conteúdo do livro “CRIME DE ESTADO - A verdade sobre o 11 de setembro”, publicada pela Talagarça Editora. Nada neste livro foi inventado, tudo é comprovado com publicações.
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O livro lança dúvidas e aponta contradições. Como que os Estados Unidos, uma das maiores potências econômicas e militares do mundo, com uma das mais avançadas tecnologias de defesa e vigilância por satélites e grande arsenal bélico, foi incapaz de deter este ataque? Como poderia a Al Qaeda de Osama Bin Laden, sem nenhuma ajuda interna americana, enviar 20 suicidas para serem treinados durante meses dentro do território americano sem serem impedidos? Os autores deste livro, reunindo todos estes fatos, mostram que os atentados de 11 de setembro foram uma surpresa para o povo americano, mas não para o governo Bush.
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Havia indícios no começo de 2001 que alguma coisa grave estava para acontecer. O agente do FBI Kenneth Williams tomou conhecimento e enviou memorando sobre o grande número de estudantes árabes freqüentando escolas de aviação. O documento foi arquivado pelo FBI. Na Califórnia, Khalid Almidhar e Nawaf Alhasmi entraram legalmente nos EUA em janeiro de 2001, com nomes verdadeiros. Khalid e Nawaf estavam sendo monitorados pela policia da Malásia e foram fotografados, a pedido do FBI e da CIA, quando a Al Qaeda realizou um encontro em Kuala Lumpur . Khalid e Nawaf também freqüentaram escolas de pilotagem de avião, segundo relatórios do FBI. Khalid Almidhar já havia aparecido em foto obtida pela CIA juntamente com suspeitos do atentado com o navio USS Cole, atingido por uma bomba em outubro de 2000 no Iêmen. O mais forte aviso veio da escola de pilotagem Pan Am em Eagan, Minessota . A instituição solicitou que se investigasse o aluno Zacarias Moussaoui . Os instrutores suspeitaram após perceberem seu interesse em aprender somente a pilotar um jato em velocidade de cruzeiro, não se interessando em decolar e pousar. Preso por estar com seu visto de permanência vencido. Moussaoui , francês de origem marroquina, foi interrogado pela agente do FBI Coleen Rowley. Revelou à agente sua intenção de lançar um avião comercial contra o WTC. Constatou-se que Moussaoui já havia participado de vários atentados da Al Qaeda . Coleen enviou um relatório aos seus superiores em Washington, ao mesmo setor que havia arquivado o pedido do agente Kenneth, solicitando uma busca aos pertences de Moussaoui. Se a busca ao computador do terrorista tivesse sido feita lá seriam encontradas a tempo as informações com nomes dos outros seqüestradores de aviões envolvidos nos ataques de 11 de setembro. O relatório de Rowley também foi engavetado e os pedidos de busca negados por seus superiores.
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Examinando fatos publicados na imprensa norte-americana os autores concluíram como o jornalismo dos EUA se portou e descobriram que muitas notícias publicadas, citando relatórios da CIA e do FBI, foram posteriormente desmentidas ou tiveram a sua importância diminuída, pelos mesmos órgãos de imprensa. A primeira comissão do Senado americano elaborou um relatório sobre as causas dos atentados, mas o presidente Bush rasgou pessoalmente 28 páginas deste relatório. Outra comissão do Senado foi formada e um relatório diferente foi elaborado.
Para tentar explicar a inexplicável ineficiência da defesa da Força Aérea norte-americana para impedir os ataques dos aviões seqüestrados às torres gêmeas do WTC, os autores relembraram a atuação da FAB – Força Aérea Brasileira no episódio do seqüestro avião da VASP ocorrido no Brasil. Em setembro de 1988, o Boeing 737 da VASP, vôo 375 decolou de Belo Horizonte com destino ao Rio de Janeiro. Tomado por um seqüestrador, que atirou num comissário e matou o co-piloto, o comandante Murilo de Lima e Silva foi obrigado a desviar sua rota e seguir para Brasília. Seu objetivo era lançar a aeronave contra o Palácio do Planalto. Este seqüestro ocorreu no Brasil, em 1988, na época em que a tecnologia de comunicações e defesa de tráfego aéreo não era tão avançada como em 2001. A aeronave que fazia a rota Norte-sudeste tomou o sentido oposto. O comandante acionou o alarme para que o controlador de vôo percebesse o problema e deduzisse que se tratava de um seqüestro. O Grupo de Defesa Aérea de Anápolis foi acionado providenciando a interceptação. Três aeronaves Mirage F 103 com munição ar-ar se revezaram no acompanhamento do Boeing da VASP até Brasília e Goiânia. Havia a possibilidade de realizar “tiro de destruição” caso a aeronave fosse considerada “hostil” ao querer colidir com “prédio público em Brasília”. Felizmente nada disso foi necessário, mas a ação da FAB foi muito eficiente, pois as providencias tomadas levaram apenas alguns minutos. O que ocorreu no 11 de setembro de 2001 nos EUA seria praticamente impossível se considerando o sistema de defesa norte-americano como um dos melhores do mundo. Além disso, supõe-se que o Pentágono, sede do comando militar americano, deveria ter o melhor sistema de segurança do planeta. A seqüência dos fatos mostra que no momento em que o controlador de vôo de Washington percebeu que o vôo 77 havia desaparecido da tela às 8h54min, um outro avião já havia se chocado com a primeira torre do WTC em NY. Às 09h03min o segundo avião se choca com a outra torre. Só cinco minutos depois a torre de Washington informa à Força Aérea e à policia do desaparecimento do vôo 77. Dezesseis minutos depois as autoridades responderam a esse aviso e somente às 09h36min , ou seja 24 minutos depois do aviso do controlador, a Força Aérea foi advertida de que o avião desaparecido se aproximava de Washington e decidiu enviar aviões de combate para controlar o espaço aéreo da capital norte-americana, mas era tarde. Um minuto depois o “vôo 77” se chocaria no Pentágono. O mais incrível é que nos escombros do Pentágono não foi encontrado nenhum destroço do avião ou corpos. Só resta a pergunta onde está o Boeing 757-200? E onde estão os passageiros e tripulantes do vôo 77?
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Diversos livros foram publicados a respeito desse assunto, desde o do francês Thierry Meyssan ( 11 de setembro de 2001 - uma terrível farsa – usina do livro – 2003) que aborda o episódio do Pentágono como uma fraude pois não houve queda de um Boeing lá, até o do lingüista norteamericano Noam Chomsky ( 11 de setembro – Bertrand – 2002) que afirma que o presidente Bush aproveitou o evento para lançar seus ataques e invasões. Já os livros de Bob Woodward (Bush em Guerra – Arx – 2003 e Plano de Ataque – Globo - 2004) e o de Seymour Hersh (Cadeia de Comando – Ediouro – 2004) concordam com as explicações oficiais publicadas no relatório final produzido pelo congresso norte-americano. Esses últimos apóiam a explicação de falta de comunicação entre as agências CIA e FBI, falhas e erros graves. Finalmente, a obra dos jornalistas Marcelo Csettkey e Marcelo Gil demonstra o oposto das versões oficiais. Segundo eles não houve falhas nem erros, as agências se comunicavam o tempo todo e estavam bastante entrosadas no que diz respeito ao acompanhamento dos terroristas entrando em território americano e aprendendo a voar. A cúpula do governo Bush permitiu os atentados por meio de um bloqueio efetivo aos agentes do FBI quando estes identificaram os terroristas.
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O livro traz o prefácio escrito pelo professor Deonísio da Silva que faz uma observação extremamente importante: “o que não vimos nem lemos quando esses jornais e revistas passaram diante de nossos olhos? Como a versão imposta pôde disfarçar-se num lugar tão visível como a mídia? A mídia vê tudo, mas quem vê a mídia?” E continua “O livro dá o que pensar e propõe outros olhares sobre o 11 de setembro. Ironicamente faz isso compulsando jornais velhos , revistas descartadas, coisas que foram jogadas fora........atiradas no lixo da História”
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“É possível enganar alguns por algum tempo. É possível enganar muitos por muito tempo. Mas é impossível enganar a todos todo o tempo”. Abraham Lincoln – ex presidente dos EUA.
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“Os nossos inimigos são inovadores e engenhosos. Nós também. Os nossos inimigos não param de pensar em novas formas de prejudicar nosso país e nosso povo. Nós também”. George w. Bush. ( extraído do site da Casa Branca em 2004)
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André DusekFotógrafo do Estado de São Paulo- sucursal Brasília
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Quem quiser adquirir o livro ou obter mais informações veja o site www.crimedeestado.net

domingo, 19 de novembro de 2006

BOMBEIROS
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Vereadores buscam saída para crise
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Ass. Imp. Câmara Municipal
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O aumento de verba para a Corporação dos Bombeiros Voluntários, passando dos R$ 225 mil reais previstos para R$ 400 mil reais em 2007, pode ser a saída para que a corporação continue desenvolvendo suas atividades normalmente, sem colocar em risco o trabalho prestado. A sugestão saiu de uma reunião na tarde de ontem, entre o presidente dos bombeiros Renato Vogel, o presidente da Câmara, Marcos Creminácio(PT) e o presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, Antonio Gilberto Gonçalves.
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O aumento representaria as perdas que os bombeiros estão tendo, com a proibição por parte da Justiça, em realizarem vistorias em estabelecimentos comerciais. “ Isto seria como uma garantia pra gente continuar trabalhando, pois se for aprovado o Projeto de Emenda Constitucional que está tramitando na Assembléia, a solução será resolvida”, diz Renato Vogel.Como a Lei do Orçamento Anual ainda não chegou no legislativo, Gilberto Gonçalves solicitou que converse com a equipe econômica da Prefeitura, para que o remanejamento seja feito.
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Marcos Creminácio citou inclusive o dinheiro que a Câmara de Vereadores irá devolver no final do exercício, num valor estimado em 400 mil reais. “ O prefeito, sabendo que este dinheiro entrará no caixa, poderá já determinar que seja utilizado para a causa dos bombeiros”, sugeriu. Como presidente da Comissão de Orçamento, Gilberto garantiu a aprovação dos recursos, mas afirmou preferir que o executivo já mande no projeto de onde quer retirar o dinheiro. “ Se eles não definirem, eu faço uma emenda e garanto os recursos, mas posso tirar de um algum lugar que eles não queiram”, falou.
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Creminácio aproveitou para fazer um retrospecto da atuação da Câmara em favor dos bombeiros, inclusive com a ida dele e do vereador Antonio Gilberto Gonçalves a uma Audiência Pública em Florianópolis, tratar do assunto. “ Na segunda-feira recebemos os bombeiros aqui na sessão e na terça suspendemos a sessão para acompanhá-los no Fórum para conversar com o juiz. Além disto, liberamos nossa assessoria jurídica para trabalhar junto à prefeitura e bombeiros, para que possamos achar uma saída”, definiu Creminácio.

sábado, 18 de novembro de 2006

Jornalismo além do barulho dos aviões
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Em Salvador, esta semana, na segunda-feira, 13, moradores e visitantes normalmente deslumbrados pelos encantos da “terra do sol o ano inteiro” enfrentaram um temporal que imagino assemelhado com o do primeiro dia do dilúvio bíblico. Na mesma data, em várias capitais, incluindo a da Bahia, começava nos aeroportos a segunda onda do que promete ser a atração da temporada de verão que bate à porta: o “apagão aéreo”.
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O furdunço tem ocupado os espaços mais nobres e mais amplos dos noticiários das TVs, emissoras de rádio e diários impressos. Paulatinamente, joga para plano secundário, quando não para o esquecimento, assuntos considerados urgentes e prioritários até recentemente: PCC, massacre diário de jovens e a expansão do crime organizado; dossiês dos Vedoins; epidemia da dengue, que já alcançou mais de 280 mil pessoas em 2006 – 61 das quais morreram nos nove primeiros meses do ano, de Sul a Nordeste. A crise do tráfego aéreo é agora o tema mais urgente , segundo se ouve e se lê.
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No meio do toró baiano, comecei a conjeturar sobre essas coisas. A imaginar algo mais nos céus e terras do Brasil além dos aviões de carreira, como o Boeing da Gol ou o jato Legacy produzido pela Embraer e adquirido por um grupo americano, que se chocaram na imensidão do espaço aéreo da Amazônia: 154 mortos e um mistério que cobra explicações além do precário relatório preliminar apresentado pela Aeronáutica esta semana. Confesso também o meu ceticismo diante das aparências e de coisas apresentadas como verdades óbvias, palpáveis e indiscutíveis. Aprendi aquela que considero uma das lições básicas do jornalismo: desconfiar sempre.
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Por exemplo: em Salvador, vejo durante o dia as ruas alagadas, casas invadidas ou arrastadas pelo aguaceiro, vias fundamentais de tráfego, como a Paralela, transformadas em “açudes” intransitáveis, deslizamento de terra, três mortos por soterramento e centenas de desabrigados. À noite, porém, o caos na terceira maior capital brasileira recebe espaço minúsculo nos noticiários de redes de televisão. No dia seguinte, registro mínimo, ou nenhum, nos grandes diários do País. Mais estranho ainda: na farta cobertura do alvoroço da classe média nos aeroportos, às vésperas de mais um feriado, não se cogita na possibilidade de haver alguma relação entre os atrasos nas chegadas e partidas de vôos em Salvador com o temporal devastador que desaconselhava qualquer pouso ou decolagem.
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Em Es Notícia, edição espanhola do livro do italiano Giovanni Cesareo escrito a partir do dramático episódio do seqüestro e assassinato do premiê italiano Aldo Moro, em maio de 1978, há uma abordagem nua e crua dos mitos gerados em volta do trabalho jornalístico. Perspicaz e consagrado conhecedor do mundo da informação, o autor estabelece em sua obra as regras que, nítida ou veladamente, organizam a circulação da informação jornalística na mídia, “como lugar privilegiado de construção da realidade”.
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Ao analisar o “caso Moro” – o primeiro-ministro foi encontrado morto na mala de um automóvel abandonado em uma ruazinha do centro de Roma –, Cesareo mostra: perdidos em meio ao agônico blecaute de informações significativas, de verificações diretas, de análises fundadas dos processos reais que haviam levado à formação do grupo terrorista Brigadas Vermelhas e ao desenvolvimento de suas atividades, e do contexto político e social em que se produzira o seqüestro, as tevês, os diários e semanários produziram cargas de abobrinhas, intercaladas de informações oficiais e milhares de detalhes. Por um lado, para registrar e difundir o que a magistratura, a polícia e os dirigentes de partidos queriam comunicar. Por outro, para manter vivo o assunto, criando uma atmosfera, evocando ambientes, descrevendo minuciosamente pequenos fatos reais, presumidos e até imaginados (logo a seguir desmentidos e esquecidos).
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“Fragmentos úteis para compor principalmente um largo espetáculo a ser consumido como tal, sem um ápice de autêntico conhecimento”, afirma o jornalista italiano, no estudo que põe de relevo a importância assumida pelas chamadas “rotinas” produtivas como determinantes das opções seguidas pelos jornalistas para decidir o que é e não é notícia no imenso depósito de abastecimento de informação em estado bruto. Tanto tempo depois, é possível que isso nada tenha a ver com o que se assiste e se lê no Brasil de hoje. Mas não custa nada lembrar...
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Vitor Hugo Soares - Jornalista, é editor de Opinião de A TARDE.
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quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Fim das ideologias?

Claudio Recco

Novamente ouvimos a mesma história. Não que a história se repita, mas os interesses daqueles que decretaram o "fim das ideologias" permanecem ainda dominantes.
O que as décadas de 50 e 90 têm em comum? Nos dois períodos, importantes pensadores dirigiram suas análises políticas a partir da premissa do fim das ideologias. Em 1959 Daniel Bell escreveu um livro intitulado The end of ideology, em que resgata tese de alguns intelectuais de Harvard e denuncia o esgotamento das ideologias frente ao sucesso do capitalismo liberal e do indubitável fracasso do comunismo. Tal pensamento refletia por um lado a recuperação da Europa capitalista após a Segunda Guerra Mundial e os efeitos das denúncias do novo governante da União Soviética Nikita Kruschev contra Stálin, ex-ditador soviético, morto em 1953.
No entanto, o otimismo desses intelectuais e seus seguidores foram abalados já na década seguinte, com a adesão de Cuba ao modelo soviético, com revoluções socialistas em vários países da África e Ásia, relacionadas principalmente ao processo de descolonização, muitas comandados por guerrilhas "de esquerda" que deram origem a novas nações com governo socialista; e com a organização de movimentos sociais, em particular dos estudantes, em vários países, destacando-se a França. Direta ou indiretamente todos esses movimentos questionavam o modelo capitalista e muitos deles ocorreram nos grandes centros do capital. Na década de 70 a derrota dos Estados Unidos no Vietnã e a expansão do modelo soviético forçaram um discurso de bipolaridade, reconhecendo a existência de uma outra força, além da força do capitalismo.
Na década de 90 voltamos a ouvir a mesma expressão a respeito do "fim das ideologias". Ela reflete a visão dominante a partir da queda do muro de Berlim e da desagregação da URSS. Ao mesmo tempo tornou-se comum a expressão "o fim da História", que surgiu primeiro em um artigo do norte-americano Francis Fukuyama, que posteriormente, em 1992, procurou explicar o conceito no livro "O fim da história e o último homem". Segundo a teoria de Fukuyama, o capitalismo e a democracia burguesa constituem o coroamento da história da humanidade, isso significa dizer que a humanidade teria atingido o ponto culminante da evolução, destacando que o liberalismo superou suas dificuldades e seus obstáculos, sendo os mais importantes o fascismo e o socialismo.
Além disso existe o equívoco de colocar fascismo e socialismo em lados opostos, pois o fascismo foi uma forma de governo que se desenvolveu no interior de estruturas capitalistas e que serviu aos interesses de grandes corporações e por isso, suas expressões e seus métodos repressivos - anti liberais - em vários países incluindo o Brasil, tiveram o apoio do governo dos Estados Unidos. O socialismo não é apenas uma forma de governo, mas um sistema acabado, com concepções políticas, econômicas, sociais, que não deve ser tratado como oposto ao fascismo.
Mais do que defender a democracia e o liberalismo, faz-se a defesa do capitalismo. No entanto, como defender a excelência do liberalismo, do ponto de vista político e econômico, se deles estão excluídos mais de dois terços da população do globo terrestre?
O historiador inglês Perry Anderson se coloca em franca oposição a idéia de "morte do socialismo" e de "fim da história", que tendem a subestimar a capacidade transformadora e criativa dos homens.
Enquanto houver um pensamento crítico que não se contente com a aparência dos fenômenos históricos e se preocupe em desvelar a essência contraditória da realidade social, aberta estará a possibilidade da emancipação e transformação do mundo.

LEGENDA DE ALUGUEL
Lula pede a PT que não crie problemas no seu segundo mandato
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ANDREZA MATAIS
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
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No primeiro encontro com dirigentes do PT depois da reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pedido claro para que o partido não crie problemas no seu segundo mandato --o que inclui evitar cobranças públicas sobre cargos para o próximo governo. O presidente ressaltou, segundo apuração da Folha Online, que muitos dos problemas enfrentados nos últimos quatro anos foram criados por petistas que se envolveram em denúncias de corrupção ou externaram críticas ao governo federal, sobretudo à política econômica.
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"O presidente pediu para que a gente fortaleça, cuide do partido, e evite os problemas que existiram. Não queremos que [o encontro de hoje] seja caracterizado como cobrança por cargos", disse a 2ª vice-presidente do PT, deputada Maria do Rosário (RS).Em contrapartida, os dirigentes do PT cobraram do presidente maior diálogo com o partido nos próximos anos. Segundo a líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (SC), Lula admitiu que errou na articulação política nos últimos quatro anos e está disposto a dialogar pessoalmente, com maior freqüência, com o PT.
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"Ele mesmo reconheceu que dedicou pouco tempo às questões de articulações políticas. Ele vai fazer isso pessoalmente, sem deixar para ligar quando estamos na emergência ou na crise", disse.
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Tarso deve seguir no cargo
Apesar de demonstrar disposição para o diálogo pessoal com o PT, Lula designou o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) para fazer a ponte entre ele e a bancada. Ao indicar Genro, o presidente sinalizou que o ministro vai continuar no cargo no segundo mandato. A recomendação do presidente para que o PT não crie problemas no seu segundo mandato foi uma resposta às cobranças dos petistas por mais cargos na Esplanada dos Ministérios. Os dirigentes presentes no encontro disseram que o partido não pode ser diminuído em nome da coalizão porque saiu das urnas fortalecido, com o maior número de votos em legenda para a Câmara Federal. Os petistas também avisaram ao presidente que não abrem mão de disputar a Presidência da Câmara. "A bancada do PT vai buscar reivindicar a Presidência da Câmara. É claro que vamos dialogar com o PT e o PC do B, mas o PT acha que é justo que venha reivindicar [a vaga]", disse Maria do Rosário.
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Também participaram da reunião, os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), o terceiro vice-presidente do PT, Jilmar Tatto, secretário-geral interino do PT, Joaquim Soriano, entre outros.

O COMPANHEIRO JADER
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Editorial do Estadão
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Não tivesse o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) voltado ao noticiário, por ter-se tornado réu em ação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF), com certeza o público estaria alheio ao fato de que, mais do que um importante assessor, ele é um guru do presidente da República. Afinal, o notório político, com inúmeros processos na Justiça, há muito vinha mantendo um low profile, na esperança de que o público esquecesse o seu passado cheio de episódios que nenhum político gostaria de inscrever em seu currículo.
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Desde que renunciou ao mandato de senador em 2001, para evitar a cassação por falta de decoro - no que não agiu com nenhuma originalidade -, Jader Barbalho se afastara dos holofotes da mídia, passando a atuar nos bastidores e procurando reconstruir sua carreira política por meio de uma aproximação com a liderança maior do mesmo partido (o PT) que tanto o execrara. Tornou-se parceiro do PT e conselheiro político e interlocutor preferencial do presidente Lula a ponto de ter mais reuniões com ele do que com o presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia - e aí até se entende a opção presidencial, visto que Garcia parece mais propenso a estimular atritos que alianças. Também se entende que, tendo perdido no bojo dos escândalos de seu governo e de seu partido sua trupe inteira de conselheiros - como José Dirceu, Duda Mendonça, Genoino, Palocci, Gushiken e Berzoini -, o presidente Lula tenha escolhido alguém calejado nas barganhas da politicalha para apontar-lhe o caminho das pedras.
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Tendo coordenado a vitoriosa campanha de Ana Julia ao governo do Pará, Barbalho credenciou-se para as negociações de cargos que o PMDB pretende abocanhar no segundo governo Lula. Mas a grata ternura, digamos, que o presidente demonstra em relação ao deputado paraense tem por base úteis conselhos. Foi ele, por exemplo, que, em meio ao pânico na campanha petista em razão da surpresa de o adversário ter conseguido o segundo turno, disse a Lula: “Presidente, desculpe a franqueza. Se o senhor não mudar seu modo de se relacionar com a mídia, se não fizer as pazes com a TV Globo, o senhor pode até vencer a eleição. Mas não governa. O senhor errou ao não ir ao debate da Globo. Não pode repetir isso. Dê um jeito de se aproximar de todo mundo, pare de fugir, dê o máximo de entrevistas.”E ante a argumentação de Lula, de que as perguntas seriam sempre as mesmas, sobre dossiê Vedoin, mensalão, sanguessugas, Jader rebateu: “Responda a todas. Diga que não tem nada a ver com isso.” O conselho funcionou.
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Tendo o presidente prometido apoiar Jader para presidente da Câmara ou do PMDB, ouviu dele outro conselho: “Presidente, vamos encarar a realidade. Posso ser muito útil ao governo atuando nos bastidores. Mas não posso assumir ainda nenhum papel institucional. Haverá especulações a respeito de minha presença e o prejuízo será todo do governo.” O deputado sabia bem do que estava falando. Além do processo que acabou de entrar no Supremo, relativo ao tempo em que era ministro da Reforma Agrária (em 1988, no governo Sarney), no qual responde à acusação de ter determinado o pagamento de uma indenização de CZ$ 313 milhões, correspondente a terras em Parintins (AM) com valor estimado de CZ$ 7,5 milhões (portanto, 59 vezes menor), Jader Barbalho responde a vários outros processos, entre os quais o de fraude na extinta Sudam e aplicações irregulares no Banco do Estado do Pará.
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O apreço que o presidente demonstra por esse novo conselheiro - cuja proximidade política até seus pares costumam evitar, e que ele mesmo admite que traria “prejuízo para o governo” - não deve constituir surpresa para quem se lembra de quanto a colaboração do então deputado Roberto Jefferson, do PTB, era altamente apreciada por S. Exa. A diferença é que Lula podia alegar ignorância das coisas em que Jefferson estava metido ou do quanto andava aprontando, uma vez que era tema de comentários intramuros. Mas as façanhas de Jader Barbalho no terreno das irregularidades administrativas e do menosprezo à ética e ao trato do dinheiro público fazem parte de grossos inquéritos policiais e processos judiciais, de amplo conhecimento. Não dá para alegar que “não sabia”.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

ARTIGOS
Criei um atalho para bons artigos no menu à direita, abaixo dos anúncios, vou colocar regularmente artigos relevantes sobre vários assuntos. Um abraços a todos.

OS COMUNISTAS ESTÃO CHEGANDO
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Li esse artigo e tremi de medo dos comunistas que estão chegando. Essas pérolas curiosamente tem se reproduzido, vale a pena pensar qual a razão?
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A REVOLUÇÃO SILENCIOSA
por Diego Casagrande, jornalista
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Não espere tanques, fuzis e estado de sítio. Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevê e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades. Não espere tanques nas ruas. Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades. Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.
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Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.
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A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar. Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valoração do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem. Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática. Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos não serve. Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações. Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser “humano” e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros. Ter é incompatível com o ser.
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Esse é o princípio que estamos presenciando. Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por conseqüência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.
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Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem. A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.
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A constatação que faço é simples. Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário. Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.
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No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo. São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa. Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos. Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que “tem” e é “dono” de algo, enquanto outros nada têm. Como se houvesse relação de causa e efeito.
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Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro “Geografia”, obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro. O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade. Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de “alguns” e que assentamentos e pequenas propriedades familiares “são de todos”. Aprendem que “trabalhar livre, sem patrão” é “benefício de toda a comunidade”. Aprendem que assentamentos são “uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais”. E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe quem? João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros. O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que “meninos e meninas, a nova geração de assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST”.
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Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas. Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazi-fascista.Tristes são as conseqüências. Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio. Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim. A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.
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O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar, fazer pensar, incomodar os agentes da Stazi silenciosa. Não há silêncio que resista ao barulho.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

UM BOM FERIADO A TODOS

domingo, 12 de novembro de 2006

A arte de calar


É sinal de inteligência e sabedoria falar pouco, falar bem e não falar mal de ninguém.
Contudo, calar-se é ainda mais importante, quando calar-se é dizer tudo.
Há quem se cale por não ter realmente nada para nos dizer, mas há também quem se cale por omissão, quando seria um dever falar, escrever, gritar, colocar a boca no trombone, como se dizia antigamente.
Calar-se na hora certa e pelos motivos certos é uma verdadeira arte cujas regras um pequeno livro do Abade Dinouart quer nos transmitir. Autor francês do século XVIII, suas admoestações para que façamos silêncio ainda hoje são pertinentes.
Sutileza não lhe falta. Ao mesmo tempo que recomenda o silêncio, lembra que há silêncios falsos, aqueles que simulam uma sabedoria que, de fato, inexiste. Nem sempre calar-se significa profundidade de pensamentos. Pelo contrário, é camada de verniz que recobre um vazio sepulcral.
Mas há ainda outros silêncios, e alguns deles diabólicos. Há o silêncio manipulador, o silêncio torturante, o silêncio chantagista, o silêncio rancoroso, o silêncio conivente, o silêncio da zombaria, o silêncio imbecil, o silêncio do desprezo. Há pessoas que matam com seu silêncio. Há silêncios que esmagam a justiça e a bondade, na calada da noite.
Por isso o silêncio rico de significado é ainda mais apreciável e luminoso.
Falo do silêncio que prenuncia novas palavras.
Falo do silêncio que é solidariedade na dor.
Falo do silêncio que soluciona cisões.
Falo do silêncio que pergunta.
Falo do silêncio que perdoa.
Falo do silêncio que ama.
O silêncio mais puro é aquele que guarda a confidência. Este silêncio jamais é excessivo. Não se deve apregoar aos quatro ventos o que foi murmurado na intimidade da amizade e do amor.
O silêncio mais sábio é aquele que fazemos diante dos impertinentes, intolerantes e desbocados. É o silêncio do Cristo inocente diante dos acusadores, o silêncio dos espaços infinitos diante da quase infinita capacidade nossa de falar ou escrever sem razão.
Calar da maneira certa é deixar que uma voz mais profunda seja ouvida. A voz severa, a voz serena, a voz suave e firme da verdade.
O verdadeiro silêncio diz a verdade que não se pode calar.
O verdadeiro silêncio nunca será cedo demais.
Quero ouvir o silêncio que tudo explica.
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A arte de calar, Martins Fontes, 2001, 80 páginas.
Gabriel Perissé